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DOI: 10.1590/1413-81232017222.

25432015 447

A racionalidade nutricional e sua influência

ARTIGO ARTICLE
na medicalização da comida no Brasil

The nutritional rationale and its influence


on the medicalization of food in Brazil

Marcia Regina Viana 1


Alden Santos Neves 2
Kenneth Rochel Camargo Junior 3
Shirley Donizete Prado 4
André Luis Oliveira Mendonça 3

Abstract This is an article based on a theoretical Resumo Ensaio baseado em reflexão teórico con-
and conceptual reflection on the concept of nutri- ceitual acerca do conceito racionalidade nutricio-
tional rationale and its relation to the medical- nal e sua relação com a medicalização da comida,
ization of food. The objective is to highlight the onde se buscou apontar a influência que práticas
influence that eating habits suffer from the alleged alimentares sofrem do suposto estado de supre-
condition of supremacy that science holds, which macia que a ciência detém, a qual sugere em seu
proclaims the need for health in its discourse. discurso a necessidade de saúde. A partir do pres-
Based on the assumption of nutritional rationale suposto da racionalidade nutricional como dever
as an eating obligation, it is assumed that it is re- comer, supõe-se que este participa do processo de
sponsible for the process of the medicalization of medicalização da comida ao descredenciar o su-
food. This is achieved by disqualifying the indi- jeito do autocuidado alimentar, engendrar a ideia
vidual from self-care in terms of food, instilling de risco de suposta alimentação inadequada e fo-
the idea of the risk that comes from supposedly mentar a ideia de que comer bem é comer de acor-
inadequate eating habits and fomenting the idea do com princípios científicos. A disseminação para
that to eat well is to eat accordingly to scientific o grande público de estudos científicos e os resulta-
principles. The dissemination of scientific studies dos de pesquisas relevam o papel da racionalidade
and the results of research to the general public nutricional na promoção de “melhor” saúde em
reveals the part played by eating in promoting a detrimento da existencialidade da comida e de
1
Universidade Federal do state of “better” health at the expense of the exis- seu papel agregador nas relações intersubjetivas.
Rio de Janeiro. Av. Aluízio tentiality of food and its role as the aggregator in Palavras-chave Práticas alimentares, Racionali-
da Silva Gomes, Granja
intersubjective relations. dade nutricional, Alimentação saudável, Medica-
dos Cavaleiros. 27930-560
Macaé RJ Brasil. Key words Eating habits, Nutritional rationale, lização
marcianutrifil@gmail.com Healthy eating, Medicalization
2
Coordenação de Nutrição,
UniFOA. Volta Redonda RJ
Brasil.
3
Instituto de Medicina
Social, Universidade do
Estado do Rio de Janeiro
(UERJ). Rio de Janeiro RJ
Brasil.
4
Instituto de Nutrição,
UERJ. Rio de Janeiro RJ
Brasil.
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Viana MR et al.

