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Diário da República, 1.ª série — N.

º 131 — 10 de julho de 2013 4013

dos Açores e da Madeira constituem a receita própria de Assim:


cada uma delas. No desenvolvimento do regime jurídico estabelecido
na alínea e) do n.º 1 do artigo 62.º da Lei n.º 46/86, de
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 30 de 14 de outubro, alterada pelas Leis n.os 115/97, de 19 de
maio de 2013. — Pedro Passos Coelho — Maria de As- setembro, 49/2005, de 30 de agosto, e 85/2009, de 27 de
sunção Oliveira Cristas Machado da Graça. agosto, e nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 198.º
Promulgado em 26 de junho de 2013. da Constituição, o Governo decreta o seguinte:
Publique-se. Artigo 1.º
O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA. Objeto
Referendado em 1 de julho de 2013. O presente diploma procede à primeira alteração ao
O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho. Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho, que estabelece
os princípios orientadores da organização e da gestão dos
currículos dos ensinos básico e secundário, da avaliação
dos conhecimentos a adquirir e das capacidades a desen-
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA volver pelos alunos e do processo de desenvolvimento do
currículo dos ensinos básico e secundário.
Decreto-Lei n.º 91/2013
Artigo 2.º
de 10 de julho
Alteração ao Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho
O Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho, estabelece
os princípios orientadores da organização e da gestão dos Os artigos 2.º, 8.º, 9.º, 12.º, 13.º, 14.º, 26.º e 29.º do
currículos, da avaliação dos conhecimentos a adquirir e Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho, passam a ter a
das capacidades a desenvolver pelos alunos e do processo seguinte redação:
de desenvolvimento do currículo dos ensinos básico e «Artigo 2.º
secundário. O referido diploma aplica-se às diversas ofertas [...]
curriculares dos ensinos básico e secundário ministradas
em estabelecimentos de ensino público, particular e coo- 1 — [...].
perativo. 2 — [...].
Constituindo preocupação do XIX Governo Cons- 3 — Os conhecimentos e capacidades a adquirir e
titucional a promoção do sucesso escolar e o aumento a desenvolver pelos alunos de cada nível e de cada
da qualidade do ensino, torna-se necessário proceder a ciclo de ensino têm como referência os programas das
alguns ajustamentos ao Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de disciplinas, bem como as metas curriculares a atingir
julho, que contribuam para a integração no currículo de por ano de escolaridade e ciclo de ensino, homologados
componentes, que fortaleçam o desempenho dos alunos por despacho do membro do Governo responsável pela
e que proporcionem um maior desenvolvimento das suas área da educação.
capacidades. 4 — [...].
Por outro lado, importa reforçar a autonomia pedagó- Artigo 8.º
gica e organizativa dos estabelecimentos de educação e [...]
ensino no que respeita à gestão da componente curricular
e também de outras componentes do currículo. 1 — [...].
Assim, no 1.º ciclo, procede-se ao reforço curricular 2 — [...]:
de forma a permitir às escolas a tomada de decisões a) Disciplinas;
relativamente à organização do Apoio ao Estudo, da b) [...]
Oferta Complementar, assim como à gestão dos tempos c) [...].
a lecionar em algumas disciplinas. Promove-se, ainda,
uma otimização dos recursos no sentido de adequar 3 — O desenvolvimento das disciplinas assume espe-
as atividades a desenvolver aos perfis dos docentes. cificidades próprias, de acordo com as características
A escola assume um papel essencial na organização de de cada ciclo, sendo da responsabilidade do professor
atividades de enriquecimento do currículo fomentando titular de turma, no caso do 1.º ciclo, em articulação
uma gestão mais flexível e articulada das diversas ofer- com o conselho de docentes, e do conselho de turma,
tas a promover. no caso dos 2.º e 3.º ciclos.
