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Exodontia Simples

ESTE CAPÍTULO TEM POR OBJETIVO ABORDAR AS PRINCIPAIS


INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES DAS EXODONTIAS SIMPLES,
CONCEITUAR AS EXODONTIAS E AS ETAPAS CIRÚRGICAS,
EXPLICANDO TODOS OS MOVIMENTOS REALIZADOS COM O USO DOS
FÓRCEPS, BEM COMO SUA POSIÇÃO DE TRABALHO E MANOBRAS APÓS
A EXODONTIA.

Definição:

É a parte da cirurgia buco-maxilo-facial referente à extração dentária.


Extração ou exodontia é a remoção do dente de seu alvéolo através de uma
dilatação óssea e rompimento das fibras periodontais que ligam este dente ao
tecido ósseo. Devemos considerar toda exodontia como uma cirurgia pré-protética.
A palavra exodontia significa: prefixo-exo = fora + sufixo-dontia= dente
Sua sinonímia é: exodontia, avulsão, extração dentária, odontectomia.

Tipos:

I- Quanto a complexidade a exodontia pode ser: simples, complicada e dos dentes


inclusos e retidos.
A Exodontia é denominada de simples quando utilizamos instrumental, como
fórceps e elevadores para remoção do dente por via alveolar sem a necessidade de
retalhos mucoperiostais, desgastes ósseos (osteotomia) e dentários (odontosecção).

II- De acordo com a quantidade de dentes a serem removidos podem ser:


a) Exodontia Unitária: quando extraímos um único elemento dental
b)Exodontia Seriada ou múltiplas: quando extraímos mais de um elemento dental.

Requisitos das exodontias: Jonhn Tomes (1946)

1) O dente deve ser extraído totalmente;

2) Deve-se evitar ao paciente todo o sofrimento inútil através de uma


correta técnica anestésica, manobras de biossegurança evitando infecções e
orientações pós-operatórias para completa recuperação do paciente.
3) O traumatismo deve ser o mínimo indispensável através de um bom
planejamento cirúrgico após a anamnese, exame físico e exames complementares
de imagem.

Indicações gerais das exodontias:


Pacientes com cáries graves, pacientes com necrose pulpar, com doença
periodontal grave, por razões ortodônticas, dentes mal posicionados, pacientes com
dentes fraturados, dentes impactados, presença de supranumerários, dentes
associados a lesões, com finalidades pré-protéticas, como terapia pré radioterapia
em pacientes oncológicos, dentes envolvidos em traços de fratura nos maxilares,
por finalidade estética e por motivos sócio econômicos.

Contra-indicações sistêmicas:
Diabetes não controlada, leucemia e linfoma não controlados, angina
instável, infarto recente, hipertensão grave não controlada, coagulopatia severa,
uso de anticoagulants e o uso de bifosfonatos

Contra-indicações locais:
Pacientes que realizaram radioterapia em região de cabeça e pescoço,
dentes envolvidos em tumores odontogênicos, pacientes com processos infecciosos
agudos tais como pericoronarites e abscessos dento alveolares.

Indicações para as exodontias simples:


Dentes com coroas que suportem a ação do fórceps, coroas pouco cariadas
ou restauradas, dentes com raiz (es) curta (s) e cônica (s), dentes com raízes sem
dilaceração ou hipercementose, dentes sem inserção óssea e como auxiliar de
outras técnicas que utilizem elevadores ou osteotomia.

