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,. ~~ a.A!iSOCIAI(ÂODOS.AN~I60SALVNOSDAPOLITÉCNJ'CA :. -. -·~

~ SEDE ADMINISTRATIVA: CLUB OE ENGENHARIA


SÉDE SOCIAl..: ESCOLA NACIONAL OE ENGENHARIA

.·.

CURSO DE PROJETO E EXECU ÇÃO DE BARRAGENS DE CONCRETO


UNIDADE II - FUNDAçOES

ASSUNTO : So l os , Rochas e Terrenos de transição- Ter~inologia Bra


sileira .
~{
•' PROFESSOR : Josué Barroso
-· A terminologia brasileira de Solos e Rochas (TB- 3/A.B . N. T
, _ ·1 969) define:
..... .,
a) Rochas - Mate.riais C()ns t i t uintes essenciais da crosta
terrestre provenientes da .solidificação do magma ou de lavas vul -
câniças ou da consolidação de depósitos sedimentares, tendo ou
"' .
não sofrido transformações metamórficas . Esses materiais apresen
tam elevada resistência , sómente modificável por contatos com ar
ou agua em casos muito especiais .

b) Solos - Materiais constituintes essenciais da crosta


11
terrestre provenientes da decomposição "in Situ das rochas pelos
diversos agent es geológicos, ou pela sedimentação não consolidada
dos grãos elementares constituin~es das rochas , com adição event~
, al de particulas fibrosas d e material carbonoso e matéria orgâni -
,.~ ca no estado coloidal.

r .,
~

Qualquer de finição que se apresente para rocha ou solo


nao atenderá plena.m ente às finalidades da vasta aplicação que tem
esses materiais, seja por suas caracterí sticas 11 i n Situ" e em a-
mostras (deformadas ou indeformadas) ou seja pelos aspectos tran-
sicionais que comumente apresentam .

A necessidade de distinguir entre solos e rocha para os


fins da engenharia civi l conduziu- nos as seguintes conc epções , an
ter1ormente apresentadas pela TB- 3/ABNT:

Solo: a gregado natural de um ou mais minerais que poda


ser separado por imersão em água.

Rocha: agregado natural de um ou mais minerais i nalterado


quando submer so em água . .
~ ~- \

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...
,:.

O fato é que nem todos os materiais presentes na crosta


~errestre podem ser separados por limites tão bem difinidos de
comportamento mecânico . Entre os extremos há solos que resistem
ã ação .. .de desintegração
..
da água melhor que outros e se aproximam
.
mais·--do·: comportamérito-·das rochaEff'"enquanto , por outro lado , sao
conhecidas rochas que . se des.in tegram· em água , embora tenham compoE_
tame· :~to mecânico francamente de rochas , quAndo a seco . Assim , · é
que , por exemplo, a laterita , que se enquaér3 na definição de so-
lo , tem um comportamento mecânico de rocha ; e são conhecidos vá -
rios casos de basaltos , geneticamente ligados à solidificação de
lavas, desag~ejáveis em contacto com água . Soma - se a esses casos
e xtremos uma larga faixa de transição entre esses comportamentos .

Há ainda que se considerar a diferença existente entre o


comportamento desses materiais 11 Ín situ" e através de amostras
tratadas em laboratório . Amostras de solo jovem (horizi)nte C)
quando retiradas para ensaios correntes · (caracterização , compact~
ção, CBR etc) são t~atadas no âmbito especÍfico da Mecânica dos
Solos , enquanto que , em taludes de cor-t:e , por exemplo , tem que
ser encara das , no âmbito da Mecânica das Rochas , em virtude da
anis~'t ropia p~~veniente da manutenção da textura e estrutura da
Ro~ha que lhe deu origem . São conhecidos inúmeros exemplos de
solos com bom comportamento de estabilidade em cortes com até 1:~·
metros de altura e mais , a Rochas cujos planos de fraqueza impli-
cam em obras de es.t abilidade até em cortes de pequena altura • .
1
Além desses aspectos , a distinção de limites entre solo e
rocha depara- se co m os aspectos gradacionais que apresentam os
perfis de desenvo l vimento da alterosão , constituindo os terrenos
de transição .

