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4 Identifica o subgénero e quatro ou três características do género das cantigas de amor, utilizando
10
vocabulário específico da poética trovadoresca.
3 Identifica o subgénero e três características do género das cantigas de amor, sem recorrer a
vocabulário específico da poética trovadoresca
OU 8
Identifica o subgénero e duas características do género das cantigas de amor, utilizando
vocabulário específico da poética trovadoresca.
2 Identifica o subgénero e duas características do género das cantigas de amor, sem recorrer a
vocabulário específico da poética trovadoresca
OU 5
Identifica o subgénero e uma característica do género das cantigas de amor, utilizando vocabulário
específico da poética trovadoresca.
• erro de sintaxe
2
• impropriedade lexical
Em cada resposta, contabiliza-se como uma única ocorrência quer a repetição de uma palavra com o mesmo erro
ortográfico, quer a presença de mais de um erro na mesma palavra (incluindo erro de acentuação, erro de translineação e
uso indevido de letra minúscula ou de letra maiúscula). Se da aplicação deste fator de desvalorização resultar uma
classificação inferior a zero pontos, atribui-se zero pontos à correção linguística
Cenário de resposta
A composição poética é uma cantiga de amor, na qual um sujeito masculino (o trovador) exprime o seu sentimento
amoroso pela “senhor”, referindo a “coitada vida” que leva por não ser correspondido, uma vez que a dama não quer que
ele a veja. O tema amoroso é, portanto, tratado segundo o ideal cortês, no qual o sujeito lírico presta vassalagem e assume
um papel de total submissão perante a “senhor”, cuja beleza e poder são elogiados, na cantiga. Além disso, é notória a
acentuação dos aspetos contraditórios do amor referidos pelo sujeito ao afirmar, “que meu mal e meu bem/ em vós é todo”
(vv. 8 e 9), bem como o tema da morte por amor, presente na súplica reiterada no refrão “leixai-m´ir morrer”.
2. – 16 pontos
• Aspetos de conteúdo (C) .............. …………….10 pontos
1 Transcreve, adequadamente, duas das expressões que se referem aos atributos da dama,
identificando, apenas, a qualidade que o trovador realça numa dessas expressões.
OU
Transcreve, adequadamente, uma das expressões que se referem aos atributos da dama,
3
identificando a qualidade que o trovador realça nessa expressão.
OU
Transcreve, apenas, as quatro expressões que se referem aos atributos da dama destacados pelo
trovador.
Cenário de resposta
A nível físico, a “senhor” é descrita como «bem talhada» (v. 4), revelando um corpo bonito, e «fremosa» (v. 10), ou seja
muito bela, características subjacentes à atração que esta exerce sobre o sujeito lírico.
Este realça igualmente como característica psicológica o facto da dama ser «tam poderosa / de mim» (vv. 7-8), capaz de
exercer um forte poder sobre ele, apoderando-se da sua vida e vontade. Acrescenta ainda que ela é «de bem comprida» (v.
16), ou seja, dotada de muitas qualidades.
Em suma e tal como é típico nas cantigas de amor, o elogio efetuado sobrevaloriza a mulher amada, que surge como a
ideal, quer a nível físico quer psicológico.
3. – 16 pontos
• Aspetos de conteúdo (C) .............. …………….10 pontos
3 Explicita, com pequenas imprecisões, duas das razões da súplica do «eu», contida no refrão.
OU
8
Explicita, adequadamente, uma das razões da súplica do «eu», contida no refrão, e, de forma
incompleta, a outra.
1 Explicita, com pequenas imprecisões, uma das razões da súplica do «eu», contida no refrão.
OU
3
Refere, de forma vaga ou com acentuadas imprecisões, duas das razões da súplica do «eu», contida
no refrão.
Cenário de resposta
No refrão, o sujeito poético suplica à “senhor” que tenha dó dele ou então que o deixe morrer, por sentir uma enorme
infelicidade, desde que, por decisão da dama, deixou de a ver, conforme se verifica nos versos 1 a 3 «vivo coitada /
vida des quando vos non vi; / mais pois vós queredes assi».
Outra das razões que explicam este pedido é o facto de lhe ser impossível viver sem a ter na sua vida, dado o amor
absoluto que sente por ela («meu mal e meu bem / em vós é todo» – vv. 8-9).
(Poderia ainda ser apontada: a vivência de um intenso sofrimento amoroso que provoca um estado de vigília
constante, no sujeito lírico, uma vez que este é incapaz de dormir («Eu vivo por vós tal vida / que nunca estes olhos meus
/ dormem» – vv. 13-15)).
