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Postulados, Princípios e as Convenções de Contabilidade

São a base da teoria contábil concebidos pelas Resoluções 750/93 e 1282/10, que
estabeleciam os enunciados dos princípios de contabilidade.

1. Postulados de Contabilidade:
São comumente chamados de "Pilares da Contabilidade", por serem a base de toda a
teoria contábil e são:

1.1. O Postulado da Entidade;


1.2. O Postulado da Continuidade.

1.1. Postulado da Entidade

Este princípio reconhece o patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia


patrimonial, ou seja, a necessidade de se diferenciar o patrimônio da empresa do patrimônio
dos sócios, acionistas ou proprietários da mesma. A Contabilidade deve ter plena distinção e
separação entre pessoa física e pessoa jurídica. Enfim, ao patrimônio da empresa jamais se
confunde com os dos seus sócios.

1.2. Postulado da Continuidade

Este princípio diz que a empresa deve ser avaliada e escriturada na suposição de que a
entidade nunca será extinta. As Demonstrações Contábeis são estáticas, não podem ser
desvinculadas dos períodos anteriores e subseqüentes, a vida da empresa é continuada
going concern, até circunstância esclarecedora em contrário. Seus Ativos devem ser
avaliados de acordo com a potencialidade que têm em gerar benefícios futuros para a
empresa, na continuidade de suas operações, e não pelo valor que se poderia obter se
fossem vendidos no estado em que se encontram.

2. Princípios de Contabilidade

A Resolução do Conselho Federal de Contabilidade - CFC nº 750-93 e 1282/10, como já


dito, definem os Princípios de Contabilidade, que são a padronização das técnicas contábeis
adotadas pela maioria dos profissionais, com o intuito de normalizar os lançamentos e
relatórios, para um melhor controle do patrimônio da entidade, e são:

2.1. Princípio da Oportunidade;


2.2. Princípio do Registro pelo Valor Original;
2.3. Princípio da Atualização Monetária;
2.4. Princípio da Competência e,
2.5. Princípio da Prudência.

2.1. Princípio da Oportunidade

Este Princípio estabelece que as informações contábeis devem ser conhecidas


integralmente e no exato momento em que ocorreu, ou seja, de maneira “tempestiva”.
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2.2. Princípio do Registro pelo Valor Original

Os elementos patrimoniais devem ser registrados pela contabilidade por seus valores
originais, expressos em moeda corrente do país. Assim, os registros da contabilidade são
efetuados com embasamento no valor de aquisição do bem ou pelo custo de fabricação
(vide contabilidade de custos), incluindo-se, ainda, todos os gastos que foram necessários
para colocar o bem em condições de gerar benefícios presentes ou futuros para a empresa;
caso ela efetue transações em moeda estrangeira, os valores correspondentes devem ser
convertidos à moeda nacional. Exemplo: o contador Sr. Manoel deve registrar os fatos
contábeis de encerramento da empresa X, na data de sua ocorrência, de maneira íntegra e
tempestiva, para que seus usuários, com base nessas informações, também registrem
esses fatos nas suas empresas.

2.3. Princípio da Atualização Monetária

Refere-se ao ajuste dos valores dos componentes patrimoniais, devido à perda do poder
aquisitivo num ambiente inflacionário. Portanto, a atualização monetária não representa uma
avaliação e sim apenas um ajuste dos valores originais, mediante aplicação de indicadores
oficiais, que reflitam a variação do poder aquisitivo da moeda. Serve também para
homogeneizar as diversas contas das mais variadas espécies.

No Brasil, com o advento do Plano Real (1994), que vetou a "correção monetária de
balanços" houve a mudança da denominação do Princípio. A antiga era "Princípio da
Correção Monetária". Também o art. 185 da Lei 6.404/76 já havia sido revogado pela Lei n.º
7.730/89.
Mas apesar da falta de base legal, hoje em dia no Brasil existe uma tensão no meio contábil,
entre os órgãos reguladores (CFC e CVM) e a classe, por causa da resolução que admite a
correção monetária apenas se a inflação superar 100%(em 3 anos) haveria a autalização.
Na verdade, essa resolução atende ao padrão internacional. Sucede entretanto, que mesmo
uma inflação baixa vai distorcer o real valor do patrimônio em poucos anos.

