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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA xxxx VARA CRIMINAL DA

COMARCA DE XXXX, ESTADO DO XXXX.

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Referente ao inquérito n°XXX

 O MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL, através de seu Representante que a esta


subscreve, no uso de suas atribuições legais, nos termos do art.41, do Código de
Processo Penal, vem perante VOSSA EXCELÊNCIA para propor a presente DENÚNCIA
contra:

Adriano da Silva, brasileiro, natural do Paraná, Estado CivilXXX, profissãoXXX, nascido


em XX/XX/XXXX, filho de XXXX e XXXX, portador da carteira de identidade n°XXX,
residente na rua XXX, n°XX, Bairro XX, cidade XXX

I – Dos Fatos

 Consta dos autos do inquérito policial que de agosto de 2002 a janeiro de 2004
Adriano da Silva, possui notória ligação com a morte de 9 crianças do sexo masculino
com a faixa etária de 8 e 13 anos de idade. Foi preso no município de Maximiliano de
Almeida, na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina, em janeiro de 2004.

Durante esse período foram assassinadas as seguintes vitimas.

ÉDERSON LEITE, de 12 anos do sexo masculino, em Lagoa Vermelha saiu de casa no de


16 de agosto do ano de 2002 para vender rifas. Na primeira confissão a polícia o
acusado alegou ter levado a vitima a um local ermo prometendo comprar-lhe uma rifa,
porém, ao chegarem ao local aplicou-lhe um golpe na traquéia assim deixando-o
desmaiado e seguida com um cinto o asfixiou.

ALESSANDRO SILVEIRA, de 13 anos do sexo masculino, em Passo Fundo. A vítima


desapareceu na data de 09 de março de 2003. O menino era engraxate e tinha como
ponto principal de clientes a praça Tamandaré. Foi ali que, supostamente, teria
conhecido Adriano da Silva. Com a promessa de trabalho, Alessandro foi levado ate
uma área deserta do bairro Petrópolis, onde foi estrangulado e violentado. Sua ossada
só foi encontrada em 20 de setembro de 2003. Familiares o reconheceram pelas
roupas e pelo calcado que o menino usava quando sumiu.  

DOUGLAS DE OLIVEIRA HASS, de 10 anos do sexo masculino, em Soledade. A vítima


desapareceu em 19 de abril de 2003, em depoimento o acusado detalha ter atraído a
criança ao moinho abandonado, e o matado por asfixia mecânica, logo após
transportou o corpo de Douglas em um carrinho de mão até uma casa em construção
onde o acusado trabalhava esporadicamente. O corpo foi encontrado pela polícia após
a confissão.

VOLNEI DOS SANTOS, de 12 anos do sexo masculino, em Passo Fundo. Era vendedor
de Rapadura e desapareceu no dia 09 de julho de 2003. Nesta morte o acusado se
contradiz primeiro alegando ter violentado o cadáver do menino e posteriormente
confessou que só houve violência sexual. No corpo da vitima encontrado cinco dias
após o crime foi possível identificar o DNA do acusado através do sêmen recolhido do
corpo da vítima.

JÚNIOR REIS LOUREIRO, de 10 anos do sexo masculino, em Passo Fundoe era


descente indígena. A vítima tinha o costume de vender artesanatos em postos de
combustíveis, desapareceu no dia 14 de setembro de 2003. O acusado conta que
convenceu a de comprar seus artesanatos e o conduziu a uma rua deserta e nela
asfixiou e o matou. O acusado disse a polícia que pensou em violentar o cadáver,
porém, teve nojo. O corpo foi encontrado no dia 22 de setembro do mesmo ano.

JÉFERSON BORGES SILVEIRA, de 11 anos do sexo masculino, em Passo Fundo, seu


desaparecimento foi no dia 29 de setembro de 2003. O acusado assume ter matado a
vitima e em momento posterior alega ter apenas mantido relações sexuais com o
cadáver. O corpo foi encontrado no dia 3 de outubro do mesmo ano e apresentava
indícios de estrangulamento.