4. – 16 pontos
• Aspetos de conteúdo (C) .............. …………….10 pontos
4 Identifica o recurso expressivo (hipérbole ou antítese) e explicita, de forma completa, o seu valor
10
expressivo, tendo em conta o conteúdo da cantiga.
3 Identifica o recurso expressivo (hipérbole ou antítese) e explicita, com pequenas imprecisões, o seu
8
valor expressivo, tendo em conta o conteúdo da cantiga.
Cenário de resposta
Na expressão identificada, é utilizada uma hipérbole, que vem realçar o forte poder que a “senhor” exerce sobre o sujeito
lírico. A vida deste está totalmente centrada na dama que ama, adquirindo o sentimento amoroso uma forma obsessiva, pois
tudo o que o “eu”experiencia na sua vida, de bom ou de mau, «meu mal e meu bem» (v. 8) «é todo» (v.9), ou seja, se centra
nas atitudes da dama e nas suas repercussões ao nível do bem-estar emocianal e até físico do sujeito lírico.
Desta forma, o trovador revela que aquela mulher é a sua única razão de viver.
OU
Na expressão destacada, é utilizada uma antítese entre «meu mal» e »meu bem».
Através deste recurso expressivo, o sujeito lírico sublinha o facto do amor ser um sentimento contraditório, pois, ao mesmo
tempo que se sente aventurado por amar, nutre o mais profundo pesar por ser rejeitado. O recurso usado remete para a
questão da sua «senhor» ser a razão de todos os sentimentos que experiencia na vida, a infelicidade e o desespero, o seu
»mal», e, por oposição, a felicidade e o alento para viver, o seu «bem». É dela, portanto, que depende toda a existência do
sujeito lírico.
PARTE B
5. – 16 pontos
• Aspetos de conteúdo (C) .............. …………….10 pontos
Cenário de resposta
A composição poética é uma cantiga de amigo, uma vez que o sujeito poético é uma donzela «que nunca
ouver’amigo» (v. 8), mas que se apaixonou em Vigo «ergas em Vigo, no sagrado / amor ei» (vv. 17 e 18). Deduz-se que
o sentimento é correspondido, pois a jovem baila para extravasar a sua felicidade e para mostrar o «corpo velido» (v.
2), talvez como uma forma de seduzir ainda mais o amado. Tal e tendo em conta o tom festivo da cantiga, podemos
classificá-la como bailia ou bailada.
6. – 8 pontos
Cenário de resposta
Esta cantiga é composta por coblas dísticas em número par (num total de seis), seguidas de refrão. Constata-se ainda
que o primeiro e segundo versos de cada par de coblas são repetidos, com pequenas alterações. Por fim, existe o leixa-
ren, uma vez que o segundo verso de cada cobla ímpar é o primeiro da cobla ímpar seguinte, o mesmo ocorrendo nas
coblas par.
Concluímos que, formalmente, esta cantiga de amigo apresenta paralelismo perfeito.
PARTE C
“A variedade do sentimento amoroso é uma característica da expressão do amor nas cantigas de amigo.”
7.Tendo em conta o acima transcrito, bem como a tua exepriência de leitura, comprova a afirmação, elaborando um breve
texto expositivo, com um máximo de 100 palavras.
Este excerto da crónica de Ricardo Araújo Pereira aborda a temática do poder da sátira, do humor e da ironia nos dias de hoje.
Contudo, esta prática não se confina aos tempos atuais. Já na época dos trovadores, na Idade Média, se compunham composições
poéticas de cariz satírico, as CANTIGAS DE ESCÁRNIO E DE MALDIZER. A principal característica destas cantigas é a crítica ou a
sátira dirigida a uma pessoa real, alguém próximo ou do mesmo círculo social do trovador. Apresentam grande interesse histórico,
pois são verdadeiros relatos dos costumes e vícios, principalmente da corte, mas também dos próprios jograis e trovadores.
Tal como afirma Ricardo Araújo Pereira, o humor pode ser uma arma temível e poderosíssima, sobretudo quando se reveste de
teor satírico, fazendo abanar estruturas políticas, económicas, sociais assentes no pó da corrupção, ou da inversão de valores
éticos, humanos e até morais. Já no tempo dos trovadores, este seria um objetivo a atingir, nomeadamente quando se pretendia
“deitar abaixo” a suposta mestria dos trovadores provençais que, exagerando no sentimentalismo, diziam morrer por amor à “sua
senhor”. Contudo, tal como denuncia o trovador Pero Garcia Burgalês, este amor era “sol de pouca dura”, já que o “Roi Queimado
morreu com amor / mas ressurgiu depois, ao tercer dia”…