2.4. Princípio da Competência

"As despesas e receitas devem ser contabilizadas como tais, no momento de sua
ocorrência, independentemente de seu pagamento ou recebimento". Assim, é fácil observar
que o Princípio da Competência não está relacionado com recebimentos ou pagamentos,
mas com o reconhecimento das receitas realizadas e das despesas incorridas em
determinado período.

A receita é considerada realizada:


Exemplo: No momento em que há a transferência do bem ou serviço para terceiros,
efetuando estes o pagamento ou assumindo o compromisso firme de fazê-lo no futuro
(exemplo: venda a prazo);
A despesa é considerada incorrida quando:
Exemplo: Ocorrer o consumo de um bem ou direito (exemplo: desgaste de máquinas);

2.5. Princípio da Prudência


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O princípio da Prudência especifica que ante duas alternativas, igualmente válidas, para a
quantificação da variação patrimonial, será adotado o menor valor para os bens ou
direitos e o maior valor para as obrigações ou exigibilidades.

3. Convenções de Contabilidade

São Conceitos que servem de guia para o profissional da área contábil, normatizando
padrões de conduta na hora de escriturar os fatos contábeis, tais como:
As convenções contábeis têm por objetivo limitar ou restringir a
abrangência dos Princípios Contábeis, definindo com maior precisão e
clareza o seu alcance e significado. Elas representam o complemento dos
Princípios e Postulados, no sentido de delimitar conceitos, atribuições e
direções a serem seguidas no registro das operações facilitando o trabalho
do contador, e são:

3.1. Convenção da Objetividade


3.2. Convenção da Materialidade
3.3. Convenção do Conservadorismo
3.4. Convenção da Consistência

3.1. Convenção da Objetividade


Refere-se ao sentido de neutralidade que se deve atribuir à Contabilidade
nos registros dos fatos que envolvem a gestão do patrimônio das
entidades. O profissional contábil deve escolher, entre vários
procedimentos, o mais adequado para descrever um evento contábil. Ele
deve procurar exercer a Contabilidade sempre de forma objetiva, não se
deixando levar por sentimentos ou expectativas de administradores ou
qualquer pessoa que venha a influenciar o seu trabalho. Os registros
devem estar baseados, sempre que possível, em documentos que
comprovem a ocorrência das respectivas transações.
A finalidade dessa convenção é eliminar ou restringir áreas de excessivo
liberalismo na escolha de critérios, principalmente de valor.
Exemplo: Toda vez que um Contabilista tiver mais de uma opção de
valores para atribuir a um dado bem, como um documento original de
compra e um laudo pericial de avaliação do bem, ele deverá optar pelo
mais objetivo. No caso, o documento.
OBS.: Caso não haja documento para suporte, deve-se convocar peritos
em avaliação que, mediante laudos, forneçam um valor objetivo para o
contador desenvolver de maneira imparcial sua contabilidade.

3.2. Convenção da Materialidade


Estabelece que a contabilidade não deve se preocupar com valores ou
fatos irrelevantes, tanto do ponto de vista de registro como de controle.
Sendo assim, a informação contábil deve
ser relevante, justa e adequada e o profissional deve considerar
a relação custo x benefício da informação que será gerada, evitando
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perda de recursos e de tempo da entidade. Dessa forma, o contador não


perde tempo com registros cujos controles podem se tornar mais onerosos
(caros) que os próprios valores a serem registrados.
Exemplo: Quando materiais de expediente da empresa são utilizados
(como papéis, impressos, lápis, caneta, etc.), é registrado uma diminuição
do ativo da empresa. Essa diminuição poderia, teoricamente, ser lançada
nos registros contábeis à medida de sua ocorrência, porém, pela
irrelevância da operação isto não é feito. A despesa é apurada somente no
final do período por diferença de estoques, dado os seus pequenos valores
unitários.
Em resumo, cabe à administração da empresa, sem ferir os demais
Princípios e Convenções, bem como as normas constantes da Legislação
Comercial e Fiscal, estabelecer uma relação custo-benefício, para decidir
sobre a adoção de um sistema contábil mais apurado e detalhado,
evitando o desperdício de tempo e dinheiro para controlar elementos e
mutações patrimoniais de pequena expressão em relação ao conjunto do
Patrimônio.

