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AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE

RESTABELECIMENTO DE BENEFÍCIO COM


PEDIDO LIMINAR C/C AÇÃO INDENIZATÓRIA
POR DANOS MORAIS
em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pelos seguintes
fundamentos fáticos e jurídicos que passa a expor:

 DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS


DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO

A Parte Autora auferia o benefício de auxílio-doença previdenciário desde $


{data_generica}, em decorrência de uma série de patologias que é acometida,
especialmente um câncer de difícil tratamento, o que se comprova por meio
dos atestados e exames que se anexam a presente.

Apesar de realizar todos os métodos terapêuticos indicados (cirúrgico,


radioterápico, quimioterápico, fisioterápico, etc), a doença ainda apresenta
risco à sua vida, vindo em constante acompanhamento médico. Ainda,
apresenta doenças reumatológicas (fibromialgia e dor crônica) que, associadas
ao quadro de câncer, agravam o estado incapacitante apresentado.

Tanto, que acabou surgindo doença psiquiátrica (transtorno depressivo


recorrente, episódio atual grave) em seu quadro clínico, fortemente
influenciado pela gravidade das outras patologias, e a ineficácia dos métodos
terapêuticos até então empregados.

Por tal motivo, o Demandante vem em delicado esquema de tratamento


médico, com equipe médica de diversas especialidades.

Prova da gravidade do quadro clínico do Demandante é o fato de que, desde


que iniciou o benefício NB 31/${informacao_generica}, em $
{data_generica}, em momento algum os médicos do INSS a
consideraram apto ao retorno laboral, auferindo o benefício de auxílio-
doença continuadamente desde então.

Recentemente, o Autor agendou a perícia médica administrativa relacionada ao


Pedido de Prorrogação do benefício, o que foi designado para $
{data_generica}, as ${informacao_generica}, conforme comprovante anexo.

A perícia médica não foi realizada, em decorrência da Greve dos médicos


do INSS, todavia o servidor da Previdência Social informou ao Autor que o
benefício não seria cessado.

Ao comparecer à agência bancária para efetuar o saque do benefício, contudo,


a Autora observou que o mesmo foi cessado, ainda que sequer tenha ocorrido a
perícia de revisão médica!

Por todo o narrado, não apenas deve ser imediatamente restabelecido o


benefício, eis que o Autor persiste incapaz ao trabalho (e não houve laudo
médico do INSS em sentido contrário, visto que não foi realizado!) como ainda
deve ser reparada a lesão moral sofrida, em decorrência da cessação do
benefício a uma pessoa com doenças graves, vitimada pela desídia da
Previdência Social e seus servidores.

Dados sobre o processo administrativo:

Benefício concedido Auxílio-doença previdenciário;

Número do benefício ${informacao_generica}

Data de inicio do benefício ${data_generica}

Data da cessação ${data_generica}

Razão da cessação Não há justificativa. Desídia administrativa.

Dados sobre a enfermidade:


Doença/enfermidade Câncer, patologias reumatológicas e psiquiátricas.
Limitações decorrentes Apresenta incapacidade para as atividades laborativas habituais
A parte Autora postula o restabelecimento do benefício previdenciário de
auxílio-doença, visto que persiste sem condições de desempenhar sua atividade
laborativa habitual. Os laudos e atestados médicos anexos são provas robustas
neste sentido. Não apenas persiste o caso de câncer, e investigações de
recidiva da doença, como ainda há importante comprometimento
reumatológico, além da grave enfermidade psiquiátrica.

Entretanto, caso venha a ser apontada sua total e permanente incapacidade,


postula a concessão da aposentadoria por invalidez, a partir da data de sua
efetiva constatação. Nessa circunstância, não se refuta a necessidade de
assistência permanente de terceiros, o que pode gerar o acréscimo de 25% no
benefício, conforme artigo 45 da Lei 8.213/91.

Por outro lado, cumpre salientar que o Autor preenche todos os requisitos legais
necessários para o restabelecimento do benefício. Isto, pois antes do início da
prestação (DIB em ${data_generica}), manteve contrato de trabalho no mês
de ${data_generica} (vide extrato do CNIS).

