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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU


INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO AFETIVO NA


PSICOPEDAGOGIA.

Por: CLÁUDIA CAMARA LAIA

Orientador
Prof. VILSON SÉRGIO

Rio de Janeiro
2009
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES


PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO AFETIVO NA


PSICOPEDAGOGIA.

Apresentação de monografia à Universidade


Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
Psicopedagogia.
Por: Cláudia Camara Laia
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AGRADECIMENTOS

.... Agradeço a conclusão deste


trabalho de pesquisa a minha filha
Paula e ao meu marido Paulo Cesar,
que tem muita compreensão a cerca de
minha constante busca de
conhecimento.
4

DEDICATÓRIA

.....Dedico este trabalho monográfico a


todos os profissionais que se dedicam a
melhoria da educação brasileira.
5

RESUMO

A presente monografia tem como objetivo analisar as possíveis


causas das dificuldades emocionais e afetivas que acontecem no espaço
escolar, que dificultam o acesso a aprendizagem.

Toda pesquisa foi realizada por fontes bibliográficas, partindo da


análise do processo de aprendizagem vinculado ao desenvolvimento cognitivo-
afetivo, familiar e social.

Concluindo, este estudo tem por finalidade enfocar a importância do


trabalho psicopedagógico voltado para o entendimento do processo de
desenvolvimento do aluno, considerando interações sociais estabelecidas por
ele a partir do vínculo afetivo.
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METODOLOGIA

O objeto de estudo – A Importância do Vínculo Afetivo na


Psicopedagogia – surgiu face aos meus questionamentos sobre a importância
do afeto para aprendizagem escolar.

Esta obra foi fundamentada em pesquisa bibliográfica realizada


durante 4 (quatro) meses, tempo em que pude aprimorar meus conhecimentos
através da leitura de autores consagrados, como também, através dos eventos
culturais visitados.
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I 12
AFETO: O FIO CONDUTOR

CAPÍTULO II 18
APRENDIZAGEM, EMOÇÃO E AO VÍNCULO AFETIVO

CAPÍTULO III 25
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO IV 29
O PAPEL IMPORTANTE DA INTERVENÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA E DA FAMÍLIA PARA
SUPERAÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 59
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INTRODUÇÃO

A falta de preocupação com a área da afetividade revela-se como


um ponto obscuro para o entendimento dos mecanismos do conhecimento, do
processo cognitivo, do desenvolvimento da inteligência, da aprendizagem.

O processo do conhecimento, sabe-se já, tem indissociáveis os


aspectos afetivos e cognitivos apesar de, há décadas, estudos terem dado
ênfase à cognição.

Devemos abordar a emoção como mais um aspecto educacional a


ser considerado. Ela está inserida nesse processo, porque é inerente ao
homem. O homem nasce com ela, vive com ela e morre sem conseguir vivê-la
em sua plenitude.

De acordo com ALMEIDA (1999, p. 15):

“Acredita-se na possibilidade de controle das emoções, o


que se faz urgente na medida em que ficar a seu serviço
traz sérios prejuízos à vida humana. O adulto, nesse
caso família e professor, deve ter clareza sobre o que é
emoção, como funciona, para poder administrá-la em si e
no outro. É um grande desafio, uma vez que os
progressos da inteligência, responsabilidade do
professor, dependem em grande parte, do
desenvolvimento da afetividade”.

O profissional de educação tem um papel relevante nesse cenário


educacional, pois permitir relações afetivas em sala de aula é uma função
pedagógica. Possibilitar contatos afetivos é favorecer a obtenção do
conhecimento de si mesmo e do outro.
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Aceitar a afetividade como fiel companheira da inteligência é aceitar


o aluno como ser humano e respeitá-lo, partindo de suas experiências para
criar ação educacional que atenda suas reais necessidades.

A escola precisa ensinar sobre as emoções e a afetividade. O


professor precisa aprender sobre a afetividade para ensinar sobre ela também.
E o psicopedagogo fará com que o produto final de uma ação pedagógica seja
integradora.

O aluno, como qualquer outro ser humano, necessita de apoio para


desenvolver suas habilidades e potencialidades, pois ninguém se desenvolve
sozinho. Tendo sua criatividade, sensibilidade e desenvolvimento incentivados
por seus familiares, professores e pelos que o rodeiam, terão grandes chances
de tornarem-se indivíduos bem sucedidos e felizes.

“Não existe inteligência emocional, mas sim, emoção na


inteligência. É sabido que muitas pessoas deixam de
expressar/demonstrar a sua inteligência quando estão
bloqueadas por problemas ou situações difíceis e isto já
foi descrito por diversos autores, especialmente por
Freud e outros grandes humanistas”.( METTRAU, 1998)

“Pensar e sonhar é um direito específico e antecipador


de inovações. É uma força peculiar das funções
superiores do homem. Os demais animais não planejam,
inventam e criam idéias ou situações, porque não sabem
relacionar o presente com o passado e o futuro. Não
trabalham as seqüências e as conseqüências em longo
prazo. Esta modalidade de funcionamento é um belo
problema que somente o homem sabe realizar.
(METTRAU, 1995, p. 19)

Nas últimas décadas, vários estudos vêm dando ênfase aos


aspectos cognitivos na tentativa de solucionar os inúmeros problemas
educacionais surgidos, porém o homem não é um ser apensar cognitivo, é
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também social, afetivo, psicológico, enfim, é um conjunto de aspectos


interligados e conectados para que tudo funcione, como uma engrenagem,
onde uma peça depende da outra, e todas fazem a máquina funcionar.

E desconhece-se muito ainda da relação que existe entre o afetivo,


motor, pessoal e o cognitivo. Esse desconhecimento atrasa o avanço de
pesquisas educacionais e sobre o processo de aprendizagem. Por sua vez, as
teorias vão e vêm, sem manterem-se firmes na prática de sala de aula,
funcionando como experimentos e os alunos como cobaias.

É indiscutível o papel da educação na formação do indivíduo. Sabe-


se que o que vivemos na escola e, mais tarde, na universidade, possui um
significado insubstituível para o desenvolvimento social e afetivo de uma
pessoa.

Os teóricos, Paulo Freire, Vygotsky e Piaget, por exemplo,


evidenciaram a importância da emoção para que o aluno sinta-se motivado a
conhecer e aprender. Wallon, na área da Psicologia, também destacou que
nós, através do emocional, entramos em contato com o meio ambiente e nos
adaptamos à realidade exterior.

Saltini, em seu livro “Afetividade e Inteligência”, defende a educação


como um compromisso com a formação de uma sociedade mais livre, criativa
e amorosa; com igualmente, justiça e cooperação; e que conhecer é pensar,
inventar, descobrir e conectar as qualidades e atributos de um determinado
objeto a ser estudado ou conhecido.

Por essa pesquisa bibliográfica, a afetividade é analisada como um


fator fundamental para o desenvolvimento da inteligência e da capacidade de
aprendizagem, enfocada de maneira acessível e clara, unindo a cognição, a
criação e a emoção como aspectos inseparáveis da personalidade de uma
pessoa.