3.3. Convenção do Conservadorismo

Estabelece que o profissional da Contabilidade deve manter uma conduta


mais conservadora em relação aos resultados que serão apresentados,
evitando que projeções distorcidas sejam feitas pelos usuários.
A posição conservadora (precaução/prudência) do contador será
evidenciada para antecipar prejuízo e nunca antecipar lucro. Assim ele não
estará influenciando os acionistas, por exemplo, a um otimismo que será
ilusório (é preferível ter expectativa de prejuízo e a entidade apresentar
resultados positivos do que o contrário). O objetivo do conservadorismo é
não dar uma imagem otimista em uma situação alternativa que, com o
passar do tempo, poderá reverter-se.
Existindo alternativas igualmente válidas para se atribuir valores aos
elementos patrimoniais, por motivo de precaução, deve-se optar pelo valor
mais baixo ao ativo e pelo valor mais alto ao passivo.

Exemplo: Se o contador estiver em dúvida diante de dois valores,


igualmente válidos, de dívida da empresa com terceiros, ele deverá
registrar o maior valor.
Deriva dessa convenção a regra do custo de mercado, dos dois o menor,
pela qual o estoque será avaliado pelo preço de mercado, se este for
inferior ao custo de aquisição. De certo modo, ela modifica o Princípio do
Custo Histórico como Base de Valor, adotada pela atual Lei das S.A.

3.4. Convenção da Consistência


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De acordo com essa convenção, os critérios adotados no registro dos atos


e fatos administrativos não devem mudar frequentemente. Refere-se
a uniformidade, utilizando métodos e critérios uniformes ao longo do
tempo para o registro dos fatos contábeis e elaboração das
demonstrações financeiras.
OBS.: No caso de necessidade de mudanças em tais critérios, tais devem
ser informadas em notas explicativas nos relatórios contábeis de maneira
a informar ao usuário esta mudança.
Ou seja, os relatórios devem ser elaborados com a forma e o conteúdo das
informações consistentes para facilitar sua interpretação e análise pelos
diversos usuários. Quando houver necessidade de adoção de outro critério
ou método de avaliação, o profissional deverá informar a modificação e
apresentar os reflexos que a mudança poderá causar se não for observada
pelo usuário.
IMPORTANTE: A quebra da consistência na escrituração provoca
influências nos demonstrativos contábeis, o que prejudica a análise clara e
eficiente em comparação com os demonstrativos de exercícios anteriores.

O Fim dos Princípios de Contabilidade


Revogadas as Resoluções CFC 750/1993 e 1282/2010.

O Conselho Federal de contabilidade - CFC revogou, em 04/10/2016, as resoluções 750/93


e 1282/10, que estabeleciam os enunciados dos Princípios de Contabilidade.

Quando estudamos contabilidade perdemos um bom tempo analisando os enunciados dos


princípios e agora, com a revogação acima citada, esses enunciados deixaram de fazer
parte do arcabouço normativo contábil. Contudo, sua essência continua a existir dentro do
CPC 00-Arcabouço Conceitual, e agora dentro da NBC T SP - Estrutura Conceitual.
Os princípios, na verdade, não foram eliminados e sim diluídos nos diversos CPCs.

Conforme publicação pelo próprio CFC (Conselho Federal de Contabilidade) em novembro


de 2016 o comunicado “Revogação da Resolução nº 750/1993: contexto e
considerações” traz o seguinte:

“Revogar a Resolução nº 750/1993, porém, não significa que os Princípios de


Contabilidade estejam extintos. A revogação das resoluções visa à unicidade
conceitual, indispensável para evitar divergências na concepção doutrinária e teórica,
que poderiam comprometer aspectos formais das Normas Brasileiras de
Contabilidade (NBCs)”

“Com isso, os Princípios de Contabilidade, sob o ponto de vista das Estruturas


Conceituais dos setores privado e público, passaram a ser comportados dentro das
normas específicas, respectivamente, a NBC TG Estrutura Conceitual (Resolução nº
1.374/2011) e NBC TSP EC.”

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