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UM DIAGNÓSTICO SOBRE A INSERÇÃO DA SUSTENTABILIDADE

AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS NA CIDADE DE JOÃO PESSOA-


PB

Identificação dos autores

1º Autor
Nome: Rafael Santos Cruz
Titulação: Estudante do curso de Engenharia Civil (UNIPÊ)
E-mail: rafaelcruzengenharia@hotmail.com
Telefone: (83) 9 9869-9547
Endereço: Rua José Felix da Silva, 243, João Pessoa- PB

2º Autor
Nome: Ubaldo Rogério Alves dos Santos Monteiro
Titulação: Estudante do curso de Engenharia Civil (UNIPÊ)
E-mail: rogerio_ubaldo@hotmail.com
Telefone: (83) 9 96106757
Endereço: Rua Bel Wilson Flávio Moreira Coutinho, 76, Jardim Cidade Universitária, João
Pessoa- PB.

3º Autor
Nome: Cayo Iaslley Nunes de Lima
Titulação: Estudante do curso de Engenharia Civil (UNIPÊ)
E-mail: cayo_ita@hotmail.com
Telefone: (83) 9 99845617
Endereço: Rua José Firmino Ferreira, Água Fria, João Pessoa- PB

4º Autor
Nome: Henrique Elias Pessoa Gutierres
Titulação: Professor do curso de Engenharia Civil do UNIPÊ. Geógrafo do Departamento de
Geociências da UFPB. Especialização em Licenciamento Ambiental e Doutorando em
Geografia (UFPE).
E-mail: hepg86@hotmail.com
Telefone: (83) 9 9628-4016
Endereço: Rua Vandik Pinto Filgueiras, 158, Tambauzinho, João Pessoa- PB.
UM DIAGNÓSTICO SOBRE A INSERÇÃO DA SUSTENTABILIDADE
AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS NA CIDADE DE JOÃO PESSOA-
PB

RESUMO
A construção civil é um dos setores da economia que mais consomem recursos naturais,
gerando diversos impactos ao meio ambiente. Dessa maneira, o setor tem buscado
implementar práticas sustentáveis que são de suma importância, pois, é uma alternativa
lucrativa para as empresas, aumentando a sua competitividade e contribuindo para a
diminuição dos impactos ambientais de suas atividades. O presente estudo tem o objetivo uma
pesquisa de campo no qual foram selecionadas um conjunto de vinte construtoras que atuam
na construção de edificações no município de João Pessoa-PB, em que irá avaliar a
importância da gestão ambiental nas mesmas. Sendo alguns assuntos abordados a exemplo da
educação ambiental para funcionários da empresa, certificação ambiental, autos de infração,
gestão ambiental no canteiro. Os dados foram obtidos através do levantamento junto a
Superintendência de Administração do Meio Ambiente (SUDEMA) e a Secretaria Municipal
de Meio Ambiente de João Pessoa (SEMAM) no tocante aos autos de infração aplicados, na
análise bibliográfica (livros, artigos de periódicos científicos, trabalhos acadêmicos e a
legislação ambiental), na aplicação de um questionário aos representantes das construtoras
selecionadas e pesquisas nos sites das vinte empresas. A partir da análise dos dados obtidos,
percebe-se que existe um déficit em relação a gestão ambiental nas construtoras no município
de João Pessoa-PB, não havendo a preocupação ambiental no momento de planejar, construir
e entregar um edifício.
Palavras-chave: Sustentabilidade. Certificação ambiental. Gestão ambiental.