Em outros estudos, já foi dada importância ao fator criação, e muitos


autores escrevem sobre o assunto. Por sua vez, atualmente percebe-se a
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tendência à análise da cognição isoladamente. Porém, as teorias continuam


apresentando falhas e devido a isso, os estudos voltam-se então, à
afetividade. Livros e pesquisas vêm demonstrando a importância da emoção e
suas conseqüência no comportamento humano: como ela ajuda ou atrapalha
nas atividades e funções cotidianas, e como fica facilitado o trabalho
psicopedagógico a consciência da relevância do afeto existe no profissional em
sala de aula.

O presente estudo traz para debate questões que poderão melhorar


a formação do profissional para o exercício de sua atividades e alertar para a
complexidade dos aspectos que abrangem esta formação. Pois, o profissional
que tem conhecimento do que fazer para obter um determinado resultado ou o
que evitar para não atrapalhar o processo de aprendizagem é mais seguro e
mais competente.

No entanto, não é só o que basta. É necessário que a prática


também seja acompanhada da coerência, além de outras competências
próprias. Sobre essas competências, os capítulo a seguir tecerão algumas
considerações.

Partindo do principio que somos, todos nós, seres humanos e


sociais, é indissolúvel- para o entendimento do mecanismo de aprender e de
ensinar- o aspecto humano afetivo-cognitivo. Um depende do outro, são
estruturas conjuntas, que abrem os horizontes nos estudos sobre o sucesso
educacional e como chegar até ele. A partir do instante que se puder conhecer
plenamente a emoção e suas conseqüências, o homem poderá ser o melhor
entendido e as teorias melhor adaptadas para darem certo.

Vive-se a era da tecnologia, da informática, da globalização, enfim, a


era do conhecimento e da comunicação; mas perde-se muito na promoção do
desenvolvimento humano, social e político, e também econômico, quando
enxerga-se no ser humano apenas o intelecto, deixando para trás tudo o que
diz respeito à emoção e afeto.
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CAPÍTULO I
AFETO: O FIO CONDUTOR

Desde os primeiros momentos de sua vida, temos contato com


diferentes objetos e pessoas e isso nos provoca diferentes emoções e
sentimentos.

Precisamos ser amados, aceitos e acolhidos para despertar nos a


curiosidade pelo aprendizado. Se não houver o afeto, a interação torna-se
difícil, e o aprendizado também e, assim, acontecerá durante toda nossa
existência. Os adultos, para serem felizes e produzirem bem, precisam de
afeto e serem aceitos. O ser humano, então, e um ser afetivo, além de
cognitivo social. São aspectos que se interligam durante toda a vida, nos
diferentes momentos por que cada um passa. É no contato social que o
indivíduo interage sendo, portanto, a inteligência a expressão de um processo
dinâmico profundamente afetado pela emoção, pelos desejos e pelo afeto.
(METTRAU, 2000, p. 45)

Seja na família, na escola ou no grupo social, o indivíduo faz uso


de sentimentos, emoções que o movem todo o tempo. Pode ser um medo que
o faz agir; uma situação que o deixe feliz ou um acontecimento que o deixe
triste. A emoção e a afetividade fazem parte do dia-a-dia, e são o fio condutor
para ações e compreensões; motivação para uma aprendizagem e o que
impulsiona em direção ao progresso intelectual.

Na escola, o afeto deve estar presente através do professor. A


criança entra em contato com a aprendizagem motivada pelo afeto
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dispensado. O afeto, então, é o que conduz a aprender. Sentindo-se motivada,


aceita e acolhida, a absorção do objeto a ser conhecido se faz de maneira
mais rápida e satisfatória. E a criatividade, torna-se livre para acontecer. Ou
seja, estando à vontade, ela pode se expressar e deixar sua criação aflorar.
Quando o aluno se sente livre para expressar-se, seus talentos desabrocham,
suas ideias são liberadas e ele

pode então, mostrar-se sem inibições ou medos. “Ser criativo não significa ter
de inventar ou descobrir coisas. O fascínio está justamente em podes
estabelecer novas relações entre coisas existentes”. (SANDAU, 1990, p. 53)

As relações que as crianças vão construindo ao longo de seu


desenvolvimento favorecem mudanças no seu modo de perceber o mundo.
Nesse processo, elas vão gradativamente valendo-se de diferentes linguagens
(oral, desenho, canto, artes), nomeando e representando o que veem e
sentem, comunicando aos outros seus sentimentos, desejos e conhecimentos
sobre o meio em que vivem.

Enfim, por meio da possibilidade de se emocionar, de formular


suas próprias questões, buscar respostas, imaginar soluções, expressar suas
opiniões, interpretações e concepções de mundo, confrontar seu modo de
pensar com o de outras pessoas e de relacionar seus conhecimentos, idéias a
contextos mais amplos, que a criança poderá construir conhecimentos cada
vez mais elaborados. Porém, esse não é um processo que ocorre de uma só
vez. Resulta de um mecanismo de construção interna compartilhada com os
outros, no qual elas pensam, sentem e refletem sobre o que desejam
conhecer.

Além da dimensão afetiva, é preciso também identificar as


necessidades de cada criança e priorizá-las, assim como atendê-las de forma
adequada. Então, cuidar de uma criança é, antes de mais nada, dar atenção a
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ela como pessoa que está num contínuo crescimento e desenvolvimento,


compreendendo o que ela sente, pensa o que sabe sobre si e sobre o mundo,
visando ampliar seus conhecimentos e suas habilidades.

Afeto é necessário a todo ser humano, pois aptidões emocionais


todos têm. O que nos falta é saber lidar com elas, uma vez que isso não nos é
ensinado pelo professor na escola, nossos pais também não sabem como
ensinar-nos, enfim, é um assunto quase considerado sem importância. Prova
disso é o aumento do número de livros sobre o assunto.

A relação psicopedagogo-aluno está inserida no processo de


trocas de significados aprendidos e transformados. A sala de aula e os demais
ambientes

são considerados como locais onde há interlocução, baseada essa, em


processos cognitivos e afetivos. As pessoas percebem e sentem quando
conhecem, quando entram em contato com o objeto de conhecimento. Não dá
para dissociar um processo do outro. Estão interligados desde o nascimento
de uma pessoa.

Estando parte de nossas vidas na escola, entregamos nas mãos


do educador uma parcela grande de responsabilidade por nossa formação. E
cabe a ele acrescentar-nos novas experiências, fazendo com que possamos
ser cidadãos, mas também que nos percebamos enquanto seres afetivos.

Se desde a mais tenra idade, a criança recebe informações sobre


si que não representam a verdade, sua imagem de si mesma cresce distorcida
e, consequentemente, seu desempenho também não será de todo perfeito.