As etapas cirúrgicas podem ser divididas em:

1) Pré-operatório: podendo ser subdividido em:


A) Mediato: iremos realizar o diagnóstico e planejamento cirúrgico do caso
através do EXAME CLÍNICO que é a associação da anamnese com o exame físico.
Iniciamos com a ANAMNESE sendo este o método inquérito através de
perguntas direcionadas onde colhemos os sintomas do paciente com sua
identificação, queixa principal e duração, história médica atual e pregressa,
antecedentes familiares, hábitos e vícios presentes.
Iremos associar sempre a anamnese ao EXAME FÍSICO feito através de manobras
semiotécnicas de inspeção, palpação, percussão, auscultação, olfação, testes de
vitalidade pulpar, vitropressão e punção aspirativa se for o caso.
O exame físico pode ser dividido em geral e local sendo este subdivido em
extra-oral e intra-oral.
No exame físico local intra-oral é necessária a avaliação das condições
gerais da boca como higiene oral, cavidades cariosas e abertura bucal. Também é
feita a avaliação clínica dos elementos que serão extraídos, se a coroa dental
apresenta-se íntegra, restaurada, seu tamanho e coloração. É avaliado o grau de
mobilidade do dente, se este apresenta vitalidade ou endodontia realizada.
Após realizado o exame clínico associamos estes dados aos exames de
imagem dentre eles radiografias periapicais, olcusais, panorâmicas e se necessário
tomografias computadorizadas:
Nestes exame nós iremos examinar se a coroa dental está íntegra,
restaurada, destruída ou cariada. Avaliar a porção radicular e suas variações
anatômicas quanto ao seu formato convergente ou divergente, seu tamanho sendo
longo ou curto, o número de raízes e anomalias de forma como dilacerações que
são as curvaturas acentuadas, reabsorções, hipercementose sendo este o acúmulo
de cemento na região apical radicular com aumento de seu diâmetro, anquiloses
sendo esta a união óssea desta raíz ao osso alveolar circundante e por fim se há a
presença do septo interradicular.
No exame radiográfico também podemos avaliar o tecido do suporte e
condições do tecido ósseo e pericemento ao redor do dente a ser removido.
Outro fator importante de avaliação são os acidentes anatômicos próximos
ao dente a ser extraído tais como seio maxilar e sua extensão e relação com os
ápices radiculares dos dentes, a fossa nasal onde temos que ter um maior cuidado
na curetagem dos dentes anteriores superiores. O forame mentual também merece
especial atenção principalmente na incisão e anestesia da região de pré molars
inferiores. E por fim o trajeto do canal mandibular e nervo alveolar inferior merece
cuidado especial durante a curetagem e uso de brocas na região posterior de
mandíbula.
Associado aos exames de imagem se necessário solicitamos também
exames laboratoriais na suspeita de doenças sistêmicas levantadas em nossa
anamnese. Dentre os principais podemos citar: o hemograma, a gicemia em jejum
de 12h, curva glicêmica e as provas da coagulação.

B) Imediato (Manobras de Biossegurança)

Pode ser subdividido em:


Preparo geral com as manobras de assepsia que evitam que microorganismos
adentrem o campo operatório.
Inicamos com a desinfecção das superfícies e do ambiente, testar cadeira,
refletor, cuspideira e equipo e colocação das barreiras e proteções.
Após realizamos a Paramentação e colocação dos EPI como gorro, máscara, óculos
e remover adornos antes do início da lavagem das mãos que é denominada
manilúvio.
O manilúvio é uma das ações mais importante na prevenção e controle de
infecções tem a função de remover sujidade e a microbiota transitória. É necessário
escovar unhas, dedos, palma e dorso das mãos, entre os dedos, punho e antebraço.
Após é feita a secagem das mãos com toalhas estéreis, colocação do avental estéril
e colocar luvas estéreis.
A montagem da mesa cirúrgica pode seguir a sequência cirúrgica ou por
quadrantes deixando um quadrante para cada manobra cirúrgica fundamental.

Preparo Local: é realizada a Anti-sepsia sendo a desinfecção feita em tecidos


vivos iniciando com a intra-oral a base de clorexidina 0,2% por 60 segundos e após
a Anti-sepsia extra-oral com PVP-I ou clorexidina a 2%. O movimento realizado é
centrífugo e vai além da fenestra do campo do paciente. Após é feita a colocação
dos campos estéreis (fenestrado, refletor, odontoprotetores).