Assim, considerada a natureza da doença incapacitante (neoplasia maligna), lhe


é dispensado o período de carência, vide portaria interministerial MPAS/MS n.º
2.998 de 2001, artigo 1º, IV:

Art. 1º As doenças ou afecções abaixo indicadas excluem a exigência de


carência para a concessão de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez
aos segurados do Regime Geral de Previdência Social - RGPS:

 (...)  IV- neoplasia maligna;

Tal regra é prevista no artigo 26, II, da Lei Federal 8.213/91:

Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:


(...) II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de
qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como
nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma
das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos
Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três)
anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência
ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam
tratamento particularizado;

Assim, mantendo a qualidade de segurado estipulada no artigo 15, II, § 4º da


Lei 8.213/91 quando do início do benefício, e sendo hipótese de dispensa de
carência, não há dúvida alguma do acerto originário da Previdência Social, ao
conceder o benefício de auxílio-doença ao Requerente.

Logo, considerando a comprovada gravidade e persistência do quadro


incapacitante, não havendo qualquer elemento que contrarie este
entendimento (já que não foi realizada a perícia médica administrativa de
revisão), se faz urgente o restabelecimento liminar em antecipação de tutela do
auxílio-doença, ao menos até que ocorra o julgamento do processo.

A saber, o caráter alimentar do benefício se confunde com o critério de urgência


disposto em lei, de modo que o periculum in mora se consubstancia na própria
necessidade de recebimento do benefício, visto que, enferma, a parte autora
não pode prover seu sustento por meio do trabalho.

A verossimilhança das alegações fica demonstrada com os inúmeros atestados,


declarações, exames e prontuário que ora se anexam ao feito, tornando
inequívoca a incapacidade do autor, bem como a necessidade de auferir o
benefício pretendido.

Assim, todos os elementos para a aplicação do artigo 300do Código de Processo


Civil no feito estão configurados, sendo imperativo que se aprecie e defira o
presente pedido liminar de antecipação dos efeitos da tutela, sob pena de dano
irreparável à vida do autor (prejuízo ao tratamento pela ausência de recursos,
alimentação, etc).

DA INDENIZAÇÃO PELO DANO MORAL


Como fartamente referido anteriormente, o Autor apresenta importantes
patologias que a destituem da capacidade laboral, de modo que é cristalino o
direito ao benefício de auxílio-doença.

Tanto é que vem recebendo o benefício administrativamente desde o ano de $


{data_generica}, vindo os médicos do INSS a reconhecer a gravidade do caso,
e a necessidade de persistir afastado do trabalho.

O benefício foi cessado em ${data_generica} sem que o Demandante


fosse submetida a perícia médica, ou seja, sequer houve motivação no
ato denegatório do INSS.

Logo, houve VIOLAÇÃO pelo INSS ao artigo 50, I, da Lei nº 9.784/99 (lei
do processo administrativo). Veja-se:

Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação


dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

Portanto, a cessação ao benefício do Demandante FOI ILÍCITA (eis que


imotivada), e a lesão imposta à Demandante deve ser reparada, pois
gerou abalo substancial em sua esfera moral.

Sobre o dano moral em casos como o epigrafado, veja-se a decisão do Superior


Tribunal de Justiça, de que é lesão in re ipsa:

