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O QUE E LUGAR DE FALA? Por que eu escrevo? Por que tenho que Porque minha voz em todas suas dialéticas Joi silenciada por muito tempo Jacob Sam-La Rose” Todos os caminhos percorridos até aqui foram impor- tantes para que pudéssemos ter um maior entendimento do que é lugar de fala. © lugar social que as mulheres negras ocupam, e o modo pelo qual é possivel tirar pro- Yeito disso, nos apresenta uma trilha interessante. Esse Percurso foi necessario porque existem muitas diividas em relagio ao conceito. Antes de mais nada, é preciso esclarecer que quando utilizarmos a palavra discurso™ no decorrer do livro e a importincia de se interromper com o regime de auto- . FEMINI PURATS (naan unicagao, 0 conceito set popular mam de te, MOS- do sen- nder as ease sentido dado peta com de fala da imprensa 1a do que cles cha ferancia, ¢, nesse artigo especificamen! jugar da imprensa popular vat além é necessario compre Jicos de modos distintos. vi seria diferente jormais dere tra que esse smo, Para a autora, ociais e capitais simb6l mo, tuto que nos i por estratégias com es, lugar de fala bu se ptico opera com Mauos 4° ssados na imprensa de referencia nosso ponto sacion posigdes s ica a inten- 0 invengoes, sea explicar [Jno lugar do sensacional sidade de sensagées geradas distorgées e omiss exageros, porque aimprensa drigida ae Enderegamento distintos 40s u dade de outras maneitas: Do FEMINISMOS PLURAIS doo artigo 8 °con Segmento ae deg delugae eitual, te la: 1) 8 lar da grande 4. OM*eito p fala, segun- econctii sua cred imprensan ot Mordar de vista, o ugar de onde fla © eqmento popular da grande seriaum prensa édierente douse de side fal o segrmetodereterene™ -— (AMARAL, 2005, P- 104.) lh MISMOS AIS PIUR, FEMI ndoo L yossié le vida das mull ssidade de experienc diferentes pontos de marcato tanto de mulheres vista possivess de anslise de um fe poe. Patricia jaar de fala de quer 2 rol snomeno, bem Como ill Collins é wna das pina autoras do que & nist standpoint. Fev arse, colin (1990) nga m0 do conceito de matriz.de dina para pensar aintersecgs0 d35 desigualdades, na qual a pessoa pode se encontrar em diferentes posigdes, a depen: jemento representative das ther estaria assentado denominado de fem! mesma der de suas caractersticas. Assim. 0 el cxperincias das diferentes formas de ser mu moentrecruzamento entre geneto, raga, classe, geracao, Sem Pre dominancia de algum elemento sobre outro. (SOTERO,2013,P. 6) 4g A nossa hipétese € que a partir da teoria do ponte de vista feminista, € possivel falar de lugar de fala. Ao 3H reivindicar os diferentes pontos de andlises e a afirmagao ud de que um dos objetivos do ferninismo negro & marcar =e a o lugar de fala de quem as propoem, percebemos que ne o AIS INsuos Few m ta enfaica menosas pjamita ube? « pontos 42 sa ee sei i ae ee ovine ae seo navi de experiencia feminista ia do ponto de vista 40 dos grupos nas ratender as categorias J& str tor! segundo Cains. partir dalocaliza rsa er die desde poder Set ager case e tua socal que emerge (pe favorecer as desigualdades de pensar esas categoria como aplicada aosingividuos” Hekman. em sua entendeu a teoria como uma mul ddevores a partir das tapers dosindivdos em vez de anals eategorias “esigualdades em que esses indlidue’& Mia tia como exemple a SeRTeEAGI® iddose com ess ato HSIOFICO CO re equentemente, experencias ds a preciso et muatidade como elementos fundamental se criam grupos em Vez descritivas da identidade ‘ritica a Collins, sm como dispositivos ‘que causam as. encontram. Col racial nos Estados U! Dairros segregados i PIURAIS — FEMINISMOS o equivoco de Hekn nha em seu ra nao est 807 se tipo de cr pereedemos He a pens et No Brasil. comument fm relagaio ao conceit porque os Favdaos e no das maltiplas condigé rasdesigualdades ¢ hierarqulias que Jocalizam grupos st- falternizados. As experiéncias desses grupos localizados socialmente de forma hierarquizada € no humanizada faz com que as produces intelectuais, saberes ¢ vo7e$ sam tratadas de modo igualmente subalternizado, além das condigSes sociais os manterem