2) Trans-operatório:

O trans-operatório, compreende as manobras cirúrgicas que vão desde a


anestesia até a sutura.

Posição de trabalho:
Na maxilla o plano oclusal deve estar a 60 O em relação ao solo e próximo
ao ombro do cirurgião.
Na mandíbula o plano oclusal deve estar paralelo ao solo, próximo da
altura do cotovelo do cirurgião.

PARTES DO FÓRCPES:
As partes do fórceps são o cabo que varia a forma para inferiors e
superiores onde nos inferiores apresenta um ângulo ou reto, já o superior
apresenata dois ângulos em sentidos opostos dando um formato de “s”. A ponta
ativa também chamada de mordentes, variam a forma, sendo os com garra para o
uso na furca e os lisos em dentes uniradiculares.
A terceira parte do fórceps seria sua articulação. Temos dois tipos de
articulação a mais utilizada é a para o fórceps estilo americano existindo ainda o
estilo inglês.

EMPUNHADURA DO FÓRCEPS:
A empunhadura do forceps é com ele espalmado na mão com o polegar
próxima a articulacão e os outros dedos envolvendo os cabos.
A outra mão, mantém a cabeça do paciente estável durante os movimentos
de luxação, melhora a efetividade da luxação e a percepção táctil da expansão
óssea

técnica cirúrgica:

SINDESMOTOMIA
O início da exodontia é através da manobra fundamental da diérese
representada pela SINDESMOTOMIA com o objetivo de desinserção das fibras
gengivais que circundam o dente, evitando dilacerar tecido gingival e facilitar a
adaptação dos mordentes do fórceps no colo cirúrgico.

PREENSÃO
Em seguida é feita a PREENSÃO do dente com o fórceps no colo
cirúrgico, sendo este a porção inicial ou basal da raíz acima do alvéolo revestido
pela gengiva inserida que foi afastada pela sindesmotomia. Nesta etapa o mordente
do fórceps deve estar paralelo ao longo eixo do dente.

INTRUSÃO
Após realizamos a INTRUSÃO dental com o objetivo de romper as fibras
apicais do ligamento periodontal, deslocar o centro de rotação para apical,
melhorando a transmissão das forças e adaptação do forceps e dimimuindo a
chance de fratura do ápice radicular sendo também o início da dilatação óssea.

LATERALIDADE
Posteriormente realizamos o movimento pendular ou de LATERALIDADE
sempre com maior amplitude para a tabua óssea mais fina ou delgada, devendo
sempre respeitar a anatomia radicular e a espessura óssea, realizando movimentos
cíclicos, graduais e com crescente amplitude para a dilatação (expansão) das
tábuas ósseas alveolares.

ROTAÇÃO
Outro movimento que podemos realizar para a exodontia de dentes com
fórceps é a ROTAÇÃO indicada em dentes uniradiculares e com raíz cônica e sem
dilacerações apicais geralmente utilizamos em Incisivos centrais superiores,
Caninos superiores e Pré-molares inferiores. Este movimento também promoverá
uma dilatação óssea e o rompimento de fibras do ligamento periodontal.

TRAÇÃO
Por fim utilizamos o movimento de TRAÇÃO que seria a retirada do dente
de seu alvéolo neste momento realizamos a manobra cirúrgica fundamental da
Exérese ou Avulsão. Devemos sempre tracionar a favor da anatomia radicular,
protegendo o dente antagonista com a outra mão evitando traumatismos
desnecessários.
CUIDADOS PARA MINIMIZAR AS FRATURAS RADICULARES
Dentre as manobras para evitar uma fratura radicular indesejada podemos
citar: preensão o mais apical possível, intrusão antes da lateralidade, respeitar
espessura óssea durante a luxação, rotação apenas em raízes cônicas, não apertar
os mordentes, mantendo pressão constante e realizar movimentos cíclios com
crescente amplitude.

