Você está na página 1de 15
EDUCACAO meee Historia da PEDAGOGIA"™ | A psicogenética walloniana e sua importancia fereTe Reema lee) , Contemporaneos A fecundidade de uma Reeder me(elm a iareel [a1 os dominios afetivo; acoso a nehom-Burlelnelg storia de um estudioso para entender as relacdes entre emogdo e razao HENRI WALLON siocrarininteecruat UM PENSADOR SEM MEDO DA ONTRADICAO POR MARIA LETICIA BARROS PEDROSO NASCIMENTO O materialismo dialético, principio e método que privilegiou, permitiu que Henri Wallon construfsse uma psicologia da crianga coerente e singular enri Wallon nasceu no final do séeulo XIX em Paris, cidade onde passou toda a sua vida Conviveu com significatives mu: dangas nas ordens social, eco- némica e politica da primeira metade do século seguinte, desde a revolugao comunista soviética, pasando pela efetivacdo de duas guerras mun- dias, até 0 avango do fascismo, Viveu, portanto, entre diferentes vertentes filos6fico-potiticas, ‘num perfodo turbilhonado pelos acontecimentos, tendo participado ativamente, tanto do ponto de vista intelectual quanto da presenga fisica, dos eventos de sua época. Professor € pesquisador, criticou a psicologia de entio, estabelecendo um posicionamento diferenciado em relagao a seus ‘contemporiineos. Os aspectos sociais e politicos permearam sua produggo intelectual, ndo por ‘acaso, como revela sua biografia, Ainfancia: 0 humanismo na tradicao familiar Nascido numa familia da alta burguesia do norte da Franca, quatro anos apés a efetiva- cao da Terceira Repiblica francesa, era neto de Henri Alexandre Wallon (1812-1904), deputado responsével pela introdusao da palavra repiblica na Constituiggo Francesa de 1875. Seu avd cra também historiador, tendo sucedido Jules Miche- Jet (1798-1874) ~ primeiro historiador a afirmar que os principais agentes das mudancas sociais exam as massas, originando os ideais da Revolu- io Francesa ~ na Universidade. Era 0 tercsiro oRepradute HENRI WALLON siocoarimmretecroat 46 Em Wallon, a psicologia sla crianca é filho de uma famflia de sete irmaos. renga na transformacio perpetrada _6gicas, nas quais © conhecimento O psi, o arquiteto Paul Alexandre pelo homem na realidade o levaram __do funcionamento corporal era de- Joseph Wallon, era funcionsrio do a optar pelo materialismo dialético _terminante. Ribot foi o responsével overno, e tinha como passatempo como orientacio floséfico-politica e _pela»primeira cadeira de psicolo- favorito pintar aquarelas. A mc, como abordagem para a compreen- gia no Collage de France. Como a Sophie Marguerite Zoé Allart, era io dos fendmenos psiquicos, o que _psicologia ndo existia como campo dona de casa. Na familia, a tradigao The permitiu construir uma psicolo- - auténomo, a filosofia e a medicina iberal imperava, eo pequeno Henri, gia de crianca coerente e singular, eram 0s meios mais seguros para durante sua infancia, conviven com exercer a profissio de psicblogo. So- © pensamento democrético e repu- OS estudos:afilosoftaea bre esse interesse, cabe destacar seu blicano, Em entrevista publicada na MeificIna como caminho depoimento de 1968, no qual Wallon revista Enfance,em1968,relatouque paraapsicofogla afirma que “minha inclinagao para a a morte de Victor Hugo era uma de De acordo com o que era fre- _psicologiafez-seindependentemente suas primeiras recordagtes, pois, quente época de sua juventude, de qualquer influéncia exterior [..]. na noite em que o escritor faleceu, Wallon ingressounaEscolaNormal Foi antes de mais nada uma disposi- depois do jantar, seu pai leu alguns Superior em 1899 e formou-se em gio geral, uma questio de gosto, de fragmentos de Les Chatiments,¢,no _filosofia, tornando-se, em seguida, _curiosidade pessoal pelos motivos diz seguinte, pela manha, levou os professor efetivo no ensino secun- _razdes que levam as pessoas a agit”. filhos &casade Hugo, eexplicouque dro, no licen de Bar-le-Duc, onde Engajado na perspectiva de de- © poeta era contra atirania. Wallon _Iecionou por um ano. Seguinds-a _finir 0 estatuto cientifico e a especi- tinha entdo 6 anos de idade. tradigio médico-filosbfica de entao, _ficidade de uma ciéncia do homem, © episédio vivido pelo gene- iniciada por Ribot (1839-1916), em Wallon dirigiu sua atengdo A neuro- ral Boulanger, que o aleangou aos 1903, eursou medicina, com 0 obje- _logia e 20 corpo como base material 10 anos, € 0 caso Dreyfus, ocorrido tivo de tornar-se neuropsiquiatra _do psiquismo. Buscando compreen- quando prestava servigo militar, fo- _¢ psicblogo. Ribot sugerira a seus der as relagées entre o biolégico e 0 am situagdes que acomipanhou~e alunos Duras (1866-1946) e Janet __psfquico e entre 0 individuo e a so- que contribufram para perguntar-se (1869-1947) a realizagio de estudos _ciedade, colocou-se contrério a uma sobreanaturezadas elasSesentreos médicos como base para os estudos _concepeo metafisica, idealista, de- seres hummanos. A importincia dade em psicologia, & época atrelada as _fendida por Bergson (1859-1941), que 0 humanismo, dinfluéncia liberale&’ —_pesquisas psiquidtricas e psicofisio~ _reduzia o psiquismo a vida interior, tasce em Pati, em 1908 joutor em medicina, com apresentagao da teso Je Dé de Persécution. Delre Chronique 3 }1903-1908 } Estuda medicina, de acordo com a 1699-1902 Cursa a Escola | 1918) e Sophie Normal Superior, tuadigao médico- —_ base dinterprétation [0 | Marguerite ZoéAllart — onde se forma oséfica da rio de perseguigao) 4 (1849-1805). 4 em filosofia, ipsioologia francesa. (Paris: J Bailibre, 1909). um estudo dialético do ser humano 1 assim como ao organicismomecinico, legado por Cabanis (1757-1608), que reduzia 0 pensamento a mero pro- duto do cérebro, manifestando

Você também pode gostar