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Diagnóstico de Equipamentos de Alta tensão.

Documento didático preparado por: Alain François S. Levy – DVLA / CEPEL – Julho 1998

Filosofia

O diagnóstico de equipamentos pode ser entendido como o conhecimento exato das


condições de desempenho destes ao longo de sua vida útil de tal forma que possam ser
definidas e programadas as intervenções necessárias para reparos, substituição, etc.
A finalidade é então otimizar a permanência dos equipamentos em serviço de modo a
aproveitá-los ao máximo sem correr riscos de impedimento no fornecimento de energia.
A preocupação com o diagnóstico de equipamentos deve existir a partir da encomenda
dos equipamentos. Nessa fase devem ser especificadas, se possível, sensores, circuitos
e instrumentos que permitam obter informações sobre seu desempenho ao longo do
tempo. Para equipamentos já instalados, a introdução de dispositivos para diagnóstico
deve ser estimada a partir de sua importância no sistema e vida útil remanescente.

A obtenção de informações para fins de diagnóstico de equipamentos, é realizada


atualmente pelas empresas seguindo caminhos bem diferentes entre si.
Mais comumente são feitas medições de controle programadas que servem para
ordenar a prioridade de manutenção. Na maioria dos casos são medições que não
necessitam do desligamento dos equipamentos.
Em outros casos são acrescentados sistemas de medição que permitem uma
monitoração programada complementar sem retirada dos equipamentos ou
eventualmente com desligamento durante um pequeno intervalo de tempo.
Outra possibilidade é a monitoração de informações em tempo real, que se refere ao
contínuo registro e armazenamento (por exemplo, a cada 5 minutos) das principais
grandezas que possam fornecer o estado operativo do equipamento.

Quanto à análise das informações coletadas, esta pode ser estruturada com diferentes
filosofias ou procedimentos:
A avaliação das condições do equipamento pode ser definida no campo se o
julgamento depender de comparação com valores tabelados ou do histórico do
equipamento, ou se o sistema/instrumento de medição contiver um procedimento
automático de análise.
Avaliação realizada em escritório/sala de controle a partir de informações diretamente
enviadas via modem. Nesse caso são necessários sistemas de medição digitalizados.

Nota: Em quaisquer dos casos acima, tanto as medições quanto as avaliações podem ser
programadas via empresas especializadas em cada assunto, caso não se disponha de
especialistas em cada área de conhecimento.

Para estruturação de uma metodologia eficaz de diagnóstico, as seguintes fases podem


ser seguidas:
Definição, na fase de aquisição dos equipamentos, das grandezas a serem medidas e
dos circuitos, metodologias e instrumentos de medição,
Verificação das condições iniciais dos equipamentos, de suas características e
peculiaridades de desempenho,
Montagem de um banco de dados inicial que acompanhará a evolução de cada
equipamento,

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Definir a periodicidade das medições e o modo de armazenamento de um histórico de
dados,
Definir e atualizar as técnicas de análise e diagnóstico, propriamente dito, do
equipamento,
Tomada de decisão visando possíveis intervenções de manutenção e solução de
problemas.

Transporte, montagem e comissionamento

São itens aos quais muitas empresas não atribuem a devida importância, pensando que,
ao estar lidando com equipamento novo com garantia e que essas tarefas são
normalmente de responsabilidade do fabricante.
O transporte, a montagem e o comissionamento dos equipamentos são etapas
importantes para garantir o bom funcionamento dos equipamentos e possuem, em cada
caso, normas específicas a serem seguidas. Como exemplo, um equipamento que não
estiver bem acondicionado poderá acarretar em problemas mecânicos internos ou
arranhões em partes onde o campo elétrico pode se intensificar. Se os ensaios tiverem
sido feitos anteriormente em um laboratório ou na própria fábrica, estes defeitos passarão
desapercebidos. Outro exemplo são montagens que requerem um determinado torque de
aperto em conexões sob tensão. Se forem mal executadas poderão acarretar em
sobreaquecimentos com o tempo e causar falhas nos equipamentos.

Diagnóstico de transformadores

Conforme visto, os transformadores de potência são peças vitais das subestações e não
podem ser mantidos fora de operação por um período muito grande.
Assim, tem-se buscado metodologias para se poder avaliar periodicamente o estado
operativo destes equipamentos em intervalos de tempo reduzidos ou mesmo em
condições “on-line”.
É notória a dificuldade de se diagnosticar com precisão o estado de um transformador
mesmo pela classificação em apenas três categorias tais como: 1) condições normais de
funcionamento; 2) possibilidade de problemas, avaliar mais freqüentemente; 3) deve ser
retirado do sistema.

