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Cadernos

Normas Fiscais,
Sanitárias e Ambientais
Regularização de Agroindústrias Comunitárias de
Produtos de Uso Sustentável da Biodiversidade
2011

Organização
Luis Roberto Carrazza
Caderno de Normas Fiscais,
Sanitárias e Ambientais
Regularização de Agroindústrias Comunitárias de
Produtos de Uso Sustentável da Biodiversidade

Organização
Luis Roberto Carrazza

Brasília - DF, 2011

ISPN
Autoria
Instituto Sociedade, População e Natureza - ISPN
Organização e consolidação do texto final
Luis Roberto Carrazza
Colaboração na pesquisa e elaboração do conteúdo
Luis Gustavo Maciel – Especialista em Direito Ambiental
Moacir Chaves Borges - Engenheiro de Alimentos
Luis Roberto Carrazza – Zootecnista
Augusto César Rodrigues Cordeiro – Técnico Contabilista
João Carlos Cruz e Ávila – Engenheiro de Alimentos
Revisão de conteúdo
João Carlos Cruz e Ávila, Rodrigo Noleto, Renato Araújo e Lara Montenegro
Projeto gráfico e diagramação
Masanori Ohashy - Idade da Pedra Produções Gráficas
Fotos
Acervo ISPN - Peter Caton
Apoio:
Carolina Gomes, Cristiane Azevedo, Isabel Figueiredo, Gabriel Schiavon, Lara Montenegro, Luciano Fernando, Lucelma Santos,
Márcia Braga, Marcos Fábio Alves, Renato Araújo e Rodrigo Noleto

Esta publicação foi elaborada pelo Instituto Sociedade, População e Natureza a partir do projeto Cerrado que Te Quero Vivo,
no âmbito do convênio MDA 083/2006, firmado entre ISPN e Ministério do Desenvolvimento Agrário, através da Secretaria de
Agricultura Familiar (SAF) e Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT). Teve apoio ainda do Programa de Pequenos Projetos
Ecossociais (SGP/GEF/PNUD), do projeto FLORELOS (Comunidade Européia) e Fundação Doen.

Este documento é de responsabilidade do ISPN e não reflete a posição de seus doadores.

Ficha catalográfica

ISPN - Instituto Sociedade, População e Natureza


CARRAZZA, Luis Roberto; MACIEL, Luis Gustavo; BORGES, Moacir Chaves; CORDEIRO,
Augusto César Rodrigues; ÁVILA, João Carlos Cruz e

Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais para regularização de agroindústrias


comunitárias de produtos de uso sustentável da biodiversidade – Brasília-DF; Instituto Sociedade,
População e Natureza (ISPN), Brasil, 2011.

ISBN 978-85-63288-05-9

1. Agroindústrias – formalização 2. empreendimentos comunitários - normas ambientais 3.


empreendimentos comunitários – normas sanitárias 4. empreendimentos comunitários – normas
fiscais 5. empreendimentos comunitários – normas tributárias 6. uso sustentável – biodiversidade.
Sumário

APRESENTAÇÃO ........................................................................................................5

PRIMEIRA PARTE
Desafios para inserção dos produtos comunitários nos mercados ......................7
Produção Comunitária x Mercado: contexto, oportunidades e contradições ... 8

SEGUNDA PARTE
Regularização jurídica, fiscal e tributária ........................................................... 13
Tipos de Empreendimentos Quanto à Natureza Jurídica ................................. 14
Associações ...................................................................................................... 14
Sociedades ....................................................................................................... 16
Registros obrigatórios para pessoas jurídicas ................................................... 22
Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) ..................................................... 22
Inscrições Municipal e Estadual ......................................................................... 23
Alvará/licença de localização e funcionamento ................................................. 23
Obrigações das pessoas jurídicas ....................................................................... 24
Registros Trabalhistas ........................................................................................ 24
Outras Declarações Obrigatórias para Pessoas Jurídicas ..................................... 25
Obtenção de notas fiscais .................................................................................... 26
Nota avulsa ...................................................................................................... 26
Obtenção do bloco de notas ............................................................................ 26
Obtenção de Nota Fiscal Eletrônica (e-NF) .......................................................... 26
Emissão do Certificado Digital (e-cnpj) .............................................................. 27

TERCEIRA PARTE
Regularização sanitária ......................................................................................... 29
Tipos de empreendimentos quanto ao enquadramento sanitário .................. 30
Classificação dos Alimentos quanto a Legislação Sanitária ................................. 31
Registro da unidade agroindustrial ..................................................................... 32
Empreendimento Licenciados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento - MAPA ..................................................................................... 32
Empreendimentos Licenciados pelo Ministério da Saúde .................................... 34
Registro dos produtos .......................................................................................... 35
Produtos Registrados no MAPA ......................................................................... 35
Produtos Registrados no MS - ANVISA............................................................... 36
Rotulagem de alimentos....................................................................................... 38
Informações Obrigatórias .................................................................................. 38
Rotulagem Nutricional Obrigatória .................................................................... 40
Boas Práticas de fabricação................................................................................... 43
Diretrizes para as Boas Práticas de Fabricação .................................................... 43
Condições Higiênico-Sanitárias .......................................................................... 44
Sugestão de Roteiro para Elaboração do Manual de BPF .................................... 46
Lista de Verificação (check list) das BPF .............................................................. 48
Procedimento Operacional Padrão de Higienização – POP E POPH ......................49
Sugestão de roteiro para a confecção de um Procedimento Operacional
Padronizado . .................................................................................................... 49
Enquadramento Sanitário das Agroindústrias de Cosméticos ............................. 50
Enquadramento Sanitário das Agroindústrias de Fitoterápicos ........................... 51

QUARTA PARTE
Regularização ambiental ...................................................................................... 52
Órgãos ambientais e competências ..................................................................... 54
Órgãos Federais, Estaduais e Municipais de Meio Ambiente............................... 54
Regularização ambiental de agroindústrias extrativistas ................................ 55
Licenciamento Ambiental .................................................................................. 55
Cadastro Técnico Federal - CTF.......................................................................... 57
Licenciamento Simplificado para Agroindústrias de Baixo Impacto Ambiental .... 57
Áreas aptas ao agroextrativismo......................................................................... 59
Áreas Privadas ou Públicas, com Restrição de Uso .............................................. 59
Unidades de Conservação de Uso Sustentável ................................................... 61
Áreas indígenas e comunidades quilombolas ..................................................... 62
Projetos de Assentamentos e de Colonização .................................................... 63
Áreas privadas, sem restrição de uso .................................................................. 64
Caracterização .................................................................................................. 64
Contratos típicos para atividades em áreas privadas ........................................... 65
Plano de manejo florestal sustentável ............................................................... 67
Apresentação

Esta publicação faz parte da nova série Contudo, saber da existência destas normas é
Cadernos, lançada pelo Instituto Sociedade, importante até mesmo para se tomar a decisão
População e Natureza (ISPN). A série se inicia de iniciar um empreendimento. Conhecendo
com um levantamento extenso da legislação melhor os potenciais problemas que irá enfren-
brasileira e uma abordagem prática das ques- tar, uma comunidade pode decidir que prefere
tões relacionadas às normas fiscais, sanitárias continuar a vender seus produtos apenas nos
e ambientais que incidem sobre o processo mercados locais que já dominam.
produtivo da agricultura familiar entre povos e Cabe ressaltar que, assim como existe uma
comunidades tradicionais. grande diversidade de produtos dos diferentes
O primeiro Caderno é destinado às entida- povos e operadores desta complexa rede que
des da sociedade civil que atuam com a produ- alimenta o mercado com uma produção centra-
ção e comercialização de produtos desenvolvi- da na conservação dos recursos naturais e ma-
dos a partir do uso sustentável da biodiversi- nutenção das tradições culturais, os processos
dade. Tem como objetivo orientar as entidades normativos também são diversos, complexos
sobre os principais aspectos que devem ser e exigem orientação e aperfeiçoamento. Para
observados e atendidos para a formalização tanto, tem sido fundamental a participação de
dos empreendimentos comunitários quando povos e comunidades tradicionais nos fóruns
da inserção de seus produtos nos diferentes decisórios de políticas públicas. A Comissão
tipos de mercado. Além disso, busca nortear Nacional de Desenvolvimento Sustentável de
as ações relativas à sua regularização, favore- Povos e Comunidades Tradicionais, criada pelo
cendo o acesso às informações sobre os trâmi- Decreto de 13 de julho de 2006, tem sido im-
tes que devem ser adotados para que possam portante interlocutora deste setor por propiciar
operar dentro dos preceitos da legalidade. um espaço de diálogo para representantes de
Não há pretensão de se abordar aqui todos diversas categorias de povos e comunidades
os aspectos referentes à produção e comercia- que viviam em completa invisibilidade.
lização de produtos da sociobiodiversidade. Por fim, cabe ressaltar ainda que este Ca-
Pretende-se apresentar os principais caminhos derno busca orientar o processo produtivo
que devem ser trilhados pelas organizações de de acordo com as normas vigentes, mas pla-
agricultores, técnicos e demais interessados, no nejando o futuro. Afinal, o que se pretende é
que diz respeito aos aspectos legais, às ques- manter tradições, mas aperfeiçoar o processo
tões da natureza jurídica do empreendimento produtivo para que seja não apenas ambien-
e aos aspectos fiscais, tributários, sanitários e talmente sustentável, mas socialmente justo e
ambientais, para a regularização dos empreen- economicamente viável.
dimentos agroindustriais comunitários.
Do mesmo modo, não se pretende que to-
dos os agricultores familiares sejam obrigados
a agir conforme os preceitos que a legislação
impõe aos empreendimentos que irão aces-
sar mercados mais distantes e mais exigentes.
Primeira Parte

Desafios
Para
Inserção dos
Produtos
Comunitários
nos
Mercados
8 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

Produção Comunitária x Mercado:


contexto, oportunidades e
contradições
A produção sustentável de produtos da so- ciente, cumprimento de prazos, nota fiscal, re-
ciobiodiversidade sempre foi realizada pelos po- gistros e certificações, as organizações comu-
vos e comunidades tradicionais para auto-con- nitárias apresentam de forma genérica muitas
sumo, sendo, o excedente escoado na forma limitações, algumas das quais listadas abaixo1:
de produtos primários com baixa agregação de
valor e grande dependência de atravessadores. Produção em escala insuficiente para abas-
Com o aumento da demanda por produtos tecimento de forma continuada e na quan-
naturais, a consolidação do conceito de res- tidade desejada;
ponsabilidade socioambiental empresarial e o Falta de padrão na cor, textura, tamanho
atual cenário de mudanças climáticas, amplia- dos produtos, tipo de embalagem, peso, ró-
se a cada dia a demanda por produtos de qua- tulo, composição etc, são muito comuns e
lidade, ambientalmente bem manejados e so- prejudicam fortemente a inserção dos pro-
cialmente justos. dutos comunitários no mercado;
Por outro lado, apesar das oportunidades de Dificuldade gerencial por parte das comuni-
mercado crescentes, as barreiras impostas por dades na gestão do empreendimento;
uma legislação (sanitária, ambiental, trabalhis- Assistência técnica descontinuada e/ou sem
ta, tributária, fiscal, creditícia, etc) que ainda profissionais especializados para assessorar
não contempla o papel das comunidades locais o processo produtivo e a comercialização
no sistema produtivo, e pelo próprio mercado, dos produtos;
representam entraves para o desenvolvimento Divulgação insuficiente ou inexistente, prin-
da produção. cipalmente para produtos pouco conheci-
Ao contrário dos empreendimentos empre- dos pelo público geral;
sariais que normalmente se estabelecem a par- Dificuldade de agregar o valor socioambien-
tir da constatação de oportunidades de merca- tal no preço dos produtos;
do, os empreendimentos comunitários iniciam Sazonalidade da produção impedindo que
sua produção com base na disponibilidade de se tenha o produto o ano todo, ou obrigan-
matéria-prima (frutos, fibras, sementes, etc) do a formação de estoques. Isso implica em
e no conhecimento tradicional sobre técnicas necessidade de capital de giro para aquisi-
de manejo e beneficiamento. No entanto, as ção do produto bruto e custos de estoca-
questões legais, tecnológicas, gerenciais e de gem, geralmente altos;
mercado também deveriam ser trabalhadas Dificuldade de acesso ou falta de tecnolo-
antes mesmo do investimento na agregação gias de produção apropriadas para escala
de valor da produção. comunitária;
Enquanto o mercado demanda produtos
de qualidade com regularidade, escala de pro-
dução, preços competitivos, apresentação efi- 1 Adaptado do artigo Comercialização - Entradas e Saídas de Donald
Sawyer 2005
Desafios para inserção dos produtos comunitários nos mercados 9

Preços incompatíveis e mal planejados difi- produção comunitária, que deve ser elabo-
cultando a inserção dos produtos no merca- rada com critérios e muita sensibilidade para
do; promover a inclusão produtiva sem prejuízo à
Dificuldade de acesso a credito pelas orga- qualidade dos produtos e segurança dos pro-
nizações sem fins lucrativos; dutores e consumidores.
Dificuldade de diversificação do mercado Diversas são as contradições existentes entre
com a produção destinada para um conjunto a produção comunitária e o mercado. De for-
muito pequeno de clientes, criando forte de- ma geral, as organizações de base comunitária
pendência, alta fragilidade e vulnerabilidade; são seduzidas a produzirem para atender a um
Necessidade de investimento em capital de nicho de mercado altamente exigente e sofisti-
giro e infra-estrutura com baixa capacidade cado, inacessível aos agricultores envolvidos. A
de gestão das organizações para adminis- inserção das comunidades em processos de for-
tração dos recursos; necimento para tais mercados exige amplo en-
Dependência de recursos externos para ma- tendimento sobre aspectos de gestão de negó-
nutenção dos empreendimentos. cios, comunicação, apresentação de produtos,
desenvolvimento de embalagens e rótulos, logís-
Frente a tantas dificuldades e desafios, é tica, etc, distantes da realidade vivida no campo.
evidente que não existe uma receita pronta e No plano ideal, e como meta dos progra-
única para solucionar todos esses problemas. mas desenvolvidos pelo ISPN com o objetivo
A experiência do Programa PPP-ECOS2 mos- de empoderamento das comunidades, é de-
tra que o avanço da organização em relação sejável que os agricultores trabalhem autono-
aos processos de produção e comercialização mamente com cadeias completas e fechadas
para mercados consolidados está relacionado de produção, dominando desde a produção da
à capacidade de gestão, visão de negócios do matéria prima e insumos até o beneficiamento,
empreendimento, bem como pragmatismo e a logística de distribuição, gestão, marketing,
dinamismo para tomadas de decisões. comercialização, etc. Porém, na realidade, mui-
Ao mesmo tempo em que muitas comu- tas vezes os agricultores e suas organizações
nidades anunciam que não produzem mais possuem baixa capacidade de entendimento
porque não há para quem vender, nota-se um da complexidade dos aspectos que envolvem
crescimento vertiginoso de demanda por pro- uma cadeia completa de produção, frustrando
dutos agroextrativistas com forte desencontro expectativas e gerando desilusões.
entre a produção e o consumo. Torna-se cada Neste sentido, em um primeiro momento,
vez mais evidente que muitos não comercia- a produção deve ser focada no auto-consu-
lizam em conseqüência da dificuldade de or- mo, com menor agregação de valor, tornando
ganização produtiva e inserção nos mercados, o produto mais acessível para o consumo na
nada tendo a ver com a ausência de produção. comunidade. Agregar valor significa transfor-
A rigor, as normas e exigências legais ine- mar o produto tornando-o mais atraente para
rentes à produção, beneficiamento e comercia- o tipo de mercado que se pretende atender.
lização foram formuladas com base nas espe- Deve vir como conseqüência de um processo
cificidades do modelo de produção industrial, constante e paulatino de aprendizado e imple-
não o comunitário. Assim, existe uma enorme mentação de melhorias na organização produ-
lacuna na normatização para o modelo de tiva, gestão, infra-estrutura, condições de be-
neficiamento, logística, comercialização, etc.
Depende da compreensão e superação de en-
2 Programa de Pequenos Projetos Ecossociais, coordenado pelo ISPN com traves legais, mercadológicos, organizacionais,
apoio do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e de gestão, de infra-estrutura, tecnológico, de
recursos financeiros do GEF (Fundo para o Meio Ambiente Mundial).
10 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