Para uma melhor visualização do problema , apresenta- se a -


baixo um perfi: t Í? ico a?roximado de solo , em rochas graníticas,
formando em clina tropical, embora tais perfis sejamuitovariados .

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orizonte orgânico - Mistura da elementos minerais e orgâni-


cos-
,
- Col~vio - Areia silto argilosa de cor creme, com frequente
,
presença de fr~gmentos de rocha. ~ muito comum u
ma camada de seixos separando- a da ZONA I.

- Z0na I - Argila arenosa a areia argilosa de cor marron aver


melhada , por vezes apresentando um sub-horizonte
inferior mosqueado.
,
-Zona II -Areia siltosa, de cor p~lida, mantendo vestígios
das rochas matri~ e contendo quantidade subordina-
da de testemunho não ~lterados do granito .

Essa zona pode ser subdividi da em:

• Sub-zona II A - com menos de lO% de testemunhos


da rocha matriz •
• Sub-zona II B - com 10% a 50% de testemunhos da
rocha matriz.
,
- Zona I I I - Cont~m mnis de 50% de testemunhos da r ocha matriz.

-Zona IV - Rocha maciça, levemente alterada , com menos de


10% de solo.

- Rocha sã.

As espessuras do perfil aprasentàdo são vari;veis, ne -


las influindo fatores ~ltiplos como clima, topografia, rocha
matriz , fraturamento, etc, não cabendo no escopo desta aula a
, ,
an~lise detalhada desses fato r es . Em m~dia, em zonas tropicaisr
de topografia moderada, os granitos fraturados, apresentam as
se~intes espessuras aproximadas:

Horizonte orgânico - 0,2 - 0,5m


,
- Col~vio - 1,0 - 3,0m
- Zona I - 3,0 - 5,0m
Zona II - 10,0 - 30,0m
- Zona III - 2,0 - 4,0m
- Zona IV - 2,0 - 4,0m
As passagens das diversas zonas processa-se normalmen-
t e de forma gradacional e a forma da superfície basal, numa S~

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~

.ç ão longitudinal, - ~ geraLmente bastante irregular, apresentan-


,
do uma sucessão de domos e bacias. ~ comum que esse padrão mo~

tre-se alinhado com o sistema de fraturamento presente nos aflo


ramentos.

2 - Graus de alteração de rochas e de petrificação de so: ·o~ In-

dices de qualidade.

A caracterização da rocha pode ser abordada de formas


,
diferentes sob o ponto de vista puramente petrol9gico ou petro-
, . ' , .
grç:1f·i co em que os aspectos ge~ticos são preponderantes, pro cu-
rando ·· investigar a,_ formação da rocha, atrav~s de sua _associação
,
mineral, sua textura e estrutura. Nesse caso, o petrografo faz
,
uso, bÇlsicamente da rocha sã, não lhe interessando basicamente
os aspectos de alteração e fraturamento. Por outro lado, para
,
os prop9sitos da·~ecânica das Rochas tende-se a tratar a rocha
como um material de propriedades mecânicas defin~veis, ressal -
tando as diferenças entre o comportamento da rocha matriz e do
, ,
maciço rochoso. Neste caso, o conhecimento ge~tico ~ importag
te na medida em que ele pode auxiliar o entendimento' de como a
,
rocha chegou ao $eU estado fj.sico atual, tanto como amostra de
não como no maciço rochoso. A Geologia de Engenharia classifi-
ca a rocha integrando os aspectos petrolQgicos e mecânicos.
, ,
Do ponto de vista prÇltico o problema que se põe I= a
uniformidade de descrição entre os analistas e, mesmo a manuteg
ção dos crit~rios de an~lise para um mes::no analista, j~ que ·t ais
, ,
crit~rios podem v ariar com o t empo face a parcela de carÇ1ter
subjetivo q;ue apresentam. Se es·tabelecermos classes qual.ita~ivas
do estado de alteração como: mui to al tcrada, alterada, medié·n.l-
mente alterada pouco alterada e sã, os termos intermedi~rios p~
derão flutuar entre analistas e com o tempo. Esse problema pe!
,
manece tamb~m na definição do estado de fraturamento, embora ai
, ,
a solução seja fç:1cil, pelo estabelecimento quantitativo do n\l-
mero de fraturas, definindo conjunto de classes (assu~to a ser
desenvolvido quando da Descrição de Maciços Rochosos).

