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E HISTORIA DA CIENCIA | Qual o papel da Experiéncia para a formagao da nogio espacial em Descartes, Hume e Kant? ‘Marelo Carbone Carneiro Antonio Carls J. 2. de Arruda** Introdugao © artigo discute a teoria racionalista de Descartes, que coloca a rizio como produtora do conhecimento (e do conhecimento do espaco), a teoria empirista de Hume, que desenvolve a tese de que o conhecimento sobre as questies de fato si elaboradas & partir da experiéncia (0 espago ¢ elaborado a partir das experiéncias e por forca do habito) 6 finalmente, a teoria de Kant, que coloca 0 conhecimento como um produto da relagio ‘a experiéncia com as faculdades a priori do intelecto (o espago é uma das intuigdes puras ~ da sensibilidade, que é a faculdade responsivel pela receptividade dos objetos). * Professor Assstente Doutor, Departamento de Cigneias Humanas, Faculdade de Arqutetra, Anes © Comueicasio, UNESP - Universidade Estadal Paulista, Campus de Bauru. Também docente do Programa de Pés-graduacio em Educagdo para a Cineia da Faculdade de Ciéncias~ ema ciehane@Bfiac nae he “* Mestre em Educacio para a Ciéncia UNESP. Bauru. Doatorando no Programe de Edueasio pa 1 Gifoci~ UNESP. Bauru SP. 50 Edu par Cia O papel da Experiéncia para o conhecimento das nogées espaciais no Racionalismo de Descartes Qual o papel da experiéncia para 0 conhecimento das nogies espacias, se- ‘gundo o Racionalismo de Descartes'? Para Descartes, o Conhecimento verdadeito, que nos di a certeza e evidéncia sobre as coisas (“Clareza ¢ Distingio”), é produto de um trabalho da razio. A experiéncia nio nos dé a conhece: verdadeiramente as coisas em si mesmas € nem as noses espaciais. Para reconstruirmos seu raciocinio sobre esta questio, nos dedicaremos i anilise do texto clissico, que oferece as bases do pensamen- to moderno, as “Meditagdes Metafisicas”. Sabemos da forte influéncia do Ceticismo sobre o pensamento de Descartes ea mancira cética como inicia as suas meditagdes, colocando em divida tudo aquilo que apresentar a menor possibilidade de erro ou falsidade (como um método para bem conduzir a razio e chegar a verdade). O primeiro argumento construido no 3° parigea- fo € 0 de duvidar (suspender os juizos) sobre os sentidos, pois sio fontes constantes de erros e ilusdes. Citemos alguns exemplos que corroboram este argumento: 1 Se estamos no porto e vemos um navio distante, ele parece pequeno € parado; quando se aproxima vemos que, relativo a nés, ele é grande € esti em movimento. 2- Um remo, metade na égua e metade fora, parece quebrado. 3 Existe uma limitagio natural nos nossos sentidos, que nos levam a conside- rar de forma errada as coisas. O Sol parece gear em torno da terra. Portanto, os sentidos nao nos dio a conhecer as coisas e constituem-se muma fonte inesgotivel de exros e ilusdes. Encontramos, neste primeito grau da ckivida, uma desqualificacio do elemento sensivel (da experiéncia) para a formagio do conhecimen- to verdadeiro, Posigdo que seré mantida, durante o texto “Meditagbes Metafisicas”. No segundo argumento, que estende e radicaliza a divida, Descartes pondera sobre a limi- tacio do argumento anterior (erro dos sentidos), pois me enganat com relagio és coisas distantes e pouco sensiveis niio me dé possibilidade de duvidar de todas as questes sensiveis, como, por exemplo, que eu esteja aqui, sentado junto a0 fogo e vestido com este chambre. Descartes, entio, constréi o segundo argumeato, que é o do sonho. Hi uma possibilidade, ainda que pequena, que eu esteja, neste momento em que escrevo, dor- ‘miindo e tudo nao passa de ilusdes produzidas em meus sonhos. A idéia deste argumen- to 6a de que tudo poderia ser uma ilusio produzida por mim mesmo em meu sonho ‘© que devo suspender os meus juizos sobre a verdade acerca de