Você está na página 1de 4

Senado Notícias

Brasil celebra no domingo o Dia Nacional de Combate à Homofobia


Da Redação | 15/05/2020, 08h59

‹ ›

Participantes da Parada do Orgulho Gay reunidos em frente ao Congresso, em 2018

José Cruz/Agência Brasil

Neste domingo, 17 de maio, o Brasil celebra o Dia Nacional de Combate à Homofobia. A data entrou no calendário oficial em 2010,
quando um decreto do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva atendeu a uma reivindicação histórica do movimento social de
lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT).

Até 1990, a homossexualidade era considerada um distúrbio mental pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Foi só no dia 17 de
maio daquele ano que a entidade decidiu retirar a orientação sexual da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados com a Saúde (CID).

O tema da homofobia reverbera no Senado. Desde 2010, a Casa analisou pelo menos 18 proposições — entre sugestões, medidas
provisórias, propostas de emenda à Constituição e projetos de lei — sobre a liberdade de orientação sexual. Oito dessas matérias
ainda estão em tramitação (veja quadro abaixo). Mas ainda precisam passar pelas comissões antes de seguir para o Plenário da Casa.
Dois projetos têm relação direta com uma decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em junho do ano passado. Por
maioria, a Corte entendeu que o Congresso Nacional foi omisso por não ter editado uma lei que criminalize atos de homofobia e de
transfobia.

A primeira proposição desencadeada pela decisão do STF foi o Projeto de Lei (PL) 4.240/2019, da senadora Rose de Freitas
(Podemos-ES). A parlamentar inclui a discriminação contra gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero no rol de crimes
punidos pela Lei 7.716, de 1989. Originalmente, a norma trata apenas dos crimes de ódio por raça ou cor.

De acordo com o texto, a pena para quem impedir o acesso de alguém devidamente habilitado a qualquer cargo da administração
pública é de dois a cinco anos de reclusão. A mesma pena vale para quem dificultar a promoção de servidores por preconceito. Quem
negar ou impedir emprego de homossexuais em empresa privada fica sujeito a reclusão de dois a cinco anos. O mesmo para quem
demitir o funcionário por discriminação.

O PL 4.240/2019 também prevê reclusão de um a três anos para quem impedir o acesso ou recusar atendimento em
estabelecimentos comerciais ou locais abertos ao público. A mesma pena é aplicada a quem impedir ou restringir a manifestação de
afeto entre qualquer pessoa em local aberto ao público. A matéria também prevê reclusão de um a três anos para quem praticar,
induzir ou incitar a discriminação ou o preconceito.

Para Rose de Freitas, o projeto faz cumprir a decisão do STF. “Após tantas mortes, ódio e incitação contra homossexuais, não há
como desconhecer a inércia do legislador brasileiro. Tal omissão é inconstitucional. O Congresso deve agir com presteza e
prontamente solucionar tal choque entre a atribuição dos Poderes, editando a lei respectiva”, argumenta.

O PL 4.240/2019 foi distribuído às Comissões de Direitos Humanos (CDH) e de Constituição e Justiça (CCJ). Mas acabou sendo
apensado a um projeto anterior, do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Apresentado quatro meses antes da decisão do STF, o
PL 860/2019 tem praticamente as mesmas previsões da proposição de Rose de Freitas.

Para Alessandro Vieira, é “latente e inegável a intolerância” sofrida pela população LGBT no país. “Tal discriminação é frequentemente
traduzida em crimes de ódio e intolerância. O Brasil vive uma epidemia de ataques contra pessoas LGBT, o que obriga o Congresso
Nacional a atuar para mudar essa realidade”, afirma. O texto aguarda o relatório da senadora Mailza Gomes (PP-AC) na CDH.

