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Públicas da Educação
Autores: Profa. Maria Aparecida Ventura Fernandes
Prof. Wanderlei Sergio da Silva
Colaboradoras: Profa. Cielo Festina
Profa. Valéria de Carvalho
Professores conteudistas: Maria Aparecida Ventura Fernandes e Wanderlei Sergio da Silva
Maria Aparecida Ventura Fernandes é licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho – Unesp, com especialização em Metodologia e Didática, e licenciada em Matemática pela Unipaulistana, com
especialização em Estatística pela Universidade de São Paulo – USP e mestrado em Comunicação pela Universidade
Paulista - UNIP. Trabalhou durante 27 anos na área da educação, na Prefeitura Municipal de São Paulo, como:
professora do Ensino Fundamental e Médio, coordenadora pedagógica, diretora de escola, supervisora de ensino e
assessora técnica e de planejamento na Secretaria Municipal de Educação. Atuou também como professora da rede
estadual e particular de ensino.
Na Universidade Paulista - UNIP ministrou aulas de estatística e de disciplinas didático-pedagógicas nos cursos
de: Pedagogia, Educação Física e Ciências Biológicas (Licenciatura). Foi também coordenadora auxiliar do curso de
Pedagogia, nos anos de 2000 e 2001. A partir de 2005 até o presente momento, como professora adjunta, faz parte
da equipe da Coordenadoria de Estágios em Educação da UNIP. É coautora do livro: Manual do secretário de escola e
legislação anexa, distribuído para todas as escolas da rede municipal de ensino de São Paulo.
Wanderlei Sergio da Silva é formado em Geografia pela Universidade de São Paulo – USP, Mestre em Ciências
(Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo – USP e Doutor em Geociências e Meio Ambiente pela Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Unesp.
Trabalhou durante 15 anos no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT, em pesquisas
relacionadas com as geociências e o meio ambiente. Também atuou como consultor em trabalhos relacionados com
meio ambiente durante 6 anos. Na Universidade Paulista – UNIP, lecionou disciplinas relacionadas à geografia, ao
meio ambiente e ao planejamento no curso de Turismo, bem como as disciplinas didático-pedagógicas no curso de
Psicologia (Licenciatura). Atualmente é professor titular da UNIP, atuando como membro da Coordenadoria de Estágios
em Educação, e como professor na UNIP Interativa, nos cursos de Letras e Matemática, responsável pelas disciplinas
relacionadas com a Prática de Ensino, Didática Geral, Estrutura e Funcionamento da Educação Básica e Planejamento
e Políticas Públicas da Educação. É autor de cinco livros e 13 trabalhos de congresso, e foi entrevistado em programas
de rádio e TV sobre a temática ambiental.
CDU 37.01
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Sueli Brianezi Carvalho
Amanda Casale
Sumário
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Apresentação.......................................................................................................................................................7
Introdução............................................................................................................................................................7
1 contexto social geral...............................................................................................................................9
2 ASPECTOS CONCEITUAIS – PLANEJAMENTO, POLÍTICA E PÚBLICA.............................................. 10
2.1 Planejamento.......................................................................................................................................... 10
2.2 Política....................................................................................................................................................... 12
2.3 Público....................................................................................................................................................... 13
2.4 Políticas públicas e a política nacional de educação.............................................................. 14
3 ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA EDUCAÇÃO NACIONAL...................................................... 15
3.1 Entes federados e sistemas de ensino.......................................................................................... 15
3.1.1 Sistema Federal de Ensino.................................................................................................................... 16
3.1.2 Sistema de Ensino Estadual e do Distrito Federal...................................................................... 17
3.1.3 Sistema Municipal de Ensino.............................................................................................................. 18
3.2 A organização dos Conselhos de Educação................................................................................ 19
3.2.1 Conselho Nacional de Educação (CNE)........................................................................................... 20
3.2.2 Conselho Estadual de Educação (CEE)............................................................................................ 21
3.2.3 Conselho Municipal de Educação (CME)........................................................................................ 21
4 PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO............................................................................................................ 22
4.1 Plano Nacional de Educação - PNE (2001-2010)..................................................................... 23
4.2 O novo Plano Nacional de Educação (2011-2020).................................................................. 24
4.3 O Sistema Nacional de Educação................................................................................................... 27
5 A GESTÃO DA EDUCAÇÃO............................................................................................................................. 28
5.1 Concepção de gestão........................................................................................................................... 28
5.2 Diferentes modalidades de gestão da educação...................................................................... 29
5.2.1 Características principais das diferentes concepções de gestão escolar.......................... 31
5.3 Estrutura organizacional de uma escola no processo de gestão participativa............ 32
5.3.1 O papel do diretor/gestor da escola................................................................................................. 37
5.4 A participação como fundamento da gestão democrática................................................. 43
5.4.1 Os órgãos colegiados da escola......................................................................................................... 46
6 O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E A GESTÃO DA ESCOLA....................................................... 48
6.1 A gestão democrática como fator determinante da melhoria
da qualidade da educação........................................................................................................................ 51
7 O SISTEMA NACIONAL DE AVALIAÇÃO E OS PADRÕES DE QUALIDADE.................................... 56
7.1 A Avaliação Nacional da Educação Básica.................................................................................. 57
7.2 Política nacional de avaliação articulada com o subsistema.............................................. 61
8 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA.............................................................................................. 62
8.1 Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental
e de Valorização do Magistério (Fundef)............................................................................................. 68
8.2 Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
e Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb)................................................................. 69
8.3 Os Programas do Fundo Nacional de Desenvolvimento (FNDE)........................................ 77
8.3.1 Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)................................................................................ 78
8.3.2 Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)................................................................. 79
8.3.3 Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE)........................................................................ 80
8.3.4 Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).............................................................................. 80
8.3.5 Programa Nacional Saúde do Escolar (PNSE).............................................................................. 81
8.3.6 Programa Nacional de Transporte Escolar (PNATE)................................................................... 81
8.4 Financiamento e controle social: elementos fundamentais
para a educação com qualidade............................................................................................................. 82
Apresentação
De modo geral, a disciplina Planejamento e Políticas Públicas da Educação visa a esclarecer conceitos
e propiciar as condições para que você compreenda o embasamento institucional e legal para a sua
atuação como professor e as políticas a ele associadas, reconheça o sistema escolar como um elemento
de reflexão sobre a realidade educacional brasileira e se sinta estimulado a acompanhar as atualizações
constantes que vêm sendo realizadas por intermédio dos membros do Conselho Nacional de Educação,
do Ministério da Educação e dos parlamentares afeitos a este assunto.
Visa, também, a propiciar para você o entendimento da política educacional no contexto das demais
políticas públicas e as articulações existentes entre elas, identificando os principais aspectos legais
referentes à organização, à gestão e ao financiamento da educação básica.
Introdução
O segundo tópico aponta aspectos conceituais necessários à compreensão dos termos aqui utilizados,
com ênfase nos conceitos dos termos “planejamento”, “política” e “pública”.
O terceiro tópico aborda a organização da educação nacional, que contempla as esferas administrativas
ou entes federados, ou seja, União, Estados, Distrito Federal e Municípios, os seus sistemas de ensino, bem
como órgãos da administração como os Conselhos Nacional, Estadual e Municipal, com suas respectivas
competências.
O quarto tópico é dedicado ao Plano Nacional de Educação (2001-2010), e ao Novo Plano (2011-
2020), com suas diretrizes, metas e estratégias, e cujo projeto de lei encontra-se em discussão, abordando
também o Sistema Nacional de Educação.
O quinto tópico apresenta a Gestão da Educação, concepções, tipos de gestão, a nova concepção de
estrutura organizacional de uma escola e a participação como fundamento da gestão democrática. A
ênfase é dada à gestão participativa.
O sétimo tópico trata do Sistema Nacional de Avaliação e dos Padrões de Qualidade, com ênfase nos
programas de avaliação do governo para a Educação Básica.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Finalmente, o oitavo e último tópico aborda o Financiamento da Educação, focando nos recursos
financeiros aplicados à educação básica, com destaque para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério – Fundef, e no Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb, além
dos Programas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE.
Vários desafios devem ser superados por nossos sistemas de ensino, notadamente nos aspectos
legais de sua estrutura, organização e funcionamento.
O sistema escolar não pode ignorar o contexto econômico e político, ao qual se vincula os princípios
educacionais contemplados na Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(Lei 9394/96) – LDB. O conteúdo deve ser tratado não somente como programa de governo, mas como
programa de Estado, o que é bem diferente, pois possibilita a continuidade da política educacional para
que se tenha uma escola de qualidade e universalizada, organizada democraticamente, com recursos
suficientes, professores bem pagos e previamente preparados para exercerem com dignidade sua função.
Espera-se que esse livro-texto contribua efetivamente para a sua formação e de seus colegas de
curso, futuros educadores que, como se espera, sejam de ótima qualidade.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Imagine que, assim que se formar neste curso e iniciar seus trabalhos como professor numa escola
de educação básica, você seja convocado a participar da elaboração do projeto político-pedagógico do
curso em que estiver trabalhando. O quê fazer? Como começar? Em que documentos legais você deve se
apoiar? Imagine ainda outra situação na qual você seja arguido e pressionado a dar a sua opinião sobre
a política educacional que está sendo conduzida pelas três esferas de governo, seja na mídia, na sala dos
professores ou mesmo na sala de aula. O que responder? Com que base de apoio? O entendimento dessas
e de outras questões possíveis tem tudo a ver com o que será estudado neste livro-texto e é crucial para
a sua atuação profissional no futuro.
Figura 1
O tema desta disciplina é de fundamental importância para você, futuro professor, pois complementa
seu entendimento sobre a estrutura e o funcionamento da educação básica, “pano de fundo” de toda a sua
atuação profissional no futuro. Há assuntos correlatos que permeiam o tema. Por isto, aqui e ali será necessário
recorrermos a eles, com o intuito de esclarecer esta questão de tanta importância para a sua formação.
Nos últimos anos, mudanças profundas ocorreram e estão ocorrendo em todos os setores da
sociedade e, na medida em que transformações econômicas, sociais e políticas acontecem, a educação
deve ser repensada, uma vez que essas mudanças têm reflexo direto em toda a dinâmica das organizações
educacionais. Recorrentemente, as políticas educacionais existentes até então não mais atendem às
necessidades do sistema educacional como um todo.
horizontais, com o poder de decisão construído coletivamente, por meio da participação dos vários
segmentos da comunidade escolar e local, nos órgãos colegiados existentes na escola. Você vai notar
que este é o tipo de gestão que defendemos em nossa disciplina.
São grandes, portanto, os desafios das escolas no sentido de colocar em prática as políticas de educação
que norteiam os planos, e compete à gestão democrática implementar a proposta, com ações coerentes
para nortear os objetivos estabelecidos, num processo de avaliação contínua e permanente. Para que essa
ação se processe de forma eficiente e eficaz é fundamental a vinculação de recursos à manutenção e
desenvolvimento do ensino, pois financiamento e gestão são indissociáveis. De nada adianta elaborar
planos e programas “infalíveis” se não estiver associados a eles a origem dos recursos necessários.
A transparência da gestão de recursos financeiros e seu controle social impõem-se hoje não só como
prioridade conferida à educação pública, mas também como condição para uma gestão mais eficaz.
A gestão da educação, seja na escola ou no sistema de ensino, provém de uma política de educação
que traça as direções a serem trilhadas.
2.1 Planejamento
Figura 2
10
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Do ponto de vista conceitual, o planejamento é visto como um processo mental que supõe
análise, reflexão e previsão. Previsão significa que ele visa sempre ao futuro e busca estabelecer
um conjunto coordenado de ações visando à consecução de determinados objetivos nele
estabelecidos.
Há diferentes tipos de planejamento, que podem ser classificados, entre outros, sob os seguintes
pontos de vista:
Tipo de Planejamento
Variável
Estratégico Tático Operacional
Tempo Longo prazo Médio prazo Curto prazo
Espaço Território todo Parte do território Ação a desenvolver em
determinado espaço
Objetivos Define os gerais Define os específicos ...
Diretrizes Para o plano todo Transforma-as em Operacionaliza o plano
– indica a direção a ações – dá suporte às tático
seguir decisões que indicam a
direção a seguir
De acordo com Ignarra (2003), adaptado pelo autor, planejar, grosso modo, significa responder a oito
perguntas:
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
2.2 Política
Figura 3
Política é um termo que pode ser entendido de diversos modos, porém, o que mais se aplica aos
objetivos desta disciplina é o que entende o termo como a habilidade no trato dos temas referentes
às relações humanas, com vistas à obtenção de resultados desejados em qualquer área pertinente ao
convívio em sociedade.