Nas exodontias simples podemos utilizar os ELEVADORES

Indicações para exodontias com elevadores:

Avulsão de raízes fraturadas, cariadas, residuais, dentes apinhados, dentes


não inclusos, impactados e ectópicos.
Os elevadores possuem um cabo, uma haste e uma lamina. A empunhadura é
dígito-palmar com indicador próximo a parte ativa ou lâmina.
Os principais elevadores são os Seldin reto e curvos e os apicais retos ou
meia cana e curvos. Existem ainda os apexos com curvaturas especias e parte ativa
serrrilhada.

MOVIMENTOS DOS ELEVADORES:

Os três movimentos que realizamos com os elevadores são o de cunha


inserindo ele paralelo ao longo eixo do dente entre este e o osso alveolar, o de roda
ou sarrilho onde giramos o elevador em seu longo eixo usando como apoio o osso
alveolar e o movimento de alavanca.

O local de utilização do elevador é no espaço do ligamento periodontal,


não devendo nunca apoiar no dente adjacente, utilizando a cortical vestibular ou
lingual a nível de margem gengival como ponto de apoio. Devemos colocar o dedo
da outra mão protegendo o paciente no caso do elevador escapar e nunca usar o
movimento de cunha em molares superiores
MANOBRAS PÓS EXODONTIA:

LIMAGEM:
A limagem deve ser realizada em casos de espículas ósseas, apenas na
cortical óssea vestibular, com movimentos de dentro do alvéolo para fora ou após
alveoloplastias.

CURETAGEM:
Após a exodontia lançamos mão de manobras como curetagens somente em
casos de processos infecciosos periapicais e periodontais, após exodontias de
dentes tratados endodonticamente, para remoção de capuz pericoronários de dentes
inclusos e remoção de fragmentos ósseos como septos inter-radiculares e espículas
ósseas.

IRRIGAÇÃO:
A irrigação é feita com soro fisiológico ou água destilada com agulha
atraumática e bisel cortado sempre fora do alvéolo.

MANOBRA DE CHOMPRET
A manobra de chompret consiste em uma pressão bidigital nas tábuas
ósseas vestibular e lingual, devolvendo à posição de origem as tábuas ósseas
dilatadas pelos movimentos do fórceps. Devemos ter cuidado em dentes extraídos
com indicação ortodôntica ou pré terapia com implantes.

SUTURA
Em seguida devemos realizar a manobra fundamental da síntese, suturando
a área operada para a hemostasia, manutenção do coágulo no alvéolo e impedir
que corpos estranhos adentrem a área operada.
Após é colocada uma gaze na área e solicitado para o paciente realizar uma
compressão de 5 a 10 minutos.

RECOMENDAÇÕES PÓS OPERATÓRIAS


As recomendações pós operatórias devem ser explicadas ao paciente de
maneira clara e devem contemplar:
A) Repouso: o maior tempo possível, nos primeiros 3 dias; ao deitar, manter a
cabeça elevada; evitar atividades físicas e exposição ao sol por 5 dias e evitar falar
muito.
B) Higiene bucal: escovar o dorso da lingual; escovar os dentes normalmente,
tomando cuidado com a área operada e empregar a solução anti-séptica de acordo
com a prescrição da receita.
C) Outros cuidados como se o paciente for fumante, evitar fumar neste período;
não tomar bebidas alcoólicas de nenhuma espécie; seguir corretamente a prescrição
da medicação; não tomar nenhum medicamento por conta própria; No caso de dor,
edema ou sangramento excessivo, comunicar-se com o cirurgião e comparecer ao
retorno para a remoção dos pontos.

REMOÇÃO DOS PONTOS


A remoção dos pontos pode ser feita de 5 a 15 dias, sendo o mais comum
em 7 dias. Para a remoção é feita primeiramente a anti-sepsia seguido do
tracionamento do fio e o corte junto ao nó para sua remoção.

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