PREVIDENCIÁRIO. RESPONSABILIDADE CIVIL. CESSAÇÃO INDEVIDA DE AUXÍLIO-


ACIDENTE POR ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO ÓBITO DE HOMÔNIMO DO
BENEFICIÁRIO. DANO MORAL IN RE IPSA. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.
NÃO OCORRÊNCIA. SÚMULA 83/STJ. 1. A irresignação do INSS se restringe,
basicamente, ao entendimento perfilhado pelo acórdão de origem de que a
cessação indevida do benefício previdenciário implicaria dano moral in re ipsa,
apontando divergência jurisprudencial em relação a precedentes do Tribunal
Regional Federal da 4ª Região em que se exigira a prova do dano moral para
autorizar sua indenização. 2. Não obstante o posicionamento dissonante entre
os arestos colacionados pelo recorrente, o Superior Tribunal de Justiça já
teve oportunidade de dispensar a prova do sofrimento psicológico em
inúmeros situações, a exemplo da inscrição indevida em cadastro de
inadimplentes (AgRg no AREsp 331.184/RS, Rel. Ministro João Otávio de
Noronha, Terceira Turma, DJe 5/5/2014), da suspensão indevida do
fornecimento de água por débitos pretéritos (AgRg no AREsp 484.166/RS, Rel.
Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 8/5/2014), do protesto
indevido de título (AgRg no AREsp 444.194/SC, Rel. Ministro Sidnei Beneti,
Terceira Turma, DJe 16/5/2014), da recusa indevida ou injustificada, pela
operadora de plano de saúde, em autorizar a cobertura financeira de
tratamento médico a que esteja legal ou contratualmente obrigada (AgRg no
AREsp 144.028/SP, Rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, DJe 14/4/2014),
entre outros. 3. No caso concreto, o acórdão de origem traz situação em
que o INSS suspendeu o auxílio-doença em virtude da equivocada
identificação do óbito de homônimo do autor. Nessas circunstâncias, é
presumível o sofrimento e a angústia de quem, de inopino, é privado
da sua fonte de subsistência mensal, e, no caso, o benefício previdenciário
decorre de auxílio-acidente. 4. Agravo Regimental não provido. [AgRg no AREsp
486.376/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
10/06/2014, DJe 14/08/2014]

Logo, o caso epigrafado apresenta a semelhança em relação ao caso exposto


de que, sem motivo justo e razoável, o benefício foi cessado indevidamente.

Ocorre que enquanto no julgamento do STJ a cessação ocorreu pelo falecimento


de um homônimo do autor daquele feito, na presente ação o caso é mais grave,
pois a cessação ocorreu em pedido de prorrogação mesmo que não realizada a
perícia, em decorrência da greve dos médicos da Previdência Social.

Assim, não paira dúvida de que houve dano à esfera moral do Demandante,
doente grave, acometida de câncer, depressão e patologias reumatológicas,
que arbitraria e ilicitamente foi vitimada pela conduta reprovável do INSS.

Se os médicos da Previdência Social não desempenham sua função (por motivo


de greve), então que se mantenha o benefício auferido. Negar a continuidade
de uma prestação recebida desde ${data_generica} por um segurado doente
grave é ilicitude que enseja forte reprovação, e a medida mais acertada para
tanto é a condenação do Réu em reparar o dano moral sofrido, na proporção da
lesão experimentada.

A agravar a lesão, o fato de que houve violação legal na decisão de cessação,


que ignorou o princípio da motivação dos atos administrativos, conforme já
referido.

Portanto, é dever do Poder Judiciário condenar o Instituto Nacional do Seguro


Social em indenizar o Requerente, na proporção da lesão sofrida, de modo que
o valor seja suficiente para reparar o dano.

No que consta a competência para julgar o pedido de dano moral, em recente


decisão o Tribunal Regional Federal da 4ª Região assim decidiu:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CUMULAÇÃO DE PEDIDO DE


CONCESSÃO DE BENEFÍCIO COM INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.
COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. VALOR DA CAUSA. 1. A
competência das Varas Especializadas é definida em razão da matéria (critério
objetivo, pela teoria da repartição tríplice da competência de Chiovenda),
dentro de um mesmo limite territorial, tratando-se, portanto, de competência
absoluta. Contudo, isso não torna sua competência exclusiva para a respectiva
matéria, mas apenas inderrogável pela vontade das partes, de forma que, em
caso de conexão entre pedido afeto à vara especializada e outro
pedido sem essa qualquer vinculação especial, ambos devem ser
julgados por aquela primeira, e não pela vara comum. Esse
entendimento aplica-se para reconhecer a competência da Vara
Especializada Previdenciária para julgar o pedido de dano moral,
cumulado com o de concessão de benefício previdenciário. 2. No caso de
cumulação de pedido de concessão de benefício com condenação por dano
moral, o valor referente à compensação postulada deve ter como limite o
equivalente ao total das parcelas vencidas mais doze vincendas do benefício
previdenciário pretendido. (TRF4, AG 5017325-26.2015.404.0000, Quinta
Turma, Relator p/ Acórdão José Antonio Savaris, juntado aos autos em
10/08/2015)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. CUMULAÇÃO DE PEDIDOS.