Fazer política é dispor, ao redor de uma mesa, pessoas com objetivos diferentes para tratar de
temas de interesse comum. No caso da educação, significa debater o tema com representantes de
todos os elementos da sociedade que se interessam por ele, como os donos das escolas particulares,
o setor público ligado ao tema, os alunos, os funcionários das escolas, os pais de alunos, os
professores e qualquer outro interessado. Cada um defende seu ponto de vista, apresenta sua
sugestão e participa do debate segundo os seus interesses. Ao final, o que se pretende é chegar
a um resultado consensual, uma política, a ser adotada e consubstanciada em diplomas legais,
planos, programas e projetos.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
2.3 Público
Figura 4
Do ponto de vista conceitual, o termo “público” significa: do, relativo, pertencente ou destinado ao
povo ou à coletividade. O interesse público sempre prevalece sobre o interesse particular e, num regime
democrático, a sociedade designa alguns representantes para fazer valer a sua vontade, compondo o
chamado Setor Público.
Por definição, o Setor Público não deve visar ao lucro, ao contrário, deve aplicar a renda obtida com
impostos e taxas na implantação de políticas públicas em benefício de toda a população, ou seja, se
existe uma necessidade social e dinheiro para supri-la, a função do setor público é aplicar os recursos na
implementação de políticas públicas neste sentido.
Há razões suficientes para considerar-se adequado que o Setor Público desempenhe um papel de
liderança no processo político educacional, pois dentre todos os agentes interessados na questão, ele é
o único que apresenta as seguintes características:
Assim, o que é público é do povo e a ele se destina, e este povo designa alguns representantes
para a defesa de seus interesses. As políticas resultantes dos debates são designadas “políticas
públicas”, que tem por objetivo refletir o equilíbrio desta balança de interesses em discussão. Ao
Setor Público cabe implementar essas políticas, em consonância com os interesses da sociedade
que o constituiu.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
O sucesso de uma política pública depende da sua inserção no contexto geral das demais políticas
adotadas, pois todas existem de modo integrado. Há uma hierarquia de importância entre elas, onde a
política educacional ocupa certamente papel de destaque, embora esteja submetida à política econômica,
como de resto todas as demais políticas.
Do mesmo modo, se considerarmos o território brasileiro como parte de uma rede, os nós dessa
rede serão, invariavelmente, as cidades, e essas concentram cerca de 85% da população. Diante dessa
realidade, é coerente pensar que a política educacional deve estar articulada de modo muito próximo
com as políticas urbanas.
As políticas urbanas, bem como a educacional, sujeitam-se à política econômica, orbitando em seu
redor. No entanto, tanto uma quanto outra só alcançarão sucesso dependendo da sua concatenação
com várias outras políticas setoriais.
O quadro de deterioração qualitativa da educação básica pública, em que pesem as melhorias pontuais
gradativas dos últimos anos, é fruto, também, da exiguidade de recursos diante das necessidades reais,
bem como do emprego inescrupuloso dos recursos a ela destinados e da ausência de concatenação com
outras políticas setoriais.
Historicamente, a intervenção estatal sobre a educação pública no país sempre foi apoiada
sobre fundamentações puramente técnicas, por vezes elitistas e subtraídas de conteúdo social. Em
consequência, suas políticas restringiram-se a intervenções setoriais parciais, privilegiando as camadas
sociais mais abastadas e marginalizando os mais pobres, ao desqualificar sua formação inicial. A
educação, principalmente nas grandes cidades, sempre sofreu, por exemplo, com a descontinuidade
político-administrativa.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Tradicionalmente, a maior preocupação da educação pública nas cidades e metrópoles tem sido
administrar a pressão por vagas para um grande número de alunos que precisa ingressar no sistema
a cada ano. Este acréscimo quantitativo, no entanto, via de regra, resulta num decréscimo qualitativo
por vários motivos, dentre os quais se destaca, para fins deste texto, a contratação de professores
malformados, por vezes sem a qualificação necessária para o exercício de uma função social tão
elevada.
Toda sociedade, por mais sofisticada e urbanizada que tenha se tornado, teve início como
uma sociedade rural agrária. O ruralismo representa a gênese de todas as civilizações, e não
é diferente no caso do Brasil. Nas últimas décadas, essas áreas têm sofrido muitas pressões
que resultam na diminuição contínua da população, com destaque para o desenvolvimento
constante das tecnologias agrícolas. Grandes máquinas são utilizadas para executar um trabalho
que substitui, por vezes, centenas de trabalhadores rurais. O emprego escasseia e a população
termina por se deslocar para as cidades, em busca de melhores condições para trabalhar e
viver. Percebe-se, portanto, que as políticas educacionais no campo devem estar devidamente
atreladas, também, com as políticas educacionais nas áreas urbanas, procurando diminuir os
problemas pelos quais a maior parte da população brasileira passa, seja nas áreas rurais ou nas
periferias das grandes cidades. A diminuição desses problemas depende, em grande parte, da
melhoria da qualidade da educação básica pública, o que irá requerer políticas adequadas em
todos os sentidos.
Neste tópico, será tratada a forma como a educação nacional se organiza administrativamente,
particularmente as atribuições e inter-relações existentes entre as diversas esferas de governo.
respectivos sistemas de ensino, ou seja: Sistema Federal, Sistema Estadual ou Distrital e Sistema
Municipal.
Figura 5
Refere-se às instituições, aos órgãos, às leis e às normas, que se concretizam nos Estados e Municípios,
sob a responsabilidade do governo federal.
As instituições mantidas pela União e que compõem o Sistema Federal de Ensino são:
• universidades federais;
• instituições isoladas de Ensino Superior;
• Centros Federais de Educação Tecnológica;
• estabelecimentos de educação básica (colégios de aplicação);
• Colégio Pedro II;
• instituições de educação especial.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Além dessas instituições, o governo federal, por meio do Ministério da Educação, supervisiona e
inspeciona as diversas instituições privadas de educação superior.
Nota-se que a União tem um papel fundamental na manutenção das instituições e na organização
e funcionamento dos demais sistemas.
Existem no Brasil 26 sistemas de ensino estaduais e um do Distrito Federal. Por definição legal, eles
devem atuar prioritariamente no Ensino Fundamental e Médio, compreendendo:
• as instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo Poder Público Estadual e pelo Distrito
Federal;
• as instituições de Educação Superior mantidas pelo Poder Público Municipal;
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Para se ter uma ideia aproximada do gigantismo desses sistemas, de acordo com o Censo da Educação
Básica de 2009, os poderes públicos estaduais mantinham 32.247 escolas, com aproximadamente 20,7
milhões de matrículas, em um total nacional de 197.468 escolas com mais de 52 milhões de alunos
matriculados. Já as instituições particulares de Ensino Fundamental e Médio, em 2009, contavam com
mais de sete milhões de alunos matriculados em 35.695 escolas.
Os Estados e o Distrito Federal, conforme previsto na Constituição Federal de 1988, no artigo 24,
podem legislar sobre a educação, a cultura, o ensino e o desporto. A LDB, no seu artigo 10, estabelece as
incumbências dos Estados. São elas:
Ressalta-se que, ao Distrito Federal, aplicar-se-ão as competências referentes aos Estados e, também,
aos Municípios.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
• as instituições de Ensino Fundamental, Médio e Educação Infantil mantidas pelo Poder Público
municipal;
• as instituições de Educação Infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada;
• os órgãos municipais de educação.
I- organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino,
integrando-os às políticas e planos educacionais da União e dos Estados;
II- exercer a ação redistributiva em relação às suas escolas;
III- baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;
IV- autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de ensino;
V- oferecer Educação Infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, Ensino Fundamental,
permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente
as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos
vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino.
VI- assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal.
Os Municípios poderão optar, ainda, por se integrar ao Sistema Estadual de Ensino ou compor com
ele um sistema único de educação básica.
O que vem a ser um Conselho? O termo Conselho vem do latim Consilium que significa ouvir alguém,
submeter algo a uma deliberação de alguém, após uma ponderação refletida, prudente e de bom senso,
parecer, juízo, opinião.
Da estrutura educacional, fazem parte alguns órgãos de administração que exercem funções
normativas, deliberativas, fiscalizadoras e de planejamento e que são denominados de Conselhos
de Educação. São eles: Conselho Nacional, Conselho Estadual e Conselho Municipal, segundo sua
dependência político-administrativa.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Figura 6
A LDB, no seu § 1º do artigo 9º, define que na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional
de Educação, com funções normativas e de supervisão, e atividade permanente. Na verdade, o CNE foi
instituído pela Lei 9.131, de 24 de novembro de 1995, que alterou os dispositivos da Lei 4024/61 (1ª LDB)
e veio substituir o Conselho Federal de Educação, que existiu entre 1962 e 1994.
O Conselho Nacional de Educação foi criado inicialmente como medida provisória e depois definido
de forma permanente e tem atribuições normativas, deliberativas e de assessoramento ao Ministro de
Estado da Educação, a fim de assegurar a participação da sociedade no aperfeiçoamento da educação
nacional. É composto por duas câmaras autônomas, a Câmara de Educação Básica (CEB) e a Câmara
de Educação Superior (CES). Este Conselho se reúne ordinariamente, a cada dois meses, e suas Câmaras
reúnem-se mensalmente.
Criado pela Lei 9131/95, foi confirmado no artigo 9º, § 1º da LDB, o qual estabelece que, na estrutura
educacional, haverá um Conselho Nacional de Educação, com funções normativas e de supervisão e
atividade permanente, criado por lei.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
• emitir parecer sobre questões relativas à aplicação da legislação educacional, no que diz respeito
à integração entre os diferentes níveis e modalidades de ensino;
• elaborar o seu regimento, a ser aprovado pelo Ministro da Educação.
• manter intercâmbio com o Conselho Nacional de Educação e com os demais Conselhos Estaduais
e Municipais, visando à consecução dos seus objetivos;
• formular políticas educacionais e baixar normas complementares para o Sistema Estadual de
Ensino;
• articular-se com órgãos e entidades federais, estaduais e municipais, para assegurar a coordenação,
a divulgação e a execução de planos e programas educacionais;
• deliberar e emitir parecer sobre assuntos da área educacional que lhes forem submetidos pelo
Governador do Estado, pelo Secretário da Educação, pela Assembleia Legislativa e pelas Unidades
Escolares;
• subsidiar a elaboração e acompanhar a execução do Plano Estadual de Educação.
Também são suas atribuições credenciar instituições, autorizar funcionamento de cursos, reconhecer
cursos superiores ministrados pelas universidades estaduais, viabilizar a regularização da vida escolar,
apurar denúncias envolvendo estabelecimentos de ensino, fornecer orientação, dentre outras.
Ao ser instituído, o CME pode decidir sobre diversas matérias, desde autorizar o funcionamento de
escolas e de cursos até propor normas pedagógicas e administrativas. Cabe, também, aos Conselhos
Municipais de Educação, regulamentar as questões ligadas à rede de ensino municipal e à rede particular
que tenha apenas Educação Infantil.
Uma das atribuições dos Conselhos Municipais de Educação é participar da elaboração do Plano
Municipal de Educação, acompanhar e avaliar a política educacional, fiscalizar as ações implementadas
e mobilizar a sociedade.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Fazem parte de qualquer CME representantes da própria secretaria da Educação, dos professores,
diretores, funcionários da rede municipal, da rede estadual e da particular, e do Ensino Superior, se
houver, ou seja, representantes dos diversos segmentos da sociedade.
O CME tem como finalidades estimular a participação da sociedade civil no processo de definição
das políticas educacionais do município e consolidar planos municipais de educação, acompanhando,
fiscalizando e avaliando sua aplicação.
Pode-se considerar, portanto, que os Conselhos são órgãos colegiados de caráter normativo,
deliberativo e consultivo, que interpretam e resolvem, segundo suas competências e atribuições, a
aplicação da legislação educacional. Conta com recursos favoráveis à cobrança do direito à escola de
qualidade, ou seja, à vinculação constitucional de recursos para a manutenção e desenvolvimento do
ensino, a gratuidade do Ensino Fundamental nos estabelecimentos oficiais, o Ensino Fundamental como
direito público e subjetivo de todos, além da chamada à participação da comunidade na escola.
Aos Conselhos de Educação, seja nacional, estadual, distrital ou municipal, dentro de suas atribuições,
cabe a busca incessante do diálogo entre o Estado e todos os setores implicados, interessados e
compromissados com a qualidade da educação escolar em nosso país, ou seja, cabe a elaboração prática
do desenvolvimento de políticas públicas relacionadas com a educação, de modo participativo.
De acordo com LDB (artigo 9º, inciso I) é incumbência da União elaborar o Plano Nacional de
Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
A Constituição Federal de 1934, por sua vez, definiu como principal função do Conselho Nacional de
Educação a elaboração do Plano Nacional de Educação, que não foi implementado em virtude do golpe
de 1937, que manteve Vargas no poder até 1945.