assessoria, políticos, etc, que devem ser ama- dutos, realização de negócios e obtenção de
durecidos num processo lógico e contínuo. retorno dos consumidores sobre os produtos
Para a inserção de produtos no mercado, apresentados.
antes de mais nada é fundamental que se co- Atualmente, alguns programas do gover-
nheça bem as necessidades deste, de modo no propiciam a compra de produtos da agri-
que a produção seja orientada à demanda e cultura familiar, a exemplo do Programa de
se tenha boa aceitação e inserção dos produ- Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa
tos. É imprescindível que os empreendimentos Nacional da Alimentação Escolar (PNAE). Este
agroindustriais comunitários consolidem seus tipo de mercado, denominado “institucional”,
produtos no mercado local e regional, menos é uma excelente oportunidade de ampliação
exigentes, antes de se aventurarem no âmbito de escala com segurança, ganhos significativos
nacional e internacional. Quanto mais distante na organização da produção, aprendizado em
o mercado que se pretende acessar, mais com- gestão, logística, empreendedorismo, etc. De-
plexas são as exigências impostas pela legisla- vido às facilidades encontradas para acessar os
ção e pelo próprio mercado. Maior também programas institucionais, muitas organizações
são os custos com logística e, consequente- criaram alta dependência e vulnerabilidade, o
mente, o custo de venda dos produtos. que também não é adequado, pois este seg-
A consolidação de um produto depende do mento pode sofrer interrupções ou restrição na
nível de atendimento das exigências impostas sua forma de atuação, em função de reorien-
pelo próprio mercado. Estas podem ser mais tação política.
ou menos severas, dependendo do tipo de Neste sentido, independente do produto
mercado que se pretende ocupar. Enquanto o e do nicho que se pretende trabalhar, é im-
mercado local e regional propicia o escoamen- prescindível que os empreendimentos diversi-
to do excedente da produção com logística fiquem seus mercados para que tenham maior
facilitada, o mercado nacional ou internacio- segurança, independência e autonomia frente
nal requer grandes volumes de fornecimento e a mudanças políticas, crises econômicas, entre
alto nível de especialização e qualificação das outros fatores que podem provocar a interrup-
comunidades. ção de compra dos produtos por algum canal
O mercado internacional geralmente oferece aberto de comercialização.
melhor retorno de investimento que o mercado Enquanto existem, de um lado, demanda
nacional, porém requer maior investimento em pela produção sustentável comunitária que
logística e certificação, o que pode ser comple- atenda os marcos legais e as exigências do
xo e burocrático. Por outro lado, amplia a cre- mercado, existem do outro, comunidades ru-
dibilidade do produto e da organização junto à rais altamente excluídas em relação ao aces-
opinião pública e ao governo, o que também so aos meios de comunicação (tv, telefone,
contribui para o marketing institucional, além internet, correio, etc), infra-estrutura (energia
de elevar a auto-estima dos produtores. elétrica, estradas de qualidade, pontes, bancos
Para as organizações mais incipientes, a etc.), centros de consumo e abastecimento,
participação em feiras e eventos possibilita a educação e assessoria técnica de qualidade,
relação direta com consumidor e outros em- oportunidades de qualificação e crédito. Ape-
preendimentos, sendo bastante importante sar dos avanços ocorridos nos últimos anos, há
para o aprimoramento dos produtos e escoa- uma grande carência de políticas públicas e de
mento da produção, sem ter que assumir pro- tratamento diferenciado para inclusão produ-
cessos de logística. Para as organizações mais tiva comunitária, que seja realizada em bases
estruturadas, as feiras e eventos representam sustentáveis e que respeite a diversidade cul-
uma boa oportunidade de promoção dos pro- tural e étnica.
Desafios para inserção dos produtos comunitários nos mercados 11
Segunda Parte

Regularização
Jurídica, Fiscal
e Tributária
14 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

Tipos de empreendimentos
quanto à natureza jurídica
Segundo o Código Civil brasileiro, as pes-
soas jurídicas privadas são divididas em três Associações
modalidades: as associações, as fundações e
as sociedades, que compreendem as empresas A associação é uma entidade de direito
e cooperativas. privado, sem fins lucrativos, criada a partir da
Nesta publicação serão descritos os procedi- união de pessoas que se organizam em torno
mentos básicos referentes à formalização fiscal de um objetivo comum, porém sem fins eco-
para as associações, cooperativas, empresas de nômicos (Código Civil Brasileiro – art. 53).
pequeno porte e microempresas. Neste sentido, as associações não são, por
Qualquer que seja a natureza jurídica adota- princípio, a melhor forma de organização para
da, é obrigatório que toda organização tenha o comercialização de produtos de um grupo de
acompanhamento de um contador cadastrado pessoas.
no Conselho Regional de Contabilidade (CRC), Existem diferentes interpretações jurídicas
habilitado a dar a orientação necessária para a em torno da finalidade não econômica das
formalização do empreendimento. associações. Há quem defenda que atividades
de comercialização por parte das associações
podem ser realizadas, desde que não sejam
caracterizadas como finalidade da organização
e sim um meio para sua manutenção. Neste
caso, não é permitido o repasse dos recursos
de vendas de produtos ou serviços para os as-
sociados, e sim para manutenção dos custos
básicos de funcionamento da organização.
Muitas associações realizam a venda de pro-
dutos dos seus associados sem muitas dificul-
dades, muitas vezes amparados com soluções
do próprio município ou estado, que conferem
as condições para a comercialização dos pro-
dutos com o fornecimento de bloco de notas
ou notas avulsas.
Regularização Jurídica, Fiscal e Tributária 15

Constituição e registro da
Fundação da Associação
associação
Basicamente, para o registro da asso-
O estatuto social, aprovado em assembléia, ciação no Cartório de Registro Civil das
deve constar na ata de fundação da associação, Pessoas Jurídicas, são requeridos os se-
quando também deverá ser eleita a diretoria guintes documentos:
da mesma. Deve-se então proceder o registro
destes documentos (estatuto, ata de fundação Cópia do estatuto assinada por um
e eleição de diretoria) no cartório local. advogado cadastrado na OAB;
O processo de constituição e registro de uma Ata de fundação, ata da eleição da di-
associação deve ser acompanhado por um con- retoria e termo de posse da diretoria;
tador, que orientará sobre o enquadramento do Pagamento das taxas do cartório,
estatuto nos termos previstos no Código Civil. para registro do estatuto social e da
ata de fundação.

Estatuto Social Uma vez registrada em cartório, a associa-


ção deverá realizar assembleias ordinárias e ex-
Uma associação é regida por um es- traordinárias conforme a previsão estatutária,
tatuto social que, conforme o Artigo 54 das quais as atas também deverão ser registra-
do Código Civil, deverá conter: das em cartório, bem como as atualizações do
estatuto.
a denominação, os fins e a sede da É recomendável que se consulte o cartó-
associação; rio em que se pretende registrar a associação,
os requisitos para a admissão, de- para que sejam colhidas as informações sobre
missão e exclusão dos associados; as formalidades exigidas no cartório específico,
os direitos e deveres dos associados; uma vez que tais exigências requeridas podem
as fontes de recursos para sua ma- mudar conforme a localidade.
nutenção;
o modo de constituição e de funcio-
namento dos órgãos deliberativos Registros obrigatórios
(Redação dada pela Lei nº 11.127,
de 2005); Para o funcionamento pleno da as-
as condições para a alteração das sociação, também devem ser obtidos os
disposições estatutárias e para a dis- seguintes registros obrigatórios:
solução da associação;
a forma de gestão administrativa e CNPJ
de aprovação das respectivas contas Inscrição estadual ou municipal (isen-
(Lei nº 11.127, de 2005). to para algumas localidades)
Alvará/licença de localização e funcio-
namento
16 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

Sociedades Constituição e registro da Cooperativa


Questões preliminares
Segundo o Código Civil, “celebram contra-
Para a constituição de uma cooperativa, é
to de sociedade as pessoas que reciprocamen-
recomendável que sejam realizadas reuniões
te se obrigam a contribuir, com bens ou servi-
preliminares entre os interessados, criar uma
ços, para o exercício de atividade econômica e
comissão que trate das providências necessá-
a partilha, entre si, dos resultados” (art. 981).
rias à sua criação, e definir com clareza algu-
As sociedades podem ter fins lucrativos na
mas questões, como por exemplo:
forma de sociedades limitadas ou anônimas
(empresas), ou caracterizarem-se como sem
A cooperativa é a solução mais adequada para a
fins lucrativos na forma de cooperativas. Desta
necessidade do grupo?
forma, as sociedades são organizações de di-
Existe alguma cooperativa já constituída na
reito privado da sociedade civil com fins econô-
região que poderia satisfazer as necessida-
micos que preveem a distribuição de lucros (no
de dos interessados?
caso das sociedades limitadas ou anônimas) ou
Os objetivos da cooperativa são claros?
sobras (no caso das cooperativas) entre os só-
Os interessados estão dispostos a entrar
cios/cooperados.
com o capital necessário para viabilizar a
cooperativa?
Cooperativas O volume de negócios é suficiente para que
os cooperantes tenham benefícios?
As cooperativas são organizações da socie- Os interessados estão dispostos a colaborar
dade civil de direito privado, sem fins lucrati- integralmente com a cooperativa?
vos, não sujeitas a falência, formada por pes- A cooperativa poderá contar com pessoal
soas físicas e/ou jurídicas que se unem volunta- qualificado para administrá-la, ou pelo me-
riamente para desenvolver atividades econômi- nos ajudar nesta função?
cas. As cooperativas possuem dupla natureza,
contemplando tanto o aspecto econômico,
quanto o social de seus associados. O coopera-
do é tanto dono como usuário da cooperativa,
participando da sua administração e utilizando
os serviços por ela oferecidos.
O estatuto da cooperativa é o documento
que rege seu funcionamento. Trata-se do con-
trato que os cooperados fazem entre si, onde
são discriminadas as normas de funcionamen-
to, direitos e deveres do cooperado, entre ou-
tras.
Regularização Jurídica, Fiscal e Tributária 17

Cumpridas as questões preliminares, e com


o estatuto elaborado, deve-se convocar uma
Estatuto Social Assembléia Geral de Constituição (fundação)
da Cooperativa, em hora e local determinado
Além das questões já levantadas, de- com antecedência, afixando-se aviso de convo-
ve-se definir a denominação social e o cação em locais freqüentados pelos interessa-
nome comercial da cooperativa, e tam- dos, podendo ser também veiculado através de
bém elaborar a minuta do seu Estatuto imprensa e rádio.
Social, que deve conter: A Assembléia Geral de Constituição da Co-
Denominação, sede, prazo de dura- operativa deve ocorrer com a participação de
ção, área de ação, objeto da socie- todos os interessados, sendo requerido o mí-
dade, fixação do exercício social e da nimo de 20 pessoas para sua fundação. É bas-
data do levantamento do balanço ge- tante recomendável que se tenha previamente
ral; à Assembléia uma composição de candidatos
Direitos e deveres dos associados, para o Conselho Administrativo e Fiscal.
natureza de suas responsabilidades
e condições de admissão, demissão,
eliminação ou exclusão, e normas
para representação;
É muito importante fazer
Capital mínimo, valor da quota-parte, uma consulta prévia ao poder
mínimo de quotas-partes a ser subs-
crito pelo associado, o modo de inte-
público local (prefeitura),
gralização, condições de sua retirada antes da aprovação do
nos casos de demissão, eliminação ou
exclusão;
estatuto, para saber se é
Forma de devolução das sobras regis- permitido o funcionamento
tradas aos associados, ou do rateio
das perdas apuradas; deste tipo de organização
Modo de administração e fiscaliza- no endereço proposto, tendo
ção, estabelecendo-se os respectivos
órgãos, definição de suas atribuições, em vista o ramo de atividade
poderes e funcionamento, represen- da cooperativa que deve ser
tação ativa e passiva da sociedade em
juízo ou fora dele, o prazo do manda- compatível com o zoneamento
to e processo de substituição dos ad- estabelecido para a localidade.
ministradores e conselheiros fiscais;
Formalidades de convocação das As-
sembléias Gerais e a maioria delas
requeridas para a sua instalação, vali-
dade das suas deliberações;
Casos de dissolução voluntária da
sociedade, modo e processo de alie-
nação ou oneração de bens imó-
veis, modo de reformar o estatuto,
número mínimo de associados, etc.
18 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

Fundação da Cooperativa Registros obrigatórios


Realizada a assembléia de fundação Para o funcionamento pleno da coo-
deve-se providenciar os registros na Jun- perativa, também devem ser obtidos os
ta Comercial. seguintes registros obrigatórios:
Para isso, deverão ser apresentados
os seguintes documentos: CNPJ (Receita Federal do Brasil)
Inscrição estadual ou municipal (isen-
Consulta prévia de endereço de fun- to para algumas localidades)
cionamento (administração local, pre- Alvará/licença de localização e fun-
feitura); cionamento (prefeitura)
Ata de Assembléia Geral de Consti-
tuição (assinada por todos os funda-
dores); Considerações adicionais
Estatuto da Cooperativa (assinado
por todos os fundadores); Uma vez registrada a cooperativa, deve-se
Assinatura do advogado (registrado realizar assembleias ordinárias e extraordiná-
na OAB) na Ata e no Estatuto; rias, conforme a previsão estatutária, cujas atas
Ficha de Cadastro Nacional da Coo- também deverão ser registradas, bem como as
perativa (FCN 1 e 2) – modelos dis- atualizações do estatuto.
poníveis em papelarias ou internet Antes de se implantar a cooperativa, é reco-
(www.dnrc.gov.br); mendável que se consulte no respectivo estado
Cópia autenticada da Carteira de a representação da União Nacional das Coope-
Identidade (RG) e do Cadastro de rativas da Agricultura Familiar e Economia So-
Pessoa Física (CPF) dos membros da lidária (UNICAFES) - www.unicafes.org.br, ou
diretoria e conselho fiscal; então a Organização das Cooperativas do Bra-
Cópia do comprovante de residência sil (OCB) - www.brasilcooperativo.com.br, bem
dos membros da diretoria e conselho como a junta comercial local para que sejam
fiscal; colhidas mais informações e orientações espe-
Requerimento de registro na junta co- cíficas relativas à sua constituição e registro.
mercial (capa do processo);
Pagamento da taxa da Junta Comer-
cial (DARF).
Declaração de desimpedimento dos No site www.dnrc.gov.br
membros da diretoria e conselho fis- encontra-se uma lista com o
cal.
endereço e telefone de todas
as juntas comerciais estaduais.
Regularização Jurídica, Fiscal e Tributária 19

Sociedades Limitadas No momento da abertura da


empresa deve-se solicitar o
Microempresas ou empresa de
enquadramento da mesma
pequeno porte
como ME ou EPP
As Microempresas (ME) e Empresas de Pe-
queno Porte (EPP) são organizações da socie-
dade civil de direito privado, sujeitas a falência, Registros obrigatórios
formada por pessoas físicas que se unem com
objetivo de realizar atividades econômicas com Para o pleno funcionamento da em-
vistas à lucratividade. presa, também devem ser obtidos os se-
As ME e EPP são regidas pelo contrato so- guintes registros obrigatórios:
cial, que define o perfil de suas atividades, bem
como discrimina suas normas de funcionamen- CNPJ (Receita Federal do Brasil)
to, incluindo as responsabilidades dos sócios. Inscrição estadual ou municipal (isen-
to para algumas localidades)
Alvará/licença de localização e fun-
Abertura de empresas cionamento (prefeitura)
(ME e EPP)
Para o registro na Junta Comercial do
Estado, as ME e EPP deverão apresentar Micro empreendedor individual
os seguintes documentos: (MEI)
Consulta prévia de endereço de fun- O Empreendedor Individual é a pessoa que
cionamento (administração local - trabalha por conta própria e que se legaliza
prefeitura) como pequeno empresário e atende as seguin-
Contrato Social tes condições:
Ficha de Cadastro Nacional (FCN 1 e
2) (modelos disponíveis em papelarias Faturar até R$ 36.000,00 por ano
e/ou na internet www.dnrc.gov.br) Não ter participação em outra empresa
Cópia autenticada da Carteira de como sócio ou titular
Identidade (RG) e do Cadastro de Pes- Ter no máximo um empregado contratado
soa Física (CPF) dos sócios que receba o salário mínimo ou o piso da
Cópia do comprovante de residência categoria.
dos sócios
Requerimento de registro na Junta O Micro Empreendedor Individual foi cria-
Comercial do para que o trabalhador informal possa se
Pagamento da taxa na Junta Comer- legalizar e ter acesso a uma série de benefí-
cial cios como auxílio maternidade, auxílio doença,
aposentadoria, entre outros.
A Lei Complementar nº 128, de 19/12/2008
criou condições especiais para que o trabalha-
dor conhecido como informal possa se tornar
um Empreendedor Individual legalizado. Veja
20 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

em http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/LCP/
Lcp128.htm Registros obrigatórios
O processo de formalização é muito simples
e feito pela Internet no endereço www.portal- CNPJ (Receita Federal do Brasil)
doempreendedor.gov.br de forma gratuita e Inscrição estadual
sem a necessidade de um profissional de con- Alvará/licença de localização e funcio-
tabilidade. namento (prefeitura)
Após o cadastramento, o CNPJ e o núme-
ro de inscrição na Junta Comercial são obtidos
imediatamente.
Com o CNPJ e Inscrição Estadual fica viabi-
lizada a abertura de conta bancária, o pedido
de empréstimos e a emissão de notas fiscais. Tributação simplificada
O MEI pode ser enquadrado no Simples
Nacional e ficará isento dos tributos federais
(Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL) pa-
gando apenas o valor fixo mensal de R$ 60,95
Simples Nacional (ME e EPP)
(comércio ou indústria) ou R$ 65,95 (prestação O Simples Nacional é um regime especial
de serviços), que será destinado à Previdência unificado de arrecadação de tributos e contri-
Social e ao ICMS ou ao ISS. Essas quantias di- buições devidos pelas microempresas e empre-
zem respeito ao ano de 2011 e serão atuali- sas de pequeno porte.
zadas anualmente, de acordo com o salário Além de unificar e simplificar o recolhimen-
mínimo. to dos tributos, o Simples prevê isenção para
Saiba mais no Portal do Empreendedor as exportações e permite o desconto dos tri-
http://www.portaldoempreendedor.gov.br butos pagos antecipadamente por substituição
tributária e do ISS retido na fonte.
Também reduz as obrigações fiscais acessó-
rias exigidas de microempresas e empresas de
Abertura de empresas (MEI) pequeno porte.
As cooperativas e associações não se en-
Cadastro na internet para emissão do quadram no Simples Nacional e devem reco-
CNPJ (RG, CPF e comprovante de re- lher seus impostos conforme o sistema con-
sidência): vencional.
www.portaldoempreendedor.gov.br Saiba mais consultando a Lei Geral das Mi-
Entrega dos documentos no órgão cro e Pequenas Empresas - Lei Complementar
emissor para licença e funcionamen- Nº 123, de 14 de Dezembro de 2006 com al-
to em até 180 dias terações posteriores LC 128 e LC 133 - (http://
Cadastro na internet: www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/leis-
complementares/2006/leicp123Consolidada-
CGSN.htm)
Regularização Jurídica, Fiscal e Tributária 21
22 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