INTRODUÇÃO
O Brasil assume papel importante por ser uma das grandes economias do mundo,
detentor de um grande patrimônio natural e ter uma população considerável que necessita de
condições satisfatórias para a sua sobrevivência, conforme preconiza o artigo 225 da
Constituição Federal (1988), garantindo a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações.
A gestão ambiental está presente na esfera pública e no nível empresarial. A gestão
ambiental objetiva não só apenas atender aquilo que preconizam as leis e as normas, mas visa
uma valorização da mesma perante o mercado. Ou seja, aspectos como desempenho
ambiental, passivos ambientais e histórico ambiental são considerados no cotidiano
empresarial (valor das ações, negociações de fusão e aquisição de empresas, ganho de
mercados etc.). Assim, em décadas passadas, não se pensava na possibilidade do setor
empresarial incorporar o meio ambiente nas suas preocupações cotidianas. Atualmente, a
gestão ambiental tem deixado de ser um modismo e se tornado cada vez mais essencial em
diversos setores empresariais e na construção civil não é diferente. A necessidade de incluir
tais atividades ajudam a manter um equilíbrio mais harmonioso entre a população local e o
meio ambiente, a fim de diminuir a demanda por matérias-primas oriundas da natureza,
racionalização no uso dos recursos e uma menor geração de resíduos.
A preocupação sobre este assunto é percebida na cidade de João Pessoa-PB, onde o
mercado imobiliário cresceu de forma intensa nos últimos anos. Portanto, obrigando a gestão
ambiental entrar na lista de preocupações deste setor. Esse tipo de gestão na construção civil
deve incluir a preocupação com o cumprimento das exigências da legislação ambiental,
acompanhamento do cumprimento das condicionantes das licenças ambientais, envolvendo
desde a etapa de concepção do projeto, passando pela fase da construção e considerando a
entrega de um empreendimento que adote equipamentos e práticas sustentáveis durante toda a
sua vida útil.
Este trabalho tem o objetivo de analisar a inserção das práticas sustentáveis nas
empresas de construção civil do município de João Pessoa, expondo um diagnóstico das
práticas sustentáveis, percepções dos dirigentes das construtoras e as tendências para um
aperfeiçoamento do assunto na realidade local.

METODOLOGIA
Para o cumprimento do objetivo proposto, o trabalho procedeu ao levantamento e a
análise bibliográfica (livros, artigos de periódicos científicos, trabalhos acadêmicos e a
legislação ambiental), levantamento de dados junto a Superintendência de Administração do
Meio Ambiente (SUDEMA) e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de João Pessoa
(SEMAM) no tocante aos autos de infração aplicados, pesquisas nos sites das empresas,
elaboração de questionário, trabalhos de campo nas sedes das vinte construtoras selecionadas
e visitas em algumas obras para aplicação dos questionários junto aos representantes das
construtoras. O questionário é composto por quarenta e duas questões, abordando os
seguintes assuntos: informações gerais da empresa e das suas obras, licenciamento ambiental,
certificação ambiental, gestão ambiental no canteiro de obras e as práticas/tecnologias
sustentáveis incorporadas ao prédio, que serão utilizadas pelos moradores em cada imóvel
e/ou nas áreas comuns. Após a sistematização dos dados através de software de planilha
eletrônica, estes foram organizados em tabelas e gráficos, sendo discutidos, posteriormente, a
luz da bibliografia proposta.
REFERENCIAL TEÓRICO
Para Meyer (apud KRAEMER, 2006) a gestão ambiental pode ser entendida como um
conjunto de métodos, ações e procedimentos que preservem a integridade do meio abiótico
(físico), biótico (biológico) e antrópico. De uma forma ampla, pode ser entendido como a
diminuição do uso excessivo dos recursos naturais, atendendo as necessidades humanas
atuais, sem comprometer as gerações futuras.
A implantação da gestão ambiental em edifícios pode trazer inúmeros benefícios para
construtoras, na redução significava de impactos ambientais e melhoramento no controle de
ações na empresa. Há mudanças de comportamento e na cultura ambiental, uma vez que reduz
o desperdício de resíduos advindos da construção, aumentado os ganhos econômicos e
racionalização de recursos (DONAIRE, 2010).
Para obter uma gestão ambiental de qualidade, empresas devem passar pelo
licenciamento ambiental, que é um instrumento que permite uma verificação e
acompanhamento dos impactos ambientais advindos da operação das atividades. Com isso,
contribui para controlar e preservar o meio ambiente, possibilitando um maior crescimento
econômico das gerações, aliada com o bem-estar social das comunidades (FINK, 2000).
Licenciamento Ambiental é uma ferramenta administrativa pela qual o órgão
ambiental licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e
atividades que utilizam de recursos ambientais, consideradas poluidoras ou daquelas que
possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e as normas técnicas
aplicáveis ao caso estudado (BRASIL, 1997).
Práticas sustentáveis também se fazem muito importante à gestão ambiental, estas por
sua vez são atitudes que visam um menor impacto ambiental nas construções, a fim de
preservar os recursos naturais e as condições vitais no planeta (DANIELI BERNARDE,
2014). A seguir são listadas algumas práticas adotadas em empreendimentos: reutilização da
água; gestão de resíduos; educação ambiental; otimização de alvenarias; economia energética
com placas solares; reuso de madeiras e automação de sistemas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CARACTERIZAÇÃO GERAL DAS CONSTRUTORAS
O quadro abaixo expõe um panorama das construtoras no tocante a aplicação dos
questionários:
Quadro 1- Aplicação do questionário nas construtoras.
Construtoras Sim Não Recolhimento
do
questionário
Construtora 1 X
Construtora 2 X
Construtora 3 X
Construtora 4 X
Construtora 5 X
Construtora 6 X
Construtora 7 X
Construtora 8 X
Construtora 9 X
Construtora 10 X
Construtora 11 X
Construtora 12 X
Construtora 13 X
Construtora 14 X
Construtora 15 X
Construtora 16 X
Construtora 17 X
Construtora 18 X
Construtora 19 X
Construtora 20 X X
Fonte: Autores.