Nos cursos profissionais do ensino secundário é alargada 4 — Os programas e as metas curriculares para as
a carga horária da formação em contexto de trabalho, com diversas disciplinas dos três ciclos do ensino básico são
vista a desenvolver a componente técnica da formação, objeto de homologação através de despacho do membro
permitindo aos alunos uma aplicação dos conhecimentos do Governo responsável pela área da educação.
adquiridos e o desenvolvimento de novas aptidões que
facilitem quer a sua integração no mundo do trabalho quer Artigo 9.º
o prosseguimento de estudos.
[...]
Foram ouvidos os órgãos de governo próprio das
Regiões Autónomas e a Associação Nacional dos Muni- 1 — As escolas do 1.º ciclo podem, de acordo com os
cípios Portugueses. recursos disponíveis, proporcionar a iniciação da língua
Foi promovida a audição do Conselho Nacional de inglesa, com ênfase na sua expressão oral, no âmbito
Educação. da Oferta Complementar.
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2 — [...]. c) A todos os alunos dos outros cursos que preten-


3 — [...]. dam prosseguir estudos em cursos do ensino superior
Artigo 12.º conferentes de grau académico.
[...]
3 — [...].
1 — [...]. 4 — [...].
2 — A oferta de componentes curriculares comple- 5 — [...].
mentares nos 2.º e 3.º ciclos deve ser efetuada através 6 — [...].
da utilização de um conjunto de horas de crédito, defi- 7 — [...].»
nidas em despacho normativo do membro do Governo
responsável pela área da educação. Artigo 3.º
3 — No 1.º ciclo, a Oferta Complementar integra o
Alteração aos anexos do Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho
currículo e deve contribuir para a promoção integral
dos alunos em áreas de cidadania, artísticas, culturais, Os anexos I e VI ao Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de
científicas ou outras. julho, passam a ter a redação constante do anexo ao pre-
sente diploma, do qual faz parte integrante.
Artigo 13.º
[...] Artigo 4.º
1 — No 1.º ciclo, o Apoio ao Estudo é de frequên- Norma transitória
cia obrigatória e tem por objetivo apoiar os alunos na 1 — A matriz curricular dos cursos profissionais
criação de métodos de estudo e de trabalho, visando constante no anexo VI ao Decreto-Lei n.º 139/2012, de
prioritariamente o reforço do apoio nas disciplinas de 5 de julho, com as alterações introduzidas pelo presente
Português e de Matemática. diploma, é aplicável a partir do ano letivo de 2013-2014
2 — No 2.º ciclo, a oferta de Apoio ao Estudo é
obrigatória para as escolas e agrupamentos de escolas, aos alunos que iniciem o ciclo de formação.
podendo, por indicação do conselho de turma e desde 2 — O disposto no número anterior não prejudica a
que obtido o acordo dos encarregados de educação ser aplicação das matrizes curriculares, até agora em vigor,
de frequência obrigatória para os alunos para tal indi- aos cursos profissionais já aprovados para se iniciarem
cados. no ano letivo de 2013-2014 e para os quais já se encontre
garantido o respetivo financiamento.
Artigo 14.º
[...] Artigo 5.º
1 — No desenvolvimento do seu projeto educativo e Norma revogatória
no âmbito do 1.º ciclo, as escolas devem proporcionar É revogada a alínea d) do n.º 2 do artigo 21.º do Decreto-
aos alunos atividades de enriquecimento do currículo -Lei n.º 139/2012, de 5 de julho.
de carácter facultativo e de natureza eminentemente
lúdica, formativa e cultural incidindo, nomeadamente, Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 13 de
nos domínios desportivo, artístico, científico e tecnoló- junho de 2013. — Pedro Passos Coelho — Nuno Paulo
gico, de ligação da escola com o meio, de solidariedade de Sousa Arrobas Crato.
e voluntariado e da dimensão europeia na educação.
2 — A definição e organização das atividades referi- Promulgado em 7 de julho de 2013.
das no número anterior constam de despacho do membro Publique-se.
do Governo responsável pela área da educação.
