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Universidade Zambeze Disciplina: Física I

Lição n0 10: Hidrostática e


Faculdade de Ciência e Tecnologia Hidrodinâmica
Cursos: Engrias, Civil, Mecatrónica, Processos e Informática Ano 2016 Primeiro Semestre
Aulas Teóricas
Docente Responsável: Vasco Munguare Penente

 Densidade e Pressão  Princípio de Arquimedes


 Hidrostática  Hidrodinâmica
 Princípio de Pascal
Subtemas:  Linhas de Corrente
 Elevador Hidráulico  Equação de Bernoulli
Subtemas:
IX. Introdução

A palavra hidro significa fluido, dai que neste capítulo vamos estudar a dinâmica e a estática dos
fluidos. Entende-se por fluido, toda a substância que flui, e, que tem a capacidade de se moldar
a qualquer recipiente que os contem, isto tem lugar porque os fluidos não oferecem resistência a
uma força tangente à sua superfície.
Os fluidos podem ser líquidos e gases. Os líquidos são substâncias incompressíveis e ocupam
volumes bem definidos, enquanto os gases são substâncias compressíveis e tendem a ocupar todo
o volume do recipiente que os contem.

IX.1 Densidade e Pressão

Estudando os corpos rígidos, as quantidades físicas utilizadas foram a massa e a força, que agora
serão substituídas pela densidade e pressão.

Entende-se por densidade, a razão entre a massa por unidade de volume, e é uma grandeza
escalar, i.e,

∆m
ρ= ( 9.1)
∆V

Alguns exemplos de densidades, para a água destilada 1000kg/m3, óleo 180kg/m3 e para o ar
1,293kg/m3.

Para definir a pressão, vamos considerar uma superfície de área A, imerso em um fluido. Como
se pode esperar o fluido exercerá uma força F sobre a superfície, dai que, para a pressão temos,

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F N
P=
[
A m2 ]
=Pa (9.2)

IX.2 Hidrostática (Fluidos em Repouso)

A figura 1 mostra um corpo submerso em um fluido, e, actuando sobre ele as forças F 1, exercida
pelo líquido na parte de cima, F 2, exercida pelo líquido na parte de baixo e por fim a força peso
exercida pelo corpo. Feita esta análise e considerando o corpo em repouso temos,

F 2−F1−P=0 → F 2=F 1+ P (9.3)


Levando em consideração que m=ρv= ρA h, junto
com a definição (9.2) tem-se,
p2 A= p1 A + ρgA ( y 1− y 2 )
p2= p1 + ρg ( y 1− y 2 ) ( 9.4)
Figura 9.1 Um Corpo em um Tanque

Procurando a pressão p a uma profundidade h abaixo da superfície, então designaremos o nível 1


a superfície e o nível 2 a distância h medida a partir da superfície ( y 1=0 , p1= p 0 e y 2=−h , p2= p )
, dai que,
p= p 0+ ρgh( 9.5)
Onde, p0−¿é a pressão atmosférica
Veja que de relação anterior, se h=0, a pressão é igual a pressão atmosférica p= p 0.

IX.3 Princípio de Pascal

Este princípio pode ser assistido em várias situações, como por exemplo, quando exprimimos um
tudo de pasta de dentes. A variação de pressão em relação a um ponto (porção) de um fluido
confinado é transmitida para todas as porções do mesmo fluido, assim como para as paredes que
o contem.

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IX.3.1 Prensa Hidráulica

A figura ao lado mostra uma força externa F 1sendo aplicada


para baixo no pistão da esquerda de área A1. Desta forma
haverá uma variação de pressão ∆ p e visto que o líquido é
incompressível, exercerá uma força F 2 para cima no pistão
da direita de área A2, de modo que escrevemos,
F1 F 2 A Figura 9.2 Aparelho Hidráulico
∆ p= = ( 9.6 ) ↔ F2 = 2 F 1 (9.7)
A 1 A2 A1
A expressão (9.7) mostra que a força F 2 na saída (pistão da direita) é maior a força F 1 na entrada
(pistão a esquerda), isto porque, A2 > A1 .
Analisando ainda a figura 2, é possível perceber que se movermos o pistão da esquerda uma
distância d 1 para baixo, então o pistão da direita irá mover-se uma distância d 2 para cima, de
modo que o mesmo volume do fluido seja deslocado nos dois lados, i.é,
A1
V = A 1 d 1= A 2 d 2 ( 9.8 ) ↔ d2 =
d ( 9.9)
A2 1
Desta vez analisando as distâncias percorridas, a relação (9.9) também deixa claro que, aplicando
uma força no pistão da esquerda, a distância d 1percorrida deste lado, será maior em relação a
distância d 2 percorrida do lado direito, isto porque A2 > A1

Levando em consideração as expressões (9.7) e (9.9), podemos definir o trabalho na saida, i.é,

A2 A1
w 2=F 2 d 2= ( )( )
F
A1 1
d =F1 d 1 ( a ) ↔ w 2=w 1=w ( b ) (9.10)
A2 1

A relação anterior permite-nos concluir o seguinte, que o trabalho realizado pela esquerda é igual
ao trabalho realizado pela direita, isto tem lugar porque F 2> F 1enquanto que d 2 <d 1.