Introdução que propõe a necessidade do indivíduo estar


sempre saudável e a querer buscar esse espectro
A preocupação com a alimentação tornou-se de “saudabilidade” em quase toda a extensão da
hábito constante em diferentes segmentos da existência. Dentro deste processo, engendram-se
população. Muitos fenômenos parecem estar as- grandes especulações acerca do padrão alimentar
sociados à acentuada racionalidade em torno do facilitador do melhoramento desta performance
que comer: a imensa oferta de alimentos indus- existencial.
trializados, a grande complexidade dos rótulos Por conta desse cenário, suspeita-se que a ra-
de alimentos, as políticas públicas que tomam a cionalidade nutricional colabora no processo de
concepção de alimentação saudável como um dos medicalização da sociedade nos seguintes pon-
meios de promoção da qualidade de vida, a galo- tos: 1) descredenciamento do sujeito em escolher
pante inovação na criação de sistemas alimenta- a própria comida e por isso sentir-se impelido a
res cada vez mais sofisticados, crescentes informa- buscar maiores informações acerca do tema; 2)
ções em torno da funcionalidade dos alimentos elevação de uma suposta má alimentação a uma
e o que tudo isso proporciona: o incomensurável funcionalidade negativa por atribuir-lhe excessi-
acervo de informações sobre o assunto. va responsabilidade em consequências nefastas à
Estudos de Beardsworth e Keil1 apontam saúde sem levar em conta outras particularidades
esta tendência ao assinalar a marcante vincula- individuais; e 3) na ideia de que comer bem é co-
ção entre a racionalização da dieta e concepções mer de acordo com princípios científicos, mesmo
racionais de saúde. Nestlé2 considera que o tema que não tenha se observado qualquer “descom-
da alimentação saudável é eminentemente polí- pensamento” alimentar ou dietético nutricional.
tico e insinua-se a partir da pressão da indústria Este estudo pretende apontar a influência
de alimentos e de sua publicidade em consolidar que as práticas alimentares sofrem do suposto
um conceito de alimentação saudável através de estado de supremacia que a ciência detém, a qual
seus produtos. As informações contidas nas em- sugere em seu discurso a necessidade de saúde;
balagens de alimentos processados e no discurso investir na compreensão do que seja racionalida-
da mídia destes alimentos sustentam seus argu- de nutricional e evidenciar como esta tendência
mentos de convencimento com ideias de saúde e alimentar participa do processo de medicalização
de alimentação saudável, fato que incita no con- da sociedade pela da alimentação, alertando que
sumidor maior racionalidade para a aquisição de diferentes expertises se apropriaram do discurso
alimentos, levando-o a apropriar-se de determi- sobre alimentação adequada visando objetivos
nados conceitos presentes nas informações de em- diferenciados.
balagens e nos discursos da mídia – conceitos que
passam a fundamentar suas práticas alimentares. Racionalidade e racionalidade nutricional
Estes elementos levam a considerar que a
atitude (racional) frente à comida ganhou di- Para esclarecer o conceito de racionalidade
mensão aumentada, colaborando no processo de nutricional, esforçamo-nos em compreender o
medicalização, conceito essencial na sociologia sentido que os termos constituintes da expressão
médica, estudada desde meados do século passa- trazem originalmente. Primeiramente foi feita
do por estudiosos como Zola, Foucault e Illich. consulta ao verbete racionalidade em dicionário
Nos idos de 1980, muitos estudiosos discutiram de filosofia por entendermos ser esta a disciplina
o tema. Mais recentemente, destaca-se a marcan- que se ocupa de definições conceituais. Jean-Pier-
te definição de Peter Conrad: “um processo pelo re Dupuy6 pondera que “a identificação da moral
qual problemas não médicos passam a ser defini- com a razão é muito mais comum” e aproxima a
dos e tratados como problemas médicos, comu- racionalidade da teoria da escolha racional. Sen-
mente em termos de doença e distúrbios”3. Por timo-nos inclinados a pensar a racionalidade e,
ser um conceito abrangente, seu sentido apresen- por tabela, a expressão racionalidade nutricional
ta proximidade com ideias diferentes entre si: a conforme a argumentação de Dupuy, principal-
não competência do sujeito sobre cuidados de mente pela vinculação desta qualidade humana
saúde a si mesmo, a caracterização como doen- com a capacidade de decidir e também porque
ça de estados antes tomados como “normais”, a pensamos ser preponderantemente a ideia cen-
proliferação de drogas que pretendem solucionar tral contida nesta expressão.
deficiências ou melhorar performance. Este entendimento fortalece a tendência de
Um dos “resultados” que o processo de me- pensar a racionalidade nutricional também apre-
dicalização nos trouxe foi a “tirania da saúde”4,5, ciada pela Ética, principalmente por este concei-
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to implicar ou pressupor escolhas alimentares. É nalidade nutricional, combinando os termos “ra-
de domínio popular o ditado de que “você é o cionalidade nutricional”, “racionalidade alimen-