A Lei 4024/61 (1ª LDB), estabeleceu as coordenadas para a elaboração do primeiro Plano Nacional
de Educação. Em 1962, por iniciativa do Ministério da Educação, foi elaborado um plano, aprovado pelo
Conselho Federal de Educação - CFE, constituído de metas a serem alcançadas em oito anos, além de
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
estabelecer os critérios para a aplicação dos recursos destinados à educação. Este plano, porém, não
constituiu uma lei que determinasse os objetivos e metas da educação no país.
Além desse, outros planos foram elaborados após 1962, mas devido à descontinuidade administrativa
e a falta de integração entre os ministérios, não foram realmente efetivados.
Com a promulgação da Constituição de 1988, foi instituído por lei o Plano Nacional de Educação,
caracterizado como autônomo em relação ao que estabelece a nova LDB.
No governo Collor, em 1993, outro plano foi editado – o Plano Decenal de Educação para Todos -
mas, foi abandonado com a posse de Fernando Henrique Cardoso, em 1995. Como este governo tinha
como projeto reformular toda a educação brasileira, apresentou o seu Plano Nacional de Educação como
continuidade do Plano Decenal de 1993 (artigo 87, parágrafo 1º, da Lei 9394/96). O projeto de lei do
governo e mais o construído pela sociedade civil – por meio de entidades científicas, acadêmicas, sindicais
e estudantis - deram entrada na Câmara dos Deputados em fevereiro de 1998, contribuindo para o avanço
na participação democrática na construção de leis no país. Devido à realização das eleições de 1998, houve
um atraso na discussão das propostas, e somente depois de alguns anos foi aprovado pelo Congresso
Nacional o Plano Nacional de Educação, por meio da Lei 10.172 de 9 de janeiro de 2001.
O primeiro Plano Nacional de Educação foi elaborado para um período de 10 anos e vigorou de 2001
a 2010. Este Plano se referiu a todos os níveis e modalidades de ensino. Foi o primeiro a ser submetido
à aprovação pelo Congresso Nacional, por ser exigência tanto da Constituição Federal de 1988 (artigo
214) como da LDB/1996 (artigo 87).
Pelo fato de este plano ter sido elaborado para vigorar por 10 anos, independentemente do governo
que estivesse no poder, isto possibilitou a continuidade das políticas educacionais, uma vez que ficou
caracterizado como um plano de Estado mais do que governamental.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Várias metas foram estabelecidas para este Plano, dentre as mais importantes referentes à educação
básica, pode-se destacar:
• em 2008, apenas 18% das crianças de até três anos recebiam atendimento em creches;
• entre 2000 e 2008 o analfabetismo caiu de 13,6% para 10%;
• entre 2006 e 2008, a evasão no Ensino Médio subiu de 10% para 13,2%.
Pode-se afirmar, portanto, que as metas estabelecidas não foram totalmente alcançadas, em que
pese o fato das duas primeiras metas terem sido praticamente alcançadas.
Em 2010 foi apresentada pelo Conselho Nacional de Educação a proposta de um novo Plano
Nacional de Educação para o período 2011-2020. Essa proposta foi discutida na Conferência Nacional
de Educação (Conae), que é um espaço de discussão sobre os rumos que o país deve tomar em todos os
níveis de ensino. Foram discutidas e indicadas diretrizes e estratégias de ação para a configuração deste
novo Plano Nacional de Educação.
A participação dos movimentos sociais e da sociedade civil, bem como da sociedade política, sob a
coordenação de uma comissão nacional, instituída pelo Ministério da Educação, propiciou as condições
necessárias para que o novo PNE se consolidasse como política de Estado e não apenas de governo, com
o propósito de conceber a educação de forma sistêmica, sem hierarquias ou fragmentações entre os
níveis, etapas e modalidades de ensino.
Em 2011, entrou em discussão o novo Plano Nacional de Educação - PNE. O exame das diretrizes,
metas e estratégias nele contidas começa a ser feito na Comissão de Educação e Cultura da Câmara
dos Deputados, onde os parlamentares poderão apresentar emendas ao Projeto de Lei nº 8035/2010,
enviado ao Congresso Nacional em 15/12/2010. Pelas regras do Parlamento, depois de examinado na
Comissão da Câmara, o projeto segue para a análise da Comissão de Constituição e Justiça. Se aprovado
nas duas instâncias legislativas, será enviado às comissões correspondentes do Senado Federal.
24
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
O novo Plano Nacional de Educação (2011-2020) apresenta dez diretrizes, que preveem:
I- erradicação do analfabetismo;
II- universalização do atendimento escolar;
III- superação das desigualdades educacionais;
IV- melhoria da qualidade do ensino;
V- formação para o trabalho;
VI- promoção da sustentabilidade socioambiental;
VII- promoção humanística, científica e tecnológica do país;
VIII- estabelecimento de metas de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do
produto interno bruto;
IX- valorização dos profissionais da educação;
X- difusão dos princípios da equidade, do respeito à diversidade e a gestão democrática da educação.
O plano define metas e prazos para que elas sejam alcançadas, sendo que a consecução das metas
e a implementação das estratégias deverão ser realizadas em regime de colaboração entre a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Dentre as metas e prazos, destacam-se:
25
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Para cada meta existem várias estratégias, com o objetivo de operacionalizar e atingir as metas
propostas, dentro do prazo da vigência do PNE (2011/2020), desde que não haja prazo inferior definido
para as metas específicas.
26
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
As metas previstas deverão ter como referência os censos nacionais da educação básica e superior
mais atualizados, disponíveis na época da aprovação deste plano como lei.
Esse novo Plano Nacional de Educação, por estabelecer uma política de Estado, deverá ser
tratado como principal prioridade pelo Estado nacional e pela sociedade brasileira. Deverá,
também, propiciar a correção das deficiências e lacunas do atual Plano, bem como contribuir
para o aprimoramento e avanço das políticas educacionais em curso no país, e muito contribuirá
para a superação da visão fragmentada que tem marcado a organização e a gestão da educação
nacional.
Na verdade, o Brasil ainda não apresenta um Sistema Nacional de Educação formalmente articulado.
Na LDB o sistema nacional de educação foi substituído pela organização da educação nacional.
Sabe-se que a educação é direito do cidadão e cabe ao Estado a sua oferta, assim, cabe ao Estado
organizar-se para garantir o cumprimento desse direito, da mesma forma como ocorreu em quase todos
os países do mundo, universalizando o ensino básico público como direito de todos, garantido por meio
de um Sistema Nacional de Educação.
Infelizmente, no entanto, o Poder Público no Brasil ainda não garantiu esse direito para todos dessa
forma, uma vez que não se tem institucionalizado um sistema nacional de educação como instrumento
para a concretização dos seus deveres. Isto se revela pela não universalização da educação básica,
pelo alto índice de analfabetismo, pela pouca escolaridade dos brasileiros, pelo desempenho fraco dos
estudantes e pela não democratização do acesso à educação superior.
O Estado brasileiro não construiu ainda uma forma de organização que possibilite o alcance
dos fins da educação e o regime de colaboração entre os sistemas de ensino federal, estadual,
distrital e municipal, o que tornaria viável a garantia de acesso à cultura, à educação e à ciência,
em todas as esferas do Poder Público. Apesar de o Brasil ter uma Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, um órgão legislativo, que é o Congresso Nacional, um órgão que normatiza
todos os sistemas, que é o Conselho Nacional de Educação e um órgão que estabelece e executa
as políticas de governo, que é o Ministério da Educação, o acesso à cultura, à educação e à
ciência ainda é precário.
27
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Art. 206 – O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
5 A GESTÃO DA EDUCAÇÃO
O termo gestão significa o ato de gerir, gerência, administração (HOLANDA FERREIRA, 1999). Gestão
é, em outras palavras, tomada de decisão, organização, direção.
A gestão pode ocorrer de vários modos, dentre eles o da chamada “gestão democrática”, que representa
um novo modo de administrar uma realidade, e se traduz pela comunicação, pelo envolvimento coletivo
e principalmente pelo diálogo.
28
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Especificamente a gestão da escola é realizada com base nas políticas educacionais definidas pelo
Poder Público, e o seu conhecimento e compreensão são fundamentais, pois a gestão concretiza aquilo
que foi definido e projetado nos documentos oficiais.
Até recentemente falava-se apenas em “administração escolar” e não em “gestão escolar”. Na verdade,
de acordo com as concepções atuais, a gestão engloba a administração. Vejamos, sinteticamente, o que
diferencia uma da outra:
Há algum tempo, tem-se observado uma crise na teoria da administração tradicional. Os teóricos
apontam como motivo o fato de terem tomado consciência de que ninguém gosta de obedecer a ordens.
Como consequência, cai por terra o conceito de autoridade, sobre o qual repousa a teorias da administração.
Uma das principais diferenças conceituais entre os termos, diz respeito ao fato de, em administração,
o líder ser o principal responsável pelo êxito das ações do grupo sob seu comando Já em gestão, sua
figura tende a ser enfraquecida ou, até mesmo, eliminada. O destaque vai para as decisões grupais e o
consenso. Pode-se afirmar, portanto, que “gestão” é uma expressão mais ampla do que “administração”,
que é uma das suas formas.
• administração;
• cogestão;
• autogestão.
Em “administração” há uma preocupação com a eficiência, ou seja, como obter o máximo de resultados.
Com o tempo foi se impondo o conceito de eficácia, ou seja, como alcançar os objetivos propostos com o
menor dispêndio de energia. A diferença entre os conceitos, segundo Simon (in DIAS, 1998, p. 269) pode
ser sucintamente explicada pela seguinte comparação: “a metralhadora é uma arma bastante eficiente – é
capaz de disparar muitos tiros por segundo. No entanto, ela somente será eficaz se atingir o alvo”.
Na “autogestão”, observa-se ausência de autoridade, sem que isto signifique ausência de ordem. As
pessoas ou grupos agem com autonomia, não por obediência, mas por convicção. Não se conhece, ainda,
uma experiência bem-sucedida e duradoura de autogestão. Ela jamais conseguiu sair do discurso ideológico
para firmar-se na prática. Por isso, a escola ainda precisa de um diretor, ou administrador escolar.
De modo mais detalhado, pode-se afirmar que existem diferentes modalidades de gestão,
conforme a concepção que se tenha das finalidades sociais e políticas da educação em relação à
sociedade e à formação dos alunos, que vão desde o modelo mais burocrático até o mais democrático.
Isto está atrelado às influências socioeconômicas, políticas e culturais, em cada momento histórico
e em cada lugar no espaço. As modalidades e suas características principais são apresentadas a
seguir:
• Gestão baseada no modelo burocrático: o modelo burocrático de gestão tem suas origens
nas teorias organizacionais clássicas e científicas, oriundas da cultura positivista, voltada para
a produtividade. A concepção técnico-científica aí se situa, prevalecendo uma visão burocrática
e tecnicista da escola, onde a direção é centralizada em uma pessoa e as decisões seguem uma
hierarquia, vêm “de cima para baixo”, portanto, são verticalizadas. O dirigente tem o perfil definido
pelos princípios da autoridade e competência técnica, comprometido apenas com a eficiência da
organização, perfil este coerente com os paradigmas da gestão técnico-burocrática.
Na escola burocrática há apenas o seguimento de uma rotina. Observa-se uma ausência de desafios
e vitórias. O conhecimento é fragmentado tanto nas funções técnicas quanto nas funções docentes.
Infelizmente, este processo de gestão, que grande parte das escolas aplica, baseia-se na concepção de
educação derivada do paradigma racional positivista, segundo o qual a relação sujeito versus objeto é
vista de forma fragmentada, verticalizada. Daí a postura de dominação presente nas relações de poder
que se estabelece no interior dessas instituições. A verticalidade das relações se assenta no princípio da
autoridade do chefe, propiciando a formação de indivíduos como sujeitos passivos na relação social e
não como sujeitos ativos e participantes de seu tempo.
O processo participativo não somente contribui para o desenvolvimento mais justo da educação, mas também:
Fonte: adaptado de LIBÂNEO, J. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2008, p. 327.
Essas concepções possibilitam a análise da estrutura e da dinâmica organizativas de uma escola, mas
raramente se apresentam de forma completa em situações concretas.
Figura 7
32
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
A escola é organizada com a finalidade de atingir objetivos, os quais orientam a tomada de decisões.
Os objetivos da escola abrangem a aprendizagem escolar, a formação da cidadania e a de valores e
atitudes. Conhecê-los bem é uma necessidade, principalmente para o diretor e os professores, além dos
alunos e pais, afinal, esses objetivos só poderão ser alcançados se o sistema de organização e gestão da
escola propiciar as condições para tal.
