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RESENHA CRÍTICA

HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade.


São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2017. P. 223 – 333. Por Artur Ferreira da
Silva. Laboratório de Ensino e Aprendizagem de Teatro III. 2019.2.
Desta vez hooks se debruça sobre a língua para problematizar a acadêmia.
Ela parte de um trecho de Adriene Rich “Esta é a língua do opressor, mas preciso
dela para falar com você” (apud HOOKS, 2017:223). O fato principal e mais
comentado é que falamos a língua do colonizador, no caso dos E.U.A. o inglês e no
caso do Brasil o português, não temos mais a mesma maneira de nos comunicar
dos povos nativos das Américas e sim a dos europeus colonizadores e isto é um fato
sangrento para os dois países embora guardem suas devidas diferenças.
Hooks se volta num primeiro momento a pensar no sofrimento dos povos
indígenas e também dos povos africanos trazidos para o continente americano em
perder sua língua, em não entender o que falavam nesse outro lugar e em não
conseguirem se comunicar. Ela aponta esse sofrimento intenso que envolve o
aprendizado de uma língua de um povo dominador e a supressão da sua própria e
logo em seguida também ressalta a linha de fuga encontrada por estes povos. O
domínio da língua do colonizador também é a possibilidade de agora se articular de
outras maneiras, aquilo que permite a resistência. A língua vai deixando de ser
somente a do opressor e também ganhando marcas do outro povo nesse processo,
como a maneira de escrever o inglês dos negros que ela cita, ou como as marcas de
dialetos tupis ou yorubá no português do Brasil. Assim surgem outros vernáculos da
língua que guardam as marcas dos falantes.
Sua maior crítica neste capítulo recai sobre o uso da língua formal na
academia, naturalizado e tido como uma obrigação que deve-se cumprir para estar
ali. Não se abre espaço para os outros vernáculos e mantém-se os mesmos em uma
situação de marginalização. Seu ponto de tensionamento é justamente usar estas
outras maneiras de falar e de escrever na acadêmia e a busca pela legitimidade
destes modos de fazer no meio acadêmico como atitude de resistência política.

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