Analisando o quadro acima, verificamos que das vinte construtoras, em 40% (8), os
questionários foram aplicados, 30% (6) não responderam (procedeu-se a um contato inicial,
mais de uma vez, para marcar a aplicação do questionário, como também deixamos a opção
de deixar o questionário para recolhermos depois ou enviar por e-mail, mas mesmo assim não
houve nenhum retorno) e em 30% (6) os questionários foram recolhidos.
Os tipos de obras que as quatorze empresas executam são edifícios residenciais e
empreendimentos comerciais, empregando de 20 a 400 funcionários aproximadamente,
caracterizando em empresas de pequeno a grande porte.
LICENCIAMENTO AMBIENTAL DAS CONSTRUÇÕES
A legislação ambiental fornece os parâmetros que regem o empreendimento, assim
como permite a identificação das ações de manejo que deverão ser realizadas pelo
empreendedor e pessoas envolvidas, para estar em conformidade com a legislação.
Das 14 empresas, 13 empresas relataram que não possuem setor de meio ambiente na
empresa. Somente a construtora 19 possui setor de meio ambiente, criado no ano de 2012. De
acordo com os dados expostos, percebe-se a necessidade de um maior empenho acerca do
compromisso com o meio ambiente. Isso pode ser notado no gráfico 2, que esclarece que as
empresas deveriam ter um setor de ambiente e canais abertos voltados a responsabilidade
ambiental. As empresas da construção civil devem implantar setores ambientais para
demonstrar sua contribuição com a proteção do meio ambiente. Para isto é preciso ser
investido cada vez mais em programas tecnológicos que auxiliam no cumprimento das
imposições legais, no controle de custos, produtividade, e na divulgação da imagem da
instituição.
Analisando o gráfico 1, nota-se que só nove construtoras declararam possuir um
funcionário responsável pela área ambiental. Ao serem questionadas a respeito da profissão
desse responsável técnico pela área ambiental, oito declararam ser um técnico de segurança
do trabalho e uma tem o advogado respondendo por esse assunto. Contudo, o que constatou é
que tais funcionários não foram contratados para tal atividade, bem como, se faz necessário
que a empresa faça uso de um profissional, de diversas áreas, com formação acadêmica e com
atribuições legais compatíveis para implementar o planejamento e a gestão ambiental nos
empreendimentos das construtoras.
Gráfico 1- Funcionário responsável pela área ambiental na empresa.

FUNCIONÁRIO RESPONSÁVEL
PELA ÁREA AMBIENTAL

NÃO
36%
SIM
64%

Fonte: Autores.

Portanto, a maior parte das construtoras declarou possuir um profissional responsável


pela área ambiental, por outro lado, a maioria não tem um setor de meio ambiente. As
construtoras 8 e 20 fazem uso de serviços de empresa de consultoria ambiental, optando-se
pela contratação ou não de um setor/funcionário responsável pela área ambiental.
No que se refere a implementação da educação ambiental junto aos funcionários,
entendida como toda ação educativa que contribui para a formação de cidadãos conscientes da
preservação do meio ambiente e aptos a tomar decisões coletivas sobre questões ambientais
necessárias para o desenvolvimento de uma sociedade sustentável, somente a construtora 2 e a
10 não promovem educação ambiental aos seus funcionários. 85,71% das empresas
promovem educação ambiental (seja por palestras ou cursos) aos seus funcionários, e, dentro
deste total, 57,14% das empresas oferecem o curso de descarte de resíduos para os seus
funcionários.
Por fim, considerando o desenvolvimento de ações na área ambiental por parte de
alguns Sindicatos da Indústria da Construção Civil (SINDUSCON) em outros estados
brasileiros, ao questionarmos das ações do SINDUSCON João Pessoa na área ambiental junto
as construtoras, a maioria das construtoras afirmou que o Sinduscon declarou que não são
disponibilizados materiais/palestras de gestão ambiental por parte da mencionada entidade.
Gráfico 2- Desenvolvimento de ações de educação ambiental junto aos funcionários das
construtoras.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA
EMPRESA PARA OS FUNCIONÁRIOS
NÃO
14%

SIM
86%

Fonte: Autores.

