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PENA DE MORTE

A pena de morte, ou pena capital, é um assunto muito discutido em diversos países, sendo ela quando uma
pessoa é morta por determinação do Estado, em decorrência de um crime que ela cometeu. Essa condenação
se chama sentença de morte. Vamos então saber mais de onde surgiu essa ideia.

O surgimento da pena de morte no mundo

Antigamente a pena de morte era muito aplicada. Segundo estudiosos do assunto, os egípcios utilizavam essa
execução para todos os crimes. Mas não eram só eles, já que hebreus e babilônios também aplicavam essa
medida muitas vezes. Além deles, Hamurabi, que foi o reunificador da Mesopotâmia e o fundador do primeiro
Império Babilônico, executava muitas pessoas com a pena de morte. Baseado nisso, existiu o Código de
Hamurabi citado em texto jurídico do ano 2000 a.C.

Normalmente os crimes para os quais mais se aplicava a pena de morte nos primórdios da história eram:
Assassinato; Espionagem; Estupro; Adultério; Homossexualidade; Corrupção; Política.

Métodos de aplicação da pena de morte

Existiam diversos métodos para executar a pena. Dentre eles, os principais eram: Asfixia; Crucificação;
Esmagamento; Decapitação (com espada ou machado); Desmembramento; Afogamento; Eletrocussão em
cadeira elétrica; Câmara de gás; Forca.

Como está a pena de morte atualmente no mundo?

No mundo, cerca de 60 países ainda executam pessoas a pedido do Estado. Existem 59 países retencionistas,
ou seja, que ainda mantêm a aplicação da pena de morte para crimes comuns. No geral, 88% das penas de
morte que se têm conhecimento aconteceram na China, Irã, Paquistão, Arábia Saudita e EUA.

História da pena de morte no Brasil

Historicamente, havia a aplicação da pena de morte considerada na primeira Constituição Brasileira de 1824,
e a execução era severamente aplicada em sistema de forca. Entretanto, aconteceram muitas discussões sobre
esse conteúdo na Constituição, ainda mais depois que o acusado Mota Coqueiro foi enforcado no lugar do
verdadeiro criminoso. O livro “A Fera de Macabu”, que trata da última execução oficial ocorrida no Brasil,
em 1855. Manuel da Motta Coqueiro foi condenado como culpado pela chacina de colonos que trabalhavam
em uma de suas fazendas. De acordo com Marchi, uma combinação de elementos foi decisiva na condenação
do fazendeiro: inimigos poderosos, fortes evidências e uma imprensa sensacionalista. O problema é que ele
era inocente. A condenação de Coqueiro é simbólica por revelar o lado mais perverso da pena capital: a
possibilidade do equívoco. “A irreversibilidade da pena de morte e a absoluta impossibilidade de reparar o
erro após a execução a tornam uma pena que exige a verdade absoluta – e quem pode garantir que os
julgamentos de uma Justiça precária a farão surgir?”, diz Marchi. Quando o imperador Pedro II – sujeito de
formação humanista – soube da inocência do condenado, anos depois, perdoou seu crime e lutou pela extinção
da pena de morte. Para Coqueiro, era tarde demais. Apesar da execução de um homem branco e rico ter
marcado a história, Carlos Marchi lembra que a existência da pena de morte no Brasil era profundamente
ligada à escravidão. “Ela estava ali para assustar e conter os escravos nas reações pela violência que sofriam
de senhores e capatazes.” Não por acaso, ela foi proibida oficialmente em 1889, um ano após a abolição da
escravatura.

A pena de morte é aplicada no Brasil?

