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Material de Apoio – Leitura Necessária e Obrigatória

Orixás na Umbanda
Desenvolvido e Ministrado por Alexandre Cumino
ICA - Instituto Cultural Aruanda I Bauru-SP

AULA 08 BLOCO 02 - Versão Digitada


Iofá Yorimá

Olá meus irmãos, essa é a nossa aula de número 08, última aula do curso estamos
no bloco 02. No bloco 01 nós já começamos a falar um pouco sobre Orumilá, qual é o
momento correto para falar sobre Orumilá esse orixá tão importante no culto de Nação,
na cultura Nagô Iorubá, um orixá importante nos Candomblé. Orumilá, o orixá da
revelação, que conhece presente, passado e futuro. Orumilá é o orixá do Oráculo e na
cultura Nagô Iorubá, no culto de orixá africano, você tem uma divindade oracular, o que
é oráculo? Oráculo é tudo que você usa como recurso para encontrar respostas. Essas
respostas podem ser sobre perguntas que você faz sobre a sua vida, sobre o presente,
passado, futuro sobre o que fazer, por onde caminhar, a solução de um problema e etc.
Quem responde isso? No culto de nação na cultura Nagô Iorubá é Orumilá. Existe um
oráculo específico de Orumilá, que é o oráculo de Ifá e esse nome é tão forte, Ifá que
muitas vezes a própria divindade Orumilá é chamado de Ifá. Orumilá entra nessa
categoria de orixás que estão na vibração da fé, naquela energia cristalina também. Na
nossa leitura, na nossa interpretação. Por que na Umbanda não tem tantos oráculos?
Porque na Umbanda é comum a entidade incorporar e responder as suas perguntas direto
com você. No culto de Orixá, o orixá não fala, então você tem um oráculo para que
Orumilá responda as questões por meio do seu oráculo que é o oráculo de Ifá. O que mais
é oráculo? Por exemplo, tarô é um oráculo você abre as cartas de tarô para obter
respostas, você joga em uma cultura nórdica as runas, você joga as runas para obter
respostas, você tem a leitura da borra de café, tudo isso é oráculo. Esse oráculo de ifá é
feito por meio de um cordão de Ifá que é o Opelei Ifá, esse cordão é como um colar de Ifá
e nesse colar você tem 16 caroços, esses 16 caroços você tem dois lados, um aberto e
outro fechado. Existe um tabuleiro chamado Opon Ifá ou Oponifá que é o tabuleiro de Ifá.

Para isso, você tem um sacerdócio exclusivo nesse mistério, esse sacerdócio na
África, era exclusivamente de homens, um sacerdócio patriarcal e a pessoa estudava a
vida inteira para ser um sacerdote de Ifá. O nome do sacerdote era babalaô, o babalaô é
o pai do segredo. O cordão de Ifá tem 16 caroços, que são 16 Odus, a palavra Odu quer
dizer destino, cada Odu é interpretado como um príncipe, um rei algo muito semelhante
a um orixá, mas você separa quem são os orixá, quem são os Odus. Os Odus são os
senhores do destino. Então você pega esse colar que tem 16 caroços e você deita ele
sobre o tabuleiro e cada caroço pode cair.. é como se fosse cara ou coroa. É comose você
jogasse 16 moedas em um tabuleiro procurando ver o que dá cara e o que dá coroa e ai
você tem uma combinação de 256 possibilidades e o babalaô conhece as 256 quedas, as
256 possibilidades dessa deitada do oráculo e para cada um, para cada Odu você tem uma
lenda, tem uma história, para cada uma das 256 você tem uma situação, então na
posição que o oráculo cai, a partir daquela posição ele interpreta o que está acontecendo
na vida do seu consulente, na sua história e vai procurando entender o que é que Orumilá
está dizendo pelo Opelei Ifá. Aqui no Brasil hoje, chegaram alguns representantes desse
culto de Orumilá. O culto de Orumilá praticamente não existia no Brasil a alguns anos
atrás, de um tempo pra cá a gente tem por exemplo, o professor King que é sacerdote de
Orumilá e você também Ogun Jimi sacerdote também de Orumilá, que traz essa tradição
de Ifá. Então essa tradição existe hoje aqui em São Paulo, no Brasil uma tradição de Ifá
autenticamente africana, nigeriana que não é Candomblé. Porque o Candomblé é uma
religião afro-brasileira e no Candomblé por mais que você conheça Orumilá que é um
orixá muito conhecido, companheiro de Exu, provavelmente o melhor amigo de Exu é
Orumilá há muitas lendas que falam sobre Orumilá e Exu. Ainda assim o Candomblé não
costuma recorrer ao oráculo de Ifá, o Candomblé não costuma recorrer a um oráculo de
Orumilá, no Candomblé você usa o jogo de búzios, mas não é a mesma coisa? Não é, o
jogo de búzios cham Merindelogun que quer dizer o jogo dos 16. A estrutura é muito
parecida porque você usa 16 búzios, mas não são as sementes e nem no colar, são os 16
búzios soltos na mão e a grande diferença é no jogo de Ifá quem responde é Orumilá e o
sacerdote é o babalaô, exclusivamente homem. No Candomblé o que mais se usa é o jogo
de búzios que é jogado tanto por homens quanto por mulheres e os principais
Candomblés, os mais tradicionais, os principais Candomblés baianos, onde você tem a