todas as coisas que 1 Navees em 1596 e morreu em 1650, considemdo por muitos como 0 “Pai da Filosofia Modeens” pois reforea a tese de que somente conhecemos verdadeiramente as coisas através da construglo racional pelo wicto Fovofia¢ Hiséria da Cidncia: Conribuiges prt o Encino de Citcias - 51 percebo. O que valida este argumento é 0 fato de nés ji termos nos enganado no sonho: algumas vezes, o que pode levar a crer que neste momento estejamos sonhando ¢, portanto, sendo enganados. argumento do sonho tem a fungio de estender e sadicalizar a divida e de levar, portanto, a uma impossibilidade nas afirmages que realizamos sobre os dados sensiveis. A experiéncia sensivel pode ser uma ilusio produzida em meus sonhos. No entanto, quer esteja sonhando, quer esteja acordado, algumas verdades Parecem que no sio afetadas por estes argumentos. Por exemplo: as quantidades, as formas, etc. E, sobretudo, as verdades matemiticas (que 0 quadrado tenha quatro lados € que dois mais trés seja cineo, etc), Dentro dessa argumentagio, seri elaborado o terceiro argumento que esten- de e radicaliza a davida, o argumento do Deus Enganador’. A idéia fundamental deste argumento é2 de atsibuir minha otigem a um Deus (como diri Descartes mais a frente nna Meditacio: quanto mais imperfeito for aquele que me prodaziu mais impesfeito serei) ¢ argumentar que cu posso ter sido produzido de uma tal forma que me engane sobre tudo 0 que penso. ‘Ac final da 1 Meditacio, o que temos é a divida tornando-se generalizada ¢ radical. Como diz Descartes no comego da 2" Meditacio: .\ Matitacio que fr ontem enchewimeo expt de tanta vidas, que doravante no xt mais em mex lence esquecés. Eno entant, ao veo de que manciea pei seal lose como se de tbito tives edo em gas muito profandas, eto deta modo supreso que ae panto nem femar mew ps no fando, nem nae para ne man ona, (DESCARTES, 987, p23). Este comentirio de Descartes di a medida da divida empreendida pelo autor e © propésito seguinte € continuar nesse caminho até que tenha enconteado um onto fixo e seguro. “A partir dai temos o argumento que conduz A conquista da primeira verdade, que inaugurari a cadeia de rxz6es, levando ao conhecimento verda- deiro, Neste ato de duvidar, seri que duvidei da propria existéncia? Nao, a minha exis- ‘Gncia estava assegurada no ato do pensar. Eu sou, eu existo como coisa que pensa (rer cogitan), Diz. Descartes: ‘ese gp psd Batt nit dt xin cuddosment te coisas cumpre enfin. conclir eter por constante que eta proposico, eu su, eu exist, secemaramente verde todas as vzes qe aero ow qu Cone em me epi tenho cetera de que son uma coisa que pens O que um coisa gue pensd"E mre ge ei gee some afi, ng 8 ger, rem gr gu ing lamin soe” (DESCARTES, René. 1987, 27). enews ” Ho Maligw possiem a mesma Fanci, porém,ogaio maligna possal uma colic isto, enyano acontece por que de produ as iusdes no exito moeacneo em ae [enso ea fala impressdo de que s¥0 verdadeiras 52 - Bducagso par a Cicin E sobre este ponto fixo (que & 0 pensamento’), que Descartes solidificars a questao do conhecimento, O conhecimento das coisas & elaborado pelo pensamento e a expetiéncia nto fornece seno dados mutiveis e aparentes. A discussio sobre 0 ‘mundo fisico e, em particular do espace, € desenvolvido por Descartes na 2 Medita- ‘gio (parigrafos 10 18), que analisaremos de forma minuciosa. Para discutit a questio do conhecimento do mundo fisico, Descartes fala nio: ‘compos em ger, pus esas aogGes gems sio oninaiamente mas confosss,porém de tule coup eu pcan Tomenn por esol en pig ce art J do 4a colméi: ele nfo perdew ainda a doguca do mel que contnha,retém ainda algo do odor das flores de que fe recat um coe a Bgur, sn grander, sto patents du, € fi, tocamo- Joc, sence batermos, produ aigam som. Eafim, todas as coisas que podem disintamente fzer