Você está na página 1de 5

CASO SIMULADO 11

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Processo: ....

EDITORA CRUZEIRO, pessoa jurídica de direito privado, devidamente inscrita


no CNPJ/MF sob o n° 00001001, estabelecida na quinta n°05, bairro novo,
CEP 00000-000, na cidade de Nova, Estado de São Paulo, por seu advogado e
bastante procurador (procuração em anexo) vem, respeitosamente e
tempestivamente, perante Vossa Excelência, para, com fundamento no artigo
1.015 do Código de Processo Civil, interpor o presente recurso de AGRAVO
DE INSTRUMENTO contra a r. decisão de fls ..., proferida em sede de
cognição sumária nos autos da ação de indenização por danos morais
cumulada com obrigação de fazer, feito n° ..., que lhe move JAQUELINE, já
qualificada na exordial dos autos retro citados, alicerçada nas razões e motivos
fáticos e de direito alinhados a seguir.

PRESSUPOSTOS RECURSAIS: JUÍZO DE ADMISSÃO

PATRONOS DAS PARTES

Nos termos do artigo 1.016, inciso V, do CPC, a Agravante informa que sua
defesa está a cargo do advogado xxx, OAB n°..., com escritório profissional no
endereço Rua Nova, onde recebe intimações.

Por seu turno, conforme procuração acostada aos autos, informa que o patrono
da Agravada é o advogado..., OAB n°..., com escritório profissional no
endereço.

CABIMENTO

Dispõe o artigo 1.015, inciso I, CPC, que “caberá agravo de instrumento contra
as decisões interlocutórias que versarem sobre tutelas provisórias”.

In casu, verifica-se que a decisão guerreada é interlocutória e concessiva de


tutela provisória, sendo, portanto, perfeitamente cabível a busca pela sua
reforma por meio do presente recurso de Agravo de Instrumento.
CASO SIMULADO 11

TEMPESTIVIDADE

Dispõe o artigo 1.003, § 5° do CPC ser de 15 (quinze) dias úteis (art. 219,
CPC), o prazo para interpor recurso de agravo, começando a fluir da intimação
das partes.

Nestes autos, a intimação da decisão ora vergastada deu-se no dia de hoje,


com a juntada aos autos do mandado de intimação; manifesta, portanto, a
tempestividade deste recurso, nos termos do artigo 231, inciso II, CPC.

PEÇAS ESSENCIAIS

Acompanha o presente recurso as peças essenciais à instrução do recurso,


definidas no artigo 1.017, CPC, além da r. decisão guerreada e a competente
certidão de intimação do decisum, atestando a tempestividade, bem como as
procurações outorgadas aos patronos de ambas as partes.

DO PREPARO

Encontram-se anexas aos autos as guias de custas, devidamente recolhidas,


Atinentes ao preparo e ao porte de remessa e de retorno, nos termos do artigo
1.007, CPC.

RAZÕES DE AGRAVO

Agravante: EDITORA CRUZEIRO


Agravada: JAQUELINE
Processo n°: ...

Juízo a quo: 1
ª Vara Cível da Comarca da Capital do Estado de São Paulo
Nobres Julgadores.
O brilhantismo que sempre permeia as decisões proferidas pelo MM. Juiz a quo
exige que se peça vênia para discordar da que emitiu no feito original.
CASO SIMULADO 11

Ver-se-á, porém, que no caso em tela o i. Magistrado não agiu com o


costumeiro acerto, razão do presente recurso, que haverá de ser admitido e, ao
final, provido, em respeito aos dispositivos legais aplicáveis ao caso e à
jurisprudência pátria há muito firmada sobre o tema.

SÍNTESE FÁTICA

Trata-se, Excelências, de ação de indenização por danos morais cumulada


com obrigação de fazer proposta pela ora Agravada “Jaqueline” em face da
aqui Agravante “Editora Cruzeiro”.
Importa frisar, a bem do justo entendimento dos fatos narrados, que a
Agravante foi uma cantora que fez grande sucesso nas décadas de 1980/1990,
sendo que, por conta do consumo exagerado de drogas, dentre outros
excessos, acabou por se afastar da vida artística, vivendo reclusa em uma
chácara no interior de Minas Gerais, há quase vinte anos, fatos estes
constantes da biografia lançada pela Editora-Agravante, cerne da questão sub
judice.
A Agravante alega que a obra revela fatos da sua imagem e da sua vida
privada, sem que tenha havido sua autorização prévia, o que lesionaria sua
personalidade, causando-lhe dano moral, e que, sem a imediata interrupção da
divulgação da biografia, essa lesão se ampliaria e se consumaria de forma
definitiva, aduzindo então o perigo de dano irreparável e o risco ao resultado
útil do processo.
O D. Juízo “a quo” acatou a argumentação da Agravada e concedeu-lhe a
antecipação de tutela para condenar a Agravante a não mais vender
exemplares da biografia, bem a recolher todos aqueles que já tivessem sido
remetidos a pontos de venda e ainda não tivessem sido comprados, no prazo
de setenta e duas horas, sob pena de multa diária de cinquenta mil reais.
Em síntese, eis os fatos.

DAS RAZÕES PARA REFORMA DA R. DECISÃO

Da ausência de probabilidade do direito

Julgadores, à luz do Direito pátrio, é nula a probabilidade de êxito da Agravada


em conseguir obstar definitivamente a venda de sua biografia, sob a alegação
de que não autorizou sua publicação, posto que absolutamente dispensável, no
caso em tela.
Com efeito, o Supremo Tribunal Federal, em controle concentrado de
constitucionalidade, no julgamento da ADI n° 4815, impôs a interpretação
conforme a constituição aos artigos 20 e 21. do Código Civil, declarando ser
CASO SIMULADO 11

inexigível a autorização prévia para a publicação de biografias, e consonância


com os direitos fundamentais à liberdade de expressão da atividade intelectual,
artística, científica e de comunicação, independente de censura ou licença de
pessoa biografada, relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais
(ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas).
Oras, no caso em tela, temos que a Agravante agiu no regular exercício da
liberdade de expressão, nos exatos termos do entendimento da Suprema
Corte, que invocou o artigo 5°, inciso IX, da Constituição Federal, para decretar
a inexigibilidade de autorização da pessoa biografada, ainda mais
considerando-se que se tratam de fatos verdadeiros e que Jaqueline é pessoa
pública, já que era artista de grande expressão no cenário artístico nacional.

Por esta razão, é medida de rigor a reforma da r. decisão de primeira instância,


para permitir a venda da publicação.

DA ATRIBUIÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO

É de meridiana obviedade que a manutenção da r. decisão de piso acarretará


graves danos, de dificílima reparação, à Agravante, dada a dimensão da
sanção econômica e logística que impôs à Editora Cruzeiro.
Por ter fundamento constitucional (liberdade de expressão) reconhecida pelo
STF, o presente recurso tem indiscutível probabilidade de provimento, a
ensejar para este Agravo de Instrumento a imediata concessão de efeito
suspensivo, na forma do artigo 995, parágrafo único, do CPC.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer a Agravante que Vossas Excelências se dignem a


atribuir efeito suspensivo imediato ao presente recurso, provendo-o, ao final, de
modo a revogar a tutela concedida em primeiro grau, autorizando a livre venda
das biografias, por ser medida de Justiça.

Termos em que,
Pede deferimento.
Brasília-DF, 19 de julho de 2019
CASO SIMULADO 11

Advogado
OAB n°...

Você também pode gostar