Quanto ao estado de alteração tentativas tem sido fei-


tas no sentido de padronizar as descrições, sendo de largo uso
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.,
lt

,
os crit~rios adotados para as rochas graníticas, baseados nas
variações de brilho dos feldopatos e nas au~olas de altera -
ção das biotitas . Por~m existe uma larga faixa de rochas íg-
neas, metamÓrficas. e sedimentares em que os constituintes mi
~

nerais essenciais são outros e a pr9pria t extura de associa -


ção desses minerais, tamb~m muit o influente no estado de alte
,
ração, ~ muito diversa .

Face 'as dificuldades brevemente acima descrit as , ten-


#

tativas tem sido feitas no sentido de melho r definir o estado


de alteração e, consequ~ntemente melhor estabelecer os limi -
tes entre as diversas classes . Tais tentativas tem sido vol -
tadas basicamente para o estabelecimento de correlações entre
os diversos estados de alteração e as correspondentes propri~
, ,
dades f;i.sicas das rochas , para as quais , por sua vez , ~ poss,!
vel estabelecer correspondênc i as estatísticas de comportamen-
to mecâni c o .
,
Assim
que , por exemplo , a porosidade aparente, a ma~
~
, ~~ ,
sa espec;i.fica aparente e.:vabsorção d ' pgua podem constituir indi
ces li$icos definidores do estado de alteração . Tais índices
são chamados Indices de Çualida·ce , pelas · possíveis associações
com a resistência ~- rutura e ao mÓdulo de elasticidade , por
exemplo, que por sua vez enquadram as rochas em classes quali-
tativas como : muito resistente , resistente, fracas e muito fra
cas .

Por~m , tamb~m esses parâmetros fisicos não tem apl ica- ·:


ção universal para as roch as são v~1idos para casos especifi -
,
cos. A porosidade de um basalto vesicular, por exemplo· serp.
sempre muito mais elevada que a do basalto compacto ou do que
a do granito , embora não signifique um estado de al teração mai
or .

S-ã o tamb~m cor..hecidos os J:>arânetros micropetrogr~ficos


de alteração que procuram atrav~s diagnoses realizadas ao mi-
, ,
croscppio petrogrp.fico, estabe l ~cer relações ponderadas de as -
pectos positivos e negativos quanto ao comportamento mecânico
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"
q

da rocha , incluindo os primeiros no numerador da fração e os


segundos no denominador . Entre os positivos incluem- se os mi
n e rais sãos e não lamelares e entre os aspectos negativos os
minerais alterados , os minerais lamel ares orientados, o fiss~
, , ,
ramento etc . sem d~vida esse tipo de an~l ise ~ mais seguro ,
por~m tem contra a sua aplicação · o car~ter de alta especiali-
zação exigida do analista , tornando-o pouco pr~tico e ante-e-
conômico para a quantidade de an~lise que se t ornam indispen-
s~veis para á dif~ição da variação do estado de al t e ração de
um maciço rochoso .
,
Al~m dos incl.ices de qualidade específicos da determi-
nação do estado de alteração de uma r ocha , existem outros di
retamente ligados ~ descrição do mac i ço rochoso a serem dese~
~ ,

volvidos em aula prppria , como o RQD (Rock Quality Designation) ~


,
o indice de fraturamento da rocha " in situ" medido por m~todo

sismico , porcentagem de recupe ração e muitos outros .

