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Compressão Paralela às Fibras

Critério de dimensionamento depende do índice de esbeltez (λ):

L0 x ou y
λ x ou y =
i x ou y
ix ou y é o raio de giração em relação aos eixos principais da seção
transversal do elemento estrutural
L0 o comprimento de flambagem do elemento em relação ao eixo x ou y
L0 = 2L, no caso de uma extremidade do elemento engastada e outra
livre
L0 = L, nos demais casos

Estado Limite Último de Estabilidade para peças comprimidas:

Peças Curtas (λ
λ ≤ 40)
Peças Medianamente Esbeltas ou Semiesbeltas
(40 < λ ≤ 80)
Peças Esbeltas (80 < λ ≤ 140)

Peças Curtas (λ
λ ≤ 40)
São os elementos cujo índice de esbeltez (λ) é igual ou inferior a 40. A
condição de segurança da NBR 7190/97 é expressa por:
Nd
σ c0 , d = ≤ f c0 , d
AW

σc0,d é a tensão de compressão atuante com seu valor de cálculo,


fc0,d é a resistência de cálculo de compressão paralela às fibras.
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Peças Medianamente Esbeltas ou Semiesbeltas (40 < λ ≤ 80)

O estado limite último de estabilidade deve ser verificado no ponto mais


comprimido da seção transversal pela condição:

σ Nd
+
σ Md
≤1
f c 0 ,d f c 0 ,d
Nd
σ N ,d =
A W é o valor de cálculo da tensão de compressão devida à força
normal de compressão Nd e
Md
σMd =
W
é o valor de cálculo da tensão de compressão devida ao

momento fletor Md calculado pela excentricidade ed prescrita pela norma.

O critério da NBR 7190/97 considera possíveis excentricidades na estrutura


não previstas no projeto. A verificação deve ser feita isoladamente nos
planos de rigidez mínima e de rigidez máxima do elemento estrutural.
O critério para cálculo da excentricidade ed é:

 NE 
ed = e1  
 E
N − Nd

e1 = ei + ea e1 é a excentricidade de primeira ordem

com:

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M 1d
ei =
Nd ≥ h/30, sendo ei decorrente dos valores de cálculo.
ei (excentricidade inicial de M1d e Nd na situação de projeto) ≥ h/30, sendo
h a altura da seção transversal perpendicular ao plano de verificação.
Exceção: ei mínima é dispensada no caso de barras de treliça, que podem
ter ei = 0.
L0
ea (excentricidade acidental) : ea = ≥ h/30
300

π2 Ec0 , ef I
A carga crítica NE é expressa por NE =
L20
onde I é o momento de inércia da seção transversal da peça relativo ao
plano de flexão em que se está verificando a condição de segurança, e
Ec0,ef é o módulo de elasticidade efetivo, conforme definido por norma.

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Peças Esbeltas (80 < λ ≤ 140)
Segundo item 7.5.5 da NBR7190:1997, para peças comprimidas λ ≤ 140

σ Nd
+
σ Md
≤1
Estado limite último de estabilidade: f c 0 ,d f c 0 ,d
 NE 
com
M d = Nd .e1,ef  
 NE − Nd 
NE calculado da mesma forma que para as peças medianamente esbeltas
excentricidade efetiva e1,ef = e1 + ec = ei + ea + ec
onde:
ei ≥ h/30, sendo ei excentricidade de 1a ordem decorrente da situação de
projeto; exceção: ei mínima é dispensada no caso de barras de treliça, que
podem ter ei = 0.
L0
ea = excentricidade acidental e a = 300
≥ h/30;

ec = excentricidade suplementar de 1a ordem que representa a fluência da


madeira.

Cálculo das excentricidades:

M1, d M1g , d + M1q , d


ei = =
Nd Nd
M1g,d é o valor de cálculo do momento fletor devido às ações permanentes
M1q,d é o valor de cálculo do momento fletor devido às ações variáveis
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Excentricidade de fluência:

{
ec = (eig + ea ) exp c − 1 } com exp sendo a base do logaritmo
natural ou neperiano, isto é, o número de Euler, que vale aproximadamente
2,718281828459045...

 φ [Ngk + (ψ 1 + ψ 2)Nqk ] 
c= 
 E
F − [N gk + (
ψ 1 + ψ )
2 qk 
N ]
com ψ 1 + ψ 2 ≤ 1 ;

onde Ngk e Nqk são os valores característicos da força normal devidos às


cargas permanentes e variáveis, respectivamente;

ψ1 e ψ2 são fatores de combinação em estado limite de utilização (vide


Tab. 14) e eig é calculado por:

M1g , d
ei g =
N gd
M1g,d é o valor de cálculo do momento fletor devido apenas às ações
permanentes.
O coeficiente de fluência (φ) é dado pela NBR 7190:1997, Tab. 17 apostila:
Classes de Classes de umidade
carregamento (1) e (2) (3) e (4)
Permanente ou de longa duração 0,8 2,0
Média duração 0,3 1,0
Curta duração 0,1 0,5

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EXEMPLO DE COMPRIMENTO DE FLAMBAGEM

Um pilar de madeira da espécie Angelim Pedra, seção 6 cm x 16 cm, está fixado na base a 2
vigas de concreto, na meia altura a 1 peça de madeira de 6 cm x 12 cm e no topo a duas peças 6 cm x
12 cm, conforme figura. Os comprimentos de flambagem nesta situação são.

