MODELO DE AUTO-AVALIAÇÃO DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES (MAABE)
REFLEXÃO FINAL
Chegados ao fim de um enorme trabalho, a sensação de alívio de mais
uma etapa conseguida na nossa vida é enorme. Muito ficou por aprender e falta treinar, pois esta formação necessitava de dar mais tempo para que se pudesse interiorizar conceitos e apropriarmo-nos dos mesmos. Senti que faltou dar exemplos concretos do que se pedia, pois muitas vezes demorava a compreender o que devia fazer e como operacionalizar. A minha ideia inicial desta formação era a de que ia aprender com alguém que me ia ensinar. Ensinar a pensar de acordo com a nova perspectiva do trabalho que deve ser desenvolvido na e com as BE, ensinar a interpretar conceitos, ensinar a fazer. Contudo senti que fiz uma auto-formação com todos os erros que daí possam advir dado o pouco feedback que este tipo de formação pressupõe (modalidade de oficina de formação) e que não considero adequado ao que se pede que aprendamos em tão pouco tempo. Mas também encontrei alguns aspectos positivos como o facto de partilharmos na plataforma Moodle as nossas dúvidas, anseios, trabalhos e ainda o facto de à distância de um clique termos um amigo que fala connosco e nos esclarece. Outro aspecto positivo, apesar de parecer contraditório, foi o ter que ser obrigada a ler de forma exaustiva o modelo apresentado pela RBE e reflectir sobre o mesmo, ao longo deste 1º período, para que nos 2º e 3º períodos o possa aplicar com mais segurança. Ao deparar-me com as dificuldades que tive ao fazer os trabalhos senti que as leituras que já havia feito antes da acção ainda não me tinham levado a compreender certos itens que agora ficaram mais claros. O facto de ser um modelo imposto e considerado quase como que obrigatório parece-me algo impositivo numa altura em que considero que várias questões relacionadas com o exercício do cargo de professor bibliotecário ainda não se encontram esclarecidas e regulamentadas de forma a permitir uma actuação igual em todo o país (tais como a flexibilidade de horário, regime de faltas, nº de horas para trabalho individual/gestão, etc) implicando falta de compreensão de alguns directores e de muitos colegas. Por outro lado a não interiorização da necessidade da BE por parte de muitos colegas que preferem utilizar os seus próprios recursos, que não sabem utilizar computador e que ainda não aplicam modelos de pesquisa, nem usam a BE ao serviço do currículo mas que a vêem como local para tempos livres ou onde se faz requisição domiciliária, ou recebe um escritor, torna mais morosa a fase de mudança e implementação de novos hábitos. Os docentes com turma manifestam a sua pouca disponibilidade para a construção de recursos a partilhar dos mesmos e ainda menos contribuição para as reflexões necessárias sobre que Biblioteca/Escola queremos ter. A intervenção da professora Bibliotecária no Conselho de Docentes com questões de reflexão que ocupem mais tempo que o habitual já é motivo para “reclamações” sobre o tempo que se está a roubar à reunião. Deste modo a aplicação do modelo revela-se muito utópica e por vezes inexequível quer pela quantidade de dados exigidos (com respectivas fichas de recolha a aplicar), quer pela falta de Pessoal Docente e Pessoal Não Docente a colaborar com a BE, o que faz com que todas as tarefas recaíam sobre o Professor Bibliotecário (arrumar livros nas estantes todo o dia, requisição domiciliária, vigiar alunos, ligar e desligar computadores e fazer a sua manutenção informática, atender turmas, alunos, colegas, articular com a direcção a limpeza do espaço, o plano de acção e de actividades, etc). A preparação de actividades, a construção de recursos, a estatística, os relatórios e as acções de formação sobram para depois das 35 horas. Má gestão, não creio. Penso que cada escola é uma realidade diferente e eu estou numa escola do ensino básico que foi inaugurada há um ano, com 500 alunos (16 turmas do 1º ciclo e 6 de pré). E este ano com a redução do nº de PB vou ainda a outra escola com 160 alunos. Por sorte os PB do meu agrupamento ainda não fazem serviço nas escolas do campo, pois temos uma colega sem turma que o faz, em colaboração/articulação com a equipa. Quando tivermos de o fazer quem pagará as despesas de deslocação entre as 13 escolas do agrupamento, ou mais, se passarmos a mega agrupamento? Todas estas questões que parecem burocráticas e nada relacionadas com os objectivos de uma biblioteca acabam por roubar tempo efectivo ao trabalho com alunos e à aplicação do modelo de avaliação e ao seu objecto de análise. Para terminar quero dizer que com tantas contrariedades ainda não desisti e espero ser efectivamente uma agente da mudança. Esta acção abriu-me portas e motivos para compreender e justificar às colegas o que deve ser feito numa biblioteca a avaliar o que já se faz e o que falta fazer.
A FORMANDA Mónica Maria Rodrigues de Oliveira Nunes de Sousa Agrupamento de Escolas José Maria dos Santos – Pinhal Novo (Palmela) Dezembro 2010