O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
Artigo 26.º Referendado em 9 de julho de 2013.
[...] O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho.
1 — [...].
2 — No 1.º ciclo do ensino básico, a informação ANEXO
resultante da avaliação sumativa interna materializa-se
de forma descritiva em todas as disciplinas, com exceção
de Português e de Matemática no 4.º ano de escolari- «ANEXO I
dade, a qual se expressa numa escala de 1 a 5.
3 — [...]. (a que se referem os artigos 2.º e 8.º)
4 — [...].
Ensino Básico
Artigo 29.º
1.º Ciclo
[...]
1 — [...]. Componentes do currículo Carga horária semanal
2 — [...]:
a) [...] Português . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Mínimo de 7,0 horas
b) Aos alunos dos cursos científico-humanísticos da Matemática. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Mínimo de 7,0 horas
modalidade de ensino recorrente que pretendam pros- Estudo do Meio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Mínimo 3,0 horas
seguir estudos em cursos de ensino superior conferentes Expressões Artísticas e Físico-Motoras . . . . . Mínimo 3,0 horas
de grau académico; Apoio ao Estudo (a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Mínimo 1,5 horas
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dos artigos 437.° e seguintes do Código de Processo Penal,


Componentes do currículo Carga horária semanal alegando, em síntese, que:
Nestes termos, conclui pedindo que o presente recurso
Oferta Complementar (a). . . . . . . . . . . . . . . . 1,0 hora seja admitido e consequentemente seja fixada uniformi-
Tempo a cumprir . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Entre 22,5 e 25 horas zação de jurisprudência quanto à existência de concurso
aparente ou de concurso real e efectivo, entre os crimes
Atividades de Enriquecimento Curricular (b) 5,0 a 7,5 horas de burla e falsificação de documento, quando este último
Educação Moral e Religiosa (c). . . . . . . . . . . 1,0 hora é praticado com o único intuito de -preparar ou facilitar
(a) Atividades a desenvolver em articulação, integrando ações que promovam, de forma o crime de burla, tendo em conta a legislação em vigor
transversal, a educação para a cidadania e componentes de trabalho com as tecnologias de
informação e comunicação. após a Lei 49/2007.
(b) Atividades de carácter facultativo, nos termos do artigo 14.º e do n.º 1 do artigo 9.º No
caso de estas atividades serem oferecidas por entidade exterior à escola, o que carece sempre
de contratualização, é necessária confirmação explícita do Ministério da Educação e Ciência Juntou certidão de acórdão do Tribunal da Relação de
para que a sua duração exceda 5 horas.
(c) Disciplina de frequência facultativa, nos termos do artigo 19.º Lisboa de 15 de Dezembro de 2011, proferido no processo
29/04 - acórdão recorrido - e constante de fls 4 e seguintes
ANEXO VI dos presentes autos que se dá por reproduzido. Igualmente
(a que se referem os artigos 2.º e 16.º) junto a fls 29 se encontra igualmente o Acórdão do Tribunal
da Relação de Lisboa de 29 de Junho de 2010 proferido no
Ensino Secundário — Cursos profissionais processo 4395/03 - acórdão fundamento - e que, também,
No âmbito da autonomia, as escolas têm liberdade de se dá por reproduzido.
organizar os tempos lectivos na unidade mais conveniente Por acórdão de 17 de Janeiro de 2013 julgou-se verifi-
desde que respeitem as cargas horárias totais de cada dis- cada a oposição de julgados quanto aos acórdãos proferi-
ciplina constantes do presente anexo. dos no âmbito dos recursos referidos e, em consequência,
ordenou-se o prosseguimento dos presentes autos para
fixação de jurisprudência no que respeita à interpretação
Componentes de formação Disciplinas Carga horária (a)
dos artigos 256 e 217 do Código Penal.