conhecer um corpo encontran-se neste (DESCARTES, 1987,P 28) © que temos, nesta argumentagio de Descartes, é a descrigao daquilo que os sentidos nos dio a conhecer dos objetos, isto é, 0 que a experiéncia fornece das coisas (© que temos &a dogura, o odor das flores, acor, a figura, etc. No entanto, a argumen- tagio de Descartes prossegue para a questio da modificagio ou transformacio do pedaco de cera ¢ a conseqiiente conchisio que somente a razio ow o pensamento é capaz de conhecer o que sio as coisas materiais. Diz Descartes: Mas esque, enquanto flo, €aprosinado do fogo: o que nelerestva de saborexal-s,0ador se eas sua cor modifi, von fps ve ter, su anders sument, el toena-se guid, Cequentese, malo podemos tocar eemboes nee batamos, nen som prodhze A mesma ‘era permance aps modificgio? Compre confesar que permancceennguém o pode neg. (que pos que se conhecia dest pelago de cea com tanta dsingio? Certamente no pode sc ada de tudo 0 que ate ela printeméio dos sentdos, posto que todas as cosas que se apesentavam a pla, 90 lft, cio, ou 0 tata, ou 3 audio, encontam-se mudadas 00 etn, esa cra pecazece (DESCARTES, 1987, p28). O pedaco de cera, assim como todo 0 mundo material, é suscetivel de trans- formagdes ou modificagbes. O que permanece € algo de extenso, flexivel ¢ mutivel, que é apreendido pela razio. O que temos como tese fundamental do pensamento cartesiano € que 0 conhecimento das coisas materiais ¢ uma elaboragio do sujeito (pen- samento, entendimento ou razio). Diz Descartes: (Ors, qual & ees cera que ndo pode ser conceit Sendo pelo entendimento ou pelo spite? CCeramente sea que jo, que oc, qb imagino ea esa que conhia desde 0 comeja Maso que éde nora € que se preset ou ado ca qual perce nfo € uma visio, nem tu ter, dem una imayinar, cana 0 fo, emboa assim o paces anteriorente, mat Somente uma insperso do expt, que pode sempre econfsa, como era antes, ou cara € disnta, coma épecsentementc,coaforme minha tens se din mais ou menos xcs que txt ne ¢ das uss € compost (DESCARTES, 1987, p. 2) 3 Pemsamento, entendimento, espisto e rzio so utiizados como sindaimos Filosofia © Hiss da Ctnca: Contribs pass 0 Enno de Cds - 53 Portanto, a transformagio ou modificagio espacial dos corpos significa uma passagem de um estado A para um estado Be a permanéncia daquilo que podemos caracterizar como substancial. Percebemos esta transformacio pelos sentidos. No en- tanto, esse ato de perceber é coordenado € organizado pelo sujeito (razio). Somente a ruzio apreende o elemento substancial das coisas. Segundo Descartes, os sentidos s6 nos informam a mudanga de estado, a forma etc, cabendo, se ¢ somente se, i rizio perceber a transformacio. fio entendi- mento ou razio que concebe as transformagées espaciais dos objetos, aprendendo a verdade. Estabelece-se a partir dai um desprezo da experiéacia na formacio do conhe- imento sobre o mundo fisico e, em especial, sobre a nogio espacial. Cabe tio somente a razio conhecer as coisas ou os objetos. A experiéncia nada organiza, nada representa, nada conhece. Portanto, a experincia em si mesma, nada representa como fonte de conhe- cimento, ou como organizacio espacial dos objctos, visto que & 2 razio através de suas elaboracies e representagdes que formata e organiza o mundo dos objetos. Descartes bbuscou construir uma fisica geométrica, isto é, elaborar uma fisica-matemitica, capaz de conhecer as propriedades do mundo fisico. O papel da Experiéncia para o conhecimento das nogies espaciais em David Humet David Hume, em sua teotia do conhecimento, especificamente na obra intita- Jada “Investgagio sobre o Entendimento Humano”, na Sepia IV, afiroa que todos os objetos da investigacio humana sio divididos em duas espécies. A primeira pressupSe que existem verdades evidentes por si mesmas, nio necessitando de colaboracio