num lugar silenciado ouvimos ¢! criticos partem de es que resultam 2 Su a gy estruturalmente. Isso, de forma alguma, significa que ss esses grupos ndo criam ferramentas para enfrentar es- g & © eXeMinandg ses siléncios institucionais, ao contrario, existem varia: BS 0, ke aie ra ; es ‘Ocal, Ma formas de organizagio politicas, culturais ¢ intelectuai: A questao & que essas condicbes sociais dificultam a visi bilidade ea legitimidade dessas produgées. Uma simples pergunta que nos ajuda a refletir & quantas autor antores negros o leitor e a Teitora, que cursaram a fa culdadtey | » durante o periodo da ha mn ou liyeram acess FEMINISMOS PIURAIS ita Ribeiro ojarn jemos apontar conta ae© jp modo» PO* ee no mes nes ME plnees ERTS méstin et? Me jormais © SS pent @ . se Rexperiencias te histrcamene sada wor Wma ideig fa oemte ha 20035 9 vos acostunnarnos P a a Insti stra ee ‘Fulana st omtinge lio d a Smo se essas vive” am ti la que conta? Pajeque coneenbamn experiéncias advindas da % trib a de flana, se mostasse ‘insuficiente de wah® Betiodo, Aas © NSS aume side questo COME explica Collins, @ 8 osentar ume | Seen de fulana importa, S6% ijavida, mas 0 f0c0 marca etiam tear entender a8 condioes sociais que 8 nag oop {temo grupo do qual fulana faz parte 0% so Possuia peiencias que essa pessoa compartilha ainda como drupe Reduzir a teoria do ponto de vista feminista € Para ativigg PUA em rela, sr de fala somente is vivencias seria um grande €17 dads my 0 80 traballg to ste um s relagiode srande conitbiaiy [Psa ‘existe um estudo sobre como as opresses ned '€ trabalho, ngente de estruturais impedem que individuos de certos grupos didas ¢ » Sobretud grup ore Odas nesta Prone tenham direito fala, a humanidade. O fato de uma pes soa ser negra nao significa que cla saberd refletir cri cfilosoficamente sobre as consequéncias do racisme até poder dizer que nunca sentiy racism Indo comporta ou que ela nunca passow vemos o quanto alguns grupos adoram 10 fato des oposs Tes, que ic Ae mle que sua viven pessoa dizer por conta de er use dessas pessoas jus racsm0, 0 wocial, el "po ‘HOF gue lg Me Passan f = FEMINISMOS PIURALS — Ser cada 5 outras. fato de que Jo no Brasil, pe cassinad compartilham ial pelo fato de pertencerem veial), do que perder eneria em stintas como se 1880 yon negro” as individuals dis fy humano, Aeredit ‘pests rac stifiquem entre si e tenham a sie, mas este ura cobranga malor €M Fee {owosindividuos pertencentes a grupos hhistoricamente Jreriminados, como se fossem mais obrigados do que ss ruposlocalizados no poder, de criar estratégias de enirentamento is desigualdades. iadaseaperien Fags proprio to que nem todas © lugar social nao determina uma consciéncia dis~ carsiva sobre esse lugar. Porém, o lugar que ocupamos soctalmente nos faz ter experiéncias distintas € outras perspectivas. A teoria do ponto de vista feminista e lugar ‘mulher e de defala nos fazrefutar uma visio universal de negritude, e outras | identidades, assim como faz. com que hhomensbrancos, que se pensam universais, se raialize FEMINISMOS PIURAIS ~ is nos ajuda p de cos évaliosa pore ede “comperss sobre a : que o debat od agli ia 088 wes ar Foals por ca vee, classe sexual rade experenciar apresses: 10 Ja grupo. enter Moe entre 2a pe astamente pets ope seu estrutuals, WO exist de opressdes, poids Haver hierarguia rela de lute’, F e“prefere eteorias que deem conta prioridades, J4 aque 8 forma separada, ito contra rei pensar agdes pit de pensar que ndo pode haver Almensies ndo poten ser peruse d posse dle ye der que impo, eu lato Castano brinear que ni Sy raetamo e arnanha, ds WAN2 de forma ‘contra o miaehionia, pats exsas oprensien ape ‘ovina, Senalo ew mulher © Ney, emsay Opener 16 algcam en un lugar maior de vulnerabitidade, Partante, ‘i connate Vas ae fontaine ve ip “ aan, Mandy "ize He om May Mr “comin ose a fo Horo pjamita Ribeiro ese conor yajeito nora yeaa © ss ofato de a tudo oque ee sobre a pon on a xo no debat a constituigae do § ap-ao) 1 cam Foucault no que diz respelto & eege un sistema de poder que init prodduizidos por grupos onc iene Je invalida sabe Foucault afirm, Jia