A técnica clássica de diagnostico baseada na análise de gases dissolvidos no óleo


isolante, já é conhecida há cerca de quatro décadas e até hoje não se dispõe de uma
metodologia de análise que propicie um diagnóstico confiável para transformadores.
Calçado nessas limitações, medições de outras grandezas foram propostas de modo a se
melhorar a confiança nos resultados.
Estas são descritas a seguir:
• Cromatografia gasosa
• Medição de descargas parciais (metodologias elétrica e acústica)
• Medição da resistência dinâmica dos comutadores de derivações de tensão em carga
• Medição de perdas dielétricas pelo tap capacitivo das buchas
• Medição do consumo de potência associado aos motores dos comutadores de
derivações em carga
• Medição da tensão de retorno
• Medições convencionais da tensão, corrente, carga e temperatura.

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I. Métodos de diagnóstico pela cromatografia gasosa

É a técnica de diagnóstico mais utilizada pelas empresas de energia elétrica, sendo em


muitas a única técnica adotada.
Consiste em se fazer a medição das quantidades (teores apresentados em ppm) de cada
variedade de gás presente em uma determinada amostra de óleo isolante do
transformador.
Essa medição é fácil, porém a interpretação dos resultados para se chegar a um
diagnóstico preciso, é muito difícil. Uma comprovação disto é a grande variedade de
métodos/normas de diagnóstico existente: métodos da ANSI, CIGRÉ, LCIE, Laborelec,
etc.

Principais gases e métodos de análise


Embora seja muito grande a variedade de gases que podem ser gerados pelo papel e
óleo isolantes dos transformadores, são considerados apenas alguns componentes que
guardam relação com suas possíveis falhas.
Essas falhas são normalmente: ocorrência de arcos intensos internos, aquecimento
excessivo ou descargas parciais

Os principais gases analisados são:

H2 → hidrogênio CO2 → dióxido de carbono


N2 → nitrogênio C2H6 → etano
CO → monóxido de carbono C2H4 → etileno
O2 → oxigênio C2H2 → acetileno
CH4 → metano

O sobreaquecimento do papel isolante pode gerar, por exemplo, CO, CO2, H2O.
O sobreaquecimento do óleo isolante pode gerar, por exemplo, CH4, C2H4 e C2H6.
Descargas elétricas no óleo podem gerar, por exemplo, H2 e C2H2.

Método de análise pela ANSI/IEEE C57.104 (método Rogers)

Nesse método são considerados para análise diversas relações entre os principais gases
dissolvidos. Conforme essas relações, é sugerido um diagnóstico.
Diagnósticos propostos pela ANSI/IEEE c57.104

CH4 C2H6 C2H4 C2H2 Diagnóstico indicado


H2 CH4 C2H6 C2H4
> 0,1 <1 <1 < 0,5 Condições normais
<1
≤ 0,1 <1 <1 < 0,5 Presença de descargas parciais
≤ 0,1 <1 <1 ≥ 0,5 < 3 Descargas parciais com
trilhamentos
> 0,1 <1 ≥3 ≥3 Descargas parciais continuamente
<1
> 0,1 <1 ≤ 1 < 3 ≥ 0,5 < 3 Arcos internos com potência

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<1 ou ≥ 3 ou ≥ 3
> 0,1 <1 <1 ≥ 0,5 < 3 Arcos internos sem potência
<1
≤1<3 <1 <1 < 0,5 Pequeno aquecimento interno
ou ≥ 3 < 150 graus
≤1<3 ≥1 <1 < 0,5 Sobre aquecimento
ou ≥ 3 entre 150 200 graus
> 0,1 ≥1 <1 < 0,5 Sobre aquecimento
<1 entre 200 e 300 graus
> 0,1 <1 ≥1 < 0,5 Sobreaquecimento generalizado
<1 <3 dos condutores
≥1 <1 ≥1 < 0,5 Corrente circulante pelo
<3 <3 enrolamento
≥1 <1 ≥3 < 0,5 Corrente circulante pelo núcleo
<3 e no tanque

O método da IEC 599 fornece uma análise similar a partir das relações:
C2H2 CH4 e C2H4
C2H4 H2 C2H6

O método Laborelec considera para fins de análise os teores de CO, C2H2, H2,
compostos com hidrocarbonetos e a relação CH4/H2, atribuindo níveis de degradação
com a seguinte classificação: normal; média; importante e muito importante.
O método do LCIE se baseia principalmente nos teores dos gases envolvidos,
considerando também os gases C3H4, C3H6 e C3H8, fazendo uma classificação similar
aos métodos anteriores.
Tradicionalmente, o diagnóstico tem sido feito remetendo-se amostras de óleo para
laboratórios especializados. Estes retornam então um relatório com o diagnóstico.
Atualmente existem cromatógrafos portáteis que podem fornecer um diagnóstico rápido
no campo se for incorporado um software contendo os métodos acima descritos.

