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RELAÇÕES ENTRE TENSÃO E DEFORMAÇÃO

5.4.2 - Equações de Lévy-VonMisses

A relação entre a taxas das componentes de deformação incremental e de tensões


foi originalmente proposta por Levy em 1871 e independentemente reafirmadas por
vonMises em 1913 quando a relação se tornou melhor conhecida. Estas equações são
normalmente conhecidas como Levy-Mises e podem ser resumidas na forma:
dε x dε y dε y dγ xy dγ yz dγ yz
= = = = = = dλ
σ ′x σ ′y σ ′y τ xy τ yz τ yz
ou simplesmente:
dε ij = σ ij′ dλ (5.34)

Devido ao fato de que essas equações envolvem a deformação incremental total e não o
incremento de deformação, elas são estritamente aplicáveis a um material rígido
perfeitamente plástico para o qual a componente elástica do incremento total de
deformação é zero. O incremento total de deformação e o incremento plástico são
idênticos. Desta forma, os círculos de Mohr de tensão e de incremento total de
deformação são também, idênticos.
Em termos de componentes do tensor de tensão, σij, a relação de Levy-Mises para
tensão-deformação inclui 3 equações do tipo:
⎛ 3 ⎞⎛ dε ⎞
dγ xy = τ xy dλ = ⎜ ⎟⎜ ⎟τ xy (5.35)
⎝ 2 ⎠⎝ σ ⎠
ou
⎛ 3 ⎞⎛ dε ⎞
dε ij = ⎜ ⎟⎜ ⎟σ ij′ (5.36)
⎝ 2 ⎠⎝ σ ⎠
Neste caso as equações de Levy-Mises podem ser consideradas um caso especial das de
Prandtl-Reuss, Equações (5.31), embora estas últimas tenham sido propostas muito mais
tarde. Para muitos casos de conformação de metais onde um fluxo plástico irrestrito é
importante, é comum aplicar-se as equações de Levy-Mises sem incorrer em grandes
erros.
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As Equações (5.29) ou (5.36) são conhecidas como as regras de fluxo associadas


com o critério de vonMises para escoamento.
Equações similares à (5.29) e (5.36) podem ser derivadas envolvendo taxas de
deformação, como:
ε&ij = σ ij′ λ& (5.37)

ou
⎛ 3 ⎞⎛ ε& ⎞
ε&ij = ⎜ ⎟⎜⎜ ⎟⎟σ ij′ (5.38)
⎝ 2 ⎠⎝ σ ⎠
portanto:

⎛ 3 ⎞⎛ ε& ⎛ ε& ⎞ ⎡ ⎤⎫
ε& x = ⎜ ⎟⎜⎜
⎞ ⎛ 1⎞
( )
⎟⎟(σ x − σ m ) = ⎜⎜ ⎟⎟ ⎢σ x − ⎜ ⎟ σ y + σ z ⎥ ⎪
⎝ 2 ⎠⎝ σ ⎠ ⎝ σ ⎠⎣ ⎝ 2⎠ ⎦⎪
⎛ 3 ⎞⎛ ε ⎞
& ⎛ ε ⎞⎡
& ⎤⎪
( ) ⎛1⎞
ε& y = ⎜ ⎟⎜⎜ ⎟⎟ σ y − σ m = ⎜⎜ ⎟⎟ ⎢σ y − ⎜ ⎟(σ z + σ x )⎥ ⎪
⎝ 2 ⎠⎝ σ ⎠ ⎝ σ ⎠⎣ ⎝ 2⎠ ⎦⎪

⎛ 3 ⎞⎛ ε& ⎞ ⎛ ε& ⎞ ⎡ ⎤
⎛1⎞
(
ε&z = ⎜ ⎟⎜⎜ ⎟⎟(σ z − σ m ) = ⎜⎜ ⎟⎟ ⎢σ z − ⎜ ⎟ σ x + σ y ⎥ ⎪ )
⎝ 2 ⎠⎝ σ ⎠ ⎝ σ ⎠⎣ ⎝ 2⎠ ⎦ ⎪⎪
⎬ (5.39)
⎛ 3 ⎞⎛ ε& ⎞ ⎪
γ& xy = ⎜ ⎟⎜⎜ ⎟⎟τ xy ⎪
⎝ 2 ⎠⎝ σ ⎠

⎛ 3 ⎞⎛ ε& ⎞ ⎪
γ& yz = ⎜ ⎟⎜⎜ ⎟⎟τ yz ⎪
⎝ 2 ⎠⎝ σ ⎠ ⎪
⎛ ⎞
3 ⎛ ε& ⎞ ⎪
γ& zx = ⎜ ⎟⎜⎜ ⎟⎟τ zx ⎪
⎝ 2 ⎠⎝ σ ⎠ ⎪⎭

onde o ponto sobre os símbolos significa a derivada primeira em relação ao tempo.


Durante a deformação do metal, um trabalho externo é realizado, considerando-se
o material como um volume de controle, sua fronteira é modificada, realizando-se
trabalho externo. Este trabalho necessário para a deformação plástica é chamado de
trabalho plástico. O trabalho, ou energia, realizado por unidade de volume sobre um
elemento durante a deformação, pode ser calculado por:
dW = σ ij dε ij
(
= σ ij dε ije + dε ijp ) (5.40)
= dWe + dW p
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A primeira parcela significa o trabalho realizado para deformar elasticamente o material,


sendo recuperável. Contudo, a segunda parcela é dissipada e irrecuperável, já que a
deformação plástica é um processo termodinamicamente irreversível. Pode também ser
escrito como:
dW p = σ ij′ dε ijp = σ 1′dε 1p + σ 2′ dε 2p + σ 3′ dε 3p (5.41)

e em termos de tensões principais se torna:


dW p = σ 1dε 1p + σ 2dε 2p + σ 3dε 3p (5.42)

Desta forma, o trabalho plástico total por unidade de volume durante uma deformação
finita é dado por:

W p = ∫ σ ij dε ijp (5.43)

Onde a integração é realizada sobre o caminho de deformação desde o estado inicial do


metal.

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