Toda instituição escolar possui uma estrutura organizacional interna, geralmente prevista em
legislação específica. O termo “estrutura”, aqui utilizado, tem o sentido de disposição de setores e
funções que asseguram o seu funcionamento. Essa estrutura geralmente é representada por um
organograma, que mostra as inter-relações entre os vários setores e funções de uma organização, no
caso, de uma escola. Assim, a nova concepção gera uma nova estrutura, construída coletivamente,
no processo de gestão. Não deve apresentar mais a forma piramidal, que retrata a verticalidade
das relações, mas sim a forma circular, situando as diferentes esferas de poder nas relações de
horizontalidade, calcadas na cooperação e solidariedade. A figura a seguir apresenta um exemplo
deste organograma circular:
Conselho de escola
Direção,
Assistente de Direção ou
Coordenador de Turno
Setor
técnico‑administrativo Setor Pedagógico
- Secretaria Escolar -Conselho de Classe
- Serviço de zeladoria, limpeza, vigilância - Coordenação Pedagógica
- Multimeios (biblioteca, laboratório, -Orientação Educacional
videoteca...)
Corpo docente
Corpo discente
Pais e Comunidade
- APM -
33
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Todos os setores e funções devem estar devidamente articulados, fundamentalmente numa escola
que se pauta pela gestão democrática participativa. Suas funções e características intrínsecas são as
seguintes:
Figura 9
• Direção: coordena, organiza e gerencia todas as atividades da escola, auxiliado pelos demais
elementos e pelos especialistas.
Figura 10
34
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Figura 11
Figura 12
• Corpo docente: conjunto dos professores em exercício na escola. Contribui para a razão de ser da
escola, ou seja, a viabilização do processo ensino-aprendizagem, participando da elaboração do
plano escolar e do projeto político-pedagógico da escola.
Figura 13
35
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
• Corpo discente: é composto pelos alunos matriculados na escola. É em função do corpo discente
e da sua realidade que são definidos os objetivos da escola. Define a natureza do estabelecimento
escolar: Educação Infantil, Fundamental, Ensino Médio, Escola Especial etc.
Figura 14
Figura 15
A chamada “Estrutura Total” da escola é mais ampla do que a administrativa, compreendendo relações
que derivam da existência enquanto grupo social. Se as escolas possuem estruturas administrativas iguais ou
semelhantes, cada uma delas é diferente da outra, devido à sua sociabilidade própria, ou seja, à sua estrutura total.
Pode-se afirmar, portanto, que o modelo de estrutura que retrata a organização e o funcionamento
de uma escola está atrelado ao tipo de gestão assumido pela organização. A escola direcionada pelo
36
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
processo de gestão democrática, onde o cultivo do clima organizacional positivo leva ao desafio da
construção coletiva e da prática democrática interna, terá uma estrutura voltada para as relações
de horizontalidade, com a apresentação de um organograma circular como foi o apresentado, e não
piramidal, que valoriza as relações verticalizadas de poder, característico das instituições que promovem
uma gestão burocrática.
O diretor (ou gestor) da escola assume uma série de responsabilidades e deve cumprir vários papéis,
dentre as quais se destacam:
• Como autoridade escolar: o diretor é o responsável por tudo o que se passa na escola, personifica
a instituição à qual pertence e é quem representa a escola em ocasiões especiais.
Figura 16
• Como educador: escola implica em mais do que ensino, implica em educação, um termo muito
mais abrangente. A forma de conduzir a escola provoca repercussões nos alunos (por exemplo uma
escola ditatorial tende a gerar um aluno submisso) e o responsável pela definição da condução da
escola é o seu diretor.
Figura 17
37
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
• Como administrador: o diretor é quem assume a liderança do grupo para a execução de diversas
tarefas (planejamento, organização, coordenação de esforços, avaliação de resultados etc.).
Figura 18
Dias (1998) apresenta de modo muito didático a importância da direção para a vida da escola, por
meio de um relato fictício de uma situação que poderia muito bem ser observada em nossas escolas.
Observe o texto:
38
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
O diretor é fundamental para a funcionalidade da unidade escolar, pois é a figura central do processo
educacional dentro da escola que dirige. Administrar uma escola é tarefa de grande desafio e só com um
trabalho em equipe é possível chegar à concretização dos objetivos. O trabalho em equipe requer uma
liderança eficaz, e o diretor é quem assume este papel.
Acima de tudo, o diretor é o líder na escola. Na gestão democrática podemos situá-lo como o líder
dos líderes, tendo em vista a participação coletiva e as relações horizontais que devem acontecer no
clima organizacional. É aquele que tem consciência dos desafios que enfrenta e que envolve as pessoas
no trabalho.
O diretor é o líder da escola. Mas, o que é um líder? Esta questão nos leva a algumas possibilidades
de resposta, dependendo do foco:
39
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
• Quando o foco é a situação que envolve o grupo – mais importante do que a pessoa do líder
ou do que o grupo, é a situação em que estão colocados. Este enfoque é mais abrangente do
que os anteriores, pois leva em consideração fatores ambientais que operam sobre as pessoas
(determinismo), entre outros fatores de influência não considerados nos demais.
Prosseguindo nesta linha de raciocínio, surge uma questão de extrema importância: de onde vem a
autoridade do líder? Quem a define? Qual sua origem?
A origem da autoridade de um líder, segundo Max Weber (in DIAS,1998) pode advir de três fontes.
São elas:
• Tradicional: neste caso, predomina o paternalismo e o poder é transmitido por arbítrio ou tradição.
O líder é assim designado por alguém que detém o poder, e procura exercer sua liderança sem que,
necessariamente, esteja preparado para isso;
• Carismática: neste caso, a autoridade do líder advém das suas qualidades pessoais (simpatia,
facilidade de comunicação, empatia...) que o torna diferente (carisma);
• Formal-legal: neste caso, as pessoas são investidas em cargos de liderança em função do mérito
devidamente comprovado. Considerada a mais adequada por Weber, é a situação da maioria dos
diretores de escola no Brasil, especialmente nas escolas públicas.
Líderes apresentam diferentes estilos de liderar. Segundo Kurt Lewin (in DIAS, 1998), dentre os estilos
possíveis de liderança, podem ser destacados:
• Liderança autocrática: o líder autocrático centraliza as decisões e impõe seus pontos de vista,
preferindo errar sozinho a acertar com o grupo. É considerado extremista e centralizador, pois
centraliza as decisões em si, exige obediência e recusa qualquer discussão;
Figura 19
• Liderança democrática: o líder democrático, sem renunciar à sua posição de principal responsável,
valoriza a participação dos liderados nas tomadas de decisões. Numa escala de estilo de liderança,
é aquele que ocuparia uma posição intermediária, de equilíbrio entre o estilo mais e o menos
autoritário. É um moderador;
40
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Figura 20
• Liderança laissez-faire – o líder laissez-faire abre mão de qualquer tipo de controle sobre o grupo,
deixando-o a vontade para decidir sobre assuntos do seu interesse. É extremista, no sentido de
não exercer qualquer influência de liderança sobre a equipe, deixando-a absolutamente à vontade
para decidir sobre o que quer que seja.
Figura 21
• Burocrático: preocupa-se apenas em cumprir suas funções e em exigir que todos os regulamentos
sejam respeitados à risca e as tarefas administrativas rigorosamente executadas, em conformidade
com as exigências dos superiores hierárquicos. Mantém a organização existente e a rotina,
assegurando o funcionamento “perfeito” da escola.
• Carismático: apresenta espiritualidade interior profunda, irradia simpatia, tem magnetismo
pessoal, simpático com todos.
Independente de estilo, um líder sensu strictu ideal é aquele que inspira e motiva os outros. É
visionário, compartilha os sentimentos de outras pessoas, estimula a participação dos envolvidos
nas decisões, compartilha o poder, sabe comunicar-se de forma eficiente, tendo consciência de que
41
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
a eficácia dessa comunicação pode transformar o entendimento em ação. Ele mantém o foco sobre
as questões a resolver, media conflitos, evita rupturas de comunicação, democratiza as informações,
motiva as pessoas para a concretização de ações, elogia, reconhece o bom trabalho, oferece ao grupo
apoio construtivo, delega, compartilha, estabelece confiança e lealdade, é ético e decidido. Além de
todas essas qualidades, ainda pode-se acrescentar que um líder tem que ter coragem para procurar
a verdade sempre, assumir responsabilidade sobre toda e qualquer situação, resistir à pressão, entre
outras qualidades que dele se espera.
Quanto mais a estrutura e a organização do sistema de ensino forem centralizadas, tanto mais a
tomada de decisão dependerá da conduta do diretor.
A maior parte dos diretores exerce sua autoridade misturando vários estilos na medida da necessidade,
no entanto, sempre um deles predomina sobre os demais, dependendo da ocasião, da situação a ser
enfrentada e das circunstâncias apresentadas.
Enfim, o diretor de escola pode ser um burocrata, mantendo as estruturas e cumprindo rigorosamente
as determinações dos seus superiores, autônomo em certos setores da sua escola, autocrático,
democrático, incentivando a participação dos seus liderados em todas as decisões ou, pode agir dando
liberdade total para os comandados tomarem as decisões pertinentes ao funcionamento da escola.
Numa escola pautada pela gestão democrática, onde o diretor toma as decisões com o coletivo,
visando à qualidade da organização, conquistas podem ser proclamadas quando, por exemplo:
Segundo Piletti (2010), é preciso que todos os envolvidos no trabalho escolar, especialmente os
diretores/dirigentes, tenham um compromisso claro e sério com a teoria e a prática democrática. A
democracia só tem condições de funcionar se ela for conquistada, construída, e não imposta, daí o
trabalho em equipe, com a discussão e solução dos problemas de forma coletiva.
Grandes são os desafios apresentados para o diretor de uma instituição escolar, no seu cotidiano. O
conhecimento dos processos de gestão é fundamental para que se construa uma escola de qualidade,
com autonomia e participação de todos os segmentos na tomada coletiva de decisão, acompanhamento
e avaliação das políticas direcionadas à escola.
Figura 22
A gestão em educação, seja ela desenvolvida na escola ou no sistema, está atrelada às políticas
públicas que lhes dão a direção, ou seja, às determinações legais, econômicas, políticas e sociais do país.
A escola encontra-se integrada a uma política educacional, e deve colocar em prática os objetivos dessa
política, assumindo um papel fundamental na condução da educação e do ensino de uma sociedade.
A Lei 9394/96, em seu artigo 14, estabelece que “os sistemas de ensino definirão normas de gestão
democrática do ensino público na educação básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme os
seguintes princípios:
43
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
No artigo 15, a lei prescreve que “os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas
de educação básica que os integram, progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de
gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público”.
A gestão democrática da educação, nos sistemas e nas instituições educativas, é um dos princípios
constitucionais do ensino público (artigo 206 da Constituição Federal), que também é apresentado no
artigo 3º da Lei 9394/96, quando se refere aos princípios que deverão embasar o ensino e a construção
da autonomia da escola. Portanto, analisando os artigos aqui apresentados, pode-se concluir que os
elementos fundamentais na construção da gestão da escola são: a gestão democrática, a participação
dos profissionais e da comunidade escolar, a elaboração do projeto pedagógico da escola e a autonomia
pedagógica, administrativa e de gestão financeira.
Mas é preciso considerar como sendo atinentes à gestão democrática, os artigos 12, 13 e 15 da Lei,
que se referem às incumbências dos estabelecimentos de ensino, dos docentes e dos sistemas de ensino,
e que implicam um trabalho em equipe de toda a comunidade escolar. Também na Lei nº 10.127/2001 –
Plano Nacional de Educação – estão contempladas essas mesmas questões.
A gestão da educação passa pela democratização da escola sob dois aspectos: o interno e o externo.
O interno se refere aos processos administrativos desenvolvidos no interior da escola, envolvendo
a participação da comunidade escolar nos projetos pedagógicos e demais atividades de cunho
pedagógico. O externo contempla a função social da escola, na forma como produz, divulga e socializa
o conhecimento.
Ocorre que as políticas educacionais no Brasil, no que se refere à organização e gestão da educação
básica, por falta de um planejamento de longo prazo, tem se apresentado de forma descontínua, com
ações sem articulação com os sistemas de ensino.
A participação é um direito e um dever de todos que integram uma sociedade democrática, ou seja,
participação e democracia são dois conceitos indissociáveis. Assim, a escola, como instituição social, tem
a possibilidade de construir a democracia como forma política de convivência humana. A participação
é o principal canal para assegurar a gestão democrática, possibilitando o envolvimento de todos os
segmentos da escola no funcionamento da mesma, bem como no processo de tomada de decisões. Com
a participação, há a possibilidade de uma maior interação e aproximação entre professores, alunos e pais,
44
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
ou seja, de uma democratização das relações que se desenvolvem na escola, bem como a oportunidade
de melhor conhecimento de toda a estrutura e funcionamento da instituição por parte de todos os
interessados.
