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Parnasianismo e Simbolismo

Características e principais autores


Características e principais autores
O movimento parnasiano surgiu na França, com a
publicação de uma série de antologias denominadas Parnaso –
contemporâneo.
Por meio delas, pregava-se um novo modo de fazer
poemas: sem o subjetivismo e a emoção dos poetas românticos.
Origem do nome
• O nome parnasianismo foi inspirado na
mitologia grega, parnaso era o nome de um
monte na Grécia consagrado a Apolo (deus da
luz e das artes) e às Musas (entidades
mitológicas ligadas à arte).
Contexto (final da década de 1870)
• Parnassus: morada das musas (mitologia):
▫ Antiguidade clássica (greco-romana).
• Ideais antirromânticos:
▫ Objetividade no trato dos temas;
▫ Culto da forma.
• Traços:
▫ Descrição nítida;
▫ Visão tradicionalista da forma (metro, rima,
ritmo);
▫ Ideal da impessoalidade → realismo.
 Mimese pela mimese = arte pela arte.
Características
• Objetividade temática:
▫ Negação do sentimentalismo romântico;

• Impassibilidade + Impessoalidade;

• Perfeição formal → racionalismo:


▫ Fatos, paisagens, objetos exóticos;
▫ Amor carnal;
▫ Preferência pelo soneto.
Poesia descritiva
“Invejo o ourives quando escrevo:
imito o amor com que ele,
em ouro o alto relevo
faz de uma flor.”

(Olavo Bilac)
Principais autores (Brasil)
• Alberto de Oliveira (poeta dos vasos);
Tríade
• Raimundo Correia (poeta das pombas); Parnasiana
• Olavo Bilac (nacionalista);

• Francisca Júlia (musa impassível);


• Vicente Carvalho (poeta do mar).
Olavo Bilac
• O mais popular dos poetas parnasianos
brasileiros, combinava estilo parnasiano com
sentimentos românticos.
• Poemas mais conhecidos: “Via láctea” e
“Profissão de fé”.
• Exaltado nacionalismo;

• “Indiferença” → viabiliza o trato de diferentes


temas como exercício literário;

• “Chave de ouro” → fim do poema = acorde de


efeito.

• Real fantasia artística + sentimento da condição


humana sob um prisma descritivo.
Via Láctea - Soneto XIII

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo


Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
Alberto de Oliveira
• Suas poesias caracterizavam-se por um grande
preciosismo vocabular e busca constante da
forma ideal, foi o mais típico poeta parnasiano
brasileiro.
• Poema mais conhecido: “Última deusa”.
• Composição do quadro: cena/retrato;

• Arte pela arte → tentativa de desfazer-se do


compromisso com os níveis da existência (busca
pela impessoalidade):
▫ Concentra-se na reprodução de objetos
decorativos;

• Fidelidade a leis métricas;

• Fetichismo do objeto;

• Alheio a problemas nacionais.


Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio; Temática decorativa
Entre um leque e o começo de um bordado. (objetos ornamentais).

Fino artista chinês, enamorado, Descrição objetiva, mas não


Nele pusera o coração doentio completamente impassível.
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente de um calor sombrio [...]

(Vaso Chinês) É um velho paredão, todo gretado.


Roto e negro, a que o tempo uma oferenda
Esta de áureos relevos, trabalhada Deixou num cacto em flor ensanguentado
De divas mãos, brilhante copa, um dia, E num pouco musgo em cada fenda.
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia. (O muro)

(Vaso Grego)
Raimundo Correia
• Poesia filosofante, pessimista e comprometida
com a ideia de tempo, da transitoriedade da vida.

• Seu poema mais conhecido: “As pombas”.


• + “sensível” → combinações semânticas e
musicais;
▫ Sensações / sinestesia;
▫ Pessimismo;
▫ Cadências pré-simbolistas.

Raia sanguínea e fresca a madrugada (As pombas)


As cabeleiras líquidas ondulam (Missa Universal)
Por céus de ouro e de púrpura raiados (Anoitecer)
De um sanguinoso abutre a rubra garra viva (O povo)
Francisca Júlia
• Fidelidade e rigidez;
• + próxima da impassibilidade parnasiana.

Musa! um gesto sequer de dor ou de sincero


Luto jamais te afeie o cândido semblante!
Diante de Jó, conserva o mesmo orgulho; e diante
De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho austero.

Em teus olhos não quero a lágrima; não quero


Em tua boca o suave e idílico descante.
Celebra ora um fantasma anguiforme de Dante,
Ora o vulto marcial de um guerreiro de Homero.