que você come”, emprestando a esta afirmação a tar”, “alimentação racional” e “nutrição racional”,
lógica de constituição do sujeito pelo alimento. restrito à base de dados da Biblioteca Virtual de
Assim, a qualidade do que se come implicaria a Saúde (BVS) pelo relevante impacto como fonte
qualidade do que se é. A escolha do que comer de pesquisa. Foram recuperados documentos do
parece vincular-se ao projeto de vida subjetivo e, período de 1988 a 2012.
por isso, alimentos que ofereçam a oportunidade A primeira chave de busca foi “racionalidade
de “galgar” um espaço supostamente mais valo- nutricional”, a qual recuperou cinco resultados,
rizado do que aquele no qual o sujeito se acre- dos quais o primeiro se referia a estudo específi-
dita, pode exercer atração e definir uma prática co do PNAE (Programa Nacional de Alimentação
alimentar. Dado este fato, pensa-se que a atitu- Escolar); o segundo tomava “por objeto a exis-
de racional guarda em si certo “charme” sedutor tência pouco estudada de outras racionalidades
frente às pessoas que acabam por exibir maior nutricionais distintas da biomédica, comumente
racionalidade em relação ao que comer. Em ou- inseridas nas chamadas práticas e medicinas tra-
tras palavras, a adoção de determinados tipos de dicionais e/ou complementares”11, sendo este o
alimentação pode significar o desejo de pertencer mais próximo do nosso objeto de estudo. Nesse
a um grupo determinado. texto, Navolar et al.11, ao proporem a modalida-
É importante considerar também que a ca- de NCI – Nutrição Complementar Integrada, já
tegoria racionalidade, e atreladas à ela as cate- sinalizam para a necessidade de “relativização do
gorias razão e racional implicadas neste estudo, modelo dominante e da perspectiva energético-
adquiriu sentido peculiar, fundado tanto em seu quantitativa da Nutrição que embasam a noção
percurso histórico quanto na convenção de seu moderna do que é um alimento saudável”. O ter-
uso no senso comum. A expressão “ter razão” está ceiro artigo era um trabalho vinculado à Síndro-
aliada à ideia de estar de posse da verdade, e uma me de Down. O quarto e quinto artigos diziam
vez com esta, desvendar ou “apossar-se” da rea- respeito à alimentação no processo de doença.
lidade. A razão é considerada o instrumento de A segunda chave de busca foi “racionalidade
verdade, sendo sua função a apreensão da reali- alimentar”, que mostrou quatro resultados, os
dade7. A racionalidade como constituinte da ver- mesmos recuperados pela chave anterior. A pró-
dade soberana é conquistada na Era das Luzes, xima chave de busca foi “alimentação racional”, a
quando é estabelecida a razão crítica que colo- qual não encontrou nenhuma resposta. A chave
cava em questão tudo aquilo que não resistisse à de busca “alimentação” and “racional” recuperou
prova racional. Proposições nomológicas (basea- trinta resultados, dos quais apenas três artigos se
das em leis naturais) sustentavam a compreensão enquadravam no escopo do estudo atual. A últi-
dos fatos e isto suscitou atribuir como objetos ma chave de busca foi a combinação “nutrição”
do conhecimento apenas aqueles que podiam and “racional”, com trinta e oito resultados, sen-
ser descritos matematicamente8. Características do apenas seis vinculados ao objeto desse estudo
apreendidas sensorialmente (como cor, tempera- e desses seis, três já haviam sido recuperados pe-
tura entre outras) eram consideradas “subjetivas” las buscas anteriores.
e, por isso, não passíveis de serem submetidas às No cenário internacional, destaca-se na Fran-
leis9. Ainda sobre o Iluminismo Moderno, além ça o estudo Du discours nutritionnel aux représen-
de sobrepujar a racionalidade, este momento his- tations de l’alimentation12, realizado pelo Centre
tórico favoreceu também a tendência emancipa- de Recherche pour l’Étude et l’Observation des
tória de autonomia subjetiva, esta proporcionada Conditions de Vie (CRÉDOC), com o principal
pelo juízo crítico, o qual incidia tanto no âmbito objetivo de refletir sobre a pressão que a informa-
teórico quanto no prático. Ao requerer o crivo da ção nutricional tem exercido sobre o consumo de
razão, os iluministas proporcionaram a liberdade alimentos considerados saudáveis, analisando a
de pensamento, exigindo autonomia do sujeito relação entre o discurso nutricional (discourse
nos campos dos costumes, da política e da econo- nutritionnel) e comida dos últimos 20 anos a par-
mia. O sujeito emerge de um estado de submis- tir da questão “o que é comer bem?”. Esse estudo
são religiosa e política, esta última ainda ligada evidenciou que o discurso nutricional é fundado:
à graça divina, admitindo ideais de felicidade e em prescrições religiosas que se referem à tradi-
liberdade como possibilidades de realização10. ção (passado), em disposições sociais vinculadas
Realizamos um levantamento bibliográfico ao prazer de comer (presente) e em prescrições
da produção acadêmica acerca do conceito racio- biomédicas que se referem à saúde (futuro), este
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Viana MR et al.