por parte de alguma experiéncia, e que estas sio suficientes por suas proposicdes. No caso, as verdades matemiticas, pois a sua linguagem garante a verdade. A segunda é através do que ele denomina de “guestier de ato”, levando em conta que nio se garante nada como verdadeiro somente através do discurso (conceitos ¢ idéias), pois somente a experiéncia nos fornece a evidéncia de que algo é verdadeiro, sendo comprovado. As questdes de fato sio as questies sobre o mundo fisico e observivel e a tese defendida por Hume é que nio é possivel formar um conhecimento sobre estas ‘questdes de forma a priori c independente da experiéncia. Ao contri, nio é possivel falar em conhecimento fisico sem a regularidade experimental constatada. Os raciocini- 6 DESCARTES, René. Medinagiies Metafsicns. S Os Pensadores, 1987, 28 7 Idem: 8 kdem, 29, Paulos Abel Culewal/Nuva Cultura. Goleta 5A Educa para a Cito fs que elaboramos sobre 0 mundo fisico para se constituirem como conhecimento, necessitam sempre da experiéncia. Nossos raciocinios sobre as questOes de fato fur dam-se em uma relagio de causa e efeito e este, por sua ve2, nfo é um principio que derive da tuzdo. A otigem das nossas relagdes de causa ¢ efeito esti na experiéncia. Hume clabora uma critica a Filosofia € a todos os sistemas metafisicos de interpretacio do conhecimento, pois produziram um discurso descolado do mundo. Desprezando a experiéncia como referencia da vida humana, tornando-se to somente ‘uma discussio conceitual, a0 qual refugia-se em si mesma, dando a si um certo ar de arrogiincia de conhecer as coisas, porém sem fundamento. Para o empirismo de Hume, ‘© conhecimento necessita de comprovagio fisica, pois, do conteirio, é mera especula- io Filosofica. ‘Mas, de onde provém essas idéias? Segundo Hume, todas as idéias derivam da experiéncia ¢ a natureza humana, através do intelecto, possui a capacidade de combinar ¢ de formar idéias, através da expetincia. As idéias provém de 2 fontes, a saber: das “sensajdes externas”, onde hi a ‘memorizacio de imagens. Elas se earacterizam como cépias imperfeitas ¢internas de uma sensagio, retirdas de uma experiéncia, Podemos exemplificar isso através da imagem de qualquer objeto. Ea outra maneia & através das ‘Senay ifornas” as quais sto experiéncias intemas retiradas de nés mesmos, experiéncias internas como a ira, apaixonar-se, etc Essas idéias nunca expressario totalmente as sensacSes experimentadas, pois sito cépias das sensacdes , sendo estas mais vivas do que as idéias em si mesmas. Entio, © intelecto humano forma idéias a partir de “combinagio, transposicio, aumento ou diminuigio, sendo estes limites fornecidos pelos sentidos e pela experiéncia” (HUME, 1987, Da origem das Idéias, Seco II, parigrafo 13), realizando conexdes, associagées, através da experiéncia, sas ids que retiramos da experiéncia sio conectadas a partir de principios, que se dividem em 3 categorias, a saber. SEMELHANGA — uma coisa parecida com outra. CONTIGUIDADE DE, TEMPO E LUGAR ~ proximidade de tempo e lugat CAUSA E EFEITO ~ ocorréncia de um fato e sua conseqiigneia, Percebemos aqui que nao é através de juizos que chegamos a verdade dos fatos.. Podemos citar o famoso exemplo de Hume sobre o juizo que emitimos sobre ‘o nascimento do Sol. perfeitumente concebivel que o Sol nascerd aman e que 0 Sol no nasceri amanhi. Somente a experiéncia validari um dos juizos 0 eonheci- ‘mento sobre esta questio de fato somente sera elaborado quando verificarmos repe- tidas experiéncias. Filosofia ¢ Hata da Cilncas Conribuigbes paso Easing de Ctecias 55 Portanto, © conhecimento cientifico das coisas somente dar-se-a através da constatagio experimental dos fatos € somente tenho a garantia do conhecimento atra- vés desta observagio. A experiéncia é 0 grande guia da vida humana e a repetigio