(Musa Impassível)
Vicente de Carvalho
• Conhecido como o “poeta do mar”, a vista do mar
e das paisagens praianas, sempre em
consonância com os estados da alma.
• Poema mais conhecido: “Cantigas praianas”.
• Parnasiano convicto → rigor formal + atitude
antirromântica;
• Poeta naturista (visão da natureza).

Ao pôr do Sol, pela tristeza


Da meia-luz crepuscular,
Tem a toada de uma reza Situação objetiva (crepúsculo)
A voz do mar. Reação diversa (estímulo
exterior, resposta humana)
Aumenta, alastra e desce pelas
Rampas dos morros, pouco a pouco, Imagens da natureza +
O ermo de sombra, vago e oco, ressonâncias psicológicas.
Do céu sem sol e sem estrelas.
Tudo amortece; a tudo invade
Uma fadiga, um desconforto...
Como a infeliz serenidade
Do embaciado olhar de um morto.
(Sugestões do crepúsculo)
Características e principais autores no Brasil
Origem do movimento simbolista
• O movimento simbolista também surgiu na França,
final do século XIX, opondo-se ao
Realismo/Naturalismo.
• A partir de 1881, na França, pintores, autores
teatrais e escritores influenciados pelo misticismo
advindo do intercâmbio com as artes, com o
pensamento em religiões orientais, procuravam
refletir em suas produções a consonância e essas
diferentes formas de olhar sobre o mundo, de ver e
demonstrar o sentimento humano.
Edgar Degas
Prima Ballerina ou A Primeira Bailarina,
1878
Paul Gauguin - Self-Portrait with Halo
and Snake
Cavalos de Netuno (1892)
de Walter Crane
Simbolismo
• Reação ao positivismo e ao materialismo:
▫ Parnasianismo: representava o pensamento da
classe burguesa + privilegiada. Estilo das camadas
dirigentes.
▫ Simbolismo: movimento de oposição ao
pensamento vigente.
• Valorização do interior humano e de valores
transcendentais:
▫ O Bem, o Belo, o Verdadeiro, o Sagrado.
• Contra a “objetificação” do sujeito;
• Resgate do símbolo. Além do significado.
Evoca, traz à imaginação,
admite interpretação.
• Brasil → pouca repercussão.
Características
• Subjetividade → íntimo, interior;
• Tudo é sugestão
• Linguagem simbólica
• Abstração
• Imaginação da realidade
• Poesia = evocação de sentimentos - “Poesia
existencial”
• Alusões a elementos evocadores de rituais religiosos
- “Religião do verbo”:
▫ Musicalidade:
▫ Assonância/aliteração, ritmo, ecos, rimas internas;
▫ Sinestesia → mistura de sentidos;
• Referências ao vago, misterioso, místico, nebuloso;
Principais representantes do
Simbolismo

“Enche de estranhas vibrações sonoras


A tua Estrofe, majestosamente...
Põe nela todo o incêndio das auroras
Para torná-la emocional e ardente.”

Cruz e Sousa
Cruz e Sousa
• Filho de ex-escravos, sofreu com o preconceito
racial e procurou fugir desse problema social
através da espiritualidade poética.
• Seus temas giram em torno dos mistérios de
vida e da morte, do enigma, da existência de
Deus, voltando frequentemente para os
marginalizados e miseráveis.
• Foi considerado o melhor poeta simbolista
brasileiro, e seus livros Missal e Broquéis são
marcos iniciais do Simbolismo no Brasil.
Cruz e Sousa
• Obras marcadas pelo preconceito racial, pelas
dificuldades e pela doença (tuberculose);
• Dor e sofrimento do negro = sofrimento humano;
• Jogos de sons, sentidos e palavras

Vozes, veladas, veladoras, vozes,


volúpias dos violões, vozes veladas,
vogam nos velhos vórtices velozes
dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas
(Violões que choram)

E fria, fluente, frouxa claridade


flutua como as brumas de um letargo...
(Lua)
Alphonsus de Guimaraens
• Poesia espiritualista, carregada pela atmosfera
de rituais religiosos, sonhos e melancolia, seu
lirismo opõe-se à explosão de Cruz e Sousa.

• Linguagem simples, mas soube extrair um


grande efeito musical da forma poética que
utilizou, era o acento medievalista.

• Seu lirismo melancólico dava um hemisfério


envolvente em suas poesias.
• Pouca variação temática:
▫ Presença constante da morte da amada;
▫ Natureza, arte e religião;
▫ Amor e misticismo.
Meus pobres sonhos que sonhei, já tão sonhados,
Que vento de desdita e de luto vos leva?
Que fúria de pavor, sedenta de pecados,
Vos guia em turbilhões de poeira e treva?
(Pobres sonhos)

Ontem, à meia-noite, estando junto


A uma igreja, lembrei-me de ter visto
Um velho que levava às costas isto:
Um caixão de defunto.
(O Leito)

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