No contexto social, o indivíduo interage e a inteligência é a


expressão dessa relação, afetada por desejos, afetos, emoções, experiências
diversas que transformam-no num ser mais seguro e confiante, podendo
desenvolver-se cada vez mais, intelectual e emocionalmente; produzindo
conhecimento ou adquirindo, não importa, pois sem que percebamos, estão
15

incutidos nesse processo os aspectos cognitivos, criativos e afetivos


interligados.

E se então interligados, por que a escola não ensina o


conhecimento afetivo? O pensamento que reina entre profissionais é que o
problema da educação se resolveria com a melhoria de laboratórios e salas de
aula ou melhoria de recursos pedagógicos. Enquanto o ser humano
permanecer na atitude de “ser objeto”, não experimentando a realidade mais
ampla e mais profunda que existe dentro de si mesmo, não terá pleno
conhecimento de si, nem do outro. A escola deveria entender dos seres
humanos, muito mais do que entende da matemática e do português. Deveria
entender de amor, de sonhos, de criações de símbolos, de dor e de fantasias.
O psicopedagogo capacitado entende as variadas expressões da inteligência,
entende também, que o elo que deve ligá-lo aos alunos é o afeto e, aí sim, os
resultados psicopedagógicos serão alcançados.

O mundo do criar e do amar é pátria e paraíso; do


comportamento improdutivo e do amor apagado, ao
invés, é um deserto desconhecido, inimigo no qual não
distinguimos o mínimo rastro que nos leva àquilo que
perdemos, como se tivesse desaparecido para sempre,
como um sonho, um nada.
( SANTOMÉ, 1998, p. 131)

A partir desse pensamento, fica claro a necessidade de


empregarmos afeto e amor em tudo que fazemos. A falta de amor é o início do
fracasso, é viver sem esperança, pois tudo nasce de um ato de amor. Daí a
conduta natural da existência. Se o mundo nasce desse sentimento, não pode
existir sem ele. Pensar sem sentimento é impossível, chorar ou rir também.
Esses são alguns dos exemplos concretos de que a emoção está sempre
presente, seja em situações alegres ou tristes. É ela quem nos faz movimentar-
nos e querermos buscar nossos sonhos e anseios mais profundos.
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O homem a cada dia que passa vem registrando acelerada


evolução no campo dos conhecimentos científicos e tecnológicos. Não vale a
pena estar no terceiro milênio entendendo melhor o ser humano?

Acredito que sempre que um adulto torna-se problemático,


apresentando comportamentos fora do aceitável, diz-se que a culpa foi da
criação, que os pais erraram em dar-lhe uma educação “assim” ou “assado”.
Mas, e a escola? Será que ela pode continuar distanciada do problema, isenta
de responsabilidades? Verifica-se cada vez mais pessoas improdutivas, sem
emprego, atuando negativamente contra nossa sociedade.

Lembro que muitas pesquisas já apontam para a mudança


provocada na aquisição de conhecimentos, quando se dá atrelada ao
conhecimento afetivo, ou seja, o significado de aprender nada mais é que
pensar, inventar, descobrir e conectar as qualidades e atributos dos objetos a
serem conhecidos.

Segundo Vygotsky ( 1991, p. 129): O pensamento propriamente


dito é gerado pela motivação, isto é, por nossos desejos e necessidades
nossos interesses e emoções. Essa afirmação é a prova de que até em
pensamento, despertamos emoções. Essa relação emocional que temos com
o mundo inicia-se quando desejamos algo. O afeto conduz a ação.

A boa evolução da afetividade é expressa através das atividades,


comportamento e postura. Muitas crianças que apresentam dificuldades de
aprendizagem acabam tendo algumas dificuldades emocionais também. Como
possuem inteligência, sofrem, muitas vezes, com seus fracassos escolares e,
com isto, se isolam mais, afastando-se de qualquer atividade que envolva
disputa e exposição.

Muitas vezes se sentem inferiores, pois professores, ao


perceberem essas dificuldades, rotulam-nas de preguiçosas, desinteressadas
em ler e escrever. E isso, acaba causando insegurança, falta de interesse
realmente, inibição e desistência pela escola. A auto-estima diminui,
17

aumentando o isolamento ou a agressividade por seus professores ou


companheiros escolares.

É difícil dizer que as perturbações afetivas sejam causa ou


conseqüência da incapacidade de o indivíduo integrar-se ao processo de
leitura e escrita ou se qualquer outra aprendizagem, porém, com certeza,
pode-se afirmar que o vínculo afetivo entre aluno e profissional da educação
ou da psicologia; ou da psicopedagogia, quando bem estabelecido é o fio
condutor para que a aprendizagem se desenvolva de maneira positiva.

A avaliação psicopedagógica sempre focará o pedagógico e o


psicológico, ou seja, o funcionamento cognitivo e as emoções do paciente em
uma estrutura dissociada, integralizada e ligada ao significado de ações e
conteúdos cotidianos. Faz-se necessário pesquisar o que ele já aprendeu, mas
também como aprendeu; assim como o que não aprendeu e por qual motivo
não aprendeu.
18

CAPÍTULO II
APRENDIZAGEM, EMOÇÃO E O VÍNCULO AFETIVO.

A aprendizagem é uma “apropriação instrumental da realidade


para transformá-la” (PICHON, 1983, p.95). E de acordo com esta afirmação, é
fácil perceber a importância que tem para o ser humano, o processo de
aprender, pois é através dele que se adapta para evoluir, e evolui para se
adaptar. Aprendemos para viermos melhor; modificamos a realidade para
obtermos conforto, segurança e desenvolvimento. Se não houvesse a
aprendizagem, provavelmente a humanidade já teria sido extinta.

A criança constrói sua história vincular a cada nova experiência e


assim, se modifica, podendo ampliar seu universo. Nessas relações vinculares
pode-se compreender os papéis que uma criança desempenha em sua
maneira de se relacionar com o conhecimento; com o professor, com a escola
e com os outros alunos. Existem vínculos bons e vínculos ruins. Há os que
ajudam o aluno a crescer e os que o estagnam. Cabe ao profissional, em sua
atuação, seja ele professor ou psicopedagogo, estabelecer o vínculo que
proporcione o seu desenvolvimento saudável.

O processo de aprendizagem deve ser compreendido como um


sistema de fechamento e de abertura em constante diálogo. E, assim,
entende-se que o que o aluno recebe, deva ser informações construtivas para
si e em sua forma de perceber o mundo; que, também aprenda a fechar-se
para informações que, ao contrário, só lhe oferecerão estagnação ou
retrocesso. Para isso, a psicopegagogia precisa atuar oferecendo
possibilidades de trilhar caminhos na busca do conhecer e viver experiências
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esclarecedoras, significantes, comunicando-se com ele de maneira simples e


positiva, mediando e propiciando o domínio de práticas que o beneficiem.

As emoções, assim como os desejos e os sentimentos, são


manifestações da vida afetiva. Na linguagem comum é hábito substituir
emoção por afetividade, tratando os termos como sinônimos. Todavia, são
diferentes. A afetividade se insere num conceito muito mais abrangente e que
engloba várias manifestações. Já as emoções, possuem características que as
distinguem de outras manifestações afetivas. As emoções sempre estão
acompanhadas de modificações visíveis expressivas, como aceleração de
batimentos cardíacos, mudanças no ritmo da respiração, dificuldades na
digestão, secura na boca e outros. Além disso, provocam alterações na
expressão facial, na postura, na forma como se executam os gestos.