Este é o cenário desejado, para o qual você, aluno, está convocado a participar da construção dessa
nova realidade. Infelizmente, o que ocorre ainda em nossas escolas é uma realidade muito aquém
do que se deseja, e os principais agentes aqui mencionados (professores, alunos e pais) não têm
desempenhado um papel satisfatório na gênese do processo, muitas vezes até por falta de alguém
que os direcione.
Isto é notado, principalmente, na participação dos pais, uma participação rudimentar, que ainda
necessita de um tempo maior para que eles compreendam o sentido do trabalho coletivo e para uma
participação efetivamente política, já que os mesmos não têm demonstrada muita clareza das suas
possibilidades e potencial de influência na discussão dos assuntos e na tomada de decisões. Nas decisões
que demandam análise e discussões mais políticas ou pedagógicas, os pais apresentam normalmente
maiores dificuldades ou demonstram desinteresse, já que em alguns casos acham que não têm
competência e conhecimento para tais decisões.
A participação que se quer construir passa pela busca da democracia participativa, e isso pressupõe
distribuição do poder e representatividade dos grupos participantes, ou seja, de todos os segmentos da
comunidade escolar e local. Esse tipo de participação na escola atual ainda deixa a desejar, porém está
sendo elaborada progressivamente, pois só se aprende a participar participando. Ela não se aprende
sem a prática de si mesma, é um processo, e supõe consciência, comprometimento, responsabilidade e
criticidade que serão construídos no decorrer de sua participação.
45
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
a) aquela que se refere aos aspectos internos, ou seja, à prática pedagógica, formativa, onde a
participação se refere aos objetivos da escola e da educação;
b) aquela que se refere aos aspectos mais externos, em que os profissionais da escola, alunos e pais
participam dos processos de tomada de decisão, o que possibilita o conhecimento e a avaliação
dos serviços oferecidos e a intervenção organizada na vida escolar.
A Lei 9394/96 (LDB) estabelece que os estabelecimentos de ensino terão como incumbência
articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a
escola (art.12, VI).
Isso mostra que as estruturas pedagógica e administrativa da escola não devem se fechar em si
mesmas, mas devem se integrar com a comunidade onde a escola está inserida, ampliando a relação
por meio de uma participação mais atuante dos segmentos da comunidade escolar. Por isso, canais de
participação foram potencialmente criados, como os órgãos colegiados e auxiliares da escola. Eles se
constituem como um espaço de decisão com a participação dos pais, dos professores, dos funcionários,
dos alunos e da comunidade em geral.
A participação da comunidade na gestão da escola através dos colegiados revela que o funcionamento
do Conselho de Escola, na maioria das nossas escolas, deixa a desejar, pela falta de informação sobre o
seu verdadeiro papel em relação à promoção da gestão democrática e autônoma do ensino público, bem
como a falta de motivação dos participantes, pois eles não têm claro qual o seu papel e contribuição
neste colegiado. É um processo que está se construindo e amadurecendo nas escolas públicas do país.
46
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
• Associação de Pais e Mestres (APM): é uma instituição auxiliar da escola quanto ao processo
educacional, que se concretiza através da integração família X escola X comunidade, desenvolvendo
um trabalho amplo com a família para que esta participe das decisões e atividades pedagógicas.
É formada por representantes de pais e professores, com o objetivo de colaborar para o eficiente
funcionamento dos estabelecimentos de ensino. É o órgão jurídico, arrecadador da escola, com
seu estatuto próprio.
Cabe à escola criar mecanismos para o envolvimento da comunidade no seu cotidiano, mobilizando
a população para uma educação mais democrática e compromissada. Essa participação de todos na
tomada de decisão nas atividades curriculares e culturais possibilita a definição de uma política para a
escola, dando condições para a construção do seu projeto pedagógico.
• Grêmio Estudantil: é um canal de participação que poderá existir na escola e que se caracteriza
como um órgão livre, autônomo, de participação dos estudantes por meio de uma organização
saudável, de construção da cidadania, onde se cultive o interesse deles na interação com o
processo educativo. A criação de mecanismos que levem em conta a participação dos alunos na
organização do trabalho pedagógico é imprescindível e contribui para a construção do projeto da
escola revelando a sua identidade.
Por meio dos órgãos colegiados, a escola tem a oportunidade de transformar-se num espaço de
exercício da cidadania da localidade, até mesmo criando políticas de atuação sobre os diversos assuntos
que envolvem a instituição escolar quanto à sua estrutura e funcionamento e à interação entre escola
e comunidade.
Os representantes da comunidade atuantes nos colegiados são, também, responsáveis pela direção
que tomam os projetos administrativos e político-pedagógicos da escola, como também devem ser
parceiros na formulação de políticas educacionais junto ao Estado, pois quanto mais participam mais
se conscientizam da sua importância como elemento fundamental na transformação da realidade
educacional.
Abranches (2003), afirma que para alcançar a democracia e cidadania, é necessário que os
participantes estejam capacitados politicamente para este desafio, pois, caso contrário, apenas
47
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
estarão assumindo um discurso participativo e que na prática não se caracteriza como uma
participação efetiva.
O termo projeto vem do latim projectu, que significa lançar para diante, plano, intento, desígnio,
ideia que se forma de executar ou realizar algo no futuro (Novo Aurélio, 1999, p. 1646).
O projeto político-pedagógico mostra o que vai ser feito, quando, de que maneira, por quem, para
chegar a que resultados.
O projeto busca definir um rumo, uma direção para seu objeto. Não é algo a ser construído apenas
para o cumprimento de tarefas burocráticas, mas a ser vivenciado em todos os momentos por todos os
envolvidos no processo educativo. É político no sentido do compromisso com a formação do cidadão
para um tipo de sociedade. Tem por objetivo a formação do cidadão participativo, responsável, crítico e
criativo, que é a intencionalidade da escola. É pedagógico no sentido de definir as ações educativas e as
estratégias para o cumprimento de sua intencionalidade.
Portanto, político e pedagógico são dois termos indissociáveis, e neste sentido é que deve ser
considerado o projeto político-pedagógico da escola, nessa relação recíproca entre a dimensão política
e pedagógica da instituição, já que se constitui como um processo democrático de decisões na busca da
organização do trabalho pedagógico da escola.
48
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
A implantação do plano envolve também a análise de cada uma das ações previstas, revendo caminhos,
processos e recursos, quando necessário. A avaliação é fundamental no monitoramento do processo de
gestão e de realimentação do próprio processo de planejamento. Tem função diagnóstica, oferecendo
informações para a tomada de decisão tanto na elaboração quanto durante todo o acompanhamento,
permitindo a correção das falhas, tendo em vista a finalidade e os objetivos propostos. A avaliação se
torna extremamente importante uma vez que identifica se há consistência entre a teoria e a prática,
entre as demandas da sociedade e a ação educacional.
Fica então evidente a importância do compromisso com a formação do cidadão, uma vez que a
não verticalidade das relações implica no respeito a condições socioeconômicas, políticas e culturais do
sujeito, e às diferenças individuais, zelando pela não discriminação e assegurando o envolvimento de
todos os integrantes da escola e comunidade no processo de decisão e funcionamento da organização
escolar, no regime de colaboração e não de competição.
A escola que exerce a autonomia não deve ser apenas a executora da política definida pelos órgãos
centrais e intermediários, mas deve sim executar a sua política, elaborar o seu projeto, em função das
finalidades sociais, políticas, econômicas e culturais, tendo como referência a realidade e o cotidiano
da sua escola e com a participação e comprometimento de todos os envolvidos neste processo. Enfim,
a escola deve organizar o seu trabalho pedagógico, assumindo suas responsabilidades, sem esperar que
as esferas administrativas superiores tomem essa iniciativa, mas que estas lhe deem condições e, para
isso, é fundamental que as relações entre escola e outros órgãos do sistema de ensino sejam fortalecidas
cada vez mais.
Para Veiga (2011), a autonomia da escola envolve quatro dimensões, relacionadas e articuladas
entre si: administrativa, jurídica, financeira e pedagógica, que implicam alto grau de compromisso e
responsabilidade de todos os segmentos da comunidade escolar. Essas dimensões são interdependentes.
Seus detalhes são apresentados a seguir:
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
que leva ao entendimento que o projeto político-pedagógico é uma das principais expressões
da autonomia escolar.
A gestão do sistema educacional e das escolas consiste, também, em administrar, em vários níveis, a
elaboração, acompanhamento e avaliação do projeto de qualidade da educação que se deseja, levando‑se
em conta as características e especificidade de cada organização escolar, o que dará a direção, o sentido
da prática social da educação.
Este assunto foi amplamente abordado na Conferência Nacional de Educação (Conae – 2010), cujas
discussões geraram um documento final a respeito do tema, que é aqui sintetizado.
Por isso a democratização da gestão da educação e das instituições educativas deve garantir
a participação de todos os segmentos da comunidade escolar e local na definição e realização
das políticas educacionais, de modo a estabelecer o pleno funcionamento dos conselhos e órgãos
colegiados de deliberação coletiva da área educacional, por meio da ampliação da participação da
sociedade civil.
Para a efetivação de uma política educacional com vistas à melhoria da qualidade da educação,
alguns princípios deverão ser considerados:
51
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
A motivação e a satisfação com o trabalho, bem como a formação inicial e continuada e a estruturação
dos planos de carreira dos professores, deverão ser estimulados pelas políticas educacionais.
Atualmente fala-se muito em qualidade social da educação e o que se pretende é que as organizações
educativas garantam realmente esta qualidade, mas, afinal, cada escola tem a sua cultura organizacional,
a sua história. Como lidar com isso, no sentido de afirmar que esta escola tem a qualidade esperada
pelos entes federados e segmentos da comunidade escolar e local e a outra não? Há necessidade de se
estabelecer algum padrão de qualidade para a educação básica, que é o nosso enfoque? Baseado em
quais aspectos? Existe na legislação algum dispositivo sobre isso?
A legislação brasileira, no campo educacional, com destaque para a LDB e o Plano Nacional de
Educação, revela a importância da definição de tais padrões. A questão apresenta, contudo, dificuldades
e diferenças significativas quanto à definição de um padrão único de qualidade.
Nesse sentido, entende-se que é fundamental definir dimensões, fatores e condições de qualidade
a serem considerados como referência na melhoria do processo educativo, nos diferentes níveis e
modalidades de ensino.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Deve-se destacar, então, a importância das dimensões extraescolares envolvendo dois níveis: o
espaço social e as obrigações do Estado.
• à garantia de instalações gerais adequadas aos padrões de qualidade, definidos pelo sistema
nacional de educação, em consonância com a avaliação positiva dos estudantes;
• a um ambiente educativo adequado à realização de atividades de ensino, pesquisa, extensão,
lazer e recreação, práticas desportivas e culturais, reuniões etc.;
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
• dos processos avaliativos voltados para a identificação, monitoramento e solução dos problemas
de aprendizagem e para o desenvolvimento da instituição educativa;
• das tecnologias educacionais e recursos pedagógicos apropriados ao processo de aprendizagem;
• do planejamento e da gestão coletiva do trabalho pedagógico;
• da jornada ampliada ou integrada, visando à garantia e reorganização de espaços e tempos
apropriados às atividades educativas; dos mecanismos de participação do estudante na
instituição;
• da valoração adequada dos usuários sobre os processos formativos oferecidos pela instituição
educativa.
Como neste tópico você encontrará várias siglas, optou-se por apresentá-las desde o início, para
melhor compreensão do assunto a ser abordado. São elas:
Ainda no contexto dos processos de gestão e estabelecimento dos padrões de qualidade, situa‑se
a Avaliação da Educação Básica. A avaliação do sistema educacional torna-se imprescindível no
acompanhamento dos resultados das novas competências atribuídas à gestão.
Legalmente, a LDB 9394/96 e o Plano Nacional de Educação (PNE) indicam a avaliação como base para a
melhoria dos processos educativos, estabelecendo competências para os entes federados, especialmente
da União, como estabelece a LDB “assegurar o processo nacional de avaliação do rendimento escolar
no Ensino Fundamental, Médio e Superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a
definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino” (artigo 9º, VI).