IX.4 Princípio de Arquimedes

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Para analisar este princípio vamos considerar três corpos submersos em água, ver a figura 3. O
primeiro é uma bolsa plástica cheia de água, o segundo é uma pedra com mesmas dimensões e o
terceiro é um bloco de madeira.

Figura 9.3 Três corpos submersos em um fluido (b)

Com estes corpos podemos analisar as três situações possíveis para corpos submersos. Por
exemplo:

1. A bolsa estará em equilíbrio estático (sem afundar nem subir) dentro da água, e, isto não
significa ausência das forças de empuxo e do peso, mas sim, que a força de empuxo
dirigida para cima tende a equilibrar o peso da água que está dentro da bolsa.
2. Já a pedra não manterá o seu estado, isto é, ela irá afundar por que a força de peso
vencerá a força de empuxo para cima exercida pela água.
3. Finalmente a madeira subirá até a superfície, isto porque, a força de empuxo da água será
maior ao peso da madeira.

Com as três situações podemos enunciar a lei de Arquimedes da seguinte maneira,

 Um corpo completo ou parcialmente imerso em um fluido receberá a


acção de uma força para cima igual ao peso do fluido que o corpo
desloca.

A figura 3b, mostra o diagrama de forças, e, segundo ela o empuxo será,

E=mg=ρg V ld ¿

Onde, V ld−¿é o do líquido deslocado, e ρ−¿é a densidade do material que forma o corpo

IX.5 Hidrodinâmica (Movimento de Fluidos)

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De lembrar que quando estudávamos o movimento dos corpos, muitas vezes foi levada a
condição ignore o atrito, isto era para facilitar a resolução dos problemas. Da mesma maneira na
dinâmica de fluidos vamos considerar fluidos ideais em vez de reais.

IX.5.1 Linhas de Corrente

Entende-se por linha de corrente, o caminho traçado por um pequeno elemento do fluido,
também chamado partícula de fluido. Durante seu movimento, a velocidade pode variar em
módulo e direcção. É importante salientar que as linhas de corrente nunca se cruzam, isto para
evitar a duplicação da velocidade no ponto de intersecção.

Figura 4 Escoamento de Fluido

Levando em consideração a figura 4, se uma partícula atravessa com velocidade v1 a secção de


área A1no instante de tempo ∆ t, então o volume, ∆ V =A 1 v 1 ∆ t , passará de A1em D. Mas, se o
fluido é incompressível, no mesmo intervalo de tempo, o mesmo volume de fluido terá que
atravessar a secção de área A2 em E, dai que se a velocidade em E é v 2, então,

∆ V =A 1 v 1 ∆ t=A 2 v 2 ∆ t ↔ A 1 v1 =A 2 v 2 (9.12)

Depois da relação anterior, podemos dizer que ao longo do tubo, a taxa de escoamento
volumétrico (vazão) é constante, i.é,
Q= Av=const(9.13)
A equação (9.13), é denominada equação de continuidade e, significa que, nas partes mais
estreitas do tubo, onde as linhas de corrente são mais próximas, o escoamento é mais rápido.

IX.5.2 Equação de Bernoulli

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Vamos considerar um fluido ideal escoando com uma taxa constante em um tubo de corrente.
Como foi salientado, o fluido é incompressível, de modo que o volume ∆ V (a preto) que entra
pela esquerda, será a mesma quantidade que irá sair pela direita, ver a figura 5.

Fluido ideal Fluido ideal

Figura 9.5a Quantidade ∆ V entrando no Figura 9.5b Quantidade ∆ V saindo no


tubo de corrente tubo de corrente

Observação:

Dentro do tubo de comprimento L mostrado nas figuras anteriores, está confinado um fluido
ideal e, para diferenciar com o líquido que entra ou sai, vamos mantê-lo a branco.
Sejam y 1 , v 1 e ρ1, a elavação, a velocidade e a pressão do fluído quando entra ela esquerda e
y 2 , v 2 e ρ2 as quantidades na saída. Pela conservação de energia, chegamos a expressões de
Bernoulli dada sob forma,
1 1
p1 + ρ v 12+ ρg y 1= p 2+ ρ v22 + ρg y 2 (9.14)
2 2
1
p+ ρ v 2 + ρgy=const .(9.15)
2

Se levarmos em consideração um fluido em repouso, pela equação de Bernoulli temos,

p2= p1 + ρg ( y 1− y 2 ) ( 9.16)

Outra relação importante encontramos se considerarmos y=0, na equação de Bernoulli, i.e,

1 1
p1 + ρ v 12= p2 + ρ v 22 (9.17)
2 2

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 Se a velocidade de uma partícula de um fluido aumenta, enquanto se desloca ao
longo de uma linha de corrente, a pressão do fluido diminui e vice-versa.

Ainda podemos dizer que, a pressão é relativamente baixa onde as linhas de corrente estão
relativamente próximas umas das outras (maior velocidade) e vice-versa.

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