dos fatos ocorridos faz com que o intelecto, através de hibito e costume forme leis gerais dos fatos que se repetem. Sé.a experiencia nos ens a natuteza © os limites da causa € do efi € aos permite infeiea custéoch de un objeto etic de um oat. Ta fmdanento Jo cc or ie constitu o grosso des conherimentos humanos & orgem de toa ago ¢ condues horcon (HUME, 1987, F198) aa “e AA partir do que foi discutido, como formamos as nogies espaciais? Certa- ‘mente pela experiéncia. Sobre o raciocinio que elaboramos sobre a proximidade expa- ial, 0 empitismo de Hume nos conduz i conclusio de que os racioeinios e as nogdes de espago sio formados pela expetiéncia. $6 conhecemos as propriedades fisicas dos objetos ¢ elaboramos as nogdes espaciais quando obsezvamos nos préprios objetos a extensio dos mesmos, isto é, suas propriedades extemas, como este se apresenta com certa regularidade, como aparece etc ____ Segundo Hume (2000), a idéin de espago é desivada de dois sentidos que sio a visio ¢ o tato, para que haja uma organizagio espacial dos objetos, faz-se necessitio. que eles possam ser observados, tocados, apalpados ou sentidos. [dias claras edistintas implicam na possibilidade de existéncia, senio no seriam claras e distintas ¢ sim contra. ditérias. que ainda, sem os objetos toda definicio torna-seinfcutifera, pois por mais que se queira tragar uma linha, desenhar uma superficie, meramente conforme's defn. sao, sem existéncia, haveria tio somente uma aptoximacio e nao exatidio, (O que 0 espaco? Como organizamos os objetos de mancira espacial? Segundo Hume, nose mente possui uma capacidade linitada de atingis © mundo dos objetos. Somente podemos afirmar que elaboramos representagdes ade- ‘quadas? Esta limitagio refere-se ao modo pelo qual representames idias dos objetos através dos sentidos, que estio em um espago ¢ em um tempo. Em primeizo lugar temos as impresses dos objetos pelos 61gios dos sent- dos e posteriormente formamos idéias dees. Ex: Quando perceho objetos 2 minha frente imediatamente adquiro nio 36a idéia de espago, como também a wlcin de exten sio, visto que eada objeto possui sun prdpeia extensia. Ateaves de uina impeeseao "epresentads,como cBpia dos objeto percebidos pela minha mente, percebo que cada objeto Ema unidade. $6 posso conceber este conceito quando pereelns que ul objete no pode existe sozinho, porque outros objetos também se relaconann eles ou sem 0 «expago 20 mesmo tempo, coexistent e simultineo ry i a prt tol Sa on med cio ag de ese nos tans enum id con combina silénde ener co fd iar dees pont jms port ext Na ada de ents telnet cx temon pen concen dee 0 pod) sta ares tanh econ penn 56 - Educa para a Citncia deve ser consideradas como colors ou tangiveis Portano, 36 possuimos idéias de espago ou ‘estenso se o consilerimos como um objeto de noes vio ou de noes tto, (HUME, 2000p. 64). 6 podemos ter a idéia de espago quando esta idéia esti implicada direta- mente ao objeto. A recebemos através dos sentidos, especificamente a visio ¢ 0 tato, sendo a visio espacial como se fosse uma cépia daquilo que recebemos pelos sentidos. ‘Aida de expago &tansmitida 3 mente por dois sentidos a visdo ¢ otto; ada jamais parece ‘extento se ao for vsivel on tangivel, A impeessio composta que representa aextensTocoasiste ‘em vias impresides menores, que so indisves a0 alhar ou 40 tat que podem ser denomi- ‘nada impressdes de Stomos ou coepisculos dotados de core solider. Mas isto nit &tada.Nio & peeiso apenas que ess tomes jam coloridos on tangs para ue poss ye mostra ncssos sentidos; & igualmente necessiro que preservemos a idéia de sua cor ou tangilidade para que 0s possamos compreende poe meio de nossa imaginasio. Somente aii de sua coro» tangiilidade pode romilos concebiveis pela mente. Se supeimirmos essa quaidades sensiveis, tis itomos ‘sero inteicamente aniquilados para 0 pensamento ou imaginacio, (UME, 2000, p. 64) 3. O Papel da Experiéncia para 0 conhecimento das nogées espaciais, segundo a teoria de Kant? A teoria de Kant aparece no século XVIII, com a tentativa de solucionar o debate entre o Racionalismo ¢ o Empirismo no que tange a0 papel da experiencia na formagio do conhecimento e, em especial, do conhecimento do mundo fisico. O Raciona- lismo e o Empirismo apresentavam-se como posigies extremas, isto é, ora descartan- do totalmente a experiencia para 0 conhecimento ora colocando-a como a fonte do conhecimento do mundo fsico. Para Kant, todo 0 nosso conhecimento, comega com 2 experiéncia, mas sua origem estaia na forma kigica como a mente organiza esses ‘objetos que afctam nossos sentidos. Kant quer demonstrar inicialmente na sua famosa frase presente na ‘Critias da Razdo Pura”(1987), que ..todo conbecimento omega pela experitn- ia, mas nem todo conbecimento se origina da experiéncia”, que a experiencia ¢ imprescindivel pata 0 conhecimento ¢ ¢ organizada pelas formas (a prian) que 0 sujeito possui- Ao investigar as condigées de possibilidade do conhecer, conchui que no € 0 sujeito que gravita em torno do objeto, mas, o contririo, que € o objeto que gravita em tomo do sujeito e que existe uma necessidade da experiéneia para a formagio do conhe- cimento. Eo sujeito que “determina 0 objeto”, impondo- the as formas puras da intuicio € as categorias, que constituem 0 modo como 0 espitito humano organiza os dados externos e constr6i o conhecimenta, O conhecimento é relativo a0 sujeito e nfo podemos conhecer as coisas como sio nelas mesmas, pois s6 conhecemos fenémenos. Conhecer, enti, é enquadrar os dados empiricos nas formas a priori da sen- sibilidade e nas eategorias purss do entendimento. Portanto, é necessirio receber os objetos pela experiencia, “obtendo representates mediante 0 mado como somos afetados por ee, através da sensibilidade” (KANT. 1987, 2.33). A sensibilidade € a faculdade responsavel pela receptividade dos objetos, na medida que somos afetados por cles, isto é, 0s objetos tocam os nossos sentidos ¢ de Filosofia € Hina da Citncas Consbeigics pa 6 Ensino de Citacas - 57 forma passvaonanizamos (ecebemos) et os) es no expago eno temp As forms pss da sensildade, qu represen ox objetos quando cates aetamnnneoe sent en esas €o tempo. ran, pars Kan ep tp dam deer Stray ou estutuns dos objeto «toratne formas que ojo pos! pas objetos de que temos experiéneia, HHO IEE POE Da organ os Os objetos, entio, “aparecem a nés”, segundo a maté s .n6s”, segundo a matésia fornecida pela expe- tiéacia¢ sepundo forma didn pela sensible. Nio conhecemos a8 me pal las sio nelas mesmas (coisa em si). Como dissemos, todo conhecimento, para a teoria kantiana, é sempre fenoménico’. an ; O tempo ¢ 0 espaco nio sio determinagdes ou estruturas dos objetos e sim formas apriorsticas préprias do sujeito, Os objetos externos por ocasiio da experiéncia ilo passam de meras tepresentagdes da nossa sensibilidade através da matéria (a pote orien ordenasio estes ¢ a priori O espaco é uma forma de tepresentagio das coisas externas ¢ os objetos s6 podem ser num espaco. E possivel representar um espaco sem. objetos mas nio o contzirio, a pena spas Diz Kant que “mediante o sentide extern (uma proprindade da nossa ment) repreenta- reacts confit tp Neteoteaisions teen henerne figura, magqitudee relagto reiproca” (KANT, 1987, p. 37). A representagio das coisas no espago é necesss, sendo que © ei nm cio emp sted exes extra Piso rng ‘ Cabot asta ana fino op fe nin nf op ee bg ‘ne meme) ps pried ss cave ents a siphon cme date, ma a sack les ares La,» rproeige sp 1p er toma ecptda,medate a espera des wie tafe esta te Dis een etn rmination fst RANT. TOE, 3), © espago esta subjacente a qualquer