último aspecto já apresentando certo estreita- resolução subjetiva e intersubjetiva. Nesta inter-
mento com a medicalização da comida. subjetividade subjazem elementos já ressaltados
Annemarie Mol13 chama a atenção para as por Carvalho et al.16 quanto à função cultural que
“ontonormas” em seu artigo Mind your plate!, ter- a comida agrega como identidade de um povo. O
mo para o qual não propõe definição, mas que su- alimento está mais próximo do contexto da eco-
gere a ideia de escolha do alimento a partir de sua nomia de mercado, da produção e da distribui-
adequação, tanto ao grau de informação do co- ção de commodities, como também de cuidados
mensal quanto ao seu estilo de vida. Tratar-se-ia, relacionados à segurança e inocuidade de seu
portanto, do reconhecimento de algum grau de consumo, estando na ordem do pensamento sis-
racionalidade subjetiva ao escolher o que comer. temático e estratégico da vida urbana. O nutrien-
Não menos importante e reconhecidamente te fica sob a égide da ciência e é conhecimento
muito influenciador, o termo nutricionismo é uti- específico advindo de seu método.
lizado por Michael Pollan14 como referência ao A investigação que propicie a amplitude pre-
aspecto ideológico da exacerbada racionalidade tendida para o entendimento dessa problemática
desenvolvida em torno da alimentação e mostra reclama visitas à filosofia, à sociologia, à história,
como principal apelo desta ideologia identificar à antropologia, à economia entre outras discipli-
o alimento como somatório de nutrientes, mini- nas, e por este motivo não soou estranho duran-
mizando ou mesmo subtraindo os componentes te a revisão bibliográfica recuperar documentos
socioculturais das comidas e da comensalidade. provenientes de diversos campos científicos,
como Administração, História, Geografia, Psico-
O conceito de racionalidade nutricional logia e Educação.
Alguns documentos evidenciaram traços his-
Para nortear o estudo, partimos de um pres- tóricos definitivos para a base de algumas práti-
suposto elaborado por nós de que a racionalida- cas alimentares atuais, como a importância que a
de nutricional se refere às práticas alimentares industrialização de alimentos mostrou nos anos
atentas ao permanente cuidado em manter na de 1920. O trabalho de Sant’Anna17 aborda esta
alimentação o equilíbrio de nutrientes, em de- temática na sociedade paulistana, ao mencionar
trimento do prazer de comer e dos valores com a realização da primeira exposição industrial de
que a alimentação marca o convívio social a ele laticínios em 1925, no Palácio das Indústrias. “A
associado. Tais práticas alimentares sinalizam alimentação foi ali considerada uma questão de
preocupações centradas no “consumo racional afirmação das potências regionais e, logo a seguir,
de alimentos” e com a “alimentação balanceada”. de identidade das raças e da Nação”. Neste excer-
Essa ideia reduz a relação entre valor nutricional to é notória a vinculação da alimentação com a
do alimento e saúde como única causalidade ou eugenia.
a mais valorizada pela tradição do conhecimento Outros documentos tratam da temática no
científico, por se acomodar muito bem na lógica Brasil a partir de 1940, período em que surgiram
do processo de verificação de verdades proposto instituições relevantes e pertinentes ao objeto
pelo método (científico). A despeito desta relação estudado, como a criação do salário mínimo, do
causal ser necessária ou não, os valores que nor- SAPS (Serviço de Alimentação da Previdência
teiam as práticas alimentares parecem se legiti- Social), dos cursos de graduação em Nutrição18.
mar na ideia de que a alimentação balanceada é o O estudo de Lima19 informa que a alimentação
resultado apenas de consumo de nutrientes ade- começa a ser observada sob a nomenclatura de
quados, sem considerar os aspectos que envolvem racional quando passa a ser entendida como fon-
o preparo e o consumo de comidas. A ideia-for- te de energia e nutrientes e quando passa a com-
ça que fundamenta o conceito ora estudado não por a agenda política do Estado.
considera o aspecto socioantropológico da ali- É importante a reflexão acerca da diferença
mentação, aspecto que tem despertado grandes e encontrada entre as expressões “racionalidade
profícuas discussões e que mostram sua “íntima alimentar” e “racionalidade nutricional”. A pri-
relação com a reprodução biológica e social dos meira surge como o modelo de dieta a seguir,
grupos humanos”15. principalmente em função de objetivos domi-
Neste ponto é mister considerar importantes nantes, como os estudos de Lima19 e de Rodri-
diferenças que insurgem entre os termos comida, gues20 mostram em seus respectivos trabalhos.
alimento e nutriente. A definição que adotamos Lima19 evidencia a intenção das políticas gover-
para comida é o que se coloca no prato e com este namentais do chamado Estado Novo em olhar a
se senta à mesa, o que implica em algum grau de alimentação do trabalhador como elemento fun-
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damental para promover a produção industrial Nutrição é voltado para a consolidação da pro-