P Lo,x = 300 cm

y Lo,y1 = 160 cm
x
Lo,y2 = 140 cm
Seção Transversal
12 cm

12 cm

y
148 cm

lfl,y1

16 cm x
lfl,x

309 cm
12 cm

6 cm
lfl,y2

Detalhe da Ligação na base do pilar


149 cm

9
chapa de aço esp=6 mm
30 cm

16
parafusos diam= 16.0 mm
30 cm

centro da ligação
15
viga de concreto

chapa de aço para isolar


25 madeira do concreto

chapa de ancoragem na fundação

dimensões em cm

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Exemplo de verificação de barra esbelta retangular: (exemplo 9.2.1 apostila pag. 75)

Verificar se a barra do banzo da treliça construída em local de classe de umidade 1, L0 =


169 cm, seção transversal 6 cm x 16 cm, é suficiente para resistir a uma solicitação de:
Carga permanente = -2.400 daN
Vento de pressão = -564 daN
Considerar: Madeira: Dicotiledônea – classe C 60

Propriedades geométricas:
A = 96 cm2
Ix = 2048 cm4
Iy = 288 cm4

λx = 36,6 < 40 Peça curta 16

λy = 97,7 < 40 e > 80


Peça esbelta
6

Combinação das ações: Permanente + Vento = Comb.última normal


m
 n

Fd = ∑ γ gi Fgi ,k + γ Q  FQ1,K + ∑ ψ oj FQj ,k 
i =1  j = 2 
Não existe ação variável secundária

Coeficientes:

γG = 1,4 (Ação permanente de grande variabilidade)

γQ = 1,4 (Ação variável – normal)

Ação variável de curta duração: redução = 0,75


Fd = 1,4 × 2400 + 0,75 × 1,4 × 564 = 3952 daN
Propriedades da madeira:
Cálculo de fc0,d:
f
f c ,0, d = k mod c ,0, k
γw
k mod = k mod,1 ⋅ k mod, 2 ⋅ k mod, 3
kmod,1 = Função da ação variável principal e classe de carregamento (Tab. 5)

Vento: curta duração kmod,1 = 0,90

kmod,2 = Função da classe de umidade e tipo de material (Tab. 6)

Classe de umidade 1; Madeira serrada kmod,2 = 1,0


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kmod,3 = Categoria da madeira (Tab.7)

Madeira de 2ª categoria kmod,3 = 0,8

k mod = 0,9 × 1,0 × 0,8 = 0,72

γW Função do tipo de solicitação

Compressão (E.L.U.) γWC = 1,4

Madeira classe C 60 fc0,k = 600 daN/cm2 (Tab. 3)

600 daN
f c ,0,d = 0,72 ⇒ f c , 0, d = 309
1,4 cm 2

Módulo de elasticidade efetivo classe C 60 Ec0,m = 0,72 . 24500 MPa (Tab. 3)

daN
E co,ef = 0,72 ⋅ 24500 MPa ⇒ E c 0,ef = 17640 MPa = 176400
cm 2

Tensões normais atuantes na seção transversal:

Devidas à força normal:

Fd 3952daN daN
σ Nd = = 2
⇒ σ Nd = 41 2
A 96cm cm

Verificação do estado limite último em relação ao eixo x: peça curta

Fd 3952 daN daN


σ co,d = = = 41 2 ≤ 309 2 OK, eixo x satisfaz o critério de
A 96 cm cm
estabilidade para peças comprimidas da NBR7190:1997.

Verificação do estado limite último em relação ao eixo y: peça esbelta

M yd  FE 
σ Myd = x ⇒ M yd = N d ⋅ e1,ef  
Iy  FE − N d 
Tensões devidas ao momento fletor efeito das excentricidades que podem ocorrer na peça.

O valor da excentricidade para eixo y é:


e1,ef = e1 + ec = ei + ea + ec

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ei = 0, como é uma barra de treliça, a NBR7190:1997 não exige que seja satisfeito o valor
mínimo de ei ≥ h/30.

ea = L0/300 = 0,56 cm ≥ h/30 = 6 cm /30 = 0,20 cm Ok, superior ao valor mínimo.

ec = (eig + ea ) e c − 1 ( )
φ [N gk + (ψ 1 + ψ 2 ) ⋅ N qk ]
c=
N E − [N gk + (ψ 1 + ψ 2 ) ⋅ N qk ]
π 2 Ec 0, ef I
Carga crítica de Euler: NE = 2 (Eq. 9.9), com Iy = 288 cm4
L 0

π 2 176400 daN/cm 2 I y
NE = E N = 13654 daN (carga crítica de Euler)
169 2 cm 2
Coeficiente de fluência (φ) Tab. 17: carreg. curta duração, classe umidade 1 φ = 0,1
Fatores de combinação (vide Tab. 14) para pressão dinâmica do vento: ψ1=0,2 e ψ2 = 0

0,1[2400 + (0,2 + 0 ) ⋅ 564]


c= = 0,0226
13654 − [2400 + (0,2 + 0 ) ⋅ 564]

( )
ec = (eig + ea ) e c − 1 = (0 + 0,56)(e 0, 0226 − 1) = 0,013 cm
e1,ef = 0 + 0,56 + 0,0113 = 0,57cm
 NE   13654daN 
M d = N d .e1,ef   = 3952daN .0,57cm.  = 3170 daN .cm
 E
N − Nd   13654daN − 3952daN 
M d 3170daN .cm daN
σ Md = = 4
.3cm = 33,0 2
Wy 288cm cm
Verificação da estabilidade:

σ Nd σ Md 41 33
+ ≤ 1,0 ⇒ + = 0,24 < 1 OK
f c 0,d f c 0,d 309 309

Como os dois eixos x e y satisfazem as exigências da NBR7190 para Estado Limite Último
de estabilidade de peças comprimidas paralelamente às fibras, a barra é considerada
segura.

Verificação de estado limite de utilização para peças comprimidas: λ ≤ 140


λx = 36,6 λ ≤ 140 OK
λy = 97,7 λ ≤ 140 OK
A barra satisfaz exigência de estado limite de utilização da NBR7190:1997.

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