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Proteção de Sistemas de

Distribuição de Energia Elétrica

Proteção de Sistemas de
Distribuição de Energia Elétrica
- CÁLCULOS PRELIMINARES-

Prof. Dr. Eng. Paulo Cícero Fritzen

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Cálculos preliminares

 Correntes de curto-circuito
• Os valores das correntes para os curtos-circuitos trifásicos e bifásicos serão calculados
como valores máximos, ou seja, a impedância de contato será zero.
• As correntes de curto-circuito fase-terra deverão ser calculadas com impedância de
contato igual à zero (curto-circuito fase-terra máximo), que será usada para o
dimensionamento de equipamentos; e com impedância de contato igual a 40 ohms (curto-
circuito fase-terra mínimo), que será usado para as verificações de coordenação e
seletividade entre os dispositivos.
• Deve-se observar que o valor calculado com 40 ohms não será usado para o ajuste dos
pick-ups dos dispositivos de proteção de terra, uma vez que o valor da corrente do curto-
circuito, quando ocorrem faltas de alta impedância, pode ser muito menor que o
calculado.
• Deve-se calcular o curto-circuito simétrico e o assimétrico. Se o valor de X/R não for
conhecido pode-se usar 1,35 como fator de assimetria, para curtos-circuitos até 2 ou 3 km
da S/E; para pontos mais distantes o valor do fator de assimetria será 1 (CPFL, 2003).
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Cálculos preliminares

 Curto-circuito trifásico:

63,77 A 4000 A
A 13,8 kV / 220 V a
(AT) / (BT)

63,77 A 4000 A

C B c b
63,77 A 4000 A

Sendo t em ciclos
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Cálculos preliminares

 Curto-circuito bifásico:

Para uma das fases:

Para outras duas fases:

63,77 A 3464,1 A
A 13,8 kV / 220 V a
(AT) / (BT)

31,88 A 3464,1 A
0A

C B c b
31,88 A 0A

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Cálculos preliminares

 Curto-circuito bifásico com terra:

Em uma da fase:

Na outra fase associada à falta:

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Cálculos preliminares

 Curto-circuito monofásico:

0,14 12,7 A
A 13,8 kV / 220 V a
(AT) / (BT)

Rf 12,7 A

0,14 A 0A

C B c b
0A 12,7 A
0A

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Cálculos preliminares

 Abertura mono e bipolar:


Quanto uma das fases do secundário do transformador de força abre, a corrente nas fases são de um
motor trifásico pode teoricamente ser 1,73 vezes a corrente de carga pré-falta (ver Figuras1 e 2).
Esse aumento da corrente pode ser ainda 2 vezes maior (200%) devido a mudança no fator de
potência. Em aplicações onde a carga aplicada ao eixo do motor apresenta grande inércia, a corrente
pode se aproximar da corrente de rotor bloqueado.

Figura 1

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Desequilíbrio de corrente devido a abertura de uma das fases do secundário do transformador. (motor em delta ou em estrela)
Cálculos preliminares

Figura 2
- Desequilíbrio de corrente devido
a abertura de uma das fases do
secundário de um transformador,
considerando um motor em delta
com carregamento de 65% da
corrente nominal.

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Cálculos preliminares

A Figura 3 e Figura 4 mostram que as correntes de linha que alimentam um motor


trifásico podem chegar a 115% (duas fases) e 230% (uma fase) do valor da
corrente de carga pré-falta, no caso de uma abertura em uma das fases no lado
primário do transformador de força.

Figura 3
–Desequilíbrio de
corrente devido a
abertura de uma
das fases do
primário de um
transformador
para um motor
conectado em
delta

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Cálculos preliminares

Figura 4 - Desequilíbrio de corrente devido a abertura de uma das fases do


primário de um transformador para um motor conectado em estrela.
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Cálculos preliminares

 Correntes de Inrush

• Um fenômeno transitório, característico da corrente de magnetização de


transformadores é o alto surto de corrente observado ocasionalmente quando
um transformador é energizado. Isto pode causar uma queda momentânea da
tensão se a impedância da fonte for considerável, e também pode causar a
atuação de equipamentos de proteção contra sobrecorrentes, se esses forem
ajustados com valores muito baixos. A este surto de corrente chamamos inrush.

• Se um transformador pudesse ser energizado no instante em que o valor da


onda de tensão correspondesse ao fluxo magnético real do núcleo nesse
instante, a energização seria uma suave continuação da operação anterior, sem
que ocorresse um transiente magnético. Mas na prática, o instante do
chaveamento não está sob o controle e assim um transiente magnético é
praticamente inevitável.

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Cálculos preliminares

• O cálculo da corrente de inrush é extremamente complicado e impreciso.


Complicado devido à necessidade de se calcular graficamente a densidade de fluxo
para valores altos de densidade, o que nem sempre é possível, devido à
indisponibilidade de laços de histerese para esses valores. E impreciso, porque laços
de histerese obtidos com valores médios não são exatamente aplicáveis a cada
transformador em particular.

• Levando-se em conta a dificuldade de cálculo e a aleatoriedade de valor da corrente


de inrush (ela depende do exato instante da energização do transformador e do valor
da densidade de fluxo residual em cada transformador), foram desenvolvidos meios
práticos para o cálculo provável da corrente de inrush. O método geralmente
utilizado leva em conta o número de transformadores que serão energizados pelo
fechamento de um dispositivo.