II. Método de diagnóstico pela medição de descargas parciais.

A medição de descargas parciais no campo não tem sido muito explorada devido aos
ruídos eletromagnéticos existentes e à dificuldade de interpretação dos resultados.
Atualmente, já existem disponíveis sistemas de medição e procedimentos de análise que
facilitam esse tipo de medição.
São apresentados na seqüência 3 exemplos de sistemas que registram grandezas
relativas às descargas parciais.

• Medição de descargas parciais em UHF

Consiste na introdução de uma antena no tanque do transformador através de uma


válvula do óleo isolante. Essa antena é diretamente ligada, via cabo coaxial, com um
analisador de espectro com capacidade de pelo menos 1000 MHz. Os ruídos ambientes
estão normalmente limitados até freqüências em torno de 300 MHz enquanto as

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descargas parciais têm componentes até acima de 1000 MHZ. Assim há boa
sensibilidade para medição de descargas parciais nas freqüências de UHF.

• Medição da carga aparente em banda larga

Consiste na utilização da metodologia elétrica convencional de medição de descargas


parciais. Nesse caso é utilizado o tap capacitivo das buchas de alta tensão como
acoplamento.
Embora possam existir ruídos elevados durante a medição, essa técnica está mais
explorada atualmente devido às atuais facilidades de tratamento de dados, se estes forem
obtidos com instrumentos digitalizados.
A norma NBR 5357 descreve os detalhes desse procedimento.

• Medição de descargas parciais pelo método acústico

Descargas parciais também geram ondas acústicas nas freqüências ultra-sônicas. Essas
ondas podem ser detectadas por meio de sensores piezoelétricos colocados na superfície
exterior do tanque do transformador e ligados a um instrumento de medição por cabos
coaxiais.
Esse método possui as vantagens de ser isento de interferências eletromagnéticas e de
propiciar uma tentativa de localização das descargas. Porém não é adequado para sua
quantificação.
Os três métodos de medição de descargas parciais apresentados podem ser utilizados
para monitoramento “on-line”de transformadores, desde que se tenham instalados os
circuitos de medição apropriados.
A qualidade do diagnóstico pode ser tão eficiente quanto a metodologia convencional de
cromatografia.

III. Diagnóstico dos comutadores de derivações em carga dos transformadores

• Medição da resistência dinâmica entre contatos

As frequentes mudanças de derivações em carga dos transformadores produz uma


carbonização junto aos contatos que podem se transformar em falha a longo prazo.
Esse problema pode ser indicado pela medição da resistência dinâmica dos contatos dos
derivadores em todas as posições possíveis nas três fases. A medição pode ser feita com
uma ponte de resistências. O inconveniente dessa medição se refere ao longo período
requerido uma vez que os altos valores de indutância dos enrolamentos acarretam em
constantes de tempo muito elevadas.

• Medição do consumo de potência dos motores que acionam os comutadores de


derivações em carga

Ë uma maneira complementar de se avaliar as condições de operação dos comutadores.


Consiste no mapeamento das curvas de consumo dos motores dos comutadores durante
um ciclo de atuação destes. Esse ciclo apresenta um comportamento uniforme ao longo
da vida útil do sistema de comutação. Caso sejam encontradas variações desse
comportamento é possível que algum problema esteja ocorrendo e possa ser
reconhecido. Nesse caso é necessária certa experiência para se julgar sobre o
desempenho dos derivadores.

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IV. Diagnóstico das buchas de alta tensão pela medição das perdas dielétricas

As buchas de alta tensão dos transformadores são elementos que podem causar danos
substanciais aos transformadores em caso de falha.
Normalmente, problemas incipientes nas buchas podem ser avaliados pela medição de
sua capacitância e fator de perdas. Essa medição pode ser feita no campo pelo uso de
uma ponte Schering conectada ao tap capacitivo das buchas. O transformador deve ser
desconectado do sistema e uma fonte externa de alta tensão é necessária para sua
energisação durante a medição. O circuito de ensaio é similar àquele utilizado em
laboratório.