LUCIANO RODRIGUES, de 9 anos do sexo masculino, em Passo Fundo, seu


desaparecimento foi no dia 2 de outubro de 2003. A vítima participava de programas
sociais e em uma das atividades, o acusado convenceu-o de ir ao campo do antigo
quartel e lá foi assassinado pelo acusado. A ossada foi encontrada no dia 29 de
novembro do mesmo ano.
LEONARDO DORENELLES DOS SANTOS, de 8 anos do sexo masculino, em Passo Fundo.
Desapareceu no dia 31 de outubro de 2003, a vítima costumava jogar fliperama e o
acusado chegou a jogar com a vítima, posteriormente convenceu a vitima e atraiu-a
ate um mato asfixiando e matando-a. A ossada foi encontrada no dia 17 de dezembro
do mesmo ano.

DANIEL BERNARDI LOURENÇO, de 14 anos do sexo masculino, em Sananduva.


Desapareceu no dia 3 de Janeiro de 2004, era vendedor de picolé e foi induzido pelo
acusado de que faria uma encomenda de sorvetes para uma festa. Porém, ao chegar
no local foi espancado e violentado pelo acusado. Seu corpo foi encontrado no dia
seguinte ao crime e foi detectado sêmen de Adriano, e na perícia foi detectado que o
estrangulamento ocorreu com fio de naílon.

Assim tendo o denunciado Adriano da Silva praticado os crimes capitulados nos


respectivos artigos do código penal, artigo 121 Matar alguém, parágrafo 2 II,III,IV (por
nove vezes), no parágrafo 4 do mesmo artigo (por nove vezes), artigo 211 Ocultação de
cadáver (por nove vezes), artigo 212 Vilipendio( por três vezes), artigo de 217-A
Estupro de vunerável (por três vezes) e artigo 307 Falsa identidade.

Fundamentação:

Quanto as formas, de cometer crimes

O Réu, com extrema frieza e sem demonstrar qualquer arrependimento ainda


informou aos policiais como matava as vítimas. Ele usava, luvas e lenços com o intuito
de não deixar impressão digital. Acrescentando, que o que o motivava era uma
vontade intima, um vício de matar.

Haja vista, que suas maiores vítimas eram crianças em sua maioria humildes, que o
acusado encontrava na rua sendo que atraia os meninos para áreas hermas, eram
nocauteados e estrangulados com pedaços de corda. Em alguns casos, o réu teve
relações sexuais com as vítimas após de mortos.

Salientamos o fato, que o réu não demonstra qualquer sentimento de culpa. Alguns
autores levantem a hipótese que nem todos seriais killer são loucos. Visto que algumas
pessoas, atribuem os crimes a algum estado de loucura.
Ana Beatriz Barbosa Silva13 diz em sua obra Mentes Perigosas - O Psicopata Mora ao
Lado diz que:

“Os psicopatas mostram uma total e impressionante ausência de


culpa sobre os efeitos devastadores que suas atitudes provocam nas
outras pessoas. Os mais graves chegam a ser sinceros sobre esse
assunto: dizem que não possuem sentimento de culpa, que não
lamentam pelo sofrimento que eles causaram em outras pessoas e
que não conseguem ver nenhuma razão para se preocuparem com
isso. Na cabeça dos psicopatas, o que está feito, está feito, e a culpa
não passa de uma ilusão utilizada pelo sistema para controlar as
pessoas” (SILVA, 2008, p.213).

Os psicopatas mostram uma frieza extrema sobre as suas acoes, tornando a culpa
como uma característica não existente neste caso, Diante de tal fato, podemos
confirmar que cada vez mais ha o dolo nas condutas realizadas, substituindo a
hipótese de serem classificados como inimputáveis, sendo que possuem ciência de
seus atos, e são praticados com consciência.

Quanto as várias versões:

O Réu, se contradiz em vários dos seus depoimentos dados a polícia:


Podemos salientar, o seu primeiro depoimento onde ele Adriano confessa o
assassinato de 12 crianças. Toda via, logo após relata que confessou mediante pressão
e ameaças e confessou apenas um assassinato.

Quanto as falhas na investigação:


Conforme reportagem avaliada publicada pela revista Época houve falha, omissão e
incompetência por parte da polícia.