A mesma lei deu poderes ao Ministério da Educação para coletar, analisar e disseminar as informações
sobre a educação e, ainda, avaliar nacionalmente o rendimento escolar do Ensino Fundamental, do Médio
e do Superior, em colaboração com os sistemas de ensino. Esse sistema de avaliação permitiu à União ter
acesso a todos os dados e informações necessários dos estabelecimentos e órgãos educacionais.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
O Sistema Nacional de Avaliação foi instituído com o Plano Nacional de Educação - Lei nº 10.172/2001,
que determinou à União estabelecer os mecanismos necessários para o acompanhamento das metas
deste plano de educação, visando a alcançar e a manter a qualidade no ensino.
O Sistema de Avaliação da Educação Básica no Brasil está direcionado a alguns programas, como:
Saeb, Enem, Ideb, Prova Brasil, Encceja. Algumas questões surgem e precisam ser esclarecidas: em
que consiste e a quem está direcionado cada um desses programas? Quais os seus objetivos? Vamos às
respostas a essas questões:
— Sistema de Avaliação da Educação Básica – Saeb: tem por função avaliar escolas públicas e
privadas, mediante exames de desempenho dos alunos do Ensino Fundamental (5º e 9º anos) e do
Ensino Médio (3º ano). Avalia, de maneira geral, as disciplinas de português, focando em leitura,
e de matemática, focando em resolução de problemas, de modo combinado com questionários
aplicados aos diferentes grupos que compõem a comunidade escolar.
Ela deu origem à Prova Brasil, que se transformou em um “novo Saeb”, constituído de dois
processos denominados medição-avaliação e informação:
— Avaliação Nacional da Educação Básica – Aneb: caracteriza-se por ser uma avaliação por
amostragem, de larga escala e tem como objetivo principal avaliar a qualidade, equidade e
eficiência da educação brasileira.
As informações produzidas pela Aneb fornecem subsídios para a formulação de políticas públicas,
com vistas à melhoria da qualidade da educação. Busca comparar anos e séries escolares, permitindo
a construção de séries históricas. Produz informações sobre o desempenho dos alunos do Ensino
Fundamental e Médio, assim como sobre as condições intra e extraescolares que incidem sobre o
processo de ensino e aprendizagem.
Essa avaliação é efetuada de dois em dois anos e os testes são aplicados a uma amostra nacional
de escolas e alunos, para os alunos do 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e 3º ano do Ensino
Médio das escolas das redes públicas e privada, localizadas nas zonas rural e urbana, distribuídas
nas 27 Unidades da Federação.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
As informações produzidas pela Aneb não são utilizadas para identificar escolas, turmas, alunos,
professores e diretores.
A Anresc é mais extensa e detalhada que a Aneb e tem foco em cada unidade escolar. Por ser de
caráter universal, recebe o nome de Prova Brasil.
Nas três vezes que foram realizadas (2005, 2007 e 2009), a Aneb e a Prova Brasil contaram com
ampla participação e adesão de quase todos os sistemas de ensino. A última registrou 5,5 milhões de
estudantes do Ensino Fundamental, abrangendo mais de 57 mil escolas públicas. Em 2007 e 2009, as
avaliações do Saeb e a da Prova Brasil fundiram-se, foram realizadas de uma só vez.
O Saeb e a Prova Brasil são dois exames complementares, com a aplicação de provas de língua
portuguesa e matemática.
— Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM: foi instituído pela Portaria do Ministério da
Educação nº 438, de 28 de maio de 1998, como procedimento de avaliação do desempenho do
aluno. É facultativo e gratuito para os alunos carentes e de escolas públicas, bem como para os
egressos da educação de jovens e adultos – EJA.
58
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
A partir de 2005, o governo federal passou a usar a nota do Enem como critério para a concessão
de bolsas de estudos do Programa Universidade para Todos (Prouni). A Portaria do Ministério
da Educação nº 462, de 27 de maio de 2009, ampliou a abrangência da nota do Enem, inclusive
promovendo a certificação no nível de conclusão do Ensino Médio, de acordo com a legislação
vigente, e avaliando o desempenho escolar do Ensino Médio e o desempenho acadêmico dos
ingressantes nos cursos de graduação. Surgiu o chamado “novo Enem”, compondo o Sistema
de Seleção Unificada (Sisu) para o ingresso nas universidades públicas e privadas, dando a esse
exame uma importância significativa.
As provas do novo Enem também passaram por mudanças, tornaram-se menos vinculadas a
memorizações e hoje os conteúdos aproximam-se mais dos do Ensino Médio, mantendo-se o foco
na interdisciplinaridade, na resolução de problemas e não no acúmulo de conteúdo.
O Enem se constitui de uma prova de múltipla escolha de cada área do conhecimento e uma
redação, e tem por objetivo avaliar as competências e as habilidades desenvolvidas ao longo
do Ensino Fundamental e Médio, imprescindíveis à vida acadêmica, ao mundo do trabalho e ao
exercício da cidadania, tendo como base a matriz de competências especialmente definida para
o exame.
A utilização da nota do Enem, a partir de 2009, como único parâmetro na seleção de candidatos
para ingresso nas instituições públicas de educação superior, produziu uma revolução no
tradicional sistema de vestibular, produzindo uma das maiores mudanças já vistas neste processo.
Essa proposta tem como principais objetivos democratizar as oportunidades de acesso às vagas
federais de Ensino Superior, possibilitando a mobilidade acadêmica, e induzir a reestruturação dos
currículos do Ensino Médio.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Figura 23
O governo federal tem como objetivo, até 2022, elevar o desempenho dos alunos até atingir a
nota seis no Ideb, tentando igualar o desempenho escolar dos nossos alunos com o dos alunos de
países considerados desenvolvidos, como está sendo hoje amplamente divulgado nas mídias. Com
isso, o Ideb quer diminuir dois problemas: retenção e baixo desempenho.
Então, a escola que quiser melhorar o seu Ideb deverá reprovar pouco, porém, manter a qualidade
de ensino, pois esses alunos serão reavaliados pela Prova Brasil (5º e 9º anos) e, se não apresentarem
um bom desempenho, o índice da escola cairá.
Em resumo, o Ideb, é uma forma de controle, pois avalia cada escola diante de um indicador de
desempenho. Por meio desses dados, o governo poderá oferecer apoio técnico e financeiro de
caráter suplementar para as instituições com índices insuficientes quanto à qualidade do ensino
da educação básica por meio do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica – Fundeb (que
será estudado no tópico 8 deste livro-texto). As escolas que alcançam as metas recebem um
prêmio relativo a 50% dos recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), que também
será detalhado no tópico 8. É importante ressaltar que isto só poderá ocorrer se os entes federados
– Municípios, Estados ou o Distrito Federal – assinarem o termo de adesão, comprometendo-se
em realizar a Prova Brasil em correspondência ao plano de metas estabelecido na sua esfera de
competência.
60
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Figura 24
Pelo fato de ser um exame nacional unificado, desconsidera as desigualdades econômicas, sociais e
culturais, não atendendo o desenvolvimento de políticas educacionais locais.
61
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Deve ainda contribuir para a formação e valorização profissional e ter caráter participativo
fundamentado em princípios éticos, democráticos, autônomos e coletivos.
Deve-se considerar, também, as variáveis relativas à infraestrutura das redes de ensino, visando o
desenvolvimento humano e não a punição, superando a ideia de se estabelecer uma classificação ou
“ranking” entre as instituições educativas, docentes e discentes considerados “melhores” ou “piores”
pelos processos de avaliação.
O sistema de avaliação na educação básica deve ser capaz de identificar os desafios institucionais
de infraestrutura dos sistemas de educação (tais como situação do prédio, existência de biblioteca e
equipamentos, recursos pedagógicos e midiáticos, condições de trabalho dos profissionais de educação,
dentre outros) e aferir o processo de democratização nas escolas, utilizando os indicadores de avaliação
existentes para garantir a melhoria do trabalho escolar, bem como o aperfeiçoamento do senso crítico
do estudante.
A gestão democrática dos sistemas de ensino e das instituições educativas constitui uma das
dimensões que possibilitam o acesso à educação de qualidade como direito universal. A gestão
democrática, como princípio da educação nacional, sintoniza-se com a luta pela qualidade da educação
e as diversas formas e mecanismos de participação encontradas pelas comunidades local e escolar,
na elaboração de projetos político-pedagógicos, ao mesmo tempo em que objetiva contribuir para a
formação de cidadãos críticos e compromissados com a transformação social.
Para tal, a instituição educacional precisa ter uma relação permanente com a comunidade, construindo
coletiva e participativamente o projeto político-pedagógico, observando o sua integração com outros
espaços e setores da sociedade, especialmente com os movimentos sociais, dialogando com a realidade
de cada segmento, incluindo-os no processo de democratização da produção do conhecimento.
Neste tópico, igualmente, você vai se deparar com algumas siglas que talvez não sejam do seu
conhecimento e que, para facilitar a leitura e o estudo, optamos por colocar abaixo os seus respectivos
significados:
63
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
recursos, são fundamentais para o desenvolvimento da proposta pedagógica e para as despesas do cotidiano.
A transparência da gestão de recursos financeiros e o exercício do controle social permitem garantir a efetiva
aplicação dos recursos destinados à educação, garantindo que não haja desvios para outras pastas.
Figura 25
A Constituição Federal estabelece que a educação é um direito social e define que os responsáveis
pelo seu provimento são o Estado e a família. Para resguardar o direito à educação, o Estado estabeleceu
a estrutura e as fontes de financiamento.
A LDB, nos seus artigos 68 a 77, trata dos Recursos Financeiros que devem ser destinados à Educação:
• receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
• receita de transferências constitucionais e outras transferências;
• receita do salário-educação e de outras contribuições sociais;
• receita de incentivo fiscais;
• outros recursos previstos em lei.
Receita de impostos significa a receita tributária de cada esfera do poder (União, Estado, Distrito
Federal e Município).
Transferências constitucionais referem-se ao percentual que a União, por exemplo, deverá transferir
aos Estados e ao Distrito Federal, daquilo que for arrecadado sobre imposto novo por ela criado, conforme
artigo 157 da Constituição.
64
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Salário-educação não é imposto, mas uma contribuição social, um percentual de 2,5% sobre a folha
de pagamento dos empregados, que toda empresa recolhe mensalmente aos cofres da União, como
contribuição destinada ao ensino no país.
Incentivos Fiscais são valores descontáveis do Imposto de Renda ou isenções concedidas por lei sobre
outros impostos, para as pessoas físicas ou jurídicas que financiem às suas custas programas escolares.
A União aplicará, anualmente, nunca menos de 18%, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
25% ou o que consta nas respectivas Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de impostos
compreendidas as transferências constitucionais, na manutenção e desenvolvimento do ensino público
(artigo 69, LDB).
O que for transferido pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados
aos respectivos Municípios, não será considerada receita do governo que a transferir.
Figura 26
A fixação inicial dos valores mínimos será calculada com base na receita estimada na lei do orçamento
anual. Caso a arrecadação seja maior que a receita estimada, será ajustada com autorização, por lei, de
créditos adicionais a serem destinados à educação. Para isso a LDB estabelece um calendário que, a cada
dez dias, o caixa da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios fará chegar o dinheiro ao
órgão do sistema responsável pela manutenção do ensino (Ministério da Educação, Secretarias estaduais,
distrital e municipais de educação). O atraso da liberação acarretará em multas e responsabilização civil
e criminal das autoridades competentes.
A LDB, no seu artigo 70, considera como de manutenção e desenvolvimento do ensino as despesas
realizadas com vistas à consecução dos objetivos básicos das instituições educacionais de todos os
níveis, compreendendo as que se destinam a:
65
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
A LDB se preocupou, também, em indicar onde não devem ser aplicadas as referidas verbas, pois não
constituem despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com:
A LDB impõe aos órgãos fiscalizadores dos gastos públicos (Tribunal de Contas da União – TCU, por
exemplo) a obrigação de examinarem, prioritariamente, o cumprimento por parte do Poder Público do
disposto no artigo 212 da Constituição Federal, sobre a correta aplicação das verbas na manutenção e
desenvolvimento do ensino.
Isto mostra o cuidado com um ensino de qualidade, princípio constitucional (artigo 206, VII)
evidenciado na LDB quando aponta a necessidade de calcular o custo mínimo por aluno, a fim de
estabelecer um padrão mínimo de oportunidade educacional para o ensino básico.
66
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Este custo mínimo será calculado pela União ao final de cada ano, com validade para o ano
subsequente, considerando variações regionais no custo dos insumos e as diversas modalidades de
ensino.
A capacidade de atendimento de cada governo será definida pela razão entre recursos de uso
constitucionalmente obrigatório na manutenção e desenvolvimento do ensino e custo anual do aluno,
relativo ao padrão mínimo de qualidade. A União poderá fazer a transferência direta de recursos a
cada estabelecimento de ensino, considerado o número de alunos que efetivamente frequentam
a escola. Dentro dessa assistência, a ação mais importante passa a ser a progressiva correção das
disparidades de acesso das crianças em idade escolar e a garantia de um padrão mínimo de qualidade
de ensino.