Casa Branca, O Engenho Velho, o Gantois, O ilê Axé Opo Afonjá, você tem o Candomblé
que são casas tradicionalmente trabalhadas por mulheres. Os grandes Candomblé baianos
são divididos por mulheres e era importante que elas tivessem um oráculo na mão. O
Candomblé recorreu ao jogo de búzios, que é o Merindelogun que é jogado por homens e
mulheres e a grande diferença é no Ifá quem responde é Orumilá, no jogo de búzios quem
responde é Exu. Exu é o mensageiro dos orixás, não é apenas o mensageiro, mas é o
mensageiro dos orixás que vai responder na queda dos búzios, então você tem 16 búzios e
tem 256 opções de caídas e cada uma delas fala de uma situação na vida do consulente.
Esse é Orumilá o orixá da revelação, muito próximo de Exu, companheiro, amigo de Exu e
ai Exu se torna regente do jogo de búzios. Como os búzios também pertencia a Oxum,
tem uma lenda que diz que por intercessão de Oxum o jogo de búzios também pode ser
jogado pelas mulheres esse é um orixá importantíssimo nessa construção mitológica Nagô
Iorubá. Encerrando o assunto sobre Orunilá, a gente está falando sobre quais orixá mais
nós podemos falar, então podemos comentar ainda sobre Iorimar e Iofá, então entre
aqueles orixás que aparecem na Umbanda, eu já comentei que em 1956 um autor
chamado W.W. da Matta e Silva publica um livro chamado “Umbanda de todos nós” e
aparecem pela primeira vez dois orixás que não existem na teogonia Nagô Iorubá, eles
são Yori e Yorimar. Sobre Yori nós já falamos, na aula que falamos sobre Ibeji, Erê e
Cosme e Damião, nós já falamos sobre Yori. A gente falou sobre isso na aula 07, bloco 03,
então já falamos sobre Yori, agora vamos falar sobre Yorimar. Sobre Yori nós lembramos
a questão de Ibeji que não era conhecido na Umbanda então aparece Yori, e aqui nós
temos Yorimar, quem é Yorimar?
Yorimar é descrito como o orixá regente do mistério dos Pretos velhos, qual é esse
mistério? É o mistério ancião, do velho. Então há quem pertence esse mistério? Pertence
a Obaluaê e Nanã Buruquê, mas da Matta e silva traz Yorimar, mas por que trazê-lo se
todas essas qualidades de Yorimar a gente vê em Obaluaê? Justamente porque nessa
época, déc 40, déc 50 quase não havia culto de Obaluaê dentro da Umbanda, era comum
falar sobre Linha das Almas, falava sobre linha africana, mas não falava sobre Obaluaê.
Então falava Yorimar, mas não falava sobre Obaluaê porque as pessoas não sabiam se
Obaluaê e Omolu eram um orixá, se são dois e ainda alguns autores colocavam Omolu
como um orixá da doença, da peste, da esquerda. Há autores que citam como um orixá