O licenciamento ambiental é uma exigência legal a que estão sujeitos todos os


empreendimentos ou atividades que possam causar algum tipo de poluição ou degradação ao
meio ambiente. Analisando o gráfico 3, notou-se que todas as construtoras pesquisadas
possuem um órgão responsável pelo licenciamento ambiental, e que a maioria possui seus
edifícios licenciados pela SEMAM ou pela SUDEMA. Tanto a SEMAM como a SUDEMA,
em João Pessoa, podem proceder ao licenciamento ambiental dos edifícios. As empresas que
responderam “ambos” na pesquisa possuem edifícios licenciados pela SEMAM e outros pela
SUDEMA.
Gráfico 3- Órgãos responsáveis pelo licenciamento ambiental.

ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO


LICENCIAMENTO AMBIENTAL
SEMAM
14%
AMBOS
50% SUDEMA
36%

Fonte: Autores.

Ainda com relação ao licenciamento ambiental, a pesquisa buscou saber como se dá o


acompanhamento do cumprimento das condicionantes das licenças ambientais obtidas pelas
construtoras, bem como de outras exigências previstas na legislação ambiental e urbanística.
Todas afirmaram ter o acompanhamento do licenciamento ambiental, mas nem todas possuem
um profissional para fazer este serviço. Do total de catorze construtoras, cinco afirmaram que
já foram atuadas pela fiscalização de algum órgão ambiental:
• Construtora 2: atuada por falta de placa informando a regularização ambiental da
obra;
• Construtora 7: derrubada de árvore nativa e também por não expor certificado a
placa informando a emissão da licença de operação;
• Construtora 10: atuada pelo horário de trabalho;
• Construtora 12: terrenos por áreas em manejos ambientais;
• Construtora 19: poluição sonora no canteiro de obra.
Duas construtoras não responderam se foram atuadas pela fiscalização. Boa parte das
empresas afirmaram que a frequência da fiscalização é anual (36% do total de 14 empresas
consultadas) e muito rigorosa (43% do total de 14 empresas consultadas).
Na busca por dados oficiais, que enriquecesse a discussão proposta para o trabalho, foi
realizado um levantamento dos autos de infração aplicados pela SEMAM e pela SUDEMA as
empresas selecionadas (gráfico 4).
Gráfico 4- Autos de infração aplicados às construtoras do universo amostral.

Autos de infração
6
Número de Infração

5
4
3
2
1
0
2011 2012 2013 2014 2015 2016
Ano

Fonte: SEMAM e SUDEMA.


Org.: Autores.

O levantamento realizado permitiu constatar que a maioria das empresas em estudo já


foi autuada pela SEMAM e pela SUDEMA. Analisando o gráfico, nota-se que nos últimos
cinco anos (compreendendo o período de agosto/2011 a agosto/2016), o maior número de
autos de infração foi no ano de 2014. Vale destacar que 25% das empresas possuem mais de
um auto no período analisado. Em relação aos fatos geradores dos autos aplicados, estão:
• “Instalar ou realizar obras em desacordo com a licença obtida ou contrariando as normas
legais e regulamentos pertinentes”;
• “Construção obra (edificação multifamiliar com 69 apartamentos), considerado efetiva ou
potencialmente poluidor, sem licença ou autorização do órgão ambiental competente”;
• “Lançar resíduos sólidos (resíduos de construção civil) em desacordo com as exigências
estabelecidas em leis”;
• “Deixar de atender as exigências legais ou regulamentares quando devidamente notificado
pela autoridade ambiental competente no prazo concedido, através do termo de compromisso
para uso alternativo do solo nº 84/2012 - SUDEMA/DIFLOR, descumprido a condicionante
de nº 03”;
• “Depositar RCD’s e materiais de resto de construção civil em local inadequado (Via pública).
Em desacordo com a legislação em vigor”;
• “Por instalar obra de edificação multifamiliar com 144 apartamentos/ 28 lajes sem estar
devidamente licenciado por órgão ambiental competente”;
• “Obstruir ou dificultar a ação fiscalizadora da SEMAM”;
• “Por descumprir a condicionante “F” da licença de instalação de n° 120/2013”;
• “Permitir o lançamento de esgoto in natura proveniente das atividades domésticas dos
moradores do condomínio localizado na Av. Senador Ruy Carneiro, Jardim Luna”;
• “Utilizar e/ou funcionar equipamento produzindo poluição sonora para além do limite real da
obra dentro de uma zona especialmente sensível a ruído (residencial)”.
Portanto, o que foi exposto anteriormente demonstra a importância do licenciamento
ambiental para as empresas que constroem edifícios em João Pessoa, por se constituírem em
dados oficiais, a partir da atuação do poder público no controle das atividades econômicas.
Logo, entende-se que abordar e qualificar uma construção ou empresa como seguidora de
práticas sustentáveis passa também por levantar os dados no tocante ao licenciamento
ambiental e ao cumprimento das condicionantes da licença ambiental e da legislação
ambiental aplicável.

PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS

As empresas que se consideram sustentáveis devem adotar atitudes éticas, no qual


visem seu crescimento sem agredir o meio ambiente como também colaborar para o
desenvolvimento da sociedade. Sendo assim, a adoção de práticas sustentáveis pode trazer
vários benefícios para as empresas, como: melhorar a imagem da empresa; economia com
redução do custo de produção; melhorar as condições ambientais, entre outros. O gráfico 05
expõe o quantitativo das construtoras que declararam não adotar práticas sustentáveis e
aquelas que adotam, quais locais (canteiro de obra e escritório) são implementadas.
Gráfico 5- Local no qual as empresas adotam práticas sustentáveis.

Fonte: Autores.

Constata-se que 14,29% das empresas entrevistadas adotam práticas sustentáveis tanto
no escritório como no canteiro de obra, dentre as práticas declaradas, estão: reutilização de
água; gestão de resíduos; economia de energia por painéis solares; educação ambiental;
otimização de alvenarias; automação de sistemas; reuso de madeiras.
Logo as construtoras estão se modernizando, ou seja, cada vez mais inserindo
sustentabilidade nas suas construções, seja por práticas sustentáveis, ou por reutilizar ou
reciclar produtos e matérias, assim esses processos são de grande importância para o meio
ambiente, pois ajudam a combater o desperdício de materiais.
Para uma edificação ser sustentável, a construtora responsável por essa construção
pode usar diversos mecanismos para tornar isso possível, dentre esse mecanismo estão as
práticas adotadas na entrega do edifício, no qual o projeto será estudo para atender as
necessidades do cliente como também diminuir o impacto ambiental. O gráfico a seguir
apresenta essas práticas citadas pelas construtoras.
Gráfico 6- Práticas adotadas na entrega do edifício

SENSORES DE MOVIMENTO

APROVEITAMENTO DAS CONDIÇÕES NATURAIS

TORNEIRA

TELHADOS VERDES

ENERGIA RENOVÁVEL

OUTROS

0 2 4 6 8 10 12 14

Fonte: Autores.

Analisando o gráfico acima, percebe-se que a prática mais utilizada na entrega dos
edifícios são os sensores de movimento. Além das práticas elencadas no gráfico, outras
práticas foram citadas por meio dos questionários aplicados: a tarifa verde, reduzindo o
consumo em até 70%; sistema para redução do consumo da água; equipamentos com menor
consumo energético
Outra questão foi levantada com as construtoras, relacionada a implementação de
práticas sustentáveis, é se os clientes têm procurado e valorizado a questão da sustentabilidade
na fase da construção dos edifícios e naquilo que o prédio irá oferecer, quando estiver pronto.
Para 64,29% das empresas os clientes não procuram por práticas sustentáveis. No entanto,
92,86% das construtoras consideram que o meio ambiente é uma ótima oportunidade para
negócio, ou seja, o desenvolvimento da gestão ambiental pode proporcionar vários benefícios
(conscientização ambiental; marketing verde; redução de custos; destaque no mercado;
responsabilidade social, menor possibilidade de autuação por parte dos órgãos ambientais e de
ações judiciais).
Contudo, se as empresas adotarem práticas sustentáveis como optar por favorecer o
uso de luz natural; buscar o equilíbrio entre iluminação e sistemas de ventilação naturais e
artificiais; economizar água portável e reduzir as perdas no aproveitamento das águas de
chuva, entre outras inúmeras práticas que existe e, além disso, utilizar produtos e materiais de
menor impacto ambiental, as empresas estarão trazendo benefícios tanto para si mesmo como
também para o ambiente.
Por fim, o gráfico 7 mostra os resultados obtidos através dos levantamentos realizados
nos sites das vinte empresas escolhidas no mês de setembro de 2016, no que tange a
disponibilização de algum espaço voltado para o meio ambiente e/ou responsabilidade social.
Gráfico 7- Construtoras que disponibilizam algum espaço em seus sites voltado ao meio
ambiente e a responsabilidade social.