A ação supletiva e redistributiva da União só poderá ser exercida em favor do Distrito Federal,
dos Estados e dos Municípios se estes oferecerem vagas na área de ensino de sua responsabilidade,
otimizando comprovadamente toda a sua capacidade de atendimento.
A LDB, no seu artigo 77, dispõe que as escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas poderão
ser financiadas por verbas públicas, conforme dispõe também o artigo 213 da Constituição Federal,
desde que:
Escolas comunitárias são aquelas instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais
pessoas jurídicas, inclusive cooperativas de pais, professores e alunos, que incluam em sua entidade
mantenedora representantes da comunidade (LDB, art. 20, II).
Escolas confessionais são aquelas instituídas por grupos de pessoas físicas, ou por uma ou mais
pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia específica e ao disposto no inciso
anterior (LDB, art. 20, III).
Escolas filantrópicas são as assim instituídas, na forma da lei (LDB, art. 20, IV).
Esses recursos poderão ser destinados a bolsas de estudo para a educação básica, para os que
demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública
de domicílio do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na expansão da
sua rede local.
67
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Com a Emenda Constitucional nº 14/96, 60% desses recursos da educação passaram a ser
subvinculados ao Ensino Fundamental (60% de 25% = 15% dos impostos de transferências).
Inclui-se na base de cálculo do valor do ICMS, o montante de recursos financeiros transferidos pela
União aos Estados, Distrito Federal e Municípios, a título de compensação financeira pela perda de
receitas decorrentes da desoneração das exportações, bem como de outras compensações de mesma
natureza que vierem a ser instituídas.
68
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
O Fundo recebe uma complementação da União, nos Estados onde a receita gerada não atinge
o valor mínimo por aluno/ano fixado nacionalmente. Em 2005, o valor mínimo nacional por aluno
matriculado nas quatro primeiras séries do Ensino Fundamental foi estipulado em R$ 620,56, e da 4ª a
8ª série e Educação Especial o valor de R$ 651,59. O cálculo do valor anual mínimo por aluno teve por
base o censo educacional realizado pelo Ministério da Educação.
O Fundef vigorou até 31 de dezembro de 2006 e foi uma das mais importantes mudanças ocorridas
na política de financiamento da educação no Brasil, proporcionando a redistribuição dos recursos
financeiros da educação, baseado no critério do número de alunos matriculados, com o objetivo de
diminuir a desigualdade regional existente no Brasil e imprimir um padrão mínimo de qualidade ao
ensino. A LDB define os padrões mínimos de qualidade de ensino como a variedade e quantidades
mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem
(art. 4º, IX). Portanto:
O Fundeb é, também, um fundo de natureza contábil, regulamentado pela Medida Provisória nº 339,
posteriormente convertida na Lei 11.494/2007. Sua implantação foi iniciada em 1º de janeiro de 2007,
de forma gradual, com vigência até 2020.
O Fundeb é um sistema de redistribuição de impostos que garante investimento mínimo por aluno
nos Estados e Municípios. Cada ente federado é representado pela conta bancária específica onde são
creditados e movimentados os recursos. É implantado automaticamente e seus recursos devem ser
geridos pela Secretaria ou órgão equivalente de educação.
69
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Promove também a criação de um piso salarial profissional nacional para os educadores públicos
e a distribuição dos recursos gerados pelo Fundo, por meio da criação dos custos aluno-qualidade
diferenciados por modalidade de ensino. Os Municípios recebem os recursos do Fundeb, com base no
número de alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, e os Estados, com base nos alunos do
Ensino Fundamental e Médio.
A União complementará os recursos dos Fundos sempre que, no âmbito de cada Estado e no Distrito
Federal, o valor médio ponderado por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente. O valor
anual mínimo constitui-se em valor de referência relativo aos anos iniciais do Ensino Fundamental
urbano e será determinado em função da complementação da União.
A aplicação de recursos da União para o Fundeb desde 2007 foi da seguinte ordem:
A partir de 2010, sua colaboração será de, no mínimo, 10% do total de recursos do fundo, ou seja, o
montante de 5,5 milhões de reais.
70
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
O Fundeb, assim, contribui para uma educação básica mais igualitária entre as suas três etapas
e modalidades, contribuindo para a redução das diferenças regionais de caráter socioeconômico,
valorizando sobremaneira a formação dos alunos e a carreira dos profissionais da educação.
Diante do exposto até aqui, muitas questões poderão ser levantadas e, com o amparo da Lei nº
11.494/2007, que regulamenta o Fundeb, serão abordadas para que você, futuro educador, enriqueça
seu conhecimento sobre o financiamento da educação básica, que é um dos aspectos fundamentais das
políticas educacionais direcionados à educação pública de qualidade.
Os tributos são receitas que o Estado recolhe do patrimônio dos indivíduos e compreendem os impostos,
as taxas e as contribuições. Podem ser classificados em diretos e indiretos. Os primeiros referem-se àqueles
cobrados de acordo com a capacidade de contribuição do cidadão, como terreno, casa, automóvel, fontes
de renda; os segundos independem da capacidade de contribuição do cidadão, todos indistintamente
pagam o mesmo valor na aquisição da mesma mercadoria (IPI, ICMS, como exemplo).
São três os tipos de impostos: federais, estaduais e municipais. Alguns dos federais retornam aos
Estados, como o Fundo de Participação dos Estados (FPE) e aos municípios, como o Fundo de Participação
dos Municípios (FPM).
Depois de repassar o FPE aos Estados e o FPM aos Municípios, a União deve usar 18% desses impostos
na manutenção e desenvolvimento do ensino.
Os Estados recebem também, por transferência da União, o FPE, que representa 21,5% sobre o IR e
IPI recolhidos no Estado.
Os Municípios recebem, também, por transferência da União: 50% do Imposto Territorial Rural (ITR)
arrecadado no município e o FPM, que representa 22,5% do IR e do IPI.
Os Municípios também recebem, como transferência dos Estados: 50% da arrecadação do IPVA e
25% da arrecadação do ICMS.
De todos esses impostos, incluindo as transferências acima citadas, os Municípios deverão aplicar
25%, no mínimo, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
Os Fundos, no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, são compostos por 20% das seguintes fontes:
• parcela do produto da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados devida aos Estados
e ao Distrito Federal – IPI
• receitas da dívida ativa tributária relativa aos impostos, bem como juros e multas eventualmente
incidentes sobre as fontes acima relacionadas.
A distribuição de recursos que compõem os Fundos, no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal,
dar‑se-à entre o governo estadual e os seus Municípios, na proporção de alunos matriculados nas
respectivas redes de educação básica pública. Serão consideradas exclusivamente as matrículas presenciais
efetivas, conforme os dados apurados no Censo Escolar mais atualizado, realizado anualmente.
O Poder Executivo Federal publicará, até 31 de dezembro de cada exercício, para a vigência no
exercício subsequente, a estimativa da receita total de fundos, a estimativa do valor da complementação
da União, a estimativa dos valores anuais por aluno no âmbito do Distrito Federal e de cada Estado e o
valor anual mínimo por aluno definido nacionalmente.
Dos recursos que foram destinados para 2011, 8,7 bilhões de reais se referem à complementação
da União ao Fundo, que este ano contempla os mesmos nove Estados que receberam apoio em 2010
(Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco e Piauí). Também a previsão
do valor mínimo nacional aluno/ano no Fundeb é de R$ 1.722,05. Como é estimativa, poderá sofrer
alteração em consequência das variações de receita no decorrer do ano.
Os recursos dos Fundos serão disponibilizados pelas unidades transferidoras ao Banco do Brasil
ou Caixa Econômica Federal, que realizarão a distribuição dos valores devidos aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios. Os recursos dos Fundos, provenientes da União, dos Estados e do Distrito
Federal, serão repassados automaticamente para contas únicas e específicas dos governos estaduais, do
Distrito Federal e dos Municípios, vinculadas ao respectivo Fundo instituídas para esse fim.
Os recursos dos fundos, inclusive aqueles oriundos de complementação da União, serão utilizados
pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios em ações consideradas como de manutenção
e desenvolvimento do ensino para a educação básica pública. Estes recursos poderão ser aplicados
indistintamente entre as etapas, modalidades e tipos de estabelecimentos de ensino de educação básica
nos seus respectivos âmbitos de atuação prioritária.
Pelo menos 60% dos recursos anuais totais dos fundos serão destinados ao pagamento da
remuneração dos profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício na rede pública.
Entenda-se como profissionais do magistério da educação: docentes e profissionais que oferecem
suporte pedagógico direto ao exercício da docência, ou seja, direção, planejamento, inspeção, supervisão,
orientação educacional e coordenação pedagógica.
73
Planejamento e Políticas Públicas da Educação
É importante destacar que a União não pode utilizar o recurso do salário-educação para completar
o Fundeb. Os recursos do salário-educação não entram na composição do Fundeb, mas poderão ser
utilizados na educação básica.
Não será permitida a utilização dos recursos dos fundos no financiamento das despesas não
consideradas como de manutenção e desenvolvimento da educação básica, conforme o art. 71 da Lei
9394/96 (LDB).
Os registros contábeis atualizados, referentes aos recursos repassados e recebidos à conta dos fundos,
assim como os referentes às despesas realizadas, ficarão permanentemente à disposição dos conselhos
responsáveis, bem como dos órgãos federais, estaduais e municipais de controle interno e externo, com
ampla publicidade, inclusive por meio eletrônico.
A fiscalização e o controle referentes à aplicação dos recursos dos fundos serão exercidos:
a) pelo órgão de controle interno no âmbito da União e pelos órgãos de controle interno no âmbito
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
b) pelos Tribunais de Contas, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como pelo Tribunal
de Contas da União, no que tange às atribuições a cargo dos órgãos federais, especialmente em
relação à complementação da União.
• no apoio técnico relacionado aos procedimentos e critérios de aplicação dos recursos dos Fundos,
junto aos Estados, Distrito Federal e Municípios e às instâncias responsáveis pelo acompanhamento,
fiscalização e controle externo e interno;
• na capacitação dos membros dos conselhos;
• na divulgação de orientações sobre a operacionalização do Fundo e de dados sobre a previsão, a
realização e a utilização dos valores financeiros repassados, por meio de publicação e distribuição
de documentos informativos em meio eletrônico de livre acesso público;
• na realização de estudos técnicos com vistas na definição do valor referencial anual por aluno que
assegure padrão mínimo de qualidade de ensino;
• no monitoramento da aplicação dos recursos dos Fundos, por meio de sistema de informações
orçamentárias e de cooperação com os Tribunais de Contas dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal;
• na realização de avaliações dos resultados da aplicação desta Lei, com vistas na adoção de medidas
operacionais e de natureza político-educacional corretivas, devendo a primeira dessas medidas se
realizar em até dois anos após a implementação do Fundo.
Pode-se considerar que com o Fundef inaugurou-se importante diretriz de financiamento que foi
a distribuição de recursos segundo as necessidades e compromissos de cada sistema, expressos pelo
número de matrículas. Entre os erros e acertos de um primeiro plano efetivo para a distribuição de
recursos, pode-se dizer que muito contribuiu com a diminuição das desigualdades regionais, embora
contemplando apenas o Ensino Fundamental. O Fundeb, com objetivos semelhantes e com uma visão
mais experiente dos procedimentos a serem adotados visando a uma educação de melhor qualidade,
foi extremamente feliz em ampliar o atendimento para toda a educação básica, reparando as falhas
e injustiças com os alunos da Educação Infantil, do Ensino Médio e da Educação de Jovens e Adultos.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Quanto à distribuição dos recursos do Fundo, a inclusão das matrículas da educação básica se dará
de forma diferenciada. O Ensino Fundamental regular e Especial públicos terão cobertura integral pela
totalidade das matrículas presenciais efetivas, apuradas no Censo Escolar no ano anterior. As demais
modalidades, ou seja, Educação Infantil, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos receberão os
recursos de forma progressiva, sendo alcançada gradativamente, nos primeiros três anos de vigência
da lei. A complementação da União também se dará de forma progressiva, e os valores deverão ser
atualizados, anualmente nos três primeiros anos de vigência dos Fundos, de forma a preservar em
caráter permanente o valor real dessa complementação.
Observação
A complementação da União, a partir do 4º ano de vigência da lei será
de 10% do valor total anual arrecadado.
O Ministério da Educação deverá realizar, em 5 (cinco) anos contados da vigência dos Fundos,
fórum nacional com o objetivo de avaliar o financiamento da educação básica nacional, contando
com representantes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, dos trabalhadores da
educação e de pais e alunos (Lei 11.494/97, artigo 35).