que tudo o que você quiser você pede pra ele ao contrário, como se fosse um trono
invertido, ou seja, você quer saúde? Peça por doença. Quer emprego? Pede pra Omolu
desemprego, porque ele atende tudo invertido. Isso é uma inversão de valores, Omolu é
um orixá assim como todos os outros, querido, amado. Então, muito provavelmente
porque o Umbandista tinha medo de se relacionar como Omolu, Obaluaê e não sabia
como estabelecer essa relação, da Matta trouxe o nome Yorimar, isso é uma conclusão
minha, isso não está escrito na obra do da Matta, não diz lá porque ele traz Yorimar, no
mais fica claro que Yorimar tem as qualidades de Obaluaê e de Omolu. A gente vai ver a
mesma coisa na obra do Benjamin Figueiredo e o da Matta está ali no Rio de Janeiro do
lado de Benjamin Figueiredo acredita-se que o da Matta tenha estudado muito com o
Benjamin Figueiredo, passado pelo primado porque quando o da Matta fala
Aumbhamdam, esse conceito surgiu muito antes de 1956 surgiu em 1941 no primeiro
Congresso de Umbanda, esse conceito de Aumbhamdam é um conceito da Tenda Espírita
Mirim, do Benjamin Figueiredo de incorpora o Caboclo Mirim e esse conceito aparece na
obra do da Matta sem uma referencia bibliográfica então parece que esse conceito foi o
da Matta que trouxe em primeira mão, mas não foi, porque nos anais do Congresso de
1941 já está lá o conceito de Aumbhamdam que é o que vai permeiar a obra do da Matta
enquanto Umbanda Esotérica. A obra do da Matta, o aspecto exotérico ou iniciático da
obra do da Matta, se aproxima muito da obra do Benjamin Figueiredo, você vê a mesma
coisa, Benjamin apresenta Yofá. Quem é Yofá? É extamente o que você vê em Yorimar.
Yofá é mistério regente, não se usa a palavra mistério, mas é como se fosse a divindade
ou a linha, mas não existe linha de Iofa.. e o que é a linha de Iofá? É a linha dos Pretos
Velhos, quando você reza para Yofá é como se você estivesse rezando para os Pretos
Velhos, então o que tem ali? Tem exatamente a força de Obaluaê, tem a força Omolu,
tem a força de Nanã Buruquê. Benjamin Figueiredo encontrou Iofá como recurso, da
Matta encontrou Yorimar como recurso e nós que temos essa oportunidade resgatamos
uma relação como Obaluaê e com Omolu. O que é certo e o que é errado? Certo é o que
funciona, então se no seu terreio o que você faz funciona isso é o certo, isso que
importa, certo é o que funciona, o que você conhece, como você aprendeu, então é vazia
qualquer tipo de discussão que eu to certo e você está errado e etc. Ainda sobre a obra
do da Matta, ele apresenta as 7 Linhas de Umbanda e ele apresenta 7 Orixás e ai a gente

tem esse problema são muito mais do que 7 Orixás na obra do da Matta, você vê 6 orixás
masculinos e 1 orixá feminino. Você tem lá Oxalá, Oxóssi, Ogum, Xangô, Yori, Yorimar e
Iemanjá na obra do da Matta. O da Matta gosta desse estudo de letras de interposição, de
combinação. Então ele fala aqui tem 7 orixás, 3 começam coma letra O, um no meio com
a letra X mais 3 que começam com a letra Y e ai ele pega um estudo de caso que é
exatamente um círculo um triângulo e o quadrado é o Y, O e o X que formam essas
figuras geométricas, então tem todo um estudo pra explicar porque que são 7 orixás e
apenas um feminino Iemanjá. Mas, como existem outros orixás femininos, então Oxum,
Nanã Buruquê e Iansã aparecem como Caboclas de Iemanjá.
Então fica ai pra gente pensar e entender que cada um faz o que pode, cada um
usa o que tem de recurso na sua época para entender os orixás, cada um fez o que pode
na sua época, trabalhou dentro da sua perspectiva e agora a gente também está fazendo
o que pode, porque cada um dá o que tem, cada um faz o que é possível e nós estamos
aqui buscando a nossa compreensão sobre os orixás, não em uma visão limitada, mas em
uma visão ampla que nos permita enxergar, várias outras visões, vários orixás, dialogar
com o Candomblé, com o Culto de Nação, com as outras formas de pensar a Umbanda
porque isso é de uma maneira saudável de se relacionar com o conhecimento, com a
informação e os orixás. Muito obrigado, desculpa a minha falha, estou muito satisfeito
com o conteúdo e a gente fecha aqui o nosso segundo bloco da oitava aula, muito, muito
obrigado. Que Obaluaê, Orumilá, e os nossos pais e mães orixás nos abençoe.

DIGITAÇÃO – Equipe Umbanda EAD


Este documento é uma transcrição literal do conteúdo da vídeo-aula

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