através da força de trabalho do operário bem dução científica ao tratar o processo alimentar e
alimentado. Rodrigues mostra que a expressão nutricional apenas a partir do enfoque biológico,
alimentação racional foi fruto do interesse acadê- em detrimento da formação histórica e social de
mico articulado às políticas estatais de integra- que se reveste. Este acentuado enfoque dado ao
ção nacional que marcaram a história política do biológico culmina com o estado atual de exces-
Brasil nesse período. De acordo com esse autor, siva racionalidade do processo alimentar e nutri-
a expressão alimentação racional ganhou força cional, principalmente por trata-lo apenas sob a
a partir de 1938 com duas iniciativas editoriais ótica fisicalista dos nutrientes e sua relação com
vendidas nas bancas. A primeira intitulava-se o organismo. Considerar tal processo apenas
Viver!: mensário de força, saúde e beleza, divul- a partir do que acontece dentro de um corpo o
gando conhecimentos higiênicos, educacionais e destitui da possibilidade de contemplá-lo inseri-
eugênicos, que circulou entre 1938 e 1946 e que do no contexto da sociedade, cujo bojo oferece
publicava desde o primeiro número uma coluna inúmeras possibilidades de representação e sig-
com o título de “alimentação racional”. A segun- nificação que a comida pode adquirir ao longo
da iniciativa em que o termo apareceu de forma das trajetórias entrelaçadas (intersubjetivas) dos
pioneira foi na obra Os pequenos fundamentos da indivíduos. Há que se considerar como funda-
boa alimentação, de Thalino Botelho, na qual a mental para o entendimento de todo o processo
adoção da “alimentação racional” integrava uma alimentar a inegável existencialidade da comida,
lista de sugestões para resolver os problemas ali- pois a escolha do que comer é um processo com-
mentares no Brasil. Sant’Anna17 mostra a relação plexo, revestido de características específicas, que
estabelecida na época entre boa alimentação e perpassa desde a arquitetura cognitiva subjetiva
progresso nacional, relevando que o combate à até a afirmação de si mesmo como existente em
desnutrição e aos maus hábitos alimentares sig- um mundo dado, obviamente visitando as dife-
nificava um passo importante rumo à moderni- rentes organizações que circundam este trajeto,
zação do país. como família, escola, mercado de alimentos, mí-
Diferentemente, o conceito racionalidade dia, ciência.
nutricional ora proposto é um construto mais Permeando estas organizações encontram-se
recente e reúne diferentes aspectos: a prevenção tendências contemporâneas regendo as práticas
de “risco” representado pela não adoção de dieta alimentares: mudanças significativas na estru-
nutricionalmente equilibrada ou adequada con- tura das atividades produtivas e empregos com
forme preconizado pela ciência, em que a maior maior prevalência nos setores secundário e ter-
racionalidade em torno da escolha alimentar su- ciário da economia; maior participação feminina
peraria a desinformação que envolve os riscos re- no mercado de trabalho, ausentando a mulher do
lacionados às doenças e à obesidade; o leitmotiv preparo das refeições do grupo familiar; avanço
nas discussões que dizem respeito à saudabilida- tecnológico das indústrias de alimentos com a
de e funcionalidade alimentar (muito presentes oferta de refeições semiprontas, proliferação do
em atividades de cultura física), assim como nas fast-food. As chamadas ‘transições sociais’ – nu-
controvérsias em torno do fast-food e da inges- tricional, epidemiológica e demográfica – expres-
tão de carne, leite, glúten, dentre outros. O mo- saram o desenvolvimento estrutural, funcional e
vimento de “tirania da saúde”, conforme descrito econômico da sociedade. A contrapartida destas
por Camargo Júnior4,5 em seu aspecto alimentar mudanças aponta uma resposta diferenciada aos
e nutricional, pode se expressar desde a redução novos padrões, como a sensível modificação das
das quantidades de comida à proibição do uso mesas de refeição e das comidas que se põe às
de determinados alimentos pela possibilidade de mesas. Enquanto a dona de casa preparava arroz
desencadearem algum processo patológico. Nesta com feijão, salada, “mistura” de carne e legumes,
situação, entende-se a percepção de risco à saúde as mesas dos “quilos” oferecem um cardápio ino-
como uma forma de ausência da mesma, tão im- vador, já que o desenvolvimento econômico ob-
portante quanto a manifestação de doença em si21. servado pôde proporcionar acesso a tais inova-
Os estudos de Maria Lucia Bosi22,23 são de alta ções gastronômicas.
relevância para a compreensão do sentido que Apesar da tendência desse estudo em apre-
estas expressões – racionalidade alimentar e ra- sentar o conceito de racionalidade nutricional
cionalidade nutricional – podem ter adquirido. como uma ideia proveniente de acentuada ra-
Dentre as diversas análises que procedeu, evi- cionalidade em relação às práticas alimentares, a
dencia que o discurso dominante no ensino de qual pode estar implicada com as diferentes ex-
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Viana MR et al.