Conflito de competências
A segunda proposição diretamente relacionada à decisão do STF é um projeto de decreto legislativo (PDL 404/2019), do senador
Marcos Rogério (DEM-RO). O parlamentar tenta sustar os efeitos legislativos do acórdão, por entender que o julgamento fere a
competência exclusiva do Congresso. “De forma clara e inequívoca, a decisão proferida pelo Supremo enuncia efeitos legislativos. E,
pior: de natureza penal, o que encontra expressa vedação na Carta Magna”, afirma.

O PDL 404/2019 aguarda designação de relator na CCJ. No projeto, Marcos Rogério não se posiciona sobre o mérito da questão.
Apenas ressalta que o tema da criminalização da homofobia “é objeto de intensa controvérsia, o que reforça ainda mais a necessidade
da retomada da competência desta Casa legislativa”.

Mas, em outro projeto (PL 3.032/2019), o parlamentar defende penas maiores para crimes praticados em razão de comportamento
sexual. Pela proposta, o homicídio nesses casos passa a ser punido com de 12 a 30 anos de prisão; a pena para lesão corporal pode
ser agravada de um terço à metade; e a violência física passa a ser reprimida com pena de um a cinco anos de cadeia.

O texto, no entanto, não considera crime “o ato de externar visão crítica em relação a comportamento sexual, decorrente de
convicção ética, moral, filosófica ou crença religiosa”. A matéria foi apensada ao PLS 236/2012, que prevê a reforma do Código Penal.
O relator, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), deve proferir parecer a mais de uma centena de proposições que tramitam em
conjunto na CCJ.

O Senado analisa ainda um projeto de lei de origem popular que pune a discriminação por origem, idade, deficiência, gênero ou
orientação sexual (PLS 515/2017). A proposição é oriunda de uma ideia legislativa apresentada ao Senado por um cidadão do Paraná,
por meio do Portal e-Cidadania. A ideia obteve mais de 20 mil apoiamentos de internautas em menos de quatro meses e, depois de
aprovada pela pela CDH, passou a tramitar como projeto de lei. O texto agora aguarda relatório do senador Sérgio Petecão (PSD-AC)
na CCJ.

Confira  os projetos em tramitação no Senado


PL 672/2019
Inclui na Lei 7.716, de 1989, os crimes de discriminação ou preconceito de orientação sexual e/ou identidade de gênero.

Autor: Senador Weverton (PDT-MA)


Situação atual: Aguarda turno suplementar de votação na CCJ.
PL 860/2019
Inclui na Lei 7.716, de 1989, os crimes de discriminação ou preconceito de orientação sexual e/ou identidade de gênero.

Autor: Senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE)


Situação atual: Aguarda o relatório da senadora Mailza Gomes (PP-AC) na CDH.

PLS 150/2015
Inclui na Lei 7.716, de 1989, os crimes de discriminação ou preconceito de opção ou orientação sexual.

Autor: Senador Otto Alencar (PSD-BA)

Situação atual: Aguarda o relatório do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) na CCJ.

PL 2.712/2019
Inclui no Código Penal o crime de injúria qualificada, com utilização de elementos referentes a orientação sexual ou à condição
identitária feminina.

Autora: Senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP)


Situação atual: Aguarda o relatório do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) na CCJ.

PL 3.032/2019
Qualifica o crime de homicídio e aumenta a pena para lesão corporal quando praticados em razão de comportamento sexual.

Autor: Senador Marcos Rogério (DEM-RO)

Situação atual: Aguarda o relatório do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) na CCJ.

PLS 134/2018
Institui o Estatuto da Diversidade Sexual e de Gênero.

Autor: CDH
Situação atual: Aguarda o relatório do senador Paulo Rocha (PT-PA) na CCJ.

PLS 515/2017
Pune a discriminação ou preconceito de origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou
identidade de gênero

Autor: CDH
Situação atual: Aguarda o relatório do senador Sérgio Petecão (PSD-AC) na CCJ.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)


Quer receber notificações do portal Senado Notícias?

Receber notificações Agora não

Você também pode gostar