Notificados nos termos do artigo 442 nº1 do Código
Sociocultural . . . . . . . . . Língua Portuguesa . . . . . . 320 de Processo Penal a Exª Srª Procuradora Geral Adjunta,
Língua Estrangeira I, II ou 220 bem como o recorrente Jorge Manuel Bastos Gonçalves,
III (b). vieram apresentar alegações formulando, respectivamente,
Área de Integração . . . . . . 220
Tecnologias de Informação 100 as seguintes conclusões:
e Comunicação/Oferta
de Escola.
1. Nos acórdãos de 19 de Fevereiro de 1992 e de 4 de
Educação Física . . . . . . . 140 Maio de 2000, o Supremo Tribunal de Justiça decidiu que,
sendo diversos e autónomos, entre si, o bem jurídico vio-
Subtotal . . . . . 1000 lado pela burla e o bem jurídico tutelado pela incriminação
Científica . . . . . . . . . . . . Duas a três disciplinas (c) 500 da falsificação, no caso de a conduta do agente preencher
as previsões de falsificação e de burla verificava-se con-
Técnica. . . . . . . . . . . . . . Três a quatro disciplinas 1100 curso real ou efectivo de crimes.
(d). 2. No artigo 30.°, nº 1, do Código Penal ficou «cris-
Formação em Contexto de 600 a 840
Trabalho (e). talizada» a regra da equiparação do concurso ideal ao
concurso real preconizada pelo Professor Doutor Eduardo
Total . . . . . . . 3200 a 3440 Correia, que, relativamente à unidade e pluralidade de
(a) Carga horária não compartimentada pelos três anos do ciclo de formação a gerir pela
escola, no âmbito da sua autonomia pedagógica, acautelando o equilíbrio da carga anual de
infracções, há muito defendia que a unidade da conduta
forma a otimizar a gestão modular e a formação em contexto de trabalho. não devia ser o índice da unidade do crime, como pretendia
(b) O aluno escolhe uma língua estrangeira. Se tiver estudado apenas uma língua estrangeira
no ensino básico, inicia obrigatoriamente uma segunda língua no ensino secundário. a teoria naturalística, mas nullum crimen sine lege e nulla
(c) Disciplinas científicas de base a fixar em regulamentação própria, em função das
qualificações profissionais a adquirir.
poena sine lege; cf. Direito Penal, Parte Geral I, p. 1027.
(d) Disciplinas de natureza tecnológica, técnica e prática estruturantes da qualificação 22 Sem prejuízo de, nas situações da apelidada “con-
profissional visada.
(e) A formação em contexto de trabalho visa a aquisição e o desenvolvimento de com-
sumpção impura”, ser aplicável a moldura penal mais
petências técnicas, relacionais e organizacionais relevantes para a qualificação profissional a grave, correspondente ao crime de falsificação, porque,
adquirir e é objeto de regulamentação própria.
conforme explicita também Figueiredo Dias, «nas hipóte-
ses de concurso aparente as leis abstractamente aplicáveis
são também aplicáveis em concreto, são na realidade
SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA aplicáveis ao “grande facto “», sem que tal implique
desrespeito pelos princípios antes essa distinção devia
Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça n.º 10/2013 radicar-se nos valores protegidos pelos tipos legais de
crime efectivamente realizados pela conduta do agente,
Processo 29/04.0jdlsb-Q.S1 ou pelo número de vezes que esta preenchia o mesmo tipo
legal de crime.
Fixação de Jurisprudência 3. A punição do concurso de crimes, constituindo um
caso especial de determinação da pena, encontra-se pre-
Relato nº500b vista nos artigos 77.0 e 78.0 do Código Penal, sendo seu
pressuposto, não uma situação de unidade criminosa, mas,
Acordam neste Supremo Tribunal de Justiça
pelo contrário, que o agente tenha efectivamente realizado
Jorge Manuel Bastos Gonçalves veio interpor recurso vários crimes antes de transitar em julgado a condenação
extraordinário de fixação de jurisprudência, nos termos por qualquer deles.

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