pertises envolvidas na produção e no consumo de tar, mesmo aquelas de valor simbólico, criou-se a
alimentos, o estudo de Barbosa indica que: brecha para o surgimento de novas, cujos interes-
as pessoas são capazes de citar com clareza que ses são alheios ao indivíduo, como aquelas veicu-
alimentos são considerados saudáveis da mesma ladas na publicidade de alimentos, as quais atu-
forma que os vilões dos cardápios. Sabem indicar, am na elaboração do desejo individual expresso
também, aquilo que elas gostam de comer e aquilo como “escolha alimentar” (ressalta-se que este
que do ponto de vista da saúde seria preferível inge- fato é facilitado pelo processo de comoditização
rir, e as estratégias que usam para lidar com todas da ciência, processo a ser explorado mais adiante,
estas ambiguidades e contradições24. o qual se empenha na produção de informações
Longe de dúvidas, haverá controvérsias na que promovam determinados produtos alimen-
construção e apreciação do conceito de raciona- tares, como os alimentos funcionais).
lidade nutricional e que repousarão, principal- Acompanhando este processo, aponta-se o
mente, na influência que diferentes expertises po- surgimento recente de novas práticas associadas
derão exercer sobre as práticas alimentares. Mas, à saúde, pautadas na valorização da “tríade bele-
para além desta controvérsia, o alerta pretende ir za-vigor-juventude”27, que tomam como referen-
de encontro à atitude ingênua de não reconhecer cial de saúde a boa forma e o bem estar, e que têm
a emergência deste fenômeno, o qual, revestido como palco principal as academias de ginástica.
de “verdade científica”, acaba por substituir a Estas passam a desempenhar papel relevante no
simplicidade original das refeições por constru- processo de medicalização da alimentação, a par-
tos provenientes de entidades sociais com inte- tir do momento em que se prestam a aumentar a
resses mercadológicos oriundos do sistema eco- performance dos praticantes de esportes ou ativi-
nômico. Como simplicidade original nos referi- dade física, em busca de modificações corporais
mos ao sentido mais rudimentar e/ou tradicional pautadas nesta tríade.
atribuído às refeições, isento da problemática de A alimentação, antes tomada como ponto de
risco alimentar ou preocupação com a funcio- encontro familiar – a refeição – agora é concebi-
nalidade ou ainda equilíbrio nutricional dos ali- da como uma das vias de conquista da “saúde”,
mentos. Refeições tomadas com o propósito de a qual se deslocou para a prática (mágica) de
potencializar encontros e reuniões familiares e consumir elementos que, a título de serem efica-
que facultam aos sujeitos o enredamento de seus zes no melhoramento fisiológico, desincumbem
projetos existenciais. Atualmente, tanto por con- sujeito e sociedade de resoluções existenciais de
ta do maior cuidado alimentar como por aquelas maior empenho.
outras transformações sociais, os encontros em Os alimentos funcionais ou nutracêuticos28
torno das refeições parecem estar sendo substitu- adquiriram, dentro da idealização de sistemas
ídos por novas práticas que subtraem dos sujeitos alimentares, equivalência axiológica às drogas
esta proximidade descontraída, tão peculiar entre medicamentosas, aproximando as ideias de me-
pessoas que realizam de fato um encontro. dicalização da alimentação e farmacologização
desta. Assim, há que se considerar também o
A medicalização da alimentação surgimento de práticas alimentares constituídas
sobre o pressuposto de que há uma racionalidade
Os tempos atuais são artífices da supervalo- alimentar e nutricional consolidada pela exper-
rização da saúde, tratada atualmente como vul- tise em torno do conceito de alimentos funcio-
nerabilidade complexa, cujas diversas especifi- nais, a qual parece legitimar a grande utilização
cidades o sujeito comum não saberia dar conta de produtos promovidos pelo merchandising de
– é “necessário” um tipo de expertise25 para cada alimentos que possam ser enquadrados na cate-
forma de cuidado com o corpo. Este passa a sim- goria de funcionais.
bolizar em sua “saudabilidade” aparente a maior Esse aspecto da racionalidade nutricional
expressão de racionalidade e aplicação do conhe- encontra certa proximidade do que Luz29 pro-
cimento que diferentes expertises produzem em põe em relação à racionalidade médica e às cinco
função das inovações do mercado. dimensões interligadas: morfologia, fisiologia,
A desestruturação da alimentação apontada diagnose, terapêutica e doutrina médica. Em re-
por Claude Fischler26 na década de 1980 com o lação à racionalidade nutricional, a dimensão te-
conceito de gastro-anomia, de certo modo fa- rapêutica relaciona-se quase que intimamente ao
cilitou a consolidação de advertências médicas aspecto da funcionalidade alimentar em sua pro-
acerca da alimentação praticada pelo indivíduo posta de resolver o que é visto ou tratado como
já que, uma vez ausente qualquer regra alimen- “problema”; a nutrição funcional responde a esse