,; . ~
Da mesma forma que se procura determinar o indice de
alteração de urna rocha , pode ser importante a determinação do
índice de petrificação de um solo , c omo F-;rirneiro passo para o
,
uso pr~tico desses materiais que afastam- se do comportamento
, ,
de um sol o t~pic o neste sentido ~ conhecido o trabalho desen-
,
volvido no L ~boratpr io Nacional de Engenh aria Ci vil , ~m Lis -
boa , estabelecendo graus de petrificação de solos .

Ainda com respeito a alteração, outrç> aspecto pode to_E


,
nar- se importante para serto tipos de rochas . ~ a alterabili-
dade , ou sejam a medida ' da evolução do estado de alteração
,
com o tempo . Como o estado de al teração ~ correlacio~ado a
;

qualidade· da r ocha ~ de int eresse o conhecimento dessa alter~


bilidade para medi r - se a degradação mecânica.correspondente .
Diversos ensaios laboratoriais são desenvol vidos procuranda
r epresent ar de forma agressiva às solicitações ~ que estar~
~ , ~

submetida a rocha na obra e atrav~s acompanhamento das carac-


, , ;

r~sticas f~sicas e diagnoses petrogr~ficas da. r ocha em estu-


do , aval i ar- se a evolução da alteração da mesma e a conse~e~

te degradação mecânica . Tais ensaios são diversos e consistem

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t

'
geralmente de solicitações cíclicas de calor e umidecimento.

A bibliografia abaixo relacionada apresenta alguns exem


plos de e stabelecimentos de índices visando a definição das
características mecânicas de rochas e solos, atrav~s correlações
c om o parâmetros físic os diversos .

3. - Bi bl i ogr afia

1 - ABNT - Rochas e Solos - Te rminologia Brasileira - TB 3 - Rio


de Janeiro - 1969.
2· - Aires . Barros, L - Note preliminaire sur un índice d' altera-
,
bilit~ -1st Int. Congress of the Int.As-

sociat ion of Eng. Geolgy Paris - 1970


3 - Aires Barros, L; Gra ça, R.C. - Test on acce l e rate abrasion
and chemical mobilization of rocks ·: . Bul-
l etin of· the Int. Assoc iation of Eng. Geo
l o gy - N~ 3 - 1971.
4 - De arman, W.R. The characterization of r ock por civil·
'
.. engineering: practice in Britain- Collo
, '
que ~olo gie de L.Ingenieur, Li~ge , 1974.
,
5 - Harnrol, A - A quant it ative class ification of the Weathe
ring anol Weatherability of r ocks . Te cni-
c a l Paper n2 192 LNEC - Lisboa - 196 2 .
,
·' 6 - Xert ~sz , Pe Marck, I - Qualification phys~que des
r oches - Bu1letin of the Int. Association
of Eng Geo1ogy - n2 12 - 1975.
7 - Mendes , F.M. e outros - The use of modal analysis in
the mechanical characterization of rock
masses . Proc. of the IST. Congress of the
Int. Soe . of Rock. Mechanics - Vol. I -
Lisboa 1966.
8 - Nascimento , u. e outros - Identification of petrification
,
in so ils - Mem9ria 281 - LNEC - Lisboa -
1966.
,
9 - Ro drigues., J .D. Nota s obu as caracter~sticas de alteração
e alterabilidade do dol e s ito de Ribamar
(Ericeir a ) - Revista Geotecnica n2 3 -
Lisboa - 1972.
10 - Thomas, M.F. Trop ical Geomorphology - The Macmillan
Press Ltd. - 1st ed - London - 1974.
CPEBC - 11/9/80 - pág 7 de 7

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