Registros obrigatórios para


pessoas jurídicas
Independente de ser Cadastro Nacional de
constituído na forma de Pessoa Jurídica (CNPJ)
associação, cooperativa, O CNPJ é o registro de personalidade jurí-
dica da entidade, que permite, por exemplo,
microempresa, empresa a abertura de contas bancárias para movimen-
tação financeira da organização, comercializa-
de pequeno porte ou ção de produtos e relação formal com clientes,
sendo raros os estabelecimentos comerciais
MEI, alguns registros formais que trabalham com fornecedores na
condição de pessoa física.
são obrigatórios para A regularização junto à Secretaria da Re-
ceita Federal do Brasil (Ministério da Fazenda)
o funcionamento do é feita exclusivamente pelo site www.receita.
fazenda.gov.br. O cadastro deve ser atualizado
empreendimento. periodicamente e deve conter a natureza jurí-
dica, endereço, ramo de atividade e nome do
Para as MEI os responsável pela organização junto à Receita.

procedimentos de Para obtenção do CNPJ, são necessários os


obtenção do CNPJ são seguintes documentos:

simplificados conforme Ficha Cadastral de Pessoa Jurídica


(FCPJ)
descrito na página 19. Documento Básico de Entrada no
CNPJ (DBE)
Estatuto Social (cópia autenticada em
todas as folhas)
Cópia autenticada da Carteira de
Identidade (RG) e do Cadastro de
Pessoa Física (CPF) do diretor presi-
dente
Regularização Jurídica, Fiscal e Tributária 23

Inscrições municipal Alvará/licença


e estadual de localização e
A Inscrição Municipal e/ou Estadual é funcionamento
o documento imprescindível para que a
entidade possa obter o bloco de notas, O alvará/licença de localização e funcionamen-
indispensável para a comercialização dos to é o registro do empreendimento junto ao po-
produtos e serviços, e pela qual é possí- der público local, que identifica a razão social da
vel efetuar os recolhimentos dos impos- organização, endereço, ramo de atividade e horá-
tos devidos, referentes às notas fiscais rio de funcionamento.
emitidas.
Estes documentos são expedidos pela
Secretaria de Fazenda do estado (Inscri- Para obtenção do alvará/licença de
ção Estadual), ou pelo órgão competen- funcionamento e localização junto à prefeitura,
te no município (Inscrição Municipal). são necessários os seguintes documentos:

Formulário de requerimento
Para obtenção da Inscrição, são Cópia autenticada do estatuto ou con-
necessários os seguintes documentos: trato social
Cópia autenticada da ata de constituição
Ficha de atualização cadastral (para associações e cooperativas)
(FAC) Cópia do carnê do IPTU (Imposto Predial
Cópia autenticada do estatuto Territorial Urbano) do local onde funcio-
(associações ou cooperativas) nará o empreendimento
ou contrato social (empresas) Consulta prévia de endereço de funcio-
Cópia autenticada da Carteira namento
de Identidade (RG), Cadastro Pagamento da taxa de alvará de funcio-
de Pessoa Física (CPF) e com- namento (para empresas, sendo isento
provante de endereço dos dire- para associações e cooperativas)
tores ou sócios da organização
Certidão simplificada da Junta
Comercial ou Cartório do Re-
gistro Civil de pessoas jurídicas Em algumas localidades, a visita do poder
público ao endereço do empreendimento para
concessão do alvará pode acontecer junto com
a vistoria do serviço do Corpo de Bombeiros ou
da Vigilância Sanitária. Esta visita diz respeito ao
funcionamento do empreendimento, e não da
agroindústria, que requer processo específico.
No caso das localidades onde o serviço não é
integrado, deve-se requerer a vistoria do Serviço
do Corpo de Bombeiros e Vigilância Sanitária se-
paradamente, visto que podem ser necessários os
certificados dessas inspeções para a obtenção do
alvará expedido pela prefeitura.
24 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

Obrigações das pessoa


Registros trabalhistas
Em relação aos registros trabalhistas, a or-
ganização deverá apresentar periodicamente
os seguintes documentos e declarações:

RAIS – Relação anual de informações


sociais www.mte.gov.br
Deve ser entregue anualmente junto ao Mi-
nistério do Trabalho e Emprego.

DIRF – Declaração de Imposto Retido na


Fonte www.receita.fazenda.gov.br
Deve ser entregue anualmente junto à Re-
ceita Federal do Brasil.

CAGED – Cadastro Geral de Emprega-


dos e Desempregados www.mte.gov.br
Deve ser entregue quando houver admissão
ou desligamento de funcionários junto ao
Ministério do Trabalho e Emprego.

SEFIP/GFIP – Guia de Informações e De-


clarações Sociais receita.fazenda.gov.br e
www.caixa.gov.br
Deve ser entregue mensalmente junto ao
Instituto Nacional de Seguridade Social –
INSS e Caixa Economica Federal, e diz res-
peito ao recolhimento previdenciário e do
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço –
FGTS.
Regularização Jurídica, Fiscal e Tributária 25

as jurídicas
Outras declarações
obrigatórias para pessoas
jurídicas
Os principais documentos que devem ser declarados
junto à Receita Federal (www.receita.fazenda.gov.br) Outras obrigações
por pessoas jurídicas são descritos abaixo: específicas podem ser
DIPJ - Declaração Anual de Imposto de Renda Pessoa requeridas em função
Jurídica do tipo de atividade
Incide sobre as cooperativas e associações. Deve ser
entregue anualmente à Receita Federal da organização.
Recomenda-se
DSPJ – Declaração Simplificada de Pessoa Jurídica
Incide sobre as micro e pequenas empresas enqua- que o contador da
dradas no Simples Nacional. Deve ser entregue anual-
mente à Receita Federal
organização seja
consultado para se
DCTF – Declaração de Créditos e Tributos Federais
Incide sobre as associações e cooperativas, sendo
obter informações
isenta para micro e pequenas empresas enquadradas no adicionais sobre estas
Simples Nacional. Deve ser entregue mensalmente ou
semestralmente, de acordo com o faturamento da orga-
declarações, bem como
nização, à Receita Federal. outros documentos
DACON – Demonstrativos de Apuração de Contribui- estaduais e municipais.
ções Sociais
Incide sobre as associações e cooperativas, sendo
isenta para micro e pequenas empresas enquadradas no
Simples Nacional. Deve ser entregue mensalmente ou
semestralmente, de acordo com o faturamento da orga-
nização, à Receita Federal.
26 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

Obtenção de notas fiscais

Nota avulsa Obtenção do bloco de


Na Secretaria de Fazenda (coletoria) de seu notas
município, é possível tirar notas avulsas para
vendas pontuais. Paga-se, além dos impostos A emissão do bloco de notas é feita pela
devidos, uma taxa de emissão da nota avulsa. prefeitura do seu município ou pelo estado,
Este tipo de nota vinha sendo uma das soluções sendo que a entidade deve ter cadastro como
encontradas para as associações comercializa- contribuinte fiscal (Inscrição Estadual ou Muni-
rem seus produtos no mercado formal. Porém, cipal), conforme já especificado.
com a instituição da nota fiscal eletrônica, este O requerente deve procurar a Coletoria, Se-
procedimento está cada vez mais restrito para cretaria de Fazenda, ou de Finanças, da prefei-
organizações que não possuem inscrição mu- tura ou do estado, ou o órgão correspondente
nicipal ou estadual. no local.
O bloco de notas é feito por uma gráfica
autorizada, homologada com a Autorização de
Muitos estados possuem Impressão de Documentos Fiscais.
A rigor, a personalidade jurídica voltada à
isenções de impostos para comercialização de produtos é a cooperativa
produtos socioambientais, ou a empresa. Somente algumas prefeituras
aceitam emitir blocos de notas para associa-
comunitários e/ou artesanais. ções, conforme sua disposição estatutária.
Consulte o órgão responsável
no seu estado para saber quais
impostos são obrigatórios Obtenção de Nota Fiscal
ou isentos para cada tipo de Eletrônica (e-NF)
produto. A e-NF é um arquivo eletrônico, assinado di-
gitalmente, que contém informações fiscais da
operação comercial, incluindo informações da
organização que vendeu (emitente) e da que
comprou (emissor) a mercadoria ou o serviço.
A e-NF é transmitida pela Internet para a
Secretaria da Fazenda do Estado que fará uma
pré-validação do arquivo e devolverá uma Au-
torização de Uso, sem a qual não poderá haver
o trânsito da mercadoria. Para acompanhar o
trânsito da mercadoria é gerado o Documento
Regularização Jurídica, Fiscal e Tributária 27

Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica (DANFE), que Possuir programa emissor de NF-e ou utili-
é impresso em papel comum que traz a chave zar o “Emissor de NF-e” gratuito disponibi-
de acesso para consulta da NF-e na Internet e lizado pelas SEFAZ dos estados;
um código de barras que facilita a captura e
a confirmação de informações da NF-e pelos Saiba mais sobre no Portal da Nota Fiscal
Postos Fiscais de Fronteira dos demais Estados. Eletrônica - http://www.nfe.fazenda.gov.br/
A emissão de Nota Fiscal Eletrônica é obri- portal/
gatória para a comercialização de mercadorias,
sendo somente dispensada para a venda direta
ao consumidor no varejo, para a qual pode-se
utilizar a emissão de cupons fiscais ou da Nota Emissão do Certificado
Fiscal de Venda ao Consumidor.
Digital (e-cnpj)
Para emitr o e-cnpj a organização/empresa
Para obtenção da Nota Fiscal deve fazer através de seu contador o cadastro
Eletrônica é necessário ter: e agendamento da emissão do e-cnpj junto à
uma das Autoridades Certificadoras Habilita-
Registro na Junta Comercial (CNPJ) das, devendo pagar uma taxa de emissão de
Registro na Secretaria da Fazenda Es- certificado.
tadual (Inscrição Estadual) ou Munici- Para informações sobre Autoridades Certifi-
pal (Inscrição Municipal) cadoras, Autoridades de Registro e Prestadores
Certificado Digital no padrão ICP-Bra- de Serviços Habilitados na ICP-Brasil, consulte
sil (assinatura eletrônica) o site http://www.iti.gov.br/twiki/bin/view/Cer-
Cadastro junto a SEFAZ tificacao/EstruturaIcp.
Para emissão o dirigente principal da orga-
nização tem que ir pessoalmente até a Autori-
O cadastro NF-e é um processo efetuado dade Certificadora Habilitada escolhida levan-
de maneira completa através da internet sendo do consigo original e cópia da seguinte docu-
necessário os dados completos da organização/ mentação:
empresa (Razão Social, CNPJ, Incrição Estadual,
endereço, fone, e-mail, dados dos dirigentes, Documentos da organização/empresa
entre outros) que está se cadastrando. O ca- CNPJ
dastro é feito pelo contador via internet através Estatuto ou contrato social
da Secretaria da Fazenda Estadual (SEFAZ), sen- Ata fundação e eleição da diretoria
do necessária a assinatura do dirigente.
Documentos do dirigente principal
CPF
Para emitir NF-e, a organização/ RG
empresa deverá: Comprovante de endereço

Estar cadastrado junto a SEFAZ para emitir


e-NF
Possuir certificado Digital no padrão ICP-
Brasil;
Possuir acesso à internet;
Terceira Parte

Regularização
Sanitária

Este capítulo tem o objetivo de orien-


tar empreendimentos agroindustriais
quanto ao seu enquadramento na le-
gislação sanitária brasileira, visando sua
participação no mercado formal.
Dado o dinamismo, a amplitude e a
complexidade da legislação brasileira,
este capítulo não pretende esgotar o as-
sunto, mas servir como um instrumento
orientador. Recomenda-se buscar uma
leitura mais completa da legislação aqui
citada e o apoio dos órgãos públicos
competentes, como as Secretarias de Vi-
gilância dos municípios e dos estados, a
ANVISA e os Serviços de Inspeção Fede-
ral, Estadual ou Municipal, além de ou-
tras instituições ligadas ao tema, como
o MDA e suas delegacias estaduais, uni-
versidades, SEBRAE, empresas estaduais
de assistência técnica e extensão rural, e
organizações não-governamentais.
30 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

Tipos de empreendimentos
quanto ao enquadramento
sanitário
Cabe salientar que a simples regularidade de um empreendimento
quanto às normativas sanitárias não garante, por si só, uma efetiva
participação no mercado formal, pois além da regularidade junto às
outras legislações, fiscal e ambiental, é preciso conhecer muito bem
a dinâmica do mercado em que se quer atuar, como a relação com
concorrentes, fornecedores, clientela, canais de comercialização,
sazonalidade, preços, etc.
Os produtos alimentícios são regulamen- doces, compotas, desidratados, pastifícios, ce-
tados e inspecionados por dois ministérios: reais, amidos e derivados, castanhas e amên-
o Ministério da Saúde (MS) e o Ministério da doas, especiarias, entre outros), água mineral
Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). ou natural e aditivos alimentares (energéticos
e repositores de sais), são regulados pelo Mi-
nistério da Saúde (MS) através da ANVISA, se-
As condições para regularização ou en- cretarias estaduais e municipais da vigilância
quadramento sanitário das agroindús- sanitária, responsáveis pelo registro dos esta-
trias são: belecimentos e respectivos produtos.
Registro dos estabelecimentos e pro- Nos casos em que a unidade agroindustrial
dutos processar tanto produtos de competência do
Rotulagem dos produtos MAPA quanto do MS, esta deverá ser licencia-
Implementação de ferramentas de da por ambos os ministérios, como exemplo
garantia da qualidade dos produtos das agroindústrias que processam doces de
e de controle das condições higiêni- frutas e doce de leite, ou ainda de unidades de
co-sanitárias dos estabelecimentos e processamento de doces, conservas ou com-
produtos potas de frutas e polpas de frutas.
É importante saber que o registro (alvará
sanitário) é único e exclusivo de cada unidade
Conforme o quadro abaixo, cabe ao MAPA agroindustrial, não se estendendo às filiais ou
a regulamentação de produtos de origem ani- unidades de caráter jurídico distinto, e que o
mal, bebidas e vegetais in natura para registro registro da unidade industrial e o do produto
dos estabelecimentos e respectivos produtos. são distintos, isto é, a obtenção de um não dis-
Os demais produtos vegetais (conservas, pensa a necessidade do outro.
Regularização Sanitária 31

Classificação dos alimentos quanto à legislação sanitária

Carne e derivados

Leite e derivados

Produtos
exclusivamente de Ovos e derivados
origem animal

Mel e derivados

Alimentos
regulamentados Pescados e derivados
pelo MAPA

Não-Alcoólicas

Bebidas em geral Alcoólicas

Fermentadas

Vegetais in natura

Alimentos com
registro obrigatório
Demais Alimentos
Processados
Alimentos com
dispensa de registro
Alimentos
regulamentados
pela ANVISA
Aditivos alimentares
(registro obrigatório)

Água mineral
(registro obrigatório)
32 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

Registro da unidade
agroindustrial

Empreendimentos licenciados pelo Ministério da


Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA

Os estabelecimentos que exercem ativida-


des pertinentes à área de alimentos regula-
mentados pelo MAPA são licenciados e inspe-
cionados pelas estruturas competentes subor-
Regulamentos para produtos de origem
dinadas ao MAPA.
Os estabelecimentos licenciados por meio A norma legal que regulamenta sobre re-
do Serviço de Inspeção Municipal (SIM), Ani- gistro, licenciamento e inspeção dos estabe-
mal ou Vegetal, conforme a natureza dos pro- lecimentos de processamento de produtos de
dutos, somente poderão comercializar seus origem animal é o Decreto nº. 30.691, de 29
produtos no município que expediu a licença. de março de 1952, que dispõe sobre o Regu-
Estabelecimentos licenciados por meio do lamento da Inspeção Industrial e Sanitária de
Serviço de Inspeção Estadual (SIE), Animal ou Produtos de Origem Animal (RIISPOA).
Vegetal, conforme a natureza dos produtos, Esta norma determina que os estabeleci-
somente poderão comercializar seus produtos mentos que processam produtos de origem
no âmbito do estado que expediu a licença. animal devem apresentar a documentação da
Estabelecimentos licenciados por meio do entidade/empresa solicitante e as devidas taxas
Serviço de Inspeção Federal (SIF), Animal ou pagas.
Vegetal, conforme a natureza dos produtos, Outras exigências poderão ser feitas, de-
poderão comercializar seus produtos em todo pendendo da localização e classificação do
território nacional. complexo industrial.
Para o registro no SIF, toda a documentação
deverá ser entregue no Serviço de Inspeção de
Produto Animal, da Delegacia Federal de Agri-
cultura, Pecuária e Abastecimento do estado
em que estiver sendo pretendida a instalação
da agroindústria. Para obtenção do SIE ou SIM,
o interessado deve se reportar à Secretaria de
Agricultura do estado ou do município, respec-
tivamente.
Regularização Sanitária 33