A última década, apesar de inúmeros episódios ruins que nos


ofereceu, assistiu a uma explosão de estudos científicos sobre a emoção. Essa
luz sobre os mecanismos das emoções e suas deficiências põe em foco o
sentimento e sua importância para a vida humana e seus processos. Pois,
como sabemos por experiência própria, quando se trata de moldar nossas
decisões e ações, a emoção pesa muito, e às vezes muito mais do que a
razão.

O estudo das emoções demonstra que a origem delas está na


consciência, operando a passagem do mundo orgânico para o social, do plano
fisiológico para o psíquico. Para Wallon, as teorias sobre as emoções dividem-
se em uma abordagem dominante representada por reações incoerentes e
tumultuadas; destacando o efeito desagregador, perturbador sobre a atividade
motora e intelectual. A outra abordagem destaca o poder ativador das
emoções, considerando-as como reações positivas. Acompanhadas de uma
descarga de adrenalina na circulação e do aumento da quantidade de glicose
no sangue e tecidos, as emoções provocam aumento de energia, o que se
torna bom para uma ação sobre o mundo físico.
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No adulto, são pouco freqüentes crises emotivas, como ataques de


choro, birras, surtos de alegria, tão comuns ao cotidiano da criança. As
emoções aparecem reduzidas, pois estão subordinadas ao controle das
funções psíquicas superiores. Assim, ao enfocar as emoções na vida adulta,
as teorias tendem a identificá-las com ação sobre o mundo exterior objetivo,
enfatizando seus efeitos sobre os automatismos motores e a ação mental.

É grande o destaque que a análise walloniana dá ao


componente corporal das emoções. Wallon mostra que
todas as emoções podem ser vinculadas à maneira como
o tônus se forma, se conserva ou se consome. À cólera,
por exemplo, vincula-se a um estado de hipertonia, na
qual há excesso de excitação sobre as possibilidades de
escoamento. A alegria resulta de um equilíbrio e de uma
ação recíproca entre o tônus e o movimento. Na timidez
verifica-se hesitação na execução dos movimentos e
incerteza na postura a adotar. Com base nesta relação,
resulta até mesmo uma classificação das emoções
segundo o grau de tensão muscular a que se vinculam”.
(GALVÃO, 1995, p. 63)

Enfim, as emoções podem impulsionar uma pessoa a agir, ou


podem impedi-la, travando seus movimentos. As emoções também podem ser
o ponto de partida da consciência pessoal do sujeito por intermédio de seu
grupo, no qual receberá as fórmulas diferenciadas de ação e os instrumentos
intelectuais, sem os quais lhe seria impossível efetuar as distinções e as
classificações necessárias ao conhecimento das coisas e de si mesmo.

A importância das manifestações emocionais coletivas se dá na


medida em que favorece coesão e adaptação ao meio e ao grupo social. As
emoções aparecem como primeira forma de adaptação que o ser humano tem
para com o ambiente em que vive. A atividade intelectual, que tem a linguagem
como um instrumento indispensável, depende do coletivo. Permitindo acesso à
linguagem, podemos dizer que a emoção está na origem da atividade
21

intelectual. Pelas interações sociais que propicia, as emoções possibilitam o


acesso ao universo simbólico da cultura.

Porém, em sala de aula é muito comum haver descaso com


relação às emoções dos educandos. A instituição de ensino deveria ter clareza
que ao cumprir a função de transmitir conhecimentos, está lidando com o ser
humano e com os demais aspectos que o formam, além do intelectual.

Na verdade, os aspectos afetivo e motor na sala e aula são


considerados como processos estanques, sem nenhuma relação com o
processo de conhecimento. Assim, é também desconhecida a reciprocidade
entre a afetividade e a inteligência, conquanto exista entre ambas uma
integração que permita nutrição mútua. Ao mesmo tempo em que a afetividade
se estende no desenvolvimento de um sujeito, assim também o faz a
inteligência. Então, à medida que as conquistas no campo cognitivo vão
acontecendo, são incorporadas ao plano afetivo do ser. A evolução completa
se dá, em grande parte, pela reciprocidade entre ambos.

“Os movimentos, como expressões da natureza afetiva, podem


gerar emoções e ser resultado delas. Como salientado anteriormente, a
alegria, ao se produzir, desencadeia uma grande excitação motora”.
(WALLON, 1995, p. 63)

Em sala de aula tais movimentos e emoções, muitas vezes, não


são percebidos ou aproveitados para o processo de aprendizagem. Seria muito
mais fácil para a prática docente se as expressões e emoções favoráveis ao
aprendizado contribuíssem positivamente, e que os educadores, por sua vez,
pudessem compreender que a falta de clareza a respeito da ligação que existe
entre movimento e emoção interfere na relação professor e alunos,
consequentemente, na aprendizagem.

Aprender a ler as emoções é um pré-requisito para administrá-las.


Se o professor aprender a ler o que seus alunos sentem, tornará sua ação
pedagógica mais eficaz. Utilizando as expressões emocionais dos educandos
poderá facilitar o processo de construção do conhecimento, fazendo um elo
22

entre ele e seus alunos e contribuir também para a socialização e integração


destes no grupo, e mais abrangentemente, na vida. Pois ao se incumbir da
função de transmissor do conhecimento, o professor deve atuar como um
arguto observador, no sentido de articular, sempre que possível, os aspectos
afetivos e intelectual, ambos inseparáveis e presentes na atividade
pedagógica.

Abordar a emoção como mais um aspecto educacional a ser


considerado para o entendimento do processo ensino-aprendizagem é um
grande passo em direção ao progresso das pesquisas na área do
conhecimento e de como ele se constrói. Ela está inserida neste processo,
porque é inerente ao homem. Por sua vez, as instituições de ensino devem
possibilitar contatos afetivos para obter conhecimento do outro e do que
acontece em seu ambiente. Aceitando a emoção como companhia a
inteligência- uma não existe sem a outra- é aceitar o aluno como ser humano,
utilizando suas experiências para agir e atender suas reais necessidades.

Quando os teóricos e cientistas da área cognitiva tiverem a plena


consciência de que no processo do conhecimento é indissociável os aspectos
afetivo e cognitivo, talvez haja uma mudança positiva na situação educacional
universal, e como a qualidade de vida depende em grande parte disto, haverá
também a melhoria desta no mundo.