A maior parte dos recursos do FNDE provém do salário-educação, que é uma contribuição social
destinada ao financiamento da educação básica pública, assim como na Educação Especial, desde que
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
vinculada à educação básica, como foi visto anteriormente. A contribuição social do salário-educação
está prevista no artigo 212, § 5º, da Constituição Federal, regulamentada pelas Leis nº 9.424/96, 9.766/98,
Decreto 6003/2006 e Lei 11.0457/2007. É calculada com base na alíquota de 2,5% sobre o total da
remuneração paga ou creditada pelas empresas aos empregados e é arrecadada, fiscalizada e cobrada
pela Secretaria da Receita Federal.
Foi criado em 1995 e tem por finalidade prestar assistência financeira, em caráter suplementar, às
escolas públicas da educação básica das redes estaduais, municipais e do Distrito Federal e às escolas
privadas de Educação Especial mantidas por entidades sem fins lucrativos, registradas no Conselho
Nacional de Assistência Social (CNAS) como beneficentes de assistência social, ou outras similares de
atendimento direto e gratuito ao público.
O programa engloba várias ações e objetiva a melhora da infraestrutura física e pedagógica das
escolas e o reforço da autogestão escolar nos planos financeiro, administrativo, didático, contribuindo
para elevar os índices de desempenho da educação básica.
Os recursos podem ser usados para aquisição de material permanente e de consumo, para manutenção
e conservação do prédio escolar, para capacitação e aperfeiçoamento de profissionais de educação, para
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Até 2008, o programa contemplava apenas as escolas públicas de Ensino Fundamental. Em 2009,
com a edição da Medida Provisória nº 455, de 28 de janeiro (transformada posteriormente na Lei nº
11.947, de 16 de junho de 2009), foi ampliado para toda a educação básica, passando a abranger as
escolas de Ensino Médio e da Educação Infantil.
Em 2010, o orçamento do PDDE foi de R$ 1,4 bilhão, para todas as suas ações. Foram beneficiados pela
ação PDDE Manutenção 41.124.404 alunos de 137.640 escolas públicas e particulares; pela ação PDDE Escolas
de Fim de Semana, 1.893.594 estudantes de 2.223 escolas; pelo PDDE Educação Integral, 5.993.270 alunos de
9.660 instituições de ensino; e, pelo PDDE – PDE Escola, 10.007.894 alunos de 16.643 escolas.
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), implantado em 1955, garante, por meio da
transferência de recursos financeiros, a alimentação escolar dos alunos de toda a educação básica
(Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos) matriculados
em escolas públicas e filantrópicas.
Seu objetivo é atender as necessidades nutricionais dos alunos durante sua permanência em sala de
aula, contribuindo para o crescimento, o desenvolvimento, a aprendizagem e o rendimento escolar dos
estudantes, bem como promover a formação de hábitos alimentares saudáveis.
O PNAE tem caráter suplementar, como prevê o artigo 208, incisos IV e VII, da Constituição Federal,
quando coloca que o dever do Estado (ou seja, das três esferas governamentais: União, Estados e
Municípios) com a educação é efetivado mediante a garantia de “atendimento em creche e pré-escola
às crianças de zero a seis anos de idade” (Inciso IV) e “atendimento ao educando no Ensino Fundamental,
através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência
à saúde” (Inciso VII).
A partir de 2010, o valor repassado pela União a Estados e Municípios foi reajustado para R$ 0,30
por dia para cada aluno matriculado em turmas de Pré-escola, Ensino Fundamental, Ensino Médio e
Educação de Jovens e Adultos. As creches e as escolas indígenas e quilombolas passam a receber R$
0,60. Por fim, as escolas que oferecem ensino integral por meio do programa Mais Educação terão R$
0,90 por dia. Ao todo, o PNAE beneficia 45,6 milhões de estudantes da educação básica.
O repasse é feito diretamente aos Estados e Municípios, com base no censo escolar realizado no ano
anterior ao do atendimento. O programa é acompanhado e fiscalizado diretamente pela sociedade, por
meio dos Conselhos de Alimentação Escolar (CAEs), pelo FNDE, pelo Tribunal de Contas da União (TCU),
pela Secretaria Federal de Controle Interno (SFCI) e pelo Ministério Público.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
O orçamento do programa para 2011 foi de R$ 3,1 bilhões, para beneficiar 45,6 milhões de estudantes
da educação básica e de jovens e adultos. Com a Lei nº 11.947, de 16/6/2009, 30% desse valor – ou seja,
R$ 930 milhões – devem ser investidos na compra direta de produtos da agricultura familiar, medida
que estimula o desenvolvimento econômico das comunidades.
Desde que foi criado, em 1997, o programa vem se modificando e se adequando à realidade e às
necessidades educacionais. Sob a gestão do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação-FNDE,
tem recursos financeiros originários do Orçamento Geral da União.
Em 2011 mais de 30 milhões de estudantes foram beneficiados pelo programa biblioteca da escola. Os
acervos terão títulos de diversos gêneros literários como contos, crônicas, romances, poemas e histórias
em quadrinhos.
O governo federal executa três programas voltados ao livro didático: o Programa Nacional do Livro
Didático (PNLD), o Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM) e o Programa
Nacional do Livro Didático para a Alfabetização de Jovens e Adultos (PNLA). Seu objetivo é prover,
gratuitamente, as escolas das redes federal, estadual e municipal e as entidades parceiras do programa
Brasil Alfabetizado com obras didáticas de qualidade.
Já para o Ensino Médio, a distribuição envolve livros reutilizáveis de língua portuguesa, matemática,
história, geografia, biologia, química e física. A novidade a partir de 2012 será o envio de livros consumíveis
de língua estrangeira (inglês ou espanhol), filosofia e sociologia.
O FNDE executa diretamente os programas, não havendo repasse de recursos para as aquisições
de livros, que são realizadas de forma centralizada. Para participar, as escolas federais e as redes de
ensino estaduais, municipais e do Distrito Federal devem firmar um termo de adesão específico, a ser
disponibilizado pelo Fundo. O termo de adesão deve ser encaminhado uma única vez, ficando a partir
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
de então os beneficiários que não desejarem mais receber os livros didáticos obrigados a solicitar a
suspensão das remessas de material ou a sua exclusão do programa.
Os resultados do processo de escolha são publicados no Diário Oficial da União, para conhecimento
dos Estados e Municípios. Em caso de desconformidade, os Estados e Municípios podem solicitar
alterações, desde que devidamente comprovada à ocorrência de erro.
Todos os programas de livros didáticos são mantidos pelo FNDE com recursos financeiros do
Orçamento Geral da União, sendo a maior parte da arrecadação do salário-educação.
Em 2009, o governo federal investiu R$ 577,6 milhões na compra de livros didáticos para a educação
básica e R$ 112,8 milhões na distribuição dessas obras para todo o país, por meio de pagamento à
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Só para os livros que foram usados por alunos do
1º ao 5º ano em 2010 foram R$ 427,6 milhões de investimento em aquisição e R$ 85,8 milhões em
distribuição. Além disso, livros de reposição foram comprados e distribuídos para estudantes do 6º ao 9º
ano do Ensino Fundamental (R$ 80 milhões) e das três séries do Ensino Médio (R$ 97 milhões).
Criado em 1984, o PNSE concede aos municípios apoio financeiro, em caráter suplementar, para a
realização de consultas oftalmológicas, aquisição e distribuição de óculos para os alunos com problemas
visuais, matriculados na 1ª série do Ensino Fundamental público das redes municipais e estaduais.
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 10% dos alunos da 1ª série
do Ensino Fundamental público das redes municipais e estaduais apresentam problemas visuais.
O PNSE visa a desenvolver ações de saúde que detectem e sanem os problemas que interferem na
aprendizagem. Essas ações incluem atividades educativas preventivas e curativas.
O Caminho da Escola foi criado pela Resolução nº3, de 28 de março de 2007, e consiste na concessão,
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de linha de crédito especial para
a aquisição, pelos Estados e Municípios; de ônibus; miniônibus e micro-ônibus zero quilômetro e de
embarcações novas.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Já o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (PNATE) foi instituído pela Lei nº 10.880,
de 9 de junho de 2004, com o objetivo de garantir o acesso e a permanência nos estabelecimentos
escolares dos alunos do Ensino Fundamental público residentes em área rural que utilizem transporte
escolar, por meio de assistência financeira, em caráter suplementar, aos Estados, Distrito Federal e
Municípios.
Os Estados podem autorizar o FNDE a efetuar o repasse do valor correspondente aos alunos da rede
estadual diretamente aos respectivos Municípios. Para isso, é necessário formalizar a autorização por
meio de ofício ao órgão. Caso não o façam, terão de executar diretamente os recursos recebidos, ficando
impedidos de fazer transferências futuras aos entes municipais.
Os valores transferidos diretamente aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios são feitos em
nove parcelas anuais, de março a novembro. O cálculo do montante de recursos financeiros destinados
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios tem como base o quantitativo de alunos da zona rural
transportados e informados no censo escolar do ano anterior.
Com a realização da Conferência Nacional de Educação (Conae) no ano de 2010, após o processo
de mobilização e participação de amplos segmentos educacionais e sociais no debate sobre a educação
brasileira, foi elaborado um documento em prol da construção de um projeto e de um Sistema Nacional
de Educação, como política de Estado, em que de maneira articulada, níveis, etapas e modalidades, em
sintonia com a Constituição Federal de 1988, PNE/2001 e LDB/1996, expressem a efetivação do direito
social à educação com qualidade para todos.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Entretanto, o Fundeb não é suficiente para garantir a universalização da oferta de vagas na educação
básica e tampouco a permanência do aluno na escola até o Ensino Médio com qualidade, o que exige
a aplicação de recursos financeiros na educação básica para além desse fundo e, como perspectiva
entende-se a importância de transformar o Fundeb em fundo nacional, com aplicação de parte mais
significativa dos recursos vinculados à educação, com igual per capta para todos os Estados, tomando‑se
como referência o maior deles no país.
Esses recursos, se bem aplicados e fiscalizados adequadamente, com a participação dos conselhos,
no âmbito dos Estados, Distrito Federal e Municípios, poderão constituir avanços no financiamento para
as diversas etapas do ensino e modalidades da educação básica.
• garantir recursos financeiros adequados por estudante, de modo que resulte em real ampliação
dos recursos vinculados à educação, incorporando, de forma adequada, impostos, taxas e
contribuições;
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Para que tudo isso se concretize, faz-se necessária uma reforma tributária, que contribua para
a ampliação e melhor distribuição das receitas destinadas à educação. Essa reforma tributária deve
estabelecer que não só os impostos, mas todos os tributos (impostos, taxas e contribuições) do orçamento
fiscal façam parte da vinculação de recursos à educação pública, além dos dividendos advindos de
multas. A contribuição social do salário-educação deve ser preservada como um recurso fundamental
para a educação pública brasileira.
A fiscalização da arrecadação de forma competente, poderá garantir a correta aplicação por todos
os entes federados dos recursos da sua área de atuação, promovendo-se a transparência do uso nos
recursos públicos.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Resumo
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
• Administração;
• Cogestão;
• Autogestão.
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
Exercícios
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Planejamento e Políticas Públicas da Educação
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa correta.
Justificativa: o foco principal do PPP são os valores e objetivos da educação, que devem ser norteadores
da legislação educacional, das políticas públicas em educação e do planejamento dos professores. Dessa
maneira, é possível projetar o vir a ser da escola, aquilo que se espera em termos de conteúdo a ser
passado para os alunos, tanto do ponto de vista teórico quanto de valores como ética e cidadania.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: os mais respeitados teóricos são unânimes em afirmar que o PPP não pode se
burocratizar, não deve ser um instrumento de caráter meramente administrativo, mas sim um tratado
amplo, que envolva o pedagógico, o político e os interesses e as necessidades da comunidade escolar
como um todo (alunos, professores, equipe gestora, pais etc.).
II – A participação dos pais e da comunidade nas assembleias escolares é uma forma de aproximar
a escola da sociedade.
São princípios da gestão democrática, que devem ser considerados por essa professora, apenas:
A) I e II.
B) II e III.
C) II e IV.
D) I, II e IV.
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Figuras e ilustrações
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
LIBÂNEO, J.; OLIVEIRA, J.; TOSCHI, M. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo:
Cortez, 2008, p. 340.
Figura 9
Figura 10
90
Figura 11
Figura 12
Figura 13
Figura 14
Figura 15
Figura 16
Figura 17
Figura 18
Figura 19
Figura 20
Figura 21
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Figura 22
Figura 23
Figura 24
Figura 25
Figura 26
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000