V. Diagnóstico das condições dos papéis isolantes dos transformadores pela medição da
tensão de retorno.

Consiste na avaliação dos processos de polarização do conjunto isolante dos


transformadores, pela aplicação de uma tensão contínua em diversas condições de
ligação dos enrolamentos.
Essa técnica tenta fornecer uma estimativa do grau de umidade do papel isolante e a
partir de então é feita uma avaliação das condições de envelhecimento dos
transformadores ou alguma verificação após manutenção, se for o caso. Como
características do método citam-se que existe pouca experiência nesse tipo de avaliação
e que só pode ser realizada com o transformador desconectado do sistema.

VI. Medição da tensão, corrente, carga e temperatura

A medição dessas grandezas unicamente, não fornece informações suficientes para fins
de diagnóstico. Porém são complementos muito importantes no auxílio dos diagnósticos a
serem obtidos pelo uso das técnicas acima descritas. Além disso esses parâmetros estão
disponíveis em todos os transformadores, bastando apenas complementar os circuitos de
ensaio e medição de modo a se poder monitorá-las.
Dessa forma diversos problemas de comportamento progressivo podem ser detectados
nos transformadores. Por outro lado, problemas mais graves que envolvam curto circuito
interno no transformador podem sempre ocorrer. Nestes casos convém existir na
subestação sistemas de alarme eficazes, instalações para drenagem ou escoamento de
óleo e dispositivos que impeçam o incêndio e explosão dos transformadores.

Diagnóstico de subestações isoladas a gás SF6

Até recentemente o diagnóstico das subestações blindadas (GIS – Gás Insulated


Substations) se limitava aos testes de comissionamento de novas instalações, pela
medição de descargas parciais conforme a IEC 270, e tendo por finalidade verificar a
existência de irregularidades de montagem.
Atualmente, a medição de descargas parciais e suas grandezas relacionadas, é a
principal metodologia para se diagnosticar ou monitorar as GIS. Algumas dessas técnicas
de medição permitem, além de identificar o nível das descargas, localizar os pontos de
origem destes ou até mesmo de fornecer informações sobre o tipo de descarga que está
ocorrendo.

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Como para os demais equipamentos, o diagnóstico das GIS voltada para os
procedimentos de manutenção, serve para evitar, ou pelo menos racionalizar a retirada de
operação desses sistemas. No caso das GIS, a manutenção necessita de um grau
elevado de especialização. As aberturas e fechamento dos trechos são demorados e há
sempre a possibilidade de problemas em sua volta para operação. Esses aspectos
justificam a tendência de se incorporar sistemas de medição para uso "on-line"nesse tipo
de instalação.

I. Principais tipos de defeitos encontrados nas GIS.

Mais freqüentemente são encontrados os seguintes problemas nas GIS:


• Defeitos de montagem da instalação
São defeitos normalmente fáceis de serem identificados durante o comissionamento das
GIS.

• Partículas metálicas livres no interior da GIS


É talvez o defeito mais comum descrito pelas empresas. Podem ser geradas partículas
durante a montagem da GIS devido à filetes de roscas, ou por componentes móveis dos
equipamentos de manobra, por exemplo.
As partículas acumulam carga elétrica e, conforme sua forma, dimensões e material, se
movimentam no interior da GIS, podendo até causar descargas disruptivas. Partículas
próximas do condutor central são mais perigosas.

• Contatos elétricos deficientes e componentes flutuantes na alta tensão


Componentes tais como blindagens suplementares do condutor central podem apresentar
mau contato devido à falhas na montagem desses elementos ou processos de corrosão.
Essa condição acarreta na geração de descargas parciais de níveis elevados que são
facilmente registradas pelas técnicas de medição atuais.

• Defeitos fixos tais como irregularidades ou saliências metálicas nos condutores e


partículas presas a espaçadores.
Irregularidades nos condutores se originam na fabricação ou montagem desses
elementos e pode causar falhas elétricas quando da ocorrência de transitórios rápidos no
sistema.
Partículas que se movimentam no SF6 podem prender-se aos isoladores por longo
período.
Esses tipos de defeito não são normalmente descobertos durante o comissionamento e
podem se transformar em falha com a contínua operação da GIS, devido à vibrações
mecânicas ou forças eletrostáticas que mudem sua posição no interior.
Em muitos casos é realizada uma medição de descargas parciais com impulsos de tensão
para se detectar esse tipo de problema.

• Defeitos dos isoladores espaçadores

Podem existir defeitos tanto na superfície dos espaçadores quanto no seu interior.
Defeitos na superfície são normalmente efeitos secundários da existência de partículas
metálicas em contato, impurezas excessivas no gás, descargas ocasionadas por ensaios
elétricos, etc. Defeitos internos aos espaçadores se referem a problemas construtivos
destes. Os mais comuns são rugosidades na junção com a alta tensão, partículas
provenientes da maquinária utilizada, bolhas formadas no processo de cura do material
isolante, etc.