Regulamentos para registro de bebidas e/ou fermentados acéticos


(vinagres)

Para os estabelecimentos que trabalham No que diz respeito ao registro destes es-
com bebidas e/ou fermentados acéticos, de- tabelecimentos, será necessária, além da do-
vem ser respeitadas as exigências constantes cumentação da entidade/empresa e das taxas
nas seguintes leis: para requerimento de licença quitadas, a se-
guinte documentação:
Lei nº. 8.918/1994
Decreto nº. 2.314/1997 Requerimento de Solicitação do Registro;
Instrução Normativa nº. 19/2003 Classificação e Atividades do Estabeleci-
Instrução Normativa nº. 03/2005 mento;
Laudo da Vistoria Oficial do MAPA, com pa-
recer favorável;
Cópias do contrato social, do cartão do
CNPJ e da Inscrição Estadual;
Formulário Cadastro de Estabelecimento 1;
animal Formulário Cadastro de Estabelecimento 2;
Formulário Cadastro de Estabelecimento 8;
Documentação para a concessão do Formulário Cadastro de Responsável Técni-
co;
alvará sanitário: Plantas Baixa e de Cortes Longitudinal e
Transversal da unidade de produção (assi-
Pedido de Aprovação do Terreno; nada pelo engenheiro ou arquiteto, junta-
Laudo de Conformidade da Análise de mente com seu registro no CREA);
Água; Memorial Descritivo de Equipamentos e Ins-
Requerimento do empreendedor preten- talações, ressaltando as condições físicas do
dente, dirigido ao Secretário de Inspeção de prédio e das instalações – instalações sani-
Produto Animal (SIPA) em Brasília (DF), no tárias, de tratamento de água e efluentes,
qual solicita aprovação prévia do projeto; piso, parede, ventilação, iluminação, etc.;
Projeto técnico que deve conter: Documentação do Responsável Técnico:
Memorial Descritivo da Construção; cópias do CPF e da Carteira de Registro no
Memorial Econômico-Sanitário; Conselho Profissional.
Termo de Compromisso;
Parecer(es) da(s) Secretaria(s) de Saúde e/ Para obtenção do SIE ou SIM, o interessado
ou Prefeitura; deve se reportar à Secretaria de Agricultura do
Licença Ambiental; estado ou do município.
Responsabilidade Técnica do engenheiro
do projeto, junto ao CREA – Conselho Re-
gional de Engenharia e Arquitetura, e;
Plantas de Situação; Baixa; de Fachada;
Cortes; de Detalhes dos Equipamentos; Hi-
dro-Sanitária
34 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

Empreendimentos
licenciados pelo
Ministério da Saúde
O empreendimento que quiser regularizar
a produção de alimentos de competência do
MS/ANVISA deverá procurar a Secretaria da
Vigilância Sanitária municipal ou estadual para
a apresentação do projeto físico da unidade
agroindustrial e agendar uma visita do inspetor
para a aprovação do projeto e posterior con-
cessão da licença de instalação.
O projeto para requerimento da licença de
instalação e funcionamento deverá conter os
seguintes documentos:

Documentos da entidade (estatuto, atas de


fundação e eleição da diretoria);
Memorial Descritivo de Equipamentos e Ins-
talações, ressaltando as condições físicas do
prédio e das instalações – instalações sani-
tárias, de tratamento de água e efluentes,
piso, parede, ventilação e iluminação, etc;
Fluxograma de produção;
Plantas Baixa e de Cortes Longitudinal e
Transversal da unidade de produção (assi-
nada pelo engenheiro ou arquiteto, e regis-
trada no CREA).

Caso o projeto não seja aprovado imedia-


tamente, o inspetor deverá orientar o empre-
endedor para que sejam feitas as devidas cor-
reções.
Regularização Sanitária 35

Registro dos produtos

Na legislação brasileira não só os estabelecimentos fabricantes de alimentos devem ser regis-


trados e inspecionados, mas também todos os seus produtos alimentícios.
Os produtos de origem animal, as bebidas e os vegetais in natura, devem ser registrados no
MAPA, junto aos seus Serviços de Inspeção, conforme o âmbito de comercialização de cada pro-
duto, a nível federal, estadual ou municipal.
Os demais produtos alimentícios – cereais, farináceos e derivados, compotas, doces, conservas
e demais preparados vegetais, especiarias, pastifícios, óleos vegetais, água mineral e os aditivos
alimentares – devem ser registrados nas Secretarias de Vigilância do Estado ou Município, com
comercialização permitida em todo território nacional.

tros de produtos de origem animal e a Circular


Produtos registrados no SIPA nº. 06/1986 descreve as Instruções para
Aprovação e Registro de Rótulos e Produtos de
MAPA Origem Animal e estabelece modelo de formu-
lário a ser utilizado para tal procedimento.
A lista de produtos sob registro do MAPA
consta no Decreto nº. 30.691/1952, e com-
preende: carnes e derivados, leite e derivados, Bebidas
pescado e derivados, ovos e derivados, e mel e
cera de abelhas e seus derivados; as bebidas, Para o registro de bebidas deverão ser enca-
categorizadas em não-alcoólicas, dietéticas, minhados os seguintes documentos:
alcoólicas fermentadas, alcoólicas destiladas,
destilados alcoólicos, alcoólicos por mistura e Formulário específico de Registro de Bebi-
alcoólicas retificadas; e os vegetais in natura. da fornecido pelo Ministério da Agricultu-
ra, Pecuária e Abastecimento, devidamen-
te preenchido, contendo a composição do
Produtos de origem animal produto, indicando o percentual dos ingre-
dientes, a função, o nome e o código INS
Para o registro destes produtos é necessário do(s) aditivo(s) utilizado(s);
que sejam apresentados: Leiaute ou Croqui do Rótulo, sem rasuras,
em escala de 1:1, com as cores originais e
Memorial Descritivo da Fabricação ou Mani- devidamente identificadas, e;
pulação do Produto; Declaração de Inexistência de Débito com o
Croquis do Rótulo, em tamanho natural, in- MAPA, assinada pelo legítimo representan-
dicando as cores a serem usadas. te do estabelecimento, com firma reconhe-
cida em cartório.
A Portaria SIPA nº. 14/1985 descreve a sis-
temática vigente para a aprovação dos regis-
36 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

Diferente da ANVISA, o MAPA não aceita Município ou do Estado, conforme a Resolução


o procedimento de registro único. Assim, no nº. 23/2000.
caso de haver um segundo, ou terceiro esta-
belecimento que produza e comercializa uma TABELA 1. Alimentos e embalagens
mesma bebida, o MAPA solicita das unidades dispensados da obrigatoriedade de registro
(Anexo I da RDC/ANVISA nº. 278/2005)
filiais, além dos documentos acima listados, a
seguinte complementação:
Autorização da Unidade Central (unidade CATEGORIAS
detentora do registro inicial do produto)
Café, Cevada, Chá, Erva Mate e Produtos
para Elaboração do Produto, nas unidades
Solúveis
filiais e;
Declaração de que o produto será elaborado Especiarias, Temperos e Molhos
conforme composição da unidade central, Produtos Vegetais (exceto Palmito), Produtos
para o caso de produtos não-padronizados de Frutas e Cogumelos Comestíveis (3)
pelo MAPA. Açúcares e Produtos para Adoçar (1)
Óleos Vegetais, Gorduras Vegetais e Creme
Vegetal

Produtos registrados no Chocolate e Produtos de Cacau

MS - ANVISA Aditivos Aromatizantes/Aromas


Gelados Comestíveis e Preparados para
Gelados Comestíveis
A Resolução/ANVISA nº. 23/2000 dispõe so-
bre o manual de registro e dispensa da obriga- Alimentos e Bebidas com informação
nutricional complementar
toriedade de registro de produtos alimentícios e
descreve os procedimentos a serem adotados. Alimentos adicionados de Alimentos Essenciais
A Resolução de Diretoria Colegiada da AN- Embalagem
VISA, RDC nº. 278/2005 dispõe sobre a apro-
vação das categorias de alimentos e embala- Misturas para o Preparo de Alimentos e
Alimentos Prontos para o Consumo
gens dispensados e com obrigatoriedade de
registro no Ministério da Saúde, revogando os Gelo
Anexos I e II da Resolução nº. 23/2000. Produtos de Cereais, Amidos e Farinhas e
Diferentemente do registro individual de Farelos
cada estabelecimento, o registro do produto
Balas, Bombons e Gomas de Mascar
pode ser único, ou seja, estendido, para todas
as unidades fabris da empresa. Enzimas e Preparações Enzimáticas (2)
Produtos Protéicos de Origem Vegetal
Alimentos e embalagens (1) Adoçante de Mesa – desde que os edulcorantes e
veículos estejam previstos em Regulamentos Técnicos
dispensados da obrigatoriedade específicos.
(2) Enzimas e Preparações Enzimáticas – desde que
de registro previstas em Regulamentos Técnicos específicos, inclusive
suas fontes de obtenção e atendam as especificações
estabelecidas nestes regulamentos.
(3) Cogumelos Comestíveis – nas formas de apresentação:
O estabelecimento deverá comunicar, den-
inteiras, fragmentadas, moídas e em conserva.
tro do prazo de 10 dias após o início da pro-
dução, sua fabricação à Vigilância Sanitária do
Regularização Sanitária 37

TABELA 2. Alimentos e embalagens com


Alimentos e embalagens com obrigatoriedade de registro (Anexo II da RDC/
obrigatoriedade de registro ANVISA nº. 278/2005)

Conforme Anexo II da RDC nº. 278/2005 CATEGORIAS


(ver TABELA 2), deverão apresentar a seguinte
documentação à Secretaria de Vigilância Sani- Vegetais em Conserva (Palmito)
tária Estadual ou Municipal para se proceder Adoçante Dietético
ao registro dos produtos: Sal
Cópia do Alvará Sanitário do Estabeleci-
mento; Água Mineral Natural e Água Natural
Formulários de Petição – FP1 e FP2 (Anexos Aditivos
V e VI da Resolução nº. 23/2000);
Coadjuvantes de Tecnologia
Comprovante de Pagamento da Taxa de Fis-
calização Sanitária; Alimentos para Nutrição Enteral
Modelo do Rótulo ou dizeres da rotulagem; Sal Hipossódico / Sucedâneos do Sal
Ficha de Cadastro da Empresa (Anexo IV da
Novos Alimentos ou Novos Ingredientes
Resolução nº. 23/2000), e;
Laudo favorável da Análise do Regulamento Embalagens Novas Tecnologias (Recicladas)
Técnico Específico do Produto. Alimentos com alegação de Propriedades
Funcional e/ou de Saúde
Caso algum produto não conste em ne- Alimentos Infantis
nhum dos anexos apresentados nas TABELAS
1 e 2, o empreendedor deverá apresentar uma Suplemento Vitamínico e/ou Mineral
proposta do Regulamento Técnico Específico Alimentos para dietas com Restrição de
ou do Padrão de Identidade e Qualidade, com Nutrientes
base nas referências internacionais, em ordem Alimentos para Controle de Peso
de prioridade: Codex Alimentarius, Comunida-
Alimentos para Praticantes de Atividade Física
de Européia, ou Code of Federal Regulations
do FDA/USA; juntamente com a legislação so- Alimentos para dietas com Ingestão
bre o produto em outros países para a aprova- Controladas de Açúcar
ção do registro para sua comercialização. Alimentos para Idosos
Alimentos para Gestantes e Nutrizes
Substâncias Bioativas e Probióticos Isolados
com alegação de propriedades funcional e/ou
de saúde
Águas adicionadas de Sais
38 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

Rotulagem de alimentos
A rotulagem de produtos alimentícios é a
forma como as empresas se comunicam com
Denominação de venda
os seus clientes sobre as especificações e com-
É o nome do produto, que deve estar de
posição, condições de uso, consumo e armaze-
acordo com uma das denominações defini-
namento, origem, prazo de validade, data de
das no Regulamento Técnico (RT) e Padrão de
fabricação e informações nutricionais de seus
Identidade e Qualidade (PIQ) do produto, sen-
produtos.
do facultado o uso de denominação consagra-
Ela representa o direito do consumidor em
da, de fantasia, de fábrica ou marca registrada
conhecer o que consome, e é entendida como
juntamente à denominação do RT de PIQ, e
toda inscrição, legenda, imagem ou toda ma-
palavras ou frases necessárias para evitar que o
téria descritiva ou gráfica, escrita, impressa, es-
consumidor seja induzido ao erro ou engano,
tampada, gravada, gravada em relevo, litografa-
respeitando-se as condições físicas e a nature-
da, ou colada sobre a embalagem do alimento.
za do alimento.
Todo alimento que seja embalado na ausên-
cia do cliente, indistintamente de sua origem,
pronto para a oferta ao consumidor deve ser Lista de ingredientes
rotulado segundo a legislação específica, ten-
do como princípio as seguintes normas: Todos os ingredientes deverão ser declara-
dos em ordem decrescente do seu percentual
Resolução RDC/ANVISA nº. 259/2002 no alimento, precedidos da expressão ‘ingre-
Portaria/MAPA nº. 371/1997 dientes:’ ou ‘ingr.:’, exceto quando se tratar de
Instrução Normativa do MAPA nº. 22/2005 alimentos com um único ingrediente.
A água deve ser declarada na lista de ingre-
dientes, com exceção das salmouras, xaropes,
caldos, molhos ou similares.
Informações obrigatórias Quando se tratar de alimento a ser recons-
tituído para o consumo, permite-se ordenar os
A rotulagem obrigatória, caso o Regulamen- ingredientes no alimento reconstituído, desde
to Técnico do produto não especifique nada que acompanhado da expressão ‘ingredientes
contrário, deverá conter as seguintes informa- do produto preparado segundo as indicações
ções (Resolução RDC/ANVISA nº. 259/2002): do rótulo’.
No caso de mistura de frutas, hortaliças,
Denominação de venda do alimento especiarias ou plantas aromáticas em que não
Lista de ingredientes haja predominância significativa de nenhum
Conteúdos líquidos deles, estes podem ser listados em ordem não
Identificação de origem decrescente, desde que acompanhado da ex-
Identificação do lote pressão ‘em proporção variável’.
Prazo de validade Quando for utilizado um ingrediente com-
Instruções sobre o preparo e uso do alimen- posto estabelecido pelo Codex Alimentarius
to, quando necessário ou RT específico, ao se declarar este na lista
Regularização Sanitária 39

de ingredientes, deverá ser colocado em pa- pelo menos o mês/ano, para produtos com va-
rênteses, também em ordem decrescente, os lidade superior a 3 meses, ou o dia/mês para
ingredientes que compõem este ingrediente produtos com validade inferior a 3 meses.
composto, especialmente os aditivos alimenta- Após uma das expressões, ao invés da cita-
res coadjuvantes de tecnologia. ção do prazo de validade, pode ser indicado de
Por fim, os aditivos alimentares devem ser forma clara o local onde ele se situa na emba-
declarados ao final da lista seguidos da sua lagem do produto.
função, nome completo e/ou número INS do Estão dispensados da definição do prazo
Codex Alimentarius. de validade, os vegetais in natura, vinhos de
frutas e seus derivados, vinagres, bebidas alco-
ólicas com teor de álcool superior a 10% (v/v),
Conteúdos líquidos açúcar sólido e seus derivados de confeitaria,
produtos panificados cujo consumo se dê em
Devem ser descritos conforme os RT de
24 horas, sal e alimentos cujo seu RT isente a
cada produto.
declaração do prazo de validade.
Por fim, caso o produto exija condições es-
Identificação de origem peciais para sua conservação, deverá ser indi-
cado o prazo de validade juntamente com as
Deve constar a razão social, endereço com- temperaturas máximas e mínimas que garan-
pleto, número de registro ou o código de iden- tam tal prazo, como por exemplo: ‘validade a
tificação junto ao órgão competente (SIM, SIE, -18 °C (freezer).’, ‘validade a -4 °C (congela-
SIF e/ou registro no MS), juntamente com uma dor).’ e ‘validade a 4 °C (refrigerador).’
das expressões ‘Fabricado no Brasil’, ou ‘Pro-
duto Brasileiro’ ou ‘Indústria Brasileira’.
Instruções de preparo e uso do
Identificação do lote produto
Deverão ser declaradas de forma clara, não
Deverá constar, dentre as informações de
ambígua, sem margem a falsas interpretações,
rotulagem, a identificação do lote a que per-
referindo-se aos tratamentos como, por exem-
tence tal produto, definido de acordo com cri-
plo, reconstituição ou descongelamento a que
térios de cada estabelecimento. A identificação
devem ser submetidos os produtos para o seu
do lote se dará pela expressão ‘Lote’ ou pela
correto consumo.
inicial ‘L’ seguido do código chave do lote. A
codificação dos lotes deverá estar à disposição
das autoridades competentes. A data de fabri- Considerações sobre a
cação ou o prazo de validade poderão ser utili-
zados para a identificação do lote.
denominação de venda,
quantidade nominal e qualidade
Prazo de validade do produto
Deve ser precedido por uma das expressões A denominação de venda, a quantidade
‘consumir antes de’, ‘consumir preferencial- nominal, e a qualidade ou pureza do produto
mente antes de’, ‘válido até’, ‘validade’, ‘val:’, quando regulamentada por RT deverão cons-
‘vencimento’, ‘vence’, ‘vto:’ ou ‘venc:’. Deve- tar no painel principal do rótulo, em contraste
rá ser indicado, em caracteres alfa-numéricos, de cores que assegurem clara visibilidade.
40 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