O ser humano para desenvolver-se plenamente, necessita da


família e precisa estar inserido em grupos sociais. A partir daí, terá sua
criatividade e suas potencialidades trabalhadas. Porém, tudo isso se dá num
universo mais complexo quando observado pela ótica da vivência,
propriamente dita. Ou seja, uma ação pedagógica consciente e integradora
buscará resultados a partir de situações que aconteçam entre interações e
relações sociais a todo momento, no ambiente onde a educação se dá. Saber
que o afeto faz parte de todos nós é o primeiro passo para que essa ação
obtenha resultados satisfatórios, criando possibilidades para expressões
individuais, onde aflorem as idéias, juntamente com toda a bagagem afetiva
que isso possa ter.
23

Quando o aluno consegue sentir-se à vontade e livre para


expressar-se, sente-se também pronto para receber informações que lhe
possam ser úteis no momento e futuramente seus talentos podem ser
incentivados, suas ações poderão estar motivadas, aceitas e acolhidas; e
através da ótica democrática do profissional que conduz a prática, tornar-se
uma realidade positiva para ele. A final, educar é fornecer armas para que uma
pessoa possa manter-se, sobrevivendo da melhor maneira possível,
adequando-se à sociedade e suas regras.

Aptidão emocional é um aspecto inerente ao ser humano. O que


nos falta é aprender a lidar com essa dimensão de nosso ser, e saber fazer elo
entre as demais aptidões que possuímos. Se a emoção fosse ensinada nas
instituições como é ensinado o conteúdo instrutivo, provavelmente, seríamos
capazes de nos relacionarmos muito melhor com nossos semelhantes, e
evitaríamos os problemas atuais que assistimos, atônicos, todos os dias,
quando ligamos nossos aparelhos de tevê. Educar deveria estar no lugar de
instruir; e as instituições, por sua vez, estariam desempenhando
verdadeiramente, suas funções.

“é preciso reinsistir em que não se pense que a prática


educativa vivida com afetividade e alegria, prescinda da
formação científica séria e da clareza política dos
educadores ou educadoras. A prática educativa é tudo
isso: afetividade, alegria, capacidade científica, domínio
técnico a serviço da mudança ou, lamentavelmente, da
permanência do hoje.” (FREIRE, 1996, p. 52)

Se o professor, em sua prática em sala de aula, conseguir- através


da democracia e do querer bem aos educandos- transformações significativas
que contribuam para o indivíduo e também para a sociedade, estará
desempenhando suas funções pedagógicas no caminho da estimulação e
desenvolvimento, visando a exploração do afetivo com toda a carga que ele
sempre carrega. Apesar de não ser uma tarefa fácil, é gratificando na medida
24

em que torna um ser cidadão, pronto para concorrer a oportunidades


oferecidas a todos.

As instituições capacitadas, públicas ou privadas, privilegiam o


aspecto cognitivo e o afetivo. Aliando-se uma proposta pedagógica a uma
instituição que promova a ação educativa de maneira eficiente e profissionais
conscientes de que a emoção é o que estabelece o vínculo entre o ser e o
mundo humano, estaremos, todos nós, profissionais docentes, alunos,
funcionários, reitores, diretores, pais, comunidade; caminhando para a tão
buscada solução para uma educação que há muito vem deixando a desejar.
25

CAPÍTULO III
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM.

Toda criança necessita de apoio e paciência. Muitas crianças com


dificuldade para aprender sofrem de falta de autoconfiança, pois sentem-se
menos inteligentes que seus amigos porém, um bom tratamento pode curar um
disléxico. Existe uma alta porcentagem de disléxicos entre os artistas,
cientistas e executivos. Muitos especialistas acreditam que pessoas disléxicas,
por serem forçadas a pensar de forma diferente, são mais habilidosas e
criativas e tem idéias inovadoras que superam as de não-disléxicos.

Apesar das salas de aula estarem lotadas e apesar da falta de


recursos para pesquisas, a dislexia precisa ser combatida. Muitos casos de
dislexia passam despercebidos em nossas escolas e muitas crianças
inteligentes e disléxicas aparentam ser péssimos alunos. Devido a isso, muitos
se sentem envergonhados e acabam abandonando a escola. Muitos pais, por
falta de esclarecimento, também sentem vergonha e tentam esconder o
problema. Porém, isso só tende a piorar a situação da criança, que ao invés de
receberem tratamento adequado para viverem melhor, sofrem o descaso tendo
sua vida escolar atrasada e dificultada.

Os disléxicos precisam de um método adequado para aprenderem


a ler e, consequentemente, a escrever. O psicopedagogo, munido de toda a
técnica necessária, precisa também estar atento para o aspecto afetivo deste
processo, pois, é através do vínculo estabelecido entre eles que poderá
detectar onde ocorre a falha e então agir para corrigi-la.
26

É importante frisas que a dislexia não se resolve sem um


tratamento apropriado. Não é um problema que se supero com o tempo,
portanto, não deve ser ignorada. Pais e profissionais devem esforçar-se para
identificar hipóteses da dificuldade existir na vida de suas crianças. Pois,
quando o atendimento acontece desde cedo, o disléxico passa a desenvolver-
se semelhantemente as que não-disléxicas.

Apesar de exigir tratamento, a psicopedagogia não tem uma forma


padronizada de abordar o problema da dislexia, uma vez que, deve-se
considerar as diferenças individuais, as singularidades que cada indivíduo
possui para iniciar o tratamento.

Semelhante à dislexia, a discalculia ocorre de uma falha na


formação dos circuitos neuronais, ou seja, na rede por onde os impulsos
nervosos são processados. Essa falha, quando não detectada e tratada pode
comprometer o desenvolvimento escolar de maneira bem ampla. O estudante,
geralmente tem medo de enfrentar novas experiências de aprendizagem por
acreditar que não é capaz de evoluir. Pode também adotar comportamentos
agressivos, apáticos ou desinteressar-se. Sem saber o que acontece, pais,
professores e até colegas correm o risco de abalarem mais a auto-estima da
criança, com críticas ou punições. Por isso, é importante chegar a um
diagnóstico rápido, de preferência com a avaliação de um psicopedagogo e de
um médico, para que o tratamento seja iniciado adequadamente.

Confusões com sinais matemáticos e dificuldades para realizar


simples contas podem indicar o problema. Para algumas crianças, conseguir
acertar a sequência dos números é um grande desafio. E a razão disso pode
ser a descalculia. Também há a dificuldade em discernir entre igual e diferente
ou pequeno e grande. A pesar do diagnóstico só poder acontecer aos 8 anos,
já se pode iniciar um trabalho com essa criança para que o problema não
evolua e prejudique a vida escolar deste aluno.

Associada a discalcuilia, pode estar também o TDAH (Transtorno


do Déficit de Atenção e Hiperatividade), que se reconhece pela dificuldade de
27

concentração e organização, baixa tolerância à frustrações, impulsividade e


cronicidade dos sintomas.

A melhor forma de se tratar o TDAH começa pelo diagnóstico


correto e uma avaliação adequada do meio onde o indivíduo vive, seu contexto
familiar, social e escolar, que pode ou não estar contribuindo para alterar o
comportamento desse indivíduo. Se tais aspectos ou qualquer um desses for
esquecido, provavelmente haverá erro do diagnóstico que, por sua vez,
causará erro na abordagem psicopedagogica adotada.