Monstro. Não há outro adjetivo para Adriano da Silva, responsável


pelo assassinato de 12 garotos, dos quais seis foram mortos na
cidade gaúcha de Passo Fundo. Silva chegou àquela cidade em março,
mesmo mês em que a primeira vítima desapareceu. E lá ficou,
matando sem ser importunado. A polícia nunca descobriu o
assassino. Ele foi primeiramente encontrado porque o avô de uma
das crianças, policial militar aposentado, investigou por conta
própria, localizou o matador e o levou à delegacia local. 

Preconceituoso. É o mínimo que se pode dizer de cada um dos


integrantes da força policial de Passo Fundo. Ao serem confrontados
com o então suspeito, liberaram-no. Detalhe: o criminoso estava sem
documentos. A família, revoltada com o tratamento dispensado ao
caso, começou a reclamar. Os policiais, então, passaram a espalhar
pela cidade que o avô do menino desaparecido era 'louco e tomava
Gardenal', além de outras bobagens. 
Incompetente. Nada qualifica melhor o delegado Márcio Zachello, do
Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) do Rio
Grande do Sul. ÉPOCA abordou este assunto, na edição número 292,
apontando que o principal suspeito era Adriano da Silva - até porque
ele havia sumido da cidade depois de ter sido liberado na delegacia,
momento a partir do qual os crimes cessaram. O delegado minimizou
a suspeita e justificou o comportamento do monstro à editora Eliane
Brum, autora da reportagem: 'Ele só não apareceu porque ficou com
medo ao ser ameaçado pela família do menino'.

Arrogante. A pecha cai muito bem ao secretário de Segurança do


Paraná, Luiz Fernando Ferreira Delazari. Adriano da Silva era foragido
da prisão de União da Vitória, condenado a 27 anos de detenção por
matar um taxista a facadas, mas seus dados não estavam no Infoseg,
o cadastro nacional que lista 7,5 milhões de criminosos, pois a
Secretaria de Segurança resolvera, por conta própria, limpar seu
banco de dados. A justificativa: para o governo paranaense, o sistema
nacional apresenta problemas e o melhor seria deixar seus dados à
parte. Se o Infoseg é pior do que o sistema paranaense, não se sabe.
Mas fica muito claro que, por conta dessa atitude, uma investigação
foi atrasada e um assassino ficou solto por muito mais tempo que
deveria.

Omisso. Assim se pode tachar o comportamento do diretor-geral da


Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, no caso. Assassinatos em
série não devem ser deixados na mão de policiais do interior, sem
recursos humanos ou de perícia, cometendo uma trapalhada atrás da
outra. A necessidade de ter a PF envolvida a fundo nessas situações
fica ainda mais evidente quando se lembra que a polícia de Passo
Fundo prendeu um representante comercial e apontou sete
adolescentes como responsáveis por dois dos assassinatos

Sendo considerado o último feito da Polícia, quando o avó de uma das vítimas um
policial aposentado que foi fazer a investigação por conta própria.

No dia seguinte ao sumiço de Leonardo. Seu avô, Gediom Dornelles,


policial militar aposentado, procurou a casa de videogames do bairro.
Uma testemunha apontou um homem, estranho na comunidade, que
tinha sido visto saindo dali com o menino. O avô abordou o forasteiro
e o obrigou a ir até a delegacia. Era um sábado. Ele estava sem
documentos, mas, mesmo assim, os policiais o liberaram e
mandaram que voltasse na segunda-feira. Quando ele não apareceu
para depor, descobriram que o suspeito era Adriano da Silva,
foragido da prisão de União da Vitória, no Paraná, onde é condenado
a 27 anos por ter roubado e esfaqueado um taxista até a morte. “Ele
queria comparecer à delegacia. Deixou até uma carta dizendo que
pretendia colaborar com a polícia, mas só não apareceu porque ficou
com medo ao ser ameaçado pela família do menino”, diz o delegado
Márcio Zachello, do Departamento Estadual de Investigações
Criminais (Deic) do Rio Grande do Sul.

“Tô com o corpo lanhado de tanto procurar meu filho no mato. Quando deito à noite,
não sei se ele tá com frio, se tá com fome, se tá vivo ou se tá morto”.  CLÁUDIA
DORNELLES, mãe de Leonardo, de 8 anos, dias antes de encontrar a ossada do filho no mato

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