• A Tabela 1 fornece um coeficiente a ser multiplicado pela corrente nominal do grupo


de transformadores que serão energizados, em função do tamanho do grupo. A
aplicação desta tabela fornecerá a corrente de inrush esperada em um tempo de 0,1
segundos.

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Cálculos preliminares

• Tabela 1 - Fator de multiplicação para se determinar a corrente de inrush em 0,1 s

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Cálculos preliminares

• Exemplo 1:
Um grupo composto por 3 transformadores de 15kVA mais 3 transformadores de 30kVA
forem energizados pelo fechamento de uma chave, a corrente de "inrush" esperada será
calculada conforme segue:

kVA = 3 × 15 + 3 × 30= 135


n=6
da tabela, para n=6 o coeficiente é 6,6

I_inrush = 6,6*5,65 = 37,3 A

• OBS: a corrente de inrush não pode ser maior que a corrente de curto-circuito trifásico no
ponto em consideração. Portanto, se o cálculo indicar que a corrente de inrush é maior
que a corrente do curto-circuito trifásico, considere a corrente de inrush igual à corrente
de curto-circuito trifásico (CPFL, 2003).

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Cálculos preliminares

 Locação dos equipamentos (norma Bandeirante)

• O sistema de proteção dos circuitos aéreos de distribuição é constituído de


dispositivos de proteção contra sobrecorresntes que, estando coordenados
entre si, e deverão possibilitar um grau satisfatório de continuidade do serviço
de fornecimento de energia elétrica.
• A locação dos equipamentos de proteção deve objetivar basicamente os
seguintes pontos:
• minimizar o número de consumidores atingidos por uma de falta no sistema de
distribuição primária;
• possibilitar condições de religamento do sistema em tempo programado, na
ocorrência de faltas transitórias;
• na ocorrência de defeitos permanentes, restringir o desligamento apenas ao
ramal em curto-circuito, permitindo a continuidade de serviço ou religamento
dos demais ramais ou troncos de alimentadores;
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Cálculos preliminares

• estabelecer esquemas de proteção econômicos em função das particularidades de


cada sistema de distribuição primária, tais como:
 tipos de carga;
 importância dos consumidores;
 densidade dos alimentadores ou ramais;
 trajeto dos circuitos por zonas de risco.
 Os critérios a seguir prescritos têm o objetivo de orientar a escolha inicial e a
localização dos equipamentos de proteção de acordo com cada circuito.

• Saídas dos Circuitos Provenientes das ETDs


Tais circuitos são protegidos por disjuntores comandados por relés de sobrecorrente,
de fase e neutro, havendo um relé de religamento.

Os relés de fase atuam sobre a bobina de desligamento do disjuntor para curto-


circuito entre fases ou entre as fases e a terra. Por outro lado, o relé de neutro atuará
sobre a bobina de desligamento do disjuntor para defeitos à terra, somente.

O relé de religameneto tem como função religar o disjuntor após a abertura do


mesmo devido à ocorrência de sobrecorrentes. Poderá haver um ou mais
religamentos.
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Cálculos preliminares

• A Tabela 2 apresenta os critérios a serem considerados durante a escolha de


equipamentos de proteção para os circuitos aéreos de distribuição primária. A
escolha deve ser feita em função da importância do circuito dos consumidores
atendidos, assim como da disponibilidade de equipamentos mais sofisticados, como
religadores seccionalizadores.

 Acerca dos critérios apresentados valem as seguintes observações:


• Nos troncos deve ser evitada a aplicação de dispositivos de proteção, podendo
porém ser aceita nos casos dos critérios A e B;
• Deve-se evitar:
– emprego de religadores em série;
– emprego de religadores e chaves fusíveis em ramais interligáveis;
– não é necessária a limitação do número de chaves fusíveis em série; deve-se
verificar que haja seletividade entre os elos para os níveis de curto previstos;
– em relação às entradas primárias (critério H) os elos fusíveis usados deverão ser
até 140 A;
– Para casos mais elevados, deve-se usar chave seccionadora apenas com a
finalidade demanobra.
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Cálculos preliminares

• A Tabela 2 Critérios para seleção dos dispositivos de proteção


CRITÉRIO SITUAÇÃO EQUIPAMENTO

A Início de trechos extensos, onde o nível mínimo de curto seja Religador ou Fusível
insuficiente para sensibilizar o dispositivo de proteção de
retaguarda.
B Logo após cargas de grande importância, e cuja continuidade Religador, seccionalizador
de serviço deva ser elevada, caso o circuito a seguir seja extenso. ou Fusível

C Início de ramais que alimentem cargas classificadas como Religador ou


especiais de grande importância. Seccionalizador
D Início de ramais de certa importância, que supram áreas Religador ou
sujeitas a alta incidência de falhas temporárias Seccionalizador
E Início de ramais ou sub-ramais com extensão inferior a 150m, Fusível
não classificáveis nos critérios C ou D.
F Início de ramais ou sub-ramais com extensão inferior a 150m Fusível
mas que estejam sujeitos a alta incidência de faltas.

G Meio de trechos extensos protegidos por religador no início. Fusível

H Entrada primária com corrente nominal até 140 A Fusível

I Estação transformadora (ET) Fusível

J Banco de Capacitores Fusível Fusível 18

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