DANOS MORAIS. LIMITE. VALOR DA CAUSA INFERIOR A 60 SALÁRIOS-MÍNIMOS.
COMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. 1. Preenchidos os
requisitos estabelecidos nos parágrafos 1º e 2º do art. 292 do CPC,
admissível a cumulação do pedido de indenização por danos morais
com os pedidos de concessão e de pagamento de parcelas vencidas de
benefício previdenciário. 2. O valor atribuído à indenização por dano moral
não pode ultrapassar ou ser desproporcional ao somatório dos valores vencidos
e vincendos. Precedentes desta Corte. 3. Em se tratando de valor da causa
inferior ao equivalente a 60 salários mínimos, é absoluta a competência do
Juizado Especial Federal para processamento da demanda.   (TRF4, AG
5018235-53.2015.404.0000, Quinta Turma, Relator p/ Acórdão Rogerio Favreto,
juntado aos autos em 16/07/2015)

Portanto, não há prejuízo algum no julgamento nesta ação do pedido de


restabelecimento do benefício e o pedido indenizatório pelo dano moral sofrido
pela parte autora.
Isto posto, requer seja restabelecido liminarmente o auxílio-doença auferido
pelo Demandante, até que Vossa Excelência julgue o feito em sentença. Nesta
oportunidade, além de condenar o INSS a restabelecer o benefício, ainda
postula que seja condenado a reparar o dano à esfera extrapatrimonial que
proporcionou ao Demandante, no justo montante de R$ $
{informacao_generica}.

PEDIDOS
FACE AO EXPOSTO, requer a Vossa Excelência:

1. O recebimento e o deferimento da presente peça inaugural, bem como o


deferimento da assistência judiciária gratuita, pois a parte Autora
não tem condições de arcar com as custas processuais sem o prejuízo de
seu sustento e de sua família;
2. O deferimento liminar da antecipação da tutela pretendida,
determinando que o INSS restabeleça, implante e pague imediatamente
o benefício de auxílio-doença ao Autor, mantendo-o ao menos até que
seja julgado o feito em sentença;
3. A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, para, querendo,
apresentar defesa;
4. Entende a parte autora que não se faz necessário na presente ação a
realização de perícia médica judicial, considerando que não há parecer
médico do INSS a ser ilidido. Pelo contrário, todas as perícias realizadas
pelo INSS dão conta de que o Demandante é incapaz ao trabalho,
situação inalterada, diante da gravidade das doenças apresentadas.
Assim, requer seja produzida prova documental na ação, sendo inclusive
intimado o INSS a apresentar os laudos médicos realizados
administrativamente. Caso Vossa Excelência entenda indispensável,
entretanto, o autor postula então pela produção de prova pericial e,
ainda, testemunhal.
5. O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA,
condenando o INSS a:
1. Alternativamente:
1. Conceder a aposentadoria por invalidez e
sua eventual majoração de 25% à parte autora, a partir da
data da efetiva constatação da incapacidade total e
permanente;
2. Restabelecer o  auxilio doença à parte Autora, desde
quando indevidamente cessado;
2. Pagar as parcelas vencidas e vincendas, monetariamente
corrigidas desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros
legais e moratórios, incidentes até a data do pagamento;
3. Pagar a título indenizatório o valor de R$ $
{informacao_generica} à parte autora, em decorrência do
sofrimento causado (dano moral) pela cessação ilícita e imotivada
do benefício que até então auferia, nos termos da fundamentação
anterior;
4. Em caso de recurso, ao pagamento de custas e honorários
advocatícios, eis que cabíveis em segundo grau de jurisdição, com
fulcro no art. 55 da lei 9.099/95 c/c art. 1º da Lei 10.259/01.

 
Termos em que,

Pede Deferimento.

Dá à causa o valor[1] de R$   ${informacao_generica};

${processo_cidade}, ${processo_hoje}.

${advogado_assinatura}

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