A disortografia, transtorno da escrita com inversões, aglutinações,


omissões, desordem na estrutura da frase, reflete um processo cognitivo da
linguagem defeituoso e não se refere à falta de correção motora. Está
relacionada à dislexia e é apontada por muitos autores como uma seqüela
dela. Não é considerada uma doença. E como todo distúrbio de aprendizagem,
pode ser contornado com acompanhamento adequado.

Outro distúrbio tratado pela psicopedagogia é o autismo, que se


caracteriza por prejuízo severo e invasivo em diversas áreas do
desenvolvimento. Se manifesta nos primeiros anos de vida e frequentemente
estão associados a algum grau de retardo mental.Podem apresentar sintomas
comportamentais comportamentais comuns, como: hiperatividade, atraso de
linguagem ou ausência, desatenção, impulsividade, acessos de raiva, auto e
heteroagressão, respostas incomuns a estímulos sensoriais, distúrbios na
alimentação e ou do sono, anormalidades do humor e do afeto, ausência de
medo ou medo exagerado. Enfim, por apresentarem prejuízo na interação
social, os indivíduos autistas necessitam de acompanhamento médico e
terapêutico para desenvolverem independência e adquirirem um grau de
convivência possível, apesar de muitas vezes, ser limitado por sua falta de
reciprocidade social e emocional.

Muito semelhante ao autismo, está a Síndrome de Asperger, que é


um transtorno como características prejudiciais iguais a do autismo, porém,
28

com uma diferenciação no que se refere à linguagem e ao desenvolvimento


cognitivo.

Para ambos transtornos, não há medicação específica e o


tratamento deve ser fundamentado numa abordagem multidisciplinar e
interdisciplinar, onde a intervenção fonoaudiológica aconteça intensivamente,
assim como o tratamento médico e as intervenções educacionais e
comportamentais. Além de intervenções intensivas, o autista precisa de
uniformidade de condutas, tanto escolares como sociais e familiares.

E, por último, temos a Síndrome de Down, ou Trissomia do


cromossomo 21, que designa a divisão em três do cromossomo número 21 do
material genético humano. De uma forma geral, podemos classificar a
Síndrome de Down como um acidente genético, sobre o qual não se tem
controle. Qualquer mulher pode ter filho com esta síndrome não importando a
raça, credo, nacionalidade ou classe social.

O desenvolvimento de uma criança com Síndrome de Down se


difere em pouco do desenvolvimento dos demais. Na área educacional, apesar
de enfrentar algumas dificuldade de aprendizagem, ela pode freqüentar escola
de ensino regular, pois o convívio com crianças não portadoras contribui para
que ela se desenvolva melhor. Além disso, a convivência é positiva para
ambos os lados, uma vez que, se possibilita a conscientização das diferenças
individuais e do não preconceito ou restrição seja por aparência, raça, ou
demais características distintas.

Aspectos como intervenção psicopedagógica com monitoração de


problemas comuns a indivíduos portadores desta síndrome, ambiente familiar
estável e muitos outros, contribuem para o bem estar e para um bom
desenvolvimento dele. Enfim, recebendo o apoio necessário, tanto dos pais,
como dos professores e terapeutas, estas crianças apresentam resultados
comportamentais sociais e até mesmo profissionais, muito bons, e em alguns
casos, surpreendentes.
29

CAPÍTULO IV
O PAPEL IMPORTANTE DA INTERVENÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA E DA FAMÍLIA PARA SUPERAÇÃO
DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM.

“Alterar a posição de passividade dos alunos e suas mentalidades,


tornando-os autônomos e independentes é o desafio”. (FREINET)

Esta citação ilustra a preocupação dos psicopedagogos em relação


ao atendimento que se oferece as crianças com alguma dificuldade de
aprendizagem ou algum transtorno de desenvolvimento, ou mental.

O profissional, cujo objeto de trabalho é a problemática da


aprendizagem, não pode deixar de observar o que sucede entre inteligência e
desejos inconscientes; porém, sem prender-se apenas no psicológico, ou
apenas no pedagógico.

A atuação psicopedagógica precisa caracterizar-se por uma


específica ação profissional, que é voltada para os processos de aprender e
seus fatores agregados. Isso implica a necessidade do corpo teórico,
constituído através da junção e interação de diversos conhecimentos
emprestados de outras áreas.

A psicopedagogia nos remete, então, a visão do homem como


sujeito ativo num processo de interação com o meio físico e social, tendo seu
equipamento biológico, afetivo e intelectuais levado em conta, acima de tudo.
E entende que todas essas condições são geradas e desenvolvidas no âmbito
30

social e familiar do aluno, sendo a aprendizagem o elemento que liga e que dá


sustentação para que todo esse mecanismo aconteça adequadamente.

Desse modo, o profissional tem que saber reconhecer a


aprendizagem nessa via de mão-dupla, sujeito-meio, e compreendendo como
esta interação acontece. Pois é através dessa observação que se fundamenta
seu planejamento de trabalho e atendimento psicopedagógico, numa
perspectiva individual ou em grupo, contextualizando o que será oferecido a
este cliente com necessidades especiais ou não.

Apesar do psicopedagogo quando atua na instituição educacional


pesquisar a aprendizagem no âmbito escolar, também terá o olhar clínico, pois
requer atitude preventiva, investigativa e intervencionistam considerando que
cada situação é única e particular, seja ela, individual ou em grupo. Cada
problema deve ser analisado de maneira singular, levando em conta todos os
fatores como escola, família, professor, comunidade e que não podem ser
negados.

Por tal motivo, cabe aos profissionais de psicopedagogia agir


educacionalmente no sentido amplo, ou seja, conhecimentos e informações,
mas também valores e regras de conduta num empenho de socialização desde
indivíduo, principalmente.

E isto está intimamente ligado a escola porque é ela a grande


responsável por grande parte do que todos nós aprendemos e usamos em
nosso dia-a-dia. Sendo assim, orientar psicopedagogicamente é adaptar o
aluno para o universo escolar, e fazer com que ele compreenda todos esses
complexos sistemas interativos. E, importante é, frisar o papel do vínculo
afetivo que se precisa estabelecer na busca de soluções para problemas e
dificuldades, ou ajustamentos e caminhos simplificados para cada um, em
suas atribuições e com suas aptidões e necessidades.

Como na família abordamos pais ou responsáveis para investigar


relações entre os componentes do núcleo, na escola precisamos também
observar como se dão as relações entre todos os envolvidos, inclusive o aluno
31

em questão, e não deixando esquecer-se de quem ensina também. Ou seja, o


professor em sua metodologia e profissionalismo no que diz respeito a
construir autonomia, num compromisso consciente de seguir um planejamento,
mas também de manter o foco no histórico dessa criança, com sucessos ou
não, com erros e acertos, porém, com muita sensibilidade e atenção num
traçar de estratégicas de trabalho.