O tamanho das letras não deverá ser infe- industria.pdf e www.anvisa.gov.br/alimentos/


rior a 1 mm. Com exceção das especiarias, as rotulos/manual_consumidor.pdf
unidades pequenas dos produtos alimentícios
cuja área da embalagem seja inferior a 10 cm²,
estão isentas da rotulagem obrigatória com-
Informações obrigatórias
pleta, devendo apresentar no mínimo a deno-
Segundo a RDC nº. 360/2003, as informa-
minação de venda e a marca do produto.
ções obrigatórias na rotulagem nutricional são:
Demais informações, desde que não tra-
valor energético, carboidratos, proteínas, gor-
gam engano, falsa interpretação ou prejuízo
duras totais, saturadas e trans, e sódio. As vita-
ao consumidor, poderão ser declaradas nos
minas e demais sais minerais têm sua declara-
rótulos como: produto da agricultura familiar,
ção nutricional opcional, quando presentes em
certificação orgânica, certificação de origem,
quantidades iguais ou superiores a 5% do nível
etc. No caso de informações sobre certificação,
de ingestão diário, conforme o Anexo A da Re-
deve-se ainda observar a legislação vigente so-
solução. A qualidade nutricional deve ser dada
bre o tipo declarado.
por porção característica do alimento, disposta
na Resolução RDC nº. 359/2003, devendo ain-
da ser apresentado o percentual da ingestão
Rotulagem nutricional recomendada diária do nutriente que é suprida
com a ingestão de uma porção do alimento.
obrigatória
Produtos dispensados da
A rotulagem nutricional dos alimentos
complementa o direito à informação dos con-
rotulagem nutricional obrigatória
sumidores sobre o que consomem e em que
Conforme RDC nº. 359/2003, são dispen-
qualidade nutricional. Tanto os alimentos regu-
sados da rotulagem nutricional obrigatória os
lamentados pela ANVISA quanto pelo MAPA
seguintes produtos:
deverão seguir as instruções da rotulagem nu-
Bebidas alcoólicas, aditivos alimentares e
tricional.
coadjuvantes de tecnologia, especiarias, águas
A legislação vigente sobre a rotulagem nu-
minerais naturais e demais águas de consumo
tricional compreende:
humano, vinagres, sal (cloreto de sódio), café,
Resolução RDC/ANVISA nº. 360/2003, que
erva mate, chá e outras ervas sem adição de
trata das informações nutricionais obrigatórias,
outros ingredientes, alimentos preparados e
da disposição e regras para a declaração de
embalados em restaurantes e estabelecimen-
tais informações, combinada com a Resolução
tos comerciais, prontos para o consumo, pro-
RDC/ANVISA nº. 359/2003, que dispõe sobre
dutos fracionados nos pontos de venda a vare-
as porções dos alimentos para fim da rotula-
jo, comercializados como pré-medidos, frutas,
gem nutricional.
vegetais e carnes in natura, refrigerados e con-
Para facilitar o entendimento sobre a rotu-
gelados, e os alimentos com embalagens cuja
lagem dos alimentos, principalmente a nutri-
superfície visível para rotulagem seja menor ou
cional, a ANVISA elaborou duas cartilhas ex-
igual a 100 cm², exceto quando se tratar de ali-
plicativas sobre a rotulagem nutricional, uma
mentos para fins especiais ou que apresentem
destinada aos produtores de alimentos e a
declarações de propriedades nutricionais.
outra destinada aos seus consumidores, que
podem ser acessadas, respectivamente, nos
endereços: www.anvisa.gov.br/rotulo/manual_
Regularização Sanitária 41

Modelos de rotulagem
A forma de disposição da rotulagem nutricional segue 3 padrões claros, especificados pela
RDC 360/2003, conforme os modelos a seguir:

Tabela: Modelo Vertical A

INFORMAÇÃO NUTRICIONAL
Para uma porção de __ g ou __ ml (medida caseira)

Quantidade por Porção % VD (*)


Valor energético __ kcal = __ kJ
Carboidratos __ g
Proteínas __ g
Gorduras Totais __ g
Gorduras Saturadas __ g
Gorduras Trans __ g (não declarar)
Fibra Alimentar __ g
Sódio __ mg
“Não contém quantidade significativa de (valor energético) e ou o(os) nome(s) do(s) nutriente(s).” Esta frase
pode ser empregada quando se utiliza declaração nutricional simplificada
* % Valores Diários com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8.400 kJ. Seus valores diários podem ser maiores
ou menores dependendo de suas necessidades energéticas.

Tabela: Modelo Vertical B

Quantidade por Porção % VD * Quantidade por Porção % VD *


INFORMAÇÃO
NUTRICIONAL Valor energético kcal = kJ Gorduras Saturadas __ g
Porção __ g ou __ Carboidratos __ g Gorduras Trans __ g (não declarar)
ml Proteínas __ g Fibra Alimentar __ g
(medida caseira)
Gorduras Totais __ g Sódio __ mg
“Não contém quantidade significativa de (valor energético) e ou o(os) nome(s) do(s) nutriente(s).”
Esta frase pode ser empregada quando se utiliza declaração nutricional simplificada
* % Valores Diários com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8.400 kJ. Seus valores diários podem ser maiores
ou menores dependendo de suas necessidades energéticas.

Tabela: Modelo Linear

INFORMAÇÃO NUTRICIONAL: Porção __ g ou __ ml; (medida caseira); Valor Energético __ kcal = __ kJ (%VD);
Carboidratos __ g (%VD); Proteínas __ g (%VD); Gorduras Totais __ g (%VD); Gorduras Saturadas __ g (%VD);
Gorduras Trans __ g; Fibra Alimentar __ g (%VD); Sódio __ mg (%VD).

“Não contém quantidade significativa de (valor energético) e ou o(os) nome(s) do(s) nutriente(s).” Esta frase
pode ser empregada quando se utiliza declaração nutricional simplificada

* % Valores Diários com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8.400 kJ. Seus valores diários podem ser maiores
ou menores dependendo de suas necessidades energéticas.
42 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

A Portaria/SVS nº. 27/1998 é a normatiza-


Determinação de teor de ção vigente que trata da rotulagem nutricional
nutrientes complementar.
Caso a complementaridade da rotulagem
A determinação do teor de cada nutriente nutricional obrigatória seja inerente ao tipo
é dada ou pela análise físico-química do ali- de alimento e não ao produto/marca especí-
mento em questão, ou com base nas tabelas fico então deverá ser declarado que essa pro-
de referências que dispõem a composição de priedade complementar é comum a todos os
diversos produtos, sendo que as principais re- alimentos deste tipo, como por exemplo, a ci-
ferências sobre composição nutricional de ali- tação - não contém colesterol como qualquer
mentos são: óleo vegetal -, utilizada em margarinas ou óle-
os vegetais.
O site da ANVISA, em que de pode ter aces-
so às tabelas de composição de alimentos
desenvolvidas pela UNICAMP e pela USP,
acessível em www.anvisa.gov.br/alimentos/
rotulos/index.htm
O site do Núcleo de Estudos e Pesquisas em
Alimentação da UNICAMP www.unicamp.
br/nepa/taco/
Para os empreendimentos fundamentados
na exploração dos produtos nativos (Cer-
rado, Amazônia, Caatinga, etc) a cartilha
“Alimentos Regionais Brasileiros” elabo-
rada pelo Ministério da Saúde apresenta a
composição das principais frutas, hortaliças,
leguminosas, preparações especiais e tubér-
culos por região geográfica do país. Esta
cartilha está disponível em: www.saude.
gov.br/nutricao/publicacoes.php

Rotulagem nutricional
complementar
São exemplos de informação nutricional
complementar os uso das expressões ‘light’,
‘pobre’, ‘sem adição de’, ‘rico em’, ‘fonte de’
e ‘isento de’. Assim, duas formas podem ser
compreendidas como informação nutricional
complementar: o realce de propriedades par-
ticulares como nos alimentos ‘isentos de’ ou
‘fontes de’ algum nutriente específico; e a
comparação das informações nutricionais do
alimento com outro similar comum nas defini-
ções de alimentos ‘light’ ou ‘ricos em’.
Regularização Sanitária 43

Boas Práticas de Fabricação


De acordo com a ANVISA, as Boas Práticas
de Fabricação (BPF) abrangem um conjunto de Diretrizes para as Boas
medidas que devem ser adotadas pelas indús-
trias de alimentos a fim de garantir a qualida- Práticas de Fabricação
de sanitária e a conformidade dos produtos
alimentícios com os regulamentos técnicos. A A Portaria MS nº. 1.428/1993 estabelece as
legislação sanitária federal regulamenta essas diretrizes a serem seguidas para a construção
medidas em caráter geral, aplicável a todo o das BPF dos estabelecimentos manipuladores
tipo de indústria de alimentos e específico, vol- de alimentos, que deve conter:
tadas às indústrias que processam determina-
das categorias de alimentos. www.anvisa.gov.
br/alimentos/bpf.htm
Padrão de Identidade e
A seguinte legislação dispõe sobre o esta- Qualidade
belecimento das Boas Práticas de Fabricação
(BPF), bem como de outros itens correlaciona- compreende os padrões a serem adotados
dos: inspeção sanitária, Padrões de Identidade pelo estabelecimento, com relação principal-
e Qualidade, Procedimentos Operacionais Pa- mente aos produtos finais;
drão e a Lista de Verificação das BPF:

Portaria nº. 1.428/1993 do MS


Condições Ambientais
Portaria nº. 368/1997 do MAPA compreendem as informações das condi-
Portaria nº. 326/1997 do MS/SVS ções internas e externas do ambiente, inclusi-
Resolução RDC/ANVISA nº. 275/2002 ve as condições de trabalho, de interesse da
Vigilância Sanitária, e os procedimentos para
É necessário que cada estabelecimento te- controle sanitário de tais condições;
nha seu Manual de Boas Práticas de Fabrica-
ção, que detalhe sobre as condições higiênico-
sanitárias dos processos de manipulação dos Instalações e Saneamento
alimentos, higienização dos equipamentos,
utensílios, instalações e edificações dos esta- informações sobre a planta baixa do esta-
belecimentos, além do estabelecimento dos belecimento, materiais de revestimento, insta-
requisitos mínimo de sanidade dos edifícios, lações elétricas e hidráulicas, serviços básicos
instalações, equipamentos e utensílios, do de saneamento, e os respectivos controles sa-
controle do abastecimento da água, da saúde nitários;
e higiene dos manipuladores de alimentos, do
controle integrado de pragas e vetores, e do
controle e a garantia da qualidade dos produ-
Equipamentos e Utensílios
tos finais. informações referentes aos equipamentos e
utensílios utilizados nos distintos processos tec-
nológicos, e os respectivos controles sanitários;
44 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

Recursos Humanos Exposição e Comercialização


informações sobre o processo de seleção, informações sobre as normas de exposição do
capacitação e de ocupação, bem como o con- produto e/ou utilização no comércio e o neces-
trole da saúde do pessoal envolvido com o pro- sário controle higiênico sanitário;
cesso de produção e/ou prestação de serviços
na área de alimentos e do responsável técnico
pela implementação da presente norma;
Desinfecção
plano de sanitização utilizado e a forma de
Tecnologia Empregada seleção dos produtos usados pelos estabeleci-
mentos.
informações sobre a tecnologia usada para
obtenção do padrão de identidade e qualidade
adotado;
Condições higiênico-
Controle de Qualidade sanitárias
informações sobre os métodos e procedimen-
No sentido de estabelecer as condições higi-
tos utilizados no controle de todo o processo;
ênico-sanitárias dos estabelecimentos e mani-
puladores de alimentos as Portarias MS/SVS nº.
Garantia de Qualidade 326/1997 e MAPA nº. 368/1997 apresentam
o Regulamento Técnico das condições higiêni-
informações sobre a forma de organização, co-sanitárias na área de alimentos, dentre os
operacionalização e avaliação do sistema de quais, seguem os principais pontos:
controle de qualidade do estabelecimento;
Localização
Armazenagem e Transporte
Os estabelecimentos devem estar instalados
informações sobre a forma de armazenamento em áreas livres de odores, fumaças, pós e ou-
e de transporte dos produtos visando garantir tros contaminantes que possam contaminar os
a sua qualidade e os respectivos controles sa- alimentos, livres de acúmulo de lixo e livre de
nitários; riscos de inundações;

Informações ao Consumidor Vias de Acesso Interno


informações a serem repassadas ao consumi- A área dos terrenos externa às unidades de
dor capazes de orientá-lo na forma de utiliza- manipulação devem ser devidamente pavi-
ção do produto e/ou do serviço; mentadas, resistentes e adequadas ao trânsito
sobre rodas, e possuir inclinação ao escoamen-
to adequado;
Regularização Sanitária 45

Leiaute Equipamentos e Utensílios


O desenho dos estabelecimentos deve levar Todos os equipamentos e utensílios utilizados
em consideração a compartimentação destes para a manipulação dos alimentos devem ser
com o propósito de se evitar o fluxo cruzado de material resistente, não absorvente e não-
entre os processos, desde a recepção das ma- corrosivo, não devem possuir rugosidades, po-
térias-primas até o armazenamento dos pro- ros e frestas que possam comprometer a sua
dutos finais, reduzindo dessa forma os riscos higienização, e não devem transmitir odores,
de contaminação cruzada entre as matérias- sabores e substâncias tóxicas aos alimentos
primas, material em processo, resíduos dos que venham a ter contato direto ou indireto
processos e produtos acabados. Deve atentar com os mesmos.
para a existência de espaços suficientes para
o trabalho. As áreas de manipulação dos ali-
mentos não devem ter contato direto com os
Matérias-Primas
vestiários, os banheiros e as áreas externas aos
Estas devem ser produzidas, cultivadas, cria-
estabelecimentos;
das, extraídas, colhidas, transportadas e/ou ar-
mazenadas em áreas e sob condições isentas
Edificações e Instalações de contaminação e evitando-se a degeneração
das mesmas, não devendo ser recepcionadas
Nas áreas de manipulação deve-se atentar às matérias-primas em estágio de deterioração ou
condições higiênico-sanitárias dos pisos, pare- que contenham contaminação físico-química
des, tetos, portas e janelas que em linhas ge- e/ou biológica que não possam ser reduzidos
rais devem ser impermeáveis e laváveis, devem pelas operações regulares no seu processa-
evitar o acúmulo de sujeira e condensação mento.
de vapores. Os pisos devem ser resistentes ao
trânsito e choques mecânicos, além de possuir
inclinação adequada ao escoamento das águas
Abastecimento de Água
de lavagem, os ângulos entre as paredes com
Toda a água sob as formas líquidas, de vapor,
os pisos e tetos devem ser de fácil higieniza-
ou gelo deve possuir padrão físico, químico e
ção, e as portas e janelas voltadas ao meio ex-
biológico que garantam a sua potabilidade. A
terno devem estar devidamente teladas para
Portaria/ANVISA nº. 518/2004 estabelece os
evitar a entrada de insetos, e outras pragas e
procedimentos e a responsabilidade da vigilân-
contaminantes. A iluminação e a ventilação
cia e do controle da potabilidade da água.
devem ser adequadas ao conforto dos colabo-
radores, a iluminação natural é um bom agen-
te antimicrobiano. Além do mais, deve se ter Saúde e Higiene dos
instalações adequadas para a limpeza e desin-
fecção dos equipamentos e utensílios e para a
Manipuladores
lavagem das mãos. Por fim, os estabelecimen-
No caso dos manipuladores possuírem feridas
tos devem dispor de abastecimento abundante
ou padecerem de enfermidades contagiosas,
de água potável, além de um sistema eficaz de
eles não deveram manipular e nem trabalhar
eliminação e tratamento de efluentes e demais
nas áreas onde ocorram manipulação de ali-
resíduos;
mentos, e dos utensílios e equipamentos que
entrem em contato com estes. Os manipula-
46 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

dores devem ser submetidos rotineiramente a Instalações da Agroindústria


consultas de exames para a avaliação de suas
condições de saúde, eles ainda devem possuir Localização
uma boa higiene pessoal e não praticarem atos Onde a agroindústria está localizada (área ru-
que possam contaminar os alimentos durante ral). Qual o tipo de cerca. Como é o prédio
sua manipulação como comer, fumar, tossir, (como é sua construção, estrutura civil, área
etc. É obrigatório que os manipuladores sejam disponível do prédio e da propriedade, vizi-
orientados e capacitados adequada e continu- nhança, entre outras informações que julgar
amente sobre a manipulação de alimentos e importante).
a higiene pessoal em condições higiênico-sa-
nitárias. Vias de Acesso Interno
Como são as áreas externas e internas da
agroindústria, o que ou quem circula em cada

Sugestão de Roteiro uma delas. Como os pisos são revestidos.