que existia rac finn! seals siporsimasentend ures woes pues aeraitava que o papel do intelectual e ‘cemtenxlenlo que seu papel no era ser ‘presentante daqueles que Tutavam. Spivak pensadora scela que os grupos oprimidos podem ¢ deve false o fikisofo francés pensiow esses econtexto europet, citando, para nas que ra qu 1 uma interdigao para Jas. © fikisofo fran analisar reais de pod poral, mas afirma qu pupostendo come bas nto, 0 caso das vidivas sfucidar ‘So obrjgaday ao saerificio, um ritual chamade ‘eye estarlany nun lugar muito mals difiell de falarern por sh mvesmas, Aléin dis, para a ator ills ‘vinfelectuals, por no serem esses sueltos oprimlos prolagio”™ m We avy delorgo aodreo et uconamento do poser e deseo ap ‘is les shnplester ‘ni resent aris {AK 2010,0-44) a. Fewiniswas RAIS mila Ribeiro 9} ndente aideia de os com tode v negras Se at" g uma est thar yulher pdefinigao ssa visi0) iralo desse liVFO» oduzindo sa- je de auto ptament© 26 rimeiro capi jcamente PF" lugar de quem™ mpesmno com vous os lites se esrtratment Serf confind-las na mesma sn co beam sid, sem qualaser possiblidade de trans baci Oseaberes proguzidos Pelos individuos de ‘Roohisorcament ieriminados, ara além de serem so" jecarsos importante, S80 Tugares de PolEnee* © scnfguragio do mundo por outros olhares © geografias. spr entetanto se posiciona de forma a criticar 2 ramantizagio dos sujeitos que resistem. Oo primeir capitulo de Plantations Memories Epodes of Bveryday Racism, de Grada Kilomba, ¢ intitulado colonial. See serinrna memoria rowmacascioise, 7S ioc paraiiustrar hd uma pintura da escrave Anasticia.” ou) ‘Anasticia foi obrigada aviver com wma méscars cobrindo 314 aa a cxlca gu, foxmalments 2 MASS Ee SUpeszoas negra escravizadas, B= era usada para impedir ae sealimentassem enguanto ¢ramm yy Forcadamente ObTiE® i fa que PO* rojeto de » desse PF falar? qutorizados ® truiram as m6 n silenciados? Fal represilias, js rm muckes ET por aos que fora sper castigos © sere se « sobrevivenci te sobre o que macista bran: we i tudo ge Nu sociedad ie trans ures es HHS exals,sbieas. ays Pod 1 Quando existe a travest B,se een ee fetal exemplar er aresonomia, ASO sntes ao fato de vay pa seeped gue que ale sbre mas el sberescontrudos forado eo at Kilomiba nos init sensu sobre quae so oslimitesimpostos dentro dessa Iigca colonial e nos faz refletr sobre as consequencias da Imposigio da miscara do silencio. ser uma travesti negra? scadémico sio considerados saber A méscara portato, suscita muitas questoes: por ave a Doce 1a Por que ela ou ele deve Ser ‘osujeto negro se sua boca nfo ancodevetia ud? Ha um med jonizador ters ho sujito negro deve ser pres silenciado? 0 que poderia dizer {esse selada? Eo queosietobr apreesivo de que, se sujet colonia faa 0 amita Ride ¢ y pjamita Ribeiro “ariel ginero, évisto geralmente mum” ow outs COTTE de destegt ta de conscienca SObTE 0 ONE significa sta como inapro- aegemonica € Vi sta confrontando poder casio A “obliga a norm ses uagressia porque a5 ISOS RURATS few pjamila Ril periéncias CO Stas taxas de encarceramento mos citar essa realidade no contexto Tero, 0 alto indice de feminicidio de mulheres iar ratacio de que as mulheres Negras ainda meenioria no trabalho doméstico ¢ terceirizado € tantos outros exemplos. O fato de ocuparem lugares em que aumenta a situagio de yulnerabilidade faz com que certas medidas consideradas como retrogradas thmbém atinjam esses grupos de maneira mais acintosa. |\ Reforma da Previdéncia, que caminha no congresso ‘eb a forma da Proposta de Emenda Constitucional nnimero 287, prevé aumentar 0 tempo de contribuicéo para 25 anos ¢ a idade minima para 65 anos para as mulheres, Essa medida nao leva em consideraga0 a divisio sexual do trabalho imposta em nossa sociedade. Vale dizer, pois mulheres ainda so aquelas moldadas para desempenhar o trabalho doméstico e obrigadas a serem as maiores responsaveis pela criagio dos filhos. Mutheres, sobretudo, negras, partem de pontos dife- rentes e consequentemente desiguai in ‘também pode! ibeiro FEMINISMOS <> PIURAIS ™

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