No Brasil não temos pena de morte ou pena capital. Sendo assim, o máximo aplicado para todo e qualquer
crime são trinta anos de reclusão, de acordo com a nossa legislação. No entanto, há uma exceção em que a
pena de morte pode ser aplicada: em períodos de guerra.
PENA DE MORTE: A HORA DE AFROUXAR MITOS E CORDAS
POR Bruna Wagner
O primeiro brasileiro executado no exterior escolheu ser fuzilado em pé, vendado. Com 12 homens
da artilharia indonésia à sua frente, apenas 3 deles com armas carregadas, foi morto com um tiro no peito após
12 anos de prisão por tráfico de drogas. Flagrado com 13,4 kg de cocaína, viu-se às cegas no encontro com a
morte, no dia em que mais quatro réus dariam seu último respiro. Marco Archer Cardoso Moreira, 53, levou
dez minutos para morrer. Depois, teve seu corpo cremado de maneira rudimentar e o nome associado a um
dos tipos de punição mais impactantes do mundo. Cento e dois dias depois, Rodrigo Gularte, outro brasileiro,
teve o mesmo destino diante do pelotão de fuzilamento. Rodrigo tentou entrar na Indonésia com 6 kg de
cocaína em 2004 e encarou o corredor da morte indonésio por mais de uma década.
Antes das duas execuções, a pena de morte era pouco discutida em território nacional, sendo
normalmente relacionada às cadeiras elétricas norte-americanas ou às execuções brutais na Arábia Saudita.
Agora, com dois brasileiros na lista de vítimas da punição capital, ainda que fora do país, o tema volta à tona
e levanta questões relevantes. Executar um réu ajuda a reduzir a criminalidade? Matar um criminoso é agir
com justiça?

Mauricio Santoro, cientista político


Em 2007, pesquisadores da Universidade de Houston tentaram responder à primeira pergunta, e, para
isso, decidiram checar a relação entre os números de criminosos mortos pelo Estado e os níveis de
criminalidade. A conclusão imediata do grupo foi de que cada execução poderia prevenir até 18 homicídios
no Texas. O estudo deu o que falar. Críticos puseram em xeque a metodologia dessa e de outras pesquisas
com resultados semelhantes feitas na década anterior. O argumento mais frequente contra os estudos que
tentam provar a eficácia da pena de morte é de que nenhuma delas apresenta conclusões em contextos globais,
além de não tentarem responder à segunda questão do parágrafo anterior, ainda mais séria e complexa.
“Em todos os lugares onde a pena de morte é aplicada, inclusive em democracias como os EUA e a
Indonésia, ela é usada de maneira desproporcional contra minorias étnicas e religiosas, pobres e grupos
marginalizados, com poucos recursos econômicos e sem boas conexões políticas”, afirma o cientista político
Mauricio Santoro, que foi assessor de direitos humanos da Anistia Internacional Brasil – organização que
considera a prática um “assassinato cometido a sangue frio pelo Estado”. Uma cultura de brutalidade e
violência acaba instaurada pelo governo, que toma para si o direito de eliminar seus próprios cidadãos.
“Não existem soluções mágicas para resolver problemas ligados aos crimes. Elas passam pela
construção de relações de confiança entre Estado e sociedade, por policiais bem treinados e equipados, um
sistema judiciário eficaz”, diz Mauricio Santoro. Enquanto isso, o modelo do punitivismo – matar um
criminoso para dar o exemplo – recebe mais investimento e mais aprovação pública. “O medo não pode ser
base segura para uma sociedade democrática”, diz Pedro Lagatta, pesquisador do Núcleo de Estudos da
Violência da USP que integra o Margens Clínicas, coletivo de psicanalistas que atendem vítimas de violência
do Estado.
Anderson Castro e Silva já foi agente penitenciário e hoje é pesquisador do Laboratório de Análise
da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, além de integrante do Conselho Estadual de
Segurança Pública do Rio de Janeiro. Ele acredita que a pena de morte tenha perdido seu contexto original. A
função de “punição exemplar”, praticada contra os criminosos no Antigo Regime, na Europa pós-Idade Média,
faz pouco sentido nos dias de hoje. Naquela época, as penas corporais eram realizadas em espaços públicos e,
quanto mais cruel e dolorosa fosse a punição, mais marcada ficaria a lição na memória das pessoas. “Mas as
estratégias punitivas passaram a transformar e reintegrar o infrator à sociedade, e então surgem a restrição de
liberdade e a prisão”, diz Castro e Silva. Se o sistema evoluiu e fez surgir outras soluções, a execução sumária
deveria ter saído de moda. Mas não saiu. Atualmente, estima-se haver mais de 20 mil pessoas condenadas à
pena de morte no mundo. Com 32 estados que continuam a sentenciar à morte, os EUA tinham, em 2012,
21,6% da população carcerária mundial, segundo o ICPS (Centro Internacional de Estudos Prisionais), do
King’s College, de Londres. Um estudo da Universidade de Michigan indica que um em cada 25 condenados
à morte nos EUA é inocente.

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