Como é o revestimento.

para Elaboração do Edifícios e Instalações

Manual de BPF Área de produção – Como é a área destinada


à produção. Qual o revestimento utilizado em
paredes, pisos e tetos. Como são as janelas.
*Adaptado do Material: “Recomendações Bá- Área de estoque de matéria-prima – Idem
sicas para a Aplicação das Boas Práticas Agro- ao anterior.
pecuárias e de Fabricação na Agricultura Fami- Área de embalagem primária e secundária
liar”, da SAF/MDA. – Idem ao anterior.
Divisórias – Idem ao anterior
Manual de Boas Práticas de Banheiros e vestiários – Idem ao anterior, in-
Fabricação clusive mostrando os tipos de louças utilizadas.
Higiene das mãos – Quais os equipamentos
Nome da Agroindústria para higiene das mãos.
Mês/Ano Iluminação e instalações elétricas – Como é
o esquema de iluminação, como são as lumi-
nárias, onde iluminam. Mencionar se as insta-
Identificação da Agroindústria lações são internas ou externas.
Armazenamento de lixos e materiais não
Nome: comestíveis – Qual é o procedimento deste
Endereço: item.
Telefone: Descarte de resíduos – Como é realizado o
CNPJ, IE, Cadastro de produtor: descarte de resíduos (lixos). Mencionar se tem
tratamento de efluentes e como é feito.
Relação dos Produtos e suas Abastecimento de água potável – Como é
realizado o abastecimento de água e de onde
Disposições vem esta água.
Abastecimento de energia elétrica – Como
Explicar quais são os produtos e como estão
é realizado este abastecimento (gerador qual e
dispostos, incluindo os registros, se houver (ou
potência ou concessionária rural).
uma menção da dispensa de registro).
Regularização Sanitária 47

Equipamentos e Materiais Enfermidades contagiosas


Descrever como são construídos os equipa- Qual a política da agroindústria para evitar
mentos e utensílios que ajudam na elaboração que pessoas com enfermidades contagiosas
do produto. venham a trabalhar diretamente na área pro-
dutiva.
Sanitização das Instalações
Feridas
Área de Produção Idem.
Como são realizados estes procedimentos nes-
tas áreas e quais são os POPS relacionados. Sanitização das mãos
Onde, como e quando são realizados estes
Áreas de recebimento de matéria-prima procedimentos.
Idem.
Higiene pessoal e uniformização
Áreas de estoque de matéria-prima Descrever quais são os requisitos da agroindús-
Idem. tria quanto a estes itens.

Áreas externas e de estoque de produtos finais Conduta pessoal


Idem. Descrever qual a política da agroindústria
quanto ao comportamento, hábitos higiênicos
Áreas administrativas e fumo dos funcionários.
Idem.
Visitantes e técnicos de manutenção
Recipientes de lixo e paletes Descrever a política da agroindústria para a vi-
Idem. sita dentro das instalações, principalmente da
área produtiva (que tem contato direto como
Utensílios alimento).
Idem.
Requisitos Operacionais
Uniformes
Idem. Recebimento de matéria-prima
Quais são os requisitos básicos para este item.
Requisitos de Saúde e Higiene
Estocagem de matérias-primas
Pessoal Descrever para cada uma das matérias-primas
como são estocadas e quais os requisitos es-
Exames admissionais e periódicos senciais para sua conservação.
Quais são realizados, onde e como. Onde são
guardados os registros deste exames. Estoque de produto final
Idem ao anterior.
Estado de saúde
Avaliação, registro e comunicação do estado Recebimento e estocagem de produtos químicos
de saúde dos colaboradores, a fim de se tomar Onde e como é realizado. Quais os cuidados
providências em caso de doenças e enfermi- mínimos.
dades;
48 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

Produção de produtos
Descrever brevemente como é a produção de Lista de verificação
cada um dos produtos, quais os cuidados bá-
sicos na preparação, e como é realizada a su- (check list) das BPF
pervisão.
A RDC nº. 275/2002 traz a lista de verifica-
Controle de qualidade ção (check-list) das BPF nos estabelecimentos
Se existem, quais são os critérios e como é rea- processadores de alimentos. A lista de verifi-
lizado o controle de qualidade. cação apresenta todos os pontos a serem ob-
servados para saber se o estabelecimento está
Responsabilidade técnica e supervisão em conformidade com as Boas Práticas de Fa-
Descrever quem são os encarregados de super- bricação, sendo utilizada nas inspeções sanitá-
visionar os processos de produção, transmitir rias para: comunicação do início de fabricação
e capacitar sobre informações de qualidade e de produto dispensado da obrigatoriedade
segurança dos alimentos. de registro, inspeção programada, programas
específicos de vigilância sanitária, reinspeção,
renovação de licença sanitária, renovação de
Controle de Pragas (insetos, roedores registro, solicitação de licença sanitária, solici-
e outros animais) tação de registro, verificação ou apuração de
denúncia, além de outros motivos.
Controle nas instalações A lista compõe os pontos de avaliação sobre:
Qual a política da agroindústria para prevenir a
entrada de pragas no empreendimento. Como Edificações e instalações – leiaute, áreas
são realizados os controles. interna e externa, acessos, pisos, tetos, pa-
redes, portas, janelas e outras aberturas e
Controle entre o pessoal divisórias, instalações sanitárias, elétricas,
Quais são as diretrizes da agroindústria rela- escadas, elevadores e outras estruturas au-
cionadas à orientação do pessoal quanto ao xiliares, ventilação e climatização, abasteci-
comportamento para prevenção do controle mento de água, escoamento de efluentes
de pragas. Como são realizadas as inspeções líquidos e destinação dos resíduos, higieni-
por parte dos funcionários para detecção de zação das instalações e demais pontos;
pragas. Equipamentos, móveis e utensílios – suas
condições e higienização;
Documentação e Registros Manipuladores – vestuário, equipamentos
de proteção individual, higienização, estado
Relacionar brevemente quais as documen- de saúde e programa de controle da saúde,
tações (POPS, PPHO) que existem na agroin- programas de capacitação e treinamento;
dústria, quem é responsável por executá-las e Processamento em geral – condições das
quais as pessoas treinadas em cada uma delas matérias-primas, ingredientes e embala-
(registro de treinamento). gens, fluxo de produção, rotulagem, arma-
zenamento e transporte do produto final,
controle de qualidade e atendimento ao
Padrão de Identidade e Qualidade dos Pro-
dutos;
Documentação – manual de BPF e dos pro-
cedimentos operacionais padrão.
Regularização Sanitária 49

Procedimento Sugestão de roteiro


Operacional Padrão de para a confecção de
Higienização – POP E um Procedimento
POPH Operacional
Os POPs são ferramentas complementares Padronizado*
ao Manual de Boas Práticas de Fabricação.
Tratam-se de documentos escritos de forma *Adaptado do material: “Recomendações Básicas
clara e objetiva que estabelecem as instruções para a Aplicação das Boas Práticas Agropecuárias
e de Fabricação na Agricultura Familiar”, da SAF/
seqüenciais para a realização das operações
MDA.
rotineiras e específicas ligadas à produção, ao
armazenamento e ao transporte de alimentos.
Logomarca da agroindústria
A padronização visa assegurar a qualidade
Procedimento operacional padrão
dos produtos e serviços, pois trata exatamente
Título número: pop
da continuidade da operacionalização homo-
Descrição sucinta do título do procedimento
gênea dos processos, assegurando a produção
Revisão
dos produtos com o mesmo padrão.
Página X de Y
Cada procedimento operacional deverá
descrever as operações unitárias que formam
o conjunto dos POPs, contendo as freqüências Objetivo
de cada operação, o uso dos devidos Equi-
pamentos de Proteção Individual, insumos e Descrição do objetivo direto do documento.
utensílios necessários, e o nome, o cargo e a Devem ser respondidas as seguintes pergun-
função dos seus responsáveis. Por fim, os POPs tas: Para que se destina o documento e a quem
devem estar acessíveis aos responsáveis por se destina? Normalmente se inicia com a se-
sua execução e às autoridades sanitárias, e po- guinte afirmação: “Este documento tem como
dem ser apresentados como anexo do Manual objetivo”.
das Boas Práticas de Fabricação. Os funcioná-
rios deverão ser devidamente capacitados para Campo de aplicação
a execução de cada POP.
Estes POPs deverão ser aprovados, data- Descrição das áreas ou setores onde o procedi-
dos e assinados pelos responsáveis técnicos, mento será aplicado. Pode ser uma área/setor
operacionais, legais ou proprietários dos es- ou mais de um. No caso de o procedimento
tabelecimentos, com o compromisso de suas ser aplicado em toda a agroindústria, deve ser
implementações, monitoramentos, avaliações, mencionada a seguinte descrição: “Todos os
registros e manutenções. setores/áreas da agroindústria”.

Procedimento
Neste item, todos os passos dos procedimen-
tos devem ser detalhadamente descritos em
itens numerados.
50 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

Freqüência Aprovação
Estabelecimento da periodicidade que o proce- Nome de quem aprovou o procedimento ela-
dimento deve ser realizado. Em casos comple- borado e revisto. Deve ser um membro da
xos, deve-se recorrer a tabelas. agroindústria.
Assinatura.
Responsável(is) pelo procedimento Data.

Todas as pessoas que sejam responsáveis por


pelo menos uma etapa do procedimento.
Enquadramento
Equipamentos de proteção Individual sanitário das
Descrição de todos os equipamentos de prote-
ção individual (EPI) necessários. Em casos espe-
agroindústrias de
cíficos, detalhar a etapa em que é necessária a
sua utilização.
cosméticos
O enquadramento sanitário dos produtos
Observações importantes cosméticos é mais simplificado do que o ali-
mentício no que se refere à existência de ape-
Descrição de observações que não estejam nas um órgão regulador, que é a ANVISA.
contempladas nos itens anteriores e que são As normas mais importantes que regulam
importantes para a realização do procedimen- os produtos cosméticos e os empreendimen-
to. tos fabricantes podem ser encontradas através
do link: www.anvisa.gov.br/cosmeticos/legis/
index.htm
Elaboração De forma similar ao enquadramento sanitá
rio para a indústria de alimentos, a indústria
Nome de quem elaborou o procedimento.
cosmética deve executar basicamente os mes-
Pode ser mais de uma pessoa.
mos procedimentos:
Assinatura.
a. Registro das unidades de processamento:
Data.
Consultar a Secretaria de Vigilância do Mu-
nicípio ou Estado, uma vez que com a ins-
Revisão tauração do Sistema Único de Saúde (SUS),
as ações estaduais, municipais e federal re-
Nome de quem revisou o procedimento elabo- lacionadas a cosméticos, produtos alimentí-
rado. cios, medicamentos e afins, são integradas
Assinatura. e equivalentes em nível nacional;
Data. b. Registro e Rotulagem dos Produtos Cosmé-
ticos – consultar a Resolução/ANVISA nº.
79/2000;
c. Adoção de ferramentas de controle e ga-
rantia de qualidade nas unidades processa-
doras: Boas Práticas de Fabricação, Procedi-
mentos Operacionais Padronizados, etc.
Regularização Sanitária 51

Resolução RE nº. 88/2004 - Determina a pu-


Enquadramento blicação da “Lista de referências bibliográfi-
cas para avaliação de segurança e eficácia
sanitário das de Fitoterápicos”;
Resolução RE nº. 90/2004 - Determina a
agroindústrias de publicação da “Guia para a Realização de
Estudos de Toxicidade pré-clínica de Fitote-
fitoterápicos rápicos”.

O Decreto nº. 5.813/2006 aprova a Política


Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos,
que tem como objetivos a ampliação das op-
ções terapêuticas à população, com garantia
da segurança, eficácia, qualidade e integrali-
dade da atenção à saúde, com a constituição
de um marco regulatório, além do fomento à
pesquisa e o desenvolvimento da cadeia de fi-
toterápicos.
De forma similar ao enquadramento sanitá-
rio para a indústria de alimentos e de cosméti-
cos, a produção de fitoterápicos deve obedecer
a procedimentos similares para sua constitui-
ção enquanto uma atividade comercial regular:

a. Registro das unidades de processamento


junto à Secretaria de Vigilância do Municí-
pio ou Estado;
b. Registro e Rotulagem dos Produtos Cosmé-
ticos – consultar a Resolução/ANVISA nº.
48/2004;
c. Adoção de ferramentas de controle e ga-
rantia de qualidade nas unidades processa-
doras: Boas Práticas de Fabricação, Procedi-
mentos Operacionais Padronizados, etc.

Algumas referências na legislação a serem


consultadas são as seguintes:

Resolução RE nº. 91/2004 - Determina a pu-


blicação da ‘Guia para realização de altera-
ções, inclusões, notificações e cancelamen-
tos pós-registro de Fitoterápicos”;
Resolução RE nº. 89/2004 - Determina a pu-
blicação da “Lista de Registro Simplificado
de Fitoterápicos”;
Quarta Parte

Regularização
Ambiental
54 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

Órgãos ambientais e
competências

ção da Biodiversidade (ICMBio), e os conselhos


Órgãos federais, e comissões como CONAMA, CGEN, CTNBIO.
O CONAMA - Conselho Nacional de Meio
estaduais e municipais Ambiente - assessora, estuda e propõe diretri-
zes de políticas governamentais para o meio
de meio ambiente. ambiente e os recursos naturais. Os textos pro-
duzidos pelo CONAMA têm eficácia legal e dis-
O Sistema Nacional do Meio Ambiente - SIS- ciplinam as principais atividades tratadas neste
NAMA - é constituído por órgãos e entidades capítulo, tais como o licenciamento ambiental
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos de agroindústrias que utilizem produtos não-
territórios e dos municípios, além das Funda- madeireiros.
ções instituídas pelo Poder Público, responsá- Nos estados, em geral, têm-se Secretarias
veis pela proteção e melhoria da qualidade do ou Superintendências Estaduais de Meio Am-
meio ambiente. biente, fundações e órgãos relacionados, res-
A divisão de competências entre os entes ponsáveis pela fiscalização e licenciamento
da federação, em geral, é determinada pelo das atividades ambientais. Em alguns estados,
princípio da predominância do interesse: com- percebe-se uma tendência à especialização dos
pete à União as matérias em que predomine o órgãos, associada a estratégias de regionaliza-
interesse nacional, aos Estados as de interesse ção. Noutros, há uma clara tendência no sen-
regional e aos Municípios as de interesse lo- tido de centralizar as atividades em um único
cal. Entretanto, devemos ter em mente que a órgão.
União, na maioria dos casos, estabelece nor-
mas gerais, que têm de ser seguidas por es-
tados e municípios quando forem editar suas
próprias leis. É assim com o Código Florestal,
com o Código de Pesca e outros textos fede-
rais.
Nesse sentido, temos no âmbito federal
órgãos que buscam implementar políticas em
todo o território nacional, sendo o órgão cen-
tral o Ministério do Meio Ambiente (MMA). Em
sua estrutura destaca-se o Instituto de Meio
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBA-
MA), o Instituto Chico Mendes de Conserva-
Regularização Ambiental 55