representacio do objeto, pois & uma representasio @ prior que, quando da omanizasio dos fecémenos, ja pressupse um espago subjacente. O espago é a forma de todos os fendmenos esternos, pois todas as coisas, enquanto fendmenos externos estio organizadas no expaco. Diz Kant que “pepo éoma representayio a priori neces i ; priori mesa gue sua toda antes externa, Jamais pose fazerse ama representa de cna xa alga, ebaras pasa mito ‘em pensar que nia seenantre obit gen nce" (KANT, 1987, p. 38) Somnente mediante arepre- sentagio no expaco, os objetos pode ser recehidos pela nossa mente. Form da espago no «existe, segundo Kant, qualquer representacio do objeta. Os objetosexternossio representa bes de nossa sensibilidede, o espago é « forma desta representaczo Na “Ditsetao de 1770”, Kant diz que: [-Jocspaye Eau subjetvo eieal, sel fosse real, os axiomasgeométricosseriam ununerabie rdtsacpacdnedecspttocucenodontaleerce, 4 natureza submetida aos princpios de geometsia, no que se rlere tones 58 Educa par Citi propriedides do cspago éintitve como condita subjetiva. (KANT, 1987, p18 © conceito de espaco é uma representagio singular, que compreende em si todas as coisas e nao uma nogio abstrata. Ele € objeto de intuigao e nao de conhecimen- to conceitual, sendo 4 prior, porque longe de derivar da experigncia, éa sua condicio de possibilidade. E também intuigio porque é possivel pensi-lo sem objetos e 0 contriio nao é verdadeiro. E puro, sendo antetior & experiéncia e por ocasifo ela se organiza. Na teoria kantiana encontramos, portanto, a tese de que nio existe conhecimento sem a experiéncia, mas que esta € ofganizada segundo as formas a prion da nossa mente. A experiéncia nao possui um papel para a construgio da nocio espacial, embora esta nogio 6 se manifeste por ocasiao da experiéncia. Referéncias DESCARTES, René Meditages Metaf Pensadores) ‘io Paulo: Nova Cultural. 1987. (Colegio Os HUME, David, Teatado da Natuteza Humana, Sio Paulo: Ed. UNESP, 2000, HUME, David. Investigagio Sobre o Entendimento Humano. Sio Paulo: Nova Cultura. 1987. (Colegio Os Pensadores). KANT, | Dissertagdo de 1770, Editora Nacional ~ Casa da Moeda, Lisboa,1982, KANT, |. Prolegémenos a toda Metafisica Futura . Editora Edigies 70. Lisboa, 1982. KANT, |. Critica da Raziio Pura. Sio Paulo: Nova Cultural. 1987. (Colegio Os Pensadores). KNELLER, GEE A ciéncia como atividade humana, Rio de Janciro. Zahar: Sio Paulo: EDUSP, 1980. PASCAL, G. A Filosofia de Kant, Petrépolis Editora Vozes. 2002; ZAMBONI,E. et MIGUEL, Autores Associados, 1996 (om). Representagbes do Espago. Campinas: Editora Biologia e Etica: um estudo sobre a compreensao e atitudes de alunos do Ensino Médio frente ao tema genoma/DNA. Sandra Bevilagua Ferreira Aber Auna Maria de Andrade Caldeina? Introdugio O séeulo XX foi marcado por intensa produgio cientfica e tecnol6gica, modificando 0 mundo, o homem e suas relagdes. Com essas mudangas, surgiram ques. tionamentos relacionados a valotizacio da vida, &ética nas relagGes humanas e qualidade de vida em telagio ao desenvolvimento tecnolégico e sua aplicagio. O avango da Ciéncia produz considerivel quantidade de pesquisas e informacées que sio veiculadas por diver- sos canais de divulgasio cientificas ou néo. Ente essasinformacdes,encontram-se aquelas que afetam diretamente a vida humana. Aliado a esse complexo informativo, estio as decisbes que o individuo e a coletividade precisam tomar e que, muitas vezes, se apéiam em conhecimentos cuja origem e compreensio fogem de suas possibilidades " Mestre pelo Programa de Pés Graduagio em Educasio para a Ciéncia da Faculdade de Ciéaciae UNESP/Baucw *Professora do Programa de Pés Graduaelo em Educasio para a Cincia edo Departamento de Biologia. Faculdade de Cizncas -UNESP/Baseu

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