Nesta análise e abordagem, devemos destacar que não podemos


nunca fundar uma prática que não leve em consideração o afeto, seja ele
oriundo de vínculo positivo ou negativo. Quer dizer, o afeto denota situações
de satisfação e prazer, mas também de insatisfação e dor. Se isso ocorre, o
olhar de interventor deve estar voltado para as emoções que estejam
bloqueando a aprendizagem de acontecer, num esforço que se volte para o
bem-estar da criança e de sua melhor adaptação social e escolar.

Por outro lado, temos que evidenciar e destacar que, apesar das
teorias valorizarem a questão emocional discente, a prática escolar delega-os
em função de priorizar fatores cognitivos, intelectuais, metodologias e técnicos
demais. Sem a noção segura da importância que os sentimentos
desenpenham nessas relações, todo profissional envolvido no problema e não
só o psicopedagogo, fica deficiente em seu desempenho, devendo uma tarefa
tão primordial para o sucesso desse atendimento, que é a da avaliação total e
integrada, pois não podemos separar o âmbito emocional do intelectual e
cognitivo, pois um só acontece com o outro.

Assim sendo, creio que a formação docente se faz significativa,


pois se o professor aprende num ambiente de acolhimento e liberdade de
expressar, provavelmente pautará sua prática também desta mesma forma,
com respeito e amor, dedicação e tolerância. Como o professor, e talvez muito
mais, o psicopedagogo deve ater-se no desenvolvimento afetivo-cognitivo de
seus clientes e sujeitos que com eles convivem de uma maneira global.

O resgate do afeto, das emoções boas ou ruins faz parte do


trabalho nosso, profissionais em educação, e perpassa pelas relações sociais
32

em sua totalidade. É importante olhar o que falta no aluno, mas também é


preciso, fundamental, resgatar o que se tem de bom e do que foi construído na
história desse indivíduo, de forma prazerosa e gratificante. Evidenciar as falhas
nem sempre é o caminho mais acertado e devido a isso, torna-se primordial
facilitar o trabalho caminhando no “sim”, entendendo como ele aprende, onde
busca, onde acha estímulo, positivo, para querer conhecer alguma coisa. A
partir do que ele se interessa, monta-se a abordagem e a intervenção
psicopedagógica para ajudá-lo numa adaptação aos ambientes que lhe são
indispensáveis, ou seja, no jogo da vida. Ensinar a jogar, retirar a angústia que
os processos de aprendizagem podem causar, ensiná-lo a pensar e a
conhecer-se, conhecendo-o primeiro de todas as maneiras que possível for. O
psicopedagogo passa a investigar seu cliente, foca no cognitivo-afetivo, e
então descobrindo seus mecanismos na busca do conhecimento, ensina-lhe
sobre si próprio, sem precisar dizer-lhe isso. Ele é ensinado sobre si sem ter a
verdadeira consciência de como isso se dá. Aprende sobre como aprende e se
relaciona sem perceber essa finalidade em sua essência profunda. Porque é
isso que o profissional psicopedagógico realiza: análise, busca, investigação
do sujeito, de seu histórico passado e presente, para uma prevenção futura. E
o aluno, orientado a seguir por outro caminho, torna-se capaz de ter autonomia
em suas escolhas e a discernir qual o melhor para si mesmo, apesar dos pais,
do professor, do médico, do psicólogo.

Se, conscientes dessa função, terão, provavelmente, os


psicopedagogos, sucesso total em suas intervenções. Porém, se não total, o
que restar indissolúvel, talvez fuja a seu alcance, e esteja, possivelmente, no
terreno dos demais profissionais que envolvidos neste processo diagnóstico e
terapêutico.

Nas últimas décadas, vários estudos têm dado ênfase aos


aspectos cognitivos, deixando de lado os aspectos afetivos do
desenvolvimento infantil. Porém, de acordo com Wallon, “o desenvolvimento se
dá de maneira completa, ou seja, pela integração de seus aspectos sociais e
individuais”. (GALVÃO, 1995, p.55)
33

Através dessas pesquisas, se tomou conhecimento da importância


dos grupos sociais para a formação do indivíduo. Entre esses grupos, está a
família como o primeiro e duradouro grupo a que fazemos parte. É ela que
determina, nos primeiros anos de vida, os limites de expressão de nossas
emoções e de nossa afetividade. Nosso primeiro grupo que reprime nossas
emoções negativas, e reforça nossos comportamentos positivos e agradáveis,
também molda a maneira como expressamos nossos sentimentos.
Comportamentos desencadeados por sentimentos inaceitáveis são censurados
e os que são aceitos socialmente, são incentivados.

Quanto maior for o vínculo afetivo entre os pais e o aluno,


melhores deverão ser as chances dele se tornar um adulto feliz, pois, “a
criança que apresenta um componente emocional bem trabalhado por seus
pais já sai na corrida da vida com um coração de vantagem”. (METTRAU,
2000, p. 62 )

Os pais e familiares precisam ter uma coerência entre o agir e o


pensar, para que não passem a exigir da criança o que é impossível realizar.
Muitas vezes confunde-se a capacidade intelectual com a capacidade de
resolver bem problemas pessoais e sociais e maturidade emocional que não
condiz com desenvolvimento biopsicossocial. Enfim, alguns familiares
precisam de atendimento e orientação nessa tarefa, porém gratificante, que é a
de educar um filho.

Crianças com dificuldades de aprendizagem precisa de cuidados e


apoio especiais, como elogios, amor, encorajamento, tolerância, paciência, e,
como toda criança, de disciplina e limites. Os pais devem ser amigos, mas
devem também fazer o papel de orientadores para uma vida em sociedade,
onde ele saiba se expressar, defender suas opiniões; porém, respeitando os
outros e sabendo de suas limitações, deveres e obrigações. A psicopedagogia
deve ajudá-lo a ser uma pessoa melhor.

O desafio de ter um filho é aprender sobre ele durante o convívio.


Toda mãe e todo pai passui uma dose de intuição que deve ser levada em
34

conta e, depois disso, um esforço para entender e atendes sua necessidades


nos aspectos intelectual, afetivo, de compreensão e de aceitação. Ele mesmo
tem que ver-se como alguém que possui o pensar, o agir, o falar e o sentir. A
criatividade é um traço marcante, porém, se não for trabalhada e entendida
perde-se, dando lugar, muitas vezes, ao desânimo, introspecção,
agressividade ou comportamentos que escondem suas capacidades, levando
as outras pessoas a pensarem que seu nível intelectual é baixo e que não são
indivíduos, criativos e inteligentes.

O ideal é que o acompanhamento seja feito, não só pela família,


como também, por professores, profissionais da área ou especialistas. Esse
atendimento visa conhecer os gostos e preferências, seus interesses, seus
padrões comportamentais, suas habilidades e suas intensidades. Ou seja,
propiciar a ele um desenvolvimento em potencial, onde sinta-se apoiado e
seguro para expor suas opiniões e questionamentos. A escola é outro fator que
merece atenção, pois ela também precisa ser interessante, oferecendo
atividades que o estimulem e o façam sentir-se bem.