Regularização ambiental de
agroindústrias extrativistas

A regularização ambiental de um empre- Redução e eliminação de passivos ambien-


endimento é um requisito legal que deve ser tais;
cumprido por pessoas físicas e/ou jurídicas Facilidade de acesso a crédito e financia-
sempre que pretenderem iniciar ou já tiverem mentos.
iniciado uma atividade que, sob qualquer for-
ma, utilize quaisquer recursos naturais, como é Ao mesmo tempo, ou após a regularização
o caso das agroindústrias ou os diversos tipos das estruturas e das funcionalidades do empre-
de empreendimentos agroextrativistas. endimento, o mesmo deve buscar o registro e
Este procedimento consiste na adequação a formalização dessa regularidade junto aos
estrutural, funcional e organizativa do empre- órgãos públicos competentes, solicitando o Li-
endimento, de modo a evitar ou minimizar cenciamento Ambiental, o Cadastro Técnico,
efeitos gerados pelos processos produtivos que em alguns casos a Autorização Ambiental de
possam ser nocivos ao solo e subsolo, águas Funcionamento, entre outros possíveis docu-
superficiais e subterrâneas, à qualidade do ar, mentos.
aos ecossistemas locais em todo seu conjunto,
à qualidade de vida da população circunvizi-
nha, entre outros aspectos ambientais.
Com isso o empreendimento pode, além de Licenciamento ambiental
contribuir para o estabelecimento de uma boa
qualidade ambiental, obter benefícios como: O artigo 1º, inciso I, da Resolução CONAMA
n° 237, de 19 de dezembro de 1997, traz o
Redução de custos em decorrência do me- seguinte conceito de licenciamento ambiental:
nor consumo de matérias-primas e energia; “Procedimento administrativo pelo qual o
Redução de custos com menor geração de órgão ambiental competente licencia a locali-
resíduos, que podem inclusive compor o zação, instalação, ampliação e a operação de
quadro de fontes de receita, quando tive- empreendimentos e atividades utilizadoras de
rem potencial de reutilização ou consumo; recursos ambientais, consideradas efetiva ou
Eliminação de custos com sanções penais e potencialmente poluidoras; ou aquelas que,
administrativas, bem como multas ambien- sob qualquer forma, possam causar degrada-
tais; ção ambiental, considerando as disposições
Diminuição de conflitos com a comunida- legais e regulamentares e as normas técnicas
de e com organismos fiscalizadores; aplicáveis ao caso”.
Prevenção de acidentes ambientais e dos Para cada etapa do processo de licencia-
custos de sua reparação; mento ambiental, é necessária a licença ade-
56 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

quada: no planejamento de um empreendi-


mento ou de uma atividade, a licença prévia
Licença de Instalação – LI
(LP); na construção da obra, a licença de insta-
A LI autoriza a instalação do empreen-
lação (LI); e, na operação ou funcionamento, a
dimento ou atividade, com a concomitante
licença de operação (LO).
aprovação dos detalhamentos e cronogramas
de implementação dos planos e programas de
Licença Prévia – LP controle ambienta. A LI dá validade à estratégia
proposta para o trato das questões ambientais
A LP funciona como autorização do órgão durante a fase de construção. Ao conceder a
ambiental ao início do planejamento do em- Licença de Instalação, o órgão gestor de meio
preendimento. A Licença Prévia deve ser re- ambiente terá:
querida ainda na fase de avaliação da viabilida-
de do empreendimento. Autorizado o empreendedor a iniciar as
É este documento que aprova a localização obras;
e a concepção, e atesta a viabilidade ambien- Concordado com as especificações cons-
tal do empreendimento ou atividade. Qualquer tantes dos planos, programas e projetos
planejamento realizado antes da Licença Prévia ambientais, seus detalhamentos e respecti-
pode sofrer alteração. vos cronogramas de implementação;
Nessa fase são realizados os seguintes pro- Estabelecido medidas de controle ambien-
cedimentos: tal, com vistas a garantir que a fase de im-
plantação do empreendimento obedecerá
Levantamento dos impactos ambientais e aos padrões de qualidade ambiental esta-
sociais prováveis do empreendimento; belecidos em lei ou regulamentos;
Avaliação dos impactos, quanto à magnitu- Fixado as condicionantes da licença (medi-
de e abrangência; das mitigadoras);
Formulação de medidas capazes de elimi- Determinado que, se as condicionantes não
nar ou atenuar os impactos; forem cumpridas na forma estabelecida, a
Consulta aos órgãos ambientais das esferas licença poderá ser suspensa ou cancelada.
competentes;
Consulta aos órgãos e entidades setoriais, O prazo de validade da Licença de Insta-
em cuja área de atuação se situa o empre- lação será, no mínimo, igual ao estabelecido
endimento; pelo cronograma de instalação do empreendi-
Discussão com a comunidade (caso haja au- mento ou atividade, não podendo ser superior
diência pública) sobre os impactos ambien- a seis anos.
tais e respectivas medidas mitigadoras;
Tomada de decisão a respeito da viabilidade
ambiental do empreendimento, levando em
Licença de Operação – LO
conta a sua localização e seus prováveis im-
A LO autoriza o interessado a iniciar a ope-
pactos, em confronto com as medidas miti-
ração do empreendimento. Tem por finalidade
gadoras dos impactos ambientais e sociais.
aprovar a forma proposta de convívio do em-
preendimento com o meio ambiente, durante
O prazo de validade da Licença Prévia deverá um tempo finito, equivalente aos seus primei-
ser, no mínimo, igual ao tempo necessário para ros anos de operação.
a realização do planejamento, não podendo O prazo de validade da Licença de Opera-
ser superior a cinco anos. ção (LO) deverá considerar os planos de con-
Regularização Ambiental 57

trole ambiental e será de, no mínimo, quatro dispensadas de pagamento da TCFA. Em caso
anos e, no máximo, dez anos. de atividades realizadas por populações tradi-
A Licença de Operação possui três caracte- cionais, assim reconhecidas, o órgão estadual
rísticas básicas: deverá declarar a dispensa de pagamento do
TCFA, pois há previsão legal de isenção. A dis-
É concedida após a verificação, pelo órgão pensa terá efeito também junto ao órgão fe-
ambiental, do efetivo cumprimento das deral (IBAMA).
condicionantes estabelecidas nas licenças
anteriores (prévia e de instalação);
Contém as medidas de controle ambiental
(padrões ambientais) que servirão de limite Licenciamento
para o funcionamento do empreendimento
ou atividade; e simplificado para
Especifica as condicionantes determinadas
para a operação do empreendimento, cujo agroindústrias de baixo
cumprimento é obrigatório sob pena de
suspensão ou cancelamento da operação. impacto ambiental
As atividades agroextrativistas são licencia-
das em apenas uma etapa, o que deve ser feito
Cadastro Técnico Federal junto ao órgão ambiental competente na sua
região, ou no seu estado, que concederá Licen-
- CTF ça Única de Instalação e Operação - LIO.
A Resolução CONAMA nº 385/2006 esta-
Juntamente com o licenciamento ambien- beleceu procedimentos a serem adotados por
tal, deve-se providenciar o Cadastro Técnico agroindústrias de pequeno porte e baixo po-
Federal - CTF de atividades potencialmente po- tencial de impacto ambiental. Por meio dessa
luidoras ou utilizadoras de recursos naturais. O resolução, o CONAMA reconheceu que:
cadastro é realizado pelo IBAMA.
O cadastro inicial de pessoas jurídicas agroindústrias de pequeno porte e baixo
(agroindústrias já formalizadas) e outros pro- impacto ambiental produzem reduzido vo-
cedimentos, como o relatório anual de ativi- lume de efluentes;
dades, podem ser feito com o preenchimento os resíduos gerados por estas agroindústrias
dos formulários disponíveis em: www.ibama. podem ser, em muitos casos, aproveitados
gov.br como alimento para os animais e/ou como
Ressalta-se a importância do CTF do IBA- composto orgânico na produção de matéria
MA, como um passo inicial no processo de prima, bem como fonte alternativa de ren-
regularização das atividades agroextrativistas. da;
Entretanto, o simples cadastramento não subs- a agroindústria de pequeno porte é um im-
titui, em nenhuma hipótese, o processo de li- portante instrumento para geração de tra-
cenciamento. balho e renda.
Ao se cadastrar, as agroindústrias de peque-
no e médio porte passam a ter a obrigação de Percebe-se, no texto da resolução, os se-
recolher a Taxa de Controle e Fiscalização Am- guintes objetivos:
biental – TCFA (Lei 10.165/2000). Nos termos simplificar o processo de licenciamento am-
da Lei 10165/2000, as microempresas estão biental para agroindústrias;
58 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

beneficiar estabelecimentos com área cons- certidão de uso do solo expedida pelo
truída de até 250 m², que trabalhem com município
produtos provenientes de explorações agrí- A certidão de uso do solo é um documento
cola, pecuária e pesqueira, bem como aqüí- com informações sobre as atividades permissí-
cola, extrativista e florestal não-madeireira. veis ou toleradas, e parcelamento do solo no
Devem, sobretudo, ter baixo potencial de município. Ela deverá ser obtida na prefeitura
impacto ao meio ambiente. do município. Muitas prefeituras disponibili-
zam o requerimento na Internet.
A Constituição Federal e a Legislação Am- É um documento importante, pois o muni-
biental exigem estudo prévio de impacto am- cípio poderá se pronunciar sobre a destinação
biental apenas para instalação de obra ou ati- da área, conforme estabelecido no zoneamen-
vidade causadora de significativa degradação to ambiental e no plano diretor.
do meio ambiente, o que geralmente não tem
sido o perfil das atividades agroextrativistas. comprovação de origem legal
Os órgãos estaduais encontram-se em fase Em alguns casos, quando a matéria prima
de adaptação à realidade criada pela Resolu- for de origem extrativista, deve haver compro-
ção CONAMA nº 385/2006. Nos termos desta vação específica de sua origem. Essa exigência
resolução, a documentação mínima exigida a é geralmente disciplinada por cada estado. Um
ser apresentada ao órgão ambiental estadual elemento que poderá comprovar a origem de
é a seguinte: alguns produtos é o Documento de Origem
Florestal – DOF.
Requerimento de licença ambiental

Projeto contendo descrição do empreendimento


O projeto deve contemplar a localização e
detalhar o Sistema de Controle de Poluição e
Efluentes - SCPE. Deve, também, estar acom-
panhado da Anotação de Responsabilidade
Técnica - ART. Esse projeto deve ser simples,
mas bastante claro, para não deixar dúvidas
ao órgão ambiental quanto à sustentabilidade
ambiental da atividade. Em sua elaboração,
deve-se reforçar o valor socioambiental do em-
preendimento agroextrativista.
A Anotação de Responsabilidade Técni-
ca - ART, instituída pela Lei nº. 6.496, de 07
de dezembro de 1977, caracteriza os direitos
e obrigações entre profissionais e contratan-
tes (empreendimento), além de determinar a
responsabilidade do profissional por eventuais
defeitos e erros técnicos. Deve ser elaborada
por agrônomos, engenheiros, arquitetos, ou
outros profissionais, a depender da atividade.
Regularização Ambiental 59

Áreas aptas ao agroextrativismo

Para a escolha de reservas legais, alguns cri-


Áreas privadas ou térios podem ser observados pelos órgãos am-
bientais, como a presença de vegetação nativa,
públicas, com restrição vegetação útil ao controle de erosão, conexão
a áreas de preservação permanente e outras
de uso reservas, abrigo de flora e fauna ameaçadas de
extinção e outros, a depender das condições
São áreas que produzem benefícios múlti- locais.
plos de interesse comum, necessários à manu- É possível a realização de atividades agro-
tenção dos processos ecológicos essenciais à extrativistas em áreas de reserva legal, desde
biodiversidade. As áreas com restrição de uso que se apresente ao órgão ambiental estadu-
classificam-se em: al um Plano de Manejo Florestal Sustentável.
A Instrução Normativa (MMA) nº. 5 de 8 de
Reservas Legais setembro de 2009, no seu artigo 8º, descrito
abaixo, oferece os subsídios legais para a in-
Reservas Legais Florestais são áreas repre- tensificação da unidade de produção familiar,
sentativas do ecossistema original das pro- inclusive nas áreas de Reserva Legal:
priedades rurais e devem ser mantidas com a
vegetação nativa, ou reestabelecidas, sendo Artigo 8º - No caso da recuperação da área de
proibido o corte raso, ou o uso não manejado, Reserva Legal na propriedade ou posse do agri-
pelo proprietário ou detentor do imóvel. cultor familiar, do empreendedor familiar rural ou
Em geral, as reservas legais correspondem a dos povos e comunidades tradicionais poderão
20% das propriedades. É assim em Minas Ge- ser utilizadas espécies de árvores frutíferas, or-
rais, Distrito Federal, Goiás, São Paulo, Mato namentais ou industriais exóticas, cultivadas em
Grosso do Sul, boa parte do Piauí, Maranhão e sistema intercalar ou em consórcio com espécies
Bahia. Serão de 35% quando as propriedades nativas.
estiverem localizadas no Cerrado dentro da
Amazônia Legal e 80% no bioma amazônico. A interpretação é de que nos casos em
A Reserva Legal deve ser averbada à mar- que a Reserva Legal estiver em recuperação, o
gem da inscrição da matrícula do imóvel, no agricultor familiar poderá utilizar espécies in-
cartório de registro de imóveis competente, dustriais exóticas, sendo que estas devem ser
sendo vedada a alteração de sua destinação intercaladas com espécies nativas.
nos casos de transmissão a qualquer título A Instrução Normativa (MMA) nº. 4, também
(venda, doação etc), de desmembramento ou de 8 de setembro de 2009, define:
de retificação de área.
60 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

Art. 3º Para os fins do disposto nesta Instrução realizada com espécies de aptidão extrativista
Normativa, consideram-se: ou agroextrativista, visando manejo florestal
posterior.
I - Manejo da Reserva Legal: técnicas de con- A lei permite instituir reservas legais em blo-
dução, exploração e reposição praticadas de co. É o caso de vários proprietários ou possei-
forma sustentável visando manter a proteção ros que, sendo vizinhos, resolvam destinar uma
e o uso sustentável da vegetação nativa e ob- área comum para atividade agroextrativista.
ter benefícios econômicos, sociais e ambientais, Deve ser respeitado o percentual legal em re-
respeitando-se os mecanismos de sustentação do lação a cada imóvel, mediante a aprovação do
ecossistema objeto do manejo e considerando-se, órgão ambiental estadual competente e as de-
cumulativa ou alternativamente, a utilização de vidas averbações referentes a todos os imóveis
múltiplos produtos e subprodutos, bem como a envolvidos, no cartório de registro de imóveis
utilização de outros bens e serviços ambientais; do município.

Por meio desta IN, que desmembra o uso


eventual ou não comercial do uso direto ou
Áreas de Preservação
comercial, é possível realizar a exploração por Permanente – APPs
meio de manejo florestal, desde que estas fun-
ções estejam esclarecidas no órgão ambiental São áreas protegidas cobertas ou não por
competente. No caso de uso eventual, não há vegetação nativa, com a função ambiental de
necessidade de autorização do órgão compe- preservar os recursos hídricos, a paisagem, a
tente, como descrito abaixo: estabilidade geológica, a biodiversidade, o flu-
xo de fauna e flora, proteger o solo e assegurar
Art. 4º A exploração florestal eventual, sem pro- o bem-estar das populações humanas.
pósito comercial direto ou indireto, para consumo A vocação florestal das APPs é intrínseca.
na propriedade ou posse do agricultor familiar, Dessa maneira, mesmo que estejam desma-
do empreendedor familiar rural e dos povos e tadas, devem ser recompostas com vegetação
comunidades tradicionais, incluindo a área de nativa. As APPs mais comuns nos cerrados são
Reserva Legal, independe de autorização dos ór- o entorno de nascentes, córregos, rios e lagos
gãos competentes, quando tratar-se de: (naturais ou artificiais) e o topo de morros,
montes, montanhas e serras. As categorias de
I - lenha para uso doméstico no limite de retirada áreas de preservação permanente estão defi-
não superior a quinze metros cúbicos por ano por nidas nos arts. 2º e 3º do Código Florestal de
propriedade ou posse; e 1965.
II - madeira para construção de benfeitorias e É possível a intervenção humana em APPs,
utensílios na posse ou propriedade rural até 20 desde que represente o interesse público, que
metros cúbicos a cada três anos. no caso de atividades agroextrativistas, pode
Parágrafo único. Os limites para a exploração se referir ao interesse público de manejo agro-
prevista no caput deste artigo, no caso de posse florestal sustentável, praticado de forma a não
coletiva de populações tradicionais ou do agricul- descaracterizar a cobertura vegetal nem preju-
tor familiar, serão adotados por unidade familiar. dicar a função ambiental das APPs. Consulte a
legislação sobre o tema em: Resolução/CONA-
Em todos os casos o comprador de áreas ru- MA nº 369/06 e Resolução CONAMA nº 425,
rais degradadas é obrigado a fazer o reflores- de 25 de maio de 2010.
tamento ou cercar a parte destinada à reserva A Resolução CONAMA nº 425, de 25 de
legal para regeneração natural, que pode ser maio de 2010 define os casos excepcionais
Regularização Ambiental 61