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modo mais terapêutico e intervencionista de tra- no âmbito da saúde e desvinculado das questões
tar a alimentação. A morfológica de como o cor- sociais acerca do alimento e do comer. O nutrir
po é estudado dentro do processo alimentar e a e a dieta são concebidos de modo a estarem vol-
dimensão fisiológica diria respeito propriamente tados ao funcionamento e à fisiologia do corpo
às características nutricionais do alimento. humano biológico e desprovidos de vínculos ou
A comoditização da ciência é um processo implicações sociais, o que corresponde ao redu-
que, entre outras coisas, procura atender o in- cionismo característico do modelo biomédico
teresse capitalista em desenvolver produtos que clássico, que reduz a saúde apenas à condição
vão ao encontro dos interesses do novo perfil de de ausência de doenças4,5; além de limitar todo
consumidores. Em alguns casos presenciam-se o processo terapêutico do nutricionista apenas à
certas distorções que as informações acerca de prescrição de uma dieta baseada exclusivamente
alimentação e de nutrição vêm sofrendo com este em características nutricionais, muitas vezes não
processo, o qual aponta mecanismos que visam considerando a multidimensionalidade do ato de
atender interesses de setores ligados à produção alimentar-se a si mesmo e a outrem32.
de itens de consumo pessoal, fato dissonante a Este modelo de prescrição de dieta contribui
uma visão tradicional de ciência tomada como para a elaboração de novas práticas alimentares,
“forma de saber objetiva e verdadeira, (...) dota- moldadas na busca por um aumento de perfor-
da de um método capaz de garantir a aquisição mance humana, baseadas em determinadas ca-
de um conhecimento universal, necessário e ino- racterísticas de alguns nutrientes ou compostos
vador”30. Como exemplo de distorções vejamos funcionais específicos, seguindo um modelo de
as porções individuais de alimentos rápidos cujo alimentação medicalizado e farmacologizado.
argumento de convencimento é o fato de serem Este modelo é cada vez mais amparado e apoiado
“próprios ou adequados” para o consumo con- pela atuação do nutricionista, profissional res-
comitante a outras atividades, como dirigir, digi- ponsável pela transmissão ao público leigo dos
tar, falar ao telefone e que suas porções singulares conhecimentos científicos que subsidiam este
afirmam conter os requerimentos energéticos novo modelo de alimentação, cada vez mais dis-
e nutricionais de uma refeição (!). E o sentar à tanciado de sua multidimensionalidade original.
mesa e comer, como fica? Aqueles interesses pa- A alteração das práticas alimentares pela atu-
recem confundir o bem-estar físico com um ou- ação do nutricionista, por vezes, deixa a esfera da
tro tipo, este último proporcionado pelo desejo prevenção e passa a ser vista como uma interven-
fomentado pela indústria midiática de adquirir ção rígida, secundada pela mídia, e que transfor-
produtos que privilegiem qualidades pessoais, ma o risco em quase-doença. Passa, a partir desta
em detrimento de qualidades ou características instância, a ser parte do controle da vida cotidia-
que apresentem seu valor no convívio social, na através de normatizações em saúde, de acordo
como é o caso da comensalidade. Tais interesses com o modelo biologicista e reducionista em voga
podem estar levando a alimentação e, em última na formação profissional. Para alguns autores o
instância, a saúde, à condição de mera mercado- modelo restritivo das intervenções no campo da
ria e não como um direito do cidadão de sentir-se alimentação pode ser vistos como um processo de
bem, com disposição para a vida, para o amor, racionalização e medicalização da dieta11.
para o trabalho, criativo para enfrentar as bata- Relevante acentuar o papel que a indústria
lhas cotidianas ou eventuais, as desventuras, as de alimentos/farmacêutica desempenha em fo-
infelicidades. Este deveria ser o conceito amplo mentar a medicalização da comida ao apresentar
de saúde a ser defendido porque vai ao encontro seus compostos funcionais com o propósito de
do projeto existencial do sujeito, e não o estado atender às novas necessidades de saúde, basea-
de não doença e prevenção de riscos através de das na tríade beleza-vigor-juventude, criando
produtos da indústria do bem-estar. um nicho mercadológico muito lucrativo para
estas indústrias. Com o propósito de aumentar
O papel do nutricionista a performance dos consumidores (enhancement,
na medicalização da alimentação segundo Peter Conrad), alimentos ou suplemen-
tos nutricionais são comercializados com intenso
De acordo com Prado et al.31, os estudos da processo de marketing direto a eles ou através da
Nutrição, enquanto um campo do conhecimento orientação profissional, secundada por processo
humano, atribui um sentido ao comer predomi- de marketing direcionado a este, em processo si-
nantemente racionalizado e biologicista, carac- milar ao desenvolvido pela indústria farmacêuti-
terístico da concepção biomédica hegemônica ca para estimular o consumo de medicamentos33.
454
Viana MR et al.