A curiosidade, a energia para descoberta, são fatores que


acompanham as crianças. Cabe aos pais, tentar canalizar inquietação e
vontade, para atividades de passeio, brincadeiras, divertimento e lazer
também, e não só voltá-lo para atividades intelectuais, onde seja posto a
estudar, a ler, a decifrar enigmas ou desenvolver exercícios de raciocínio.
Crianças precisam brincar e divertir-se para que o intelectual tenha um tempo
de recuperação e descanso. Ninguém consegue pensar em resolver conflitos
sérios o tempo todo, ou exercitar a lógica e o raciocínio sem parar. É disso que
os pais também precisam saber. Crianças têm que conviver com outras
crianças, para que aprendam sobre grupos e sociedade, e até mesmo para
que aprendam a viver.

VYGOTSKY (1991, p.44), cita :

“O desenvolvimento da lógica na criança, como os


estudos de Piaget demonstraram, é uma função direta de
35

sua fala socializada. O crescimento intelectual da criança


depende de seu domínio dos meios sociais do
pensamento, isto e linguagem”.

Os pais e familiares, se quiserem que a sua criança se desenvolva


e seja futuramente um sujeito bem-sucedido em suas atividades, precisam ter
conhecimento de tudo isso, além de uma boa dose de paciência, persistência,
informação, saber reconhecer até onde seu filho pode ir e incentivá-lo a ir, sem
esquecer do amor, do afeto, das palavras de carinho e compreensão que todos
nós, seres humanos, precisamos. Criando um ambiente saudável, acolhedor,
onde ele possa sentir-se querido e aceito, sua individualidade seja respeitada,
e onde não haja comparações com irmãos ou amigos.

Como saber se o papel da família e de todos a que ela teve que


recorrer foi eficiente ? Observando a criança durante seus momentos,
atividades de estudo, seu lazer ou até mesmo numa situação de descontração
entre amigos, se ele apresenta-se satisfeito, bem, feliz, pleno em seu modo de
agir, de tratar os demais, com consciência de suas vontades, capacidade
e interesse. Inserido na sociedade e tendo liberdade para demonstrar o que
sabe, aí sim, prova-se a eficiência do acompanhamento familiar. Sendo os pais
pessoas humildes, que sabem esperar o momento certo de interferir, sem
atropelos ou exposições, estarão caminhando para a realização de uma
orientação bem fundamentada e coerente, que vise o desenvolvimento de uma
pessoa que , sozinha , não conseguiria conhecer - se . Todos nós , seres
humanos , precisamos das outras pessoas e , basicamente, de uma família.
36

CONCLUSÃO

As pessoas buscam a felicidade e querem estar bem, vivendo


dignamente, sendo respeitadas e tendo suas emoções respeitadas também. E
para que isso ocorra, o mundo precisa humanizar-se cada vez mais. As
pessoas sendo valorizadas pelo que são, e não pelo que possuem.
Comprovou-se que é a emoção o fator de ligação entre o homem e tudo o que
está ao seu redor. Portanto, é o que nos move ao progresso.
A contribuição da psicopedagogia é muito grande, quando forma
cidadãos, produz conhecimento, transmite informações e favorece o
desabrochar dos talentos. A escola alavanca para o futuro, então que seja de
maneira construtiva, expandindo horizontes, abrindo leques de opções
profissionais. Associadas – escola e psicopedagogia - estas possibilidades
são potencializadas.
Ignorada pelos estudiosos, que visaram o estudo do intelecto, do
cognitivo, a afetividade vem sendo hoje, alvo de diversas análises com os
estudos da inteligência. E a partir daí, o ser humano passou a fazer sentido e
dar sentido ao que o emocionava.
Situada entre dois percursos esteve durante décadas a inteligência:
por um ângulo, estudiosos que a tratavam apenas pelo prisma da
racionalidade, de outro lado, pesquisadores que tinham apenas a dimensão
emocional. Sempre separadas umas das outras, essas duas visões sobre a
inteligência sempre foram os focos de buscas de respostas. Hoje, pode-se
dizer que o quadro e outro, pois mais e mais autores abordam o tema,
apontam a ligação entre racional e o emocional, e a inteligência como
conseqüência dessa ligação.
O meio circundante deve garantir que a aprendizagem aconteça e seja
conseqüência da união entre os pais e os profissionais de educação. Nesse
meio, em que vive o aluno, deve encorajá-lo a ir em frente, expressar-se seja
de que forma for, promover suas habilidades, satisfazer sua sede de
conhecimento, sua curiosidade, e também, atender sua necessidade de
pertencer e de ser aceito.
37

Sabemos que as relações afetivas são o motivo de agregações. Muitos


grupos sociais têm como prioridade para existir, o afeto. Assim acontece na
família quando duas pessoas que se amam resolvem unir-se, ter filhos e
manter-se ligados pelo amor. Porém, com a escola isso não ocorre. Ela tem
como prioridade o conhecimento. Entretanto, mesmo na escola, as relações
afetivas se evidenciam, pois a transmissão do conhecimento implica,
necessariamente, uma interação entre pessoas. Portanto, na relação
profissional-aluno, que é uma relação de pessoa para pessoa, o afeto também
está presente.
Este estudo vem mostrar que, se o afeto está presente até onde ele
não é priorizado, então não se dissolve nunca enquanto existimos. Pode-se
dizer que, onde não há afeto e emoção não há ser humano.
“Uma das qualidades mais importantes do homem e da
mulher nova é a certeza que têm de que não podem parar
de caminhar, e a certeza de que cedo o novo fica velho
se não se renovar. A educação das crianças, dos jovens
e dos adultos tem uma importância muito grande na
formação do homem novo e da mulher nova. Ela tem de
ser uma educação nova também, que estamos
procurando pôr em prática de acordo com as nossas
possibilidades”. (Paulo Freire)
38

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Ana R.S. A emoção na sala de aula. Campinas, São Paulo:


Papiros, 1999.

GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: Uma concepção dialética do


desenvolvimento infantil. 8ª ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1995.

LUCRESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar. 9ª ed. São


Paulo: Cortez, 1999.

METRAU, Marsyl Bulkool. Nos bastidores da inteligência. Rio de Janeiro:


Ed. Departamento de Extensão – SR3 – UERJ, 1995 b.

SALFINI, Cláudio J.P. Afetividade e inteligência. Rio de Janeiro: DP da


Editora, 1997.

VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. 3ª ed. São Paulo: Martins


Fontes Editora, 1997.

SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 14ª ed. São
Paulo: Àtica, 1996.

SANTOMÉ, Jurjo T. Globalização e interdisciplinaridade – o currículo


integrado. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada – abordagem


psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1990
39

BOSSA, Nádia Aparecida. A Psicopedagogia no Brasil – contribuições a


partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

PICHON – RIVIÉRE, Enrique. Porcesso grupal. São Paulo: Martins Fontes,


1988.
40

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 12
CAPÍTULO II 18
CAPÍTULO III 25
CAPÍTULO IV 29
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 38
ÍNDICE 40

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