de interesse social em que o órgão ambiental


competente pode regularizar a intervenção ou
Área de Proteção Ambiental –
supressão de vegetação em Área de Preser- APA
vação Permanente - APP, ocorridas até 24 de
julho de 2006, para empreendimentos agrope- Área de Proteção Ambiental é uma área em
cuários consolidados dos agricultores familia- geral extensa, com certo grau de ocupação hu-
res e empreendedores familiares rurais. mana, dotada de atributos abióticos, bióticos,
estéticos ou culturais especialmente importan-
www.mma.gov.br/port/conama/res/res06/ tes para a qualidade de vida e o bem-estar das
res36906.xml populações humanas, e tem como objetivos
www.mma.gov.br/port/conama/legiabre. básicos proteger a diversidade biológica, dis-
cfm?codlegi=630 ciplinar o processo de ocupação e assegurar a
sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
São destinadas a conservar a qualidade am-
biental e os sistemas naturais ali existentes,
Unidades de visando a melhoria da qualidade de vida da
população local e a proteção dos ecossistemas
Conservação de Uso regionais. Devem ter sempre um zoneamento
ambiental, que estabelecerá normas de uso,
Sustentável condições bióticas, geológicas, urbanísticas,
agropastoris, extrativistas e culturais do local.
As unidades de conservação de uso sus- A competência para realizar o zoneamen-
tentável são áreas especialmente protegidas, to em APAs dependerá de sua extensão e do
de domínio público ou privado. Seus atributos contexto no qual se insere (município, regiões,
ambientais impõem tratamentos diferenciados estados ou áreas de interesse da União). Será
e legislação específica, para que prevaleça o in- sempre realizado com consulta às comunida-
teresse público na gestão territorial. Têm previ- des envolvidas.
são legal no Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (Lei nº 9.985/2000 e Decreto nº
4.340/2002).
Reserva Extrativista – RESEX
Ao contrário da unidades de conservação
São espaços territoriais especialmente pro-
de proteção integral (Parques Nacionais, por
tegidos destinados à exploração auto-susten-
exemplo), nas unidades de conservação de uso
tável e conservação dos recursos naturais, por
sustentável é possível compatibilizar a conser-
população extrativista. Na sua criação é indis-
vação da natureza com o uso sustentável de
pensável a apresentação de um plano de ma-
parte dos seus recursos naturais. Entretanto,
nejo dos recursos de extrativismo. Suas princi-
o agroextrativismo não pode ser realizado em
pais características são:
todas elas. Só é possível quando alguma forma
de ocupação humana fizer parte dos objetivos
a. criação pelo Poder Executivo Federal;
de criação da unidade de conservação.
b. escolha de áreas que, por suas característi-
Vejamos algumas características das uni-
cas naturais, permitam a exploração susten-
dades de conservação de uso sustentável nas
tável;
quais é possível a atividade agroextrativista:
c. regulamentação por contrato de concessão
real de uso, a título gratuito;
d. plano de utilização aprovado pelo ICMBio;
62 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

e. cláusula de rescisão contratual quando hou-


ver danos ao meio ambiente ou a transfe-
Floresta Nacional - FLONA
rência da concessão inter vivos;
Floresta Nacional é uma área com cobertura
f. desapropriação das terras privadas, ao se
florestal de espécies predominantemente nati-
constituir a reserva extrativista.
vas e tem como objetivo básico o uso múltiplo
sustentável dos recursos florestais, madeireiros
e não madeireiros, e a pesquisa científica, com
Reserva de Desenvolvimento ênfase em métodos para exploração sustentá-
vel de florestas nativas.
Sustentável - RDS Necessitam de plano de manejo.
Estados e muncípios podem destinar flores-
Área natural que abriga povos e comunida-
tas ao mesmo fim, que serão denominadas flo-
des tradicionais, “cuja sobrevivência dependa
restas estaduais e florestas municipais de uso
de sistemas sustentáveis de exploração dos
múltiplo sustentável.
recursos naturais, desenvolvidos ao longo de
gerações e adaptados às condições ecológicas
locais”. A diferença, em relação às Reservas Ex-
trativistas, é que as comunidades podem con-
tinuar a desenvolver outras atividades, histori-
Áreas indígenas
camente reconhecidas, além do extrativismo,
desde que se confirme a adequação dessas
e comunidades
atividades aos objetivos de conservação dos
recursos naturais. É também estabelecido um
quilombolas
contrato de concessão de direito real de uso, a
A regularização de Terras Indígenas está ba-
título gratuito, firmado entre o poder público e
seada no artigo 231 da Constituição Federal que
as populações tradicionais. Necessitam de pla-
garante aos índios “os direitos originários sobre
no de manejo.
as terras que tradicionalmente ocupam”. O de-
creto 1.775/96 regulamenta o processo jurídico-
Área de Relevante Interesse administrativo da demarcação de terras indíge-
nas pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio).
Ecológico - ARIE A primeira fase, de identificação, é a que inicia
com a formação do grupo de técnicos (GT) que
A Área de Relevante Interesse Ecológico é
após estudos e levantamento em campo elabo-
uma área em geral de pequena extensão, com
ra um relatório cujo resumo é publicado com
pouca ou nenhuma ocupação humana, com
prazo para contestações. Uma vez identificada
características naturais extraordinárias ou que
como Terra Indígena, qualquer atividade desen-
abriga exemplares raros da biota regional, e
volvida ali deve seguir a legislação pertinente.
tem como objetivo manter os ecossistemas
O decreto 1.141/94 dispõe sobre o apoio
naturais de importância regional ou local e re-
às atividades produtivas para as comunidades
gular o uso admissível dessas áreas, de modo
indígenas. Acesse: www.planalto.gov.br/ccivil/
a compatibilizá-lo com os objetivos de conser-
decreto/Antigos/D1141.htm
vação da natureza.
As comunidades quilombolas serão reco-
nhecidas segundo critérios de auto-atribuição.
O passo inicial é a certificação. A comunidade
deve enviar, para a Fundação Cultural Palma-
Regularização Ambiental 63

res, uma declaração de auto-definição por es- b) Laudo de Avaliação do Potencial Malaríge-
crito, na qual a própria comunidade se reco- no (necessário nos projetos da Amazônia
nhece como remanescente de quilombo. Esse Legal);
é apenas o procedimento inicial. A Fundação c) atestado de condição sanitária de cada as-
Cultural Palmares realizará a inscrição da co- sentamento;
munidade no Cadastro Geral, expedindo a d) outorga de uso dos recursos hídricos (quan-
certidão de auto-reconhecimento. Consulte: do necessário, a critério do órgão estadual);
www.palmares.gov.br/ e) declaração municipal de conformidade com
Após isso, compete ao Ministério do Desen- as leis de uso e ocupação do solo.
volvimento Agrário, por meio do Instituto Na-
cional de Colonização e Reforma Agrária (IN- A Resolução 387/2006 representa um ga-
CRA) identificar, reconhecer, delimitar, demar- nho importante, em relação à Resolução CO-
car e emitir os títulos de propriedade das terras NAMA nº 289 (anterior). Agora, os órgãos am-
ocupadas por remanescentes quilombolas. bientais aceitarão o Projeto de Desenvolvimen-
Garante-se, após os trâmites legais, a pro- to do Assentamento - PDA, apresentado ao IN-
priedade coletiva da terra, mediante outorga CRA, como um documento hábil a iniciar a re-
de título coletivo e pró-indiviso às comunida- gularização ambiental dos assentamentos. Os
des. Por ter caráter coletivo, o território qui- PDAs registram a realidade do assentamento,
lombola não poderá ser dividido, vendido ou abrangendo a área de produção, organização,
arrendado. A organização em associações saúde e educação. São adaptados pelos órgãos
deve estimular a maior articulação política e a competentes para que se realize a regulariza-
inserção econômica dos quilombolas. ção ambiental dos assentamentos. Para conhe-
O acesso a recursos genéticos existentes em cer o texto da Resolução nº 387/2006, aces-
áreas de comunidades quilombolas e povos se: www.mma.gov.br/port/conama/res/res06/
indígenas dependerá, sempre, do consenti- res38706.pdf
mento prévio desses grupos. Deve haver, ne- Outro fator que contribui para uma melhor
cessariamente, a repartição de benefícios que sustentabilidade ambiental dos Projetos de As-
resultarem da exploração econômica de recur- sentamento (PAs) foi a instituição de projetos
sos genéticos ou advindos do conhecimento diferenciados:
tradicional associado à biodiversidade. a) Projetos Agroextrativistas - PAE (voltados às
populações tradicionais já ocupantes das
áreas e cujas atividades são essencialmente
preservacionistas);
Projetos de b) Projetos de Desenvolvimento Sustentáveis
- PDS (cujas atividades principais caracteri-
Assentamentos e de zam-se por serem de manejo florestal, de
fauna ou agroecológicas);
colonização c) Projetos de Assentamento Florestais (cujas
atividades são voltadas à exploração madei-
Conforme anexo I da Resolução nº 387 do reira e não-madeireira, por meio de planos
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONA- de manejo de áreas com cobertura florestal
MA), que estabelece os procedimentos para o nativa).
licenciamento de Projetos de Assentamentos
(PAs), os documentos necessários são: O INCRA destina parte de seu orçamento à
a) Projeto de Desenvolvimento do Assenta- conservação e recuperação de áreas degrada-
mento (PDA); das dos Projetos de Assentamento. Estes recur-
64 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais

sos são aplicados mediante a elaboração


de projetos técnicos de recuperação de
Áreas de Preservação Permanente e de
Áreas privadas,
Reserva Legal que necessitem de recom-
posição. Há também ações de educação
e conscientização ambiental, como as
sem restrição
práticas de conservação dos recursos
naturais (adubação verde, contenção de
erosão, terraceamento, entre outras).
de uso
As Superintendências Regionais do
INCRA realizam o contato entre os as-
sentamentos e os órgão estaduais, nos
processos de licenciamento. Sua tare- Caracterização
fa é propor, executar e acompanhar as
ações necessárias à obtenção da licença Em áreas privadas (fazendas, sítios e cháca-
ambiental. Acesse o endereço da supe- ras), é permitido ao proprietário realizar o corte
rintendência do INCRA em seu estado: raso ou manter a vegetação nativa, desde que
www.incra.gov.br respeite as áreas de Reserva Legal e as Áreas de
Muitos assentamentos foram criados Preservação Permanente. Se mantiver toda a
antes da obrigatoriedade de licencia- vegetação, poderá utilizá-la economicamente
mento e o INCRA tem buscado a regula- em sistemas agroflorestais, ou permitir a prá-
rização desse assentamentos. Há, nesses tica agroextrativista, podendo haver contrato,
casos, muitas áreas degradadas, que de- ou acordo informal.
vem ser recuperadas. Por esse motivo, a É possível estabelecer contratos de explora-
Resolução nº 387/06 prevê o Plano de ção agroextrativista em áreas particulares pre-
Recuperação do Assentamento – PRA. servadas, com situação fundiária regularizada
Trata-se de um conjunto de ações pla- ou em processo de regularização. O proprietá-
nejadas, complementares ao PDA, ou rio negocia com o grupo extrativista o uso do
mesmo de reformulação ou substituição imóvel rural, por tempo determinado. O con-
a este, destinadas a garantir ao Projeto trato é “lei entre as partes contratantes” e suas
de Assentamento de Reforma Agrária o cláusulas devem ser negociadas de forma clara
nível desejado de desenvolvimento sus- e amigável. Não é possível estabelecer esses
tentável. contratos para exploração de áreas públicas.
Não há, infelizmente, padrões de li- É importante ressaltar que, nos contratos
cenciamento ambiental nesta modalida- agrários, qualquer que seja a sua forma, cons-
de (PAs), o que dificulta a elaboração de tarão obrigatoriamente, cláusulas que assegu-
um roteiro concreto para todas as situ- rem a conservação dos recursos naturais e a
ações. Em alguns casos, por exemplo, proteção social e econômica dos arrendatários
os órgãos estaduais têm dispensado o e dos parceiros-outorgados.
licenciamento para atividades de baixo A entrada para coleta de produtos não-
impacto ambiental. A regularização de madeireiros sem a autorização do proprietário
agroindústrias em assentamentos come- pode se constituir como invasão de proprieda-
çou a ser contemplada em algumas Su- de, podendo ocasionar a prisão do extrativista.
perintendências Regionais do INCRA, há Apresentam-se a seguir os contratos típicos,
bem pouco tempo. mais indicados às atividades agroextrativistas
em áreas particulares.
Regularização Ambiental 65

Contratos típicos para atividades em áreas privadas

Arrendamento rural Observações


Arrendamento Rural é o contrato agrário Se o agroextrativista explora espécies vege-
pelo qual uma pessoa física ou jurídica se obri- tais de aptidão extrativista, pode negociar o
ga a ceder a outra, por tempo determinado ou plantio de espécies nativas ou exóticas, com a
não, o uso e gozo de imóvel rural, parte ou par- finalidade de produção e corte, em áreas de
tes do mesmo, incluindo, ou não, outros bens, cultivo agrícola ou de pecuária, alteradas ou
benfeitorias e/ou facilidades, com o objetivo subutilizadas, desde que localizadas fora das
de nele ser exercida atividade de exploração Áreas de Preservação Permanente e de Reser-
agrícola, pecuária, agro-industrial, extrativa ou va Legal. Não necessitará de plano de manejo
mista, mediante certa retribuição ou aluguel, ou de vistoria técnica. A vistoria poderá, entre-
observados os limites percentuais da lei. tanto, ser realizada pelo IBAMA ou pelo órgão
estadual de meio ambiente, quando julgarem
necessário, conforme Instrução Normativa nº
Parceria rural 08 de 2004, do Ministério do Meio Ambiente,
disponível em: www.mda.gov.br/saf/arquivos/
Parceria Rural é o contrato agrário pelo qual
IN8-2004-MMA.doc
uma pessoa física ou jurídica se obriga a ceder
O Decreto nº 56.566/66 regulamenta o Es-
à outra, por tempo determinado ou não, o uso
tatuto da Terra e traz os elementos essenciais
específico de imóvel rural, de parte ou partes
dos contratos acima referidos.
do mesmo, incluindo, ou não, benfeitorias, ou-
Outros contratos, denominados atípicos,
tros bens e ou facilidades, com o objetivo de
podem ser celebrados, desde que não contra-
nele ser exercida atividade de exploração agrí-
riem as disposições legais pertinentes à maté-
cola, pecuária, agroindustrial, extrativa vegetal
ria e as normas do Código Civil Brasileiro. Um
ou mista, mediante partilha de riscos e de força
exemplo, é o comodato rural: empréstimo gra-
maior do empreendimento rural e dos frutos,
tuito da propriedade rural para uso, desde que
produtos ou lucros havidos nas proporções que
seja restituída com todos os bens, após o de-
estipularem, observados os limites percentuais
curso do tempo ajustado entre as partes.
da lei.
66 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais
Regularização Ambiental 67

Plano de Manejo Florestal


Sustentável

A Lei nº 11.284/06 (Lei de Gestão de Flores- inclusive a implantação das estruturas físicas
tas Públicas) define o Manejo Florestal Susten- necessárias à gestão da unidade.
tável como a administração da floresta para a O Plano de Manejo deve ser elaborado por
obtenção de benefícios econômicos, sociais e Engenheiro Florestal e/ou Agrônomo habilita-
ambientais, respeitando-se os mecanismos de do, segundo as especificações do Conselho
sustentação do ecossistema objeto do manejo Regional de Engenharia, Arquitetura e Agro-
e considerando-se, cumulativa ou alternativa- nomia - CREA. Alguns estados podem aceitar
mente, a utilização de múltiplas espécies ma- planos de manejo realizados por técnicos agrí-
deireiras, de múltiplos produtos e subprodutos colas (São Paulo, por exemplo), mas a análise
não madeireiros, bem como a utilização de ou- será extremamente criteriosa.
tros bens e serviços de natureza florestal. Dois endereços eletrônicos trazem impor-
O manejo florestal sustentável pode ser tantes informações sobre o tema:
aplicado à madeira, sementes, fibras ou ou- www.ambientebrasil.com.br/manejo
tros produtos florestais. No caso da madeira, www.manejoflorestal.org/
o corte seletivo, realizado em áreas já afeta- O Decreto Federal nº 9.975/06 estipula a
das pela atividade humana, utiliza técnicas e obrigatoriedade da reposição florestal. Entre-
conhecimento científico de forma planejada tanto, ficará isento dessa obrigação aquele que
para minimizar os impactos no ecossistema e comprovadamente utilize:
proporcionar a regeneração da floresta. I - resíduos provenientes de atividade indus-
Por meio do Decreto Federal nº 9.975/06, trial, tais como costaneiras, aparas, cavacos
estabeleceu-se que a exploração de florestas e e similares;
formações sucessoras sob o regime de manejo II - matéria-prima florestal:
florestal sustentável, tanto de domínio públi- a) oriunda de supressão da vegetação auto-
co como de domínio privado, dependerá de rizada, para benfeitoria ou uso doméstico
prévia aprovação do Plano de Manejo Florestal dentro do imóvel rural de sua origem;
Sustentável - PMFS, pelo órgão competente do b) oriunda de PMFS;
Sistema Nacional do Meio Ambiente –SISNA- c) oriunda de floresta plantada; e
MA. d) não-madeireira, salvo disposição contrá-
O plano de manejo é um documento técni- ria em norma específica do Ministério de
co, elaborado a partir dos objetivos gerais de Meio Ambiente.
uma unidade de conservação ou de reservas O IBAMA poderá manifestar interesse em
legais, plantios homogêneos, ou de qualquer intervir em toda atividade de exploração e ma-
outro tipo de exploração vegetal, inclusive de nejo florestal. Entretanto, a competência do
plantas medicinais. Nele é estabelecido o zo- órgão federal para exercer esse poder de po-
neamento e as normas que devem presidir o lícia ambiental não impede que os Estados, ao
uso da área e o manejo dos recursos naturais, mesmo tempo, ajam com idêntico poder.
68 Caderno de Normas Fiscais, Sanitárias e Ambientais
Realização

-./0
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/'0&1-23'(+(4-$&5+6-(

Apoio

!"#$%&'()%*+#,

Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN)


SCLN 202 - Bloco B - Salas 101/104
CEP 70832-525 - Brasília - DF
Telefax: (61) 3327.8085
instituto@ispn.org.br
www.ispn.org.br

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