Pode-se vislumbrar este fenômeno ao obser- prática alimentar não é restrita ao mapeamento
var-se a participação cada vez maior de indús- científico do saudável e nutritivo. Transborda
trias de alimentos ou farmacêuticas em eventos para a esfera da subjetividade e da representação
direcionados aos profissionais nutricionistas. que a comida implica, o que na maioria das ve-
Em estratégia similar à utilizada pela indústria zes não coaduna com considerações cognitivas.
farmacêutica na consolidação do Complexo Mé- Neste âmbito, elementos subjetivos como desejo,
dico-Industrial, a indústria de alimentos vem prazer, relações entre sujeitos são mais relevantes
apoiando e financiando pesquisas ou utilizando do que o saber, o dever ou o querer (enquanto ca-
alguns outros subterfúgios, como o recrutamen- tegorias expressas da probabilidade de decisão).
to de experts em determinadas áreas de conhe- O consumo de alimentos funcionais aponta
cimento para atuar como consultores, ou patro- para um padrão alimentar que está sendo traçado
cinando eventos científicos direcionados, como por expertise surgida a partir do grande número
citado anteriormente. Essas estratégias geram de alimentos com propriedades específicas que
efeitos positivos à indústria de alimentos, como vêm sendo lançado no mercado de alimentos, o
interpretações mais favoráveis dos estudos cien- que acaba por estimular uma sociedade cada vez
tíficos; posições privilegiadas em recomendações mais fundamentada no conhecimento.
de organizações profissionais, ou simplesmente As inovações na produção de novos alimen-
a acepção, por parte da opinião pública, de que tos têm despertado o interesse de setores espe-
a indústria está investindo na busca de produtos cíficos de investimentos, como o agronegócio e
melhores30,33. a publicidade, principalmente em vista da força
No entanto, esses produtos são comerciali- que a política de inovação tecnológica tem em-
zados mediante estímulos publicitários para um prestado ao setor, principalmente pela demanda
aumento significativo de seu consumo, que su- de alimentos com propriedades benéficas à saú-
pervalorizam os seus supostos novos benefícios33. de, incluindo prevenção e tratamentos a doenças.
A indústria de alimentos, a partir do marketing e Com a disseminação para o grande público de
do fomento às pesquisas científicas, em atitude estudos científicos e resultados de pesquisas, que
similar à indústria farmacêutica, vem também apontam para o papel da alimentação na promo-
influenciando o meio científico na construção de ção de um novo modelo de saúde (que busca a
novos conceitos sobre dieta saudável. supernormalidade e trata o risco como doença),
e considerando o importante papel de credibi-
lidade desempenhado pela ciência em geral, no
Conclusão novo modelo de sociedade contemporânea, ob-
serva-se que a funcionalidade dos alimentos vem
Comer é função humana dependente de um sendo explorada por setores (como a indústria
complexo de atividades de cunhos econômico, de alimentos e o ramo da publicidade) em bus-
político, social, cultural, existencial, fisiológico. ca de criação de novas necessidades nutricionais
Além disso, é (ainda) um ato que resulta de deci- e alimentares na população, gerando novas de-
sões subjetivas, as quais são impregnadas da his- mandas alimentares e/ou nutricionais (como por
tória pessoal do sujeito. É atividade que tem a pe- exemplo, suplementos), até então inexistentes.
culiaridade de, além de garantir sua fisiologia, as- Seguindo esse “andar da carruagem”, a saúde,
segurar também a sua humanidade, pois o que se antes tratada como bem constituído também e,
come, o como e o quando se come, são elementos principalmente, pelo sujeito existente através de
repletos de significações, porque a vida humana seu projeto de vida, parece ser resultado de um
só ganha sentido através do dinamismo das rela- conjunto de fórmulas e prescritos racionais de
ções sociais. São referenciais todos os processos alimentos com funcionalidades que “promovem”
que propiciam a alimentação, pois ingerir ali- seu melhoramento. O preocupante é que, com
mentos por si só nem sempre é atitude suficien- isso, pode-se perder de vista a simplicidade do
te para garantir a nutrição, se não for levado em almoço em família ou do petisco entre amigos,
conta a fenomenologia peculiar e anterior a esta práticas tradicionalmente tomadas como, no mí-
função específica, uma vez que a contingência da nimo, atitudes de vida saudável.
455

Ciência & Saúde Coletiva, 22(2):447-456, 2017


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Artigo apresentado em 17/05/2015


Aprovado em 14/03/2016
Versão final apresentada em 16/03/2016

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