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Esses defeitos são normalmente identificados pelos testes a serem feitos na fábrica sobre
cada unidade construída.
• Defeitos devido ao gás SF6
Baixos níveis de contaminantes tal como o ar, não alteram o nível de isolamento do gás.
Porém o excesso de impurezas, somado à variações rápidas de temperatura, pode
acarretar em condensação na superfície dos espaçadores e possibilidade de falha.

I. Métodos de diagnóstico em GIS

• Medições de descargas parciais pelo método convencional


Nesse caso é montado um circuito de ensaio conforme feito em laboratório. O principal
problema encontrado nesse caso é o ruído eletromagnético ambiente que limita a
sensibilidade da medição. Por esse motivo, a montagem deve ser de modo a se blindar
ao máximo as partes energisadas e utilizar um instrumento de medição de banda estreita.
Assim, freqüências de medição de até 3 MHz podem ser consideradas.

• Medições de descargas parciais em alta freqüência (HF)


A sensibilidade da medição de descargas parciais varia muito nas faixas de freqüência
entre alguns MHz e algumas dezenas de MHZ. Conforme a posição relativa entre os
defeitos e os sensores, ocorrem fenômenos de ressonância dos pulsos de descargas
parciais.
Nessa medição são colocados nos espaçadores, sensores constituídos por eletrodos ou
flanges isolados. A medição é realizada com analisador de espectro procurando-se, para
cada sensor, a freqüências de maior sensibilidade.
A vantagem da medição em HF é que os ruídos são bem reduzidos, sobretudo par
freqüências entre 20 e 70 MHz, o que permite a detecção de sinais de centenas de pC.

• Medições de descargas parciais em ultra alta freqüência (UHF)


Nesse caso são medidas as componentes radiadas das descargas parciais, por meio de
pequenas antenas introduzidas em aberturas existentes nas instalações.
As antenas são mais sensíveis para as componentes de das descargas que se encontram
entre 700 e 1100 MHz.
Esse método tem as vantagens de não ter a sensibilidade prejudicada pelas capacitâncias
da subestação e de não haver níveis de ruídos elevados na medição.
Por outro lado, devido à grande atenuação dos sinais nessas freqüências, são
necessários diversos sensores ao longo de uma subestação.
A localização das descargas pode ser conseguida pela realização de medições
simultâneas em vários pontos da instalação, utilizando-se osciloscópio de banda larga.
As medições em HF e UHF não fornecem adequadamente as amplitudes das descargas
parciais, servindo sobretudo para identificar que há problemas e eventualmente localizá-
los.

• Medições de descargas parciais pelo método acústico


As descargas parciais geram também ondas de pressão acústicas que se propagam na
instalação e podem ser registradas por sensores apropriados colocados na parte externa
aterrada das blindadas. Os sensores podem ser tipos de acelerômetros que captam sinais
desde alguns kHz até dezenas de kHz ou sensores de emissão acústica que são
ressonantes em determinada freqüência normalmente entre 80 e 200 kHz. Existem no

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mercado sistemas de medição especialmente desenvolvidos para essa função e que
trabalham com diversos tipos de sensores.
Com essa técnica, defeitos tais como mau contato e partículas podem ser facilmente
verificadas, visto que muitos destes defeitos internos podem gerar vibrações mecânicas
sem que haja indícios de descargas elétricas de alta intensidade.
As desvantagens dessa metodologia se referem à indefinição quanto à amplitude de
eventuais descargas parciais elétricas internas e à necessidade de realização da medição
em todos os compartimentos uma vez que os sinais acústicos são muito atenuados
quando propagados na instalação.

• Método ótico de medição de descargas em GIS


Esse método tem muito pouco uso no que se refere à identificação de descargas parciais
mas é algumas vezes utilizado para localização de descargas disruptivas internas quando
da aplicação de transitórios na subestação.
São utilizados nessa medição instrumentos que detectam a luminosidade tais como os
fotodiodos ou fotomultiplicadores de alta sensibilidade.

• Método químico para detecção de descargas parciais


Consiste na detecção de subprodutos do SF6 que são decompostos quando da
ocorrência de arcos internos.
Não existe até o momento um procedimento padrão para esse tipo de medição que possa
servir de base. Embora diversos equipamentos que fazem esse tipo de análise já estejam
disponíveis, não há comprovações de sua eficiência para fins de diagnóstico, sobretudo
quando há apenas a ocorrência de descargas parciais de pequena amplitude no interior
das instalações

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