Fonte: Autores.

Analisando o gráfico percebe-se que no conjunto das vinte empresas, 76% delas não
possuem nenhum espaço em seu site dedicado ao meio ambiente e a responsabilidade social.

Reutilização do entulho gerado


A construção civil é a maior geradora de resíduos em toda sociedade, sejam
provenientes de construções, reformas, reparos e demolições. A reutilização desses resíduos
pode trazer vários benefícios econômicos e ambientais, pois minimizam a extração dos
recursos naturais, além de reduzir os níveis de poluição atmosférica elevados devido à
extração e transporte da matéria prima, assim reduzindo o custo.
Observou-se que 64,29% das empresas em questão não reutilizam seus resíduos
gerados. Sendo assim, 78,57% das construtoras utilizam empresas terceirizadas para o destino
final dos seus resíduos e 21,43% das construtoras destinam seus resíduos para aterros
sanitários, assim essas empresas terceirizadas fazem a triagem desses resíduos de acordo com
as Resoluções CONAMA n°307 e n° 308. Dentre os resíduos reutilizados estão: madeira,
metralha, aço, papelão, papel, plástico, latas de tintas.

Materiais e produtos de menor impacto ambiental

Os materiais e produtos a serem utilizados em um empreendimento podem ser ditos


sustentáveis quando incorporam aspecto de responsabilidade social e ambiental, ou seja,
devemos escolher aqueles que contem certificado ou atestado que garantam a
sustentabilidade. No gráfico a seguir, estão listados os materiais e produtos de menor impacto
ambiental citado pelas construtoras no questionário aplicado.
Gráfico 8- Materiais e produtos de menor impacto ambiental.

Fonte: Autores.

Os dados expostos no gráfico demonstram que 100% das empresas utilizam piso
intertravados em suas construções. Também tiveram destaque o: vidro laminado, uso de
Drywall, portas pré-fabricadas com materiais e produtos de baixo impacto ambiental.

Certificação ambiental

A Certificação Ambiental é concedida a empresas que, nos processos de geração de


seus produtos, respeitam os dispositivos legais referentes às questões ambientais e apresentam
determinados procedimentos exigidos pelo órgão certificador. De acordo com os dados
coletados, só uma construtora possui certificação ambiental. A construtora 19 possui a
certificação AQUA (Alta Qualidade Ambiental), obtida no ano de 2012, tendo sido buscada
quando a construtora percebeu a necessidade de se obter uma certificação através da
conscientização ambiental e a diminuição dos desperdícios no uso de matérias-primas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho expôs a realidade de médias e grandes construtoras da cidade de João
Pessoa, diagnosticando as percepções dos seus dirigentes, as práticas desenvolvidas no campo
da sustentabilidade e o cumprimento do licenciamento ambiental e da legislação ambiental
aplicável a cada situação. Entende-se que compreender o nível de comprometimento das
construtoras de edifícios com a questão ambiental, não pode se restringir aos aspectos
relacionados a geração de resíduos, como muito se observa em outros trabalhos. Deve-se
ampliar tal visão e agregar outros elementos que permitam demonstrar o nível de
comprometimento dessas empresas com o planejamento e a gestão ambiental. Sendo assim,
podemos considerar: existência de um setor de meio ambiente ou um profissional responsável
diretamente pela área ambiental ou a contratação de uma empresa de consultoria ambiental;
acompanhamento por parte da empresa no que tange aos prazos para solicitação de renovação
das licenças ambientais; acompanhar o cumprimento das condicionantes estabelecidas na
licença ambiental de cada empreendimento; buscar um certificado ambiental e tirar proveito
dos benefícios a serem obtidos com tal instrumento; preocupação da empresa com relação a
escolha do local para construção dos edifícios no tocante a legislação ambiental e urbanística;
utilização de produtos e materiais de menor impacto ao meio ambiente (sustentáveis); triagem
dos resíduos gerados nas obras, destino final dos resíduos, reutilização e reciclagem dos
resíduos; inserção de equipamentos, disponibilização de materiais sustentáveis e inovações
construtivas, na entrega dos edifícios, que permita uma diminuição do uso de energia elétrica,
água potável, áreas verdes, geração de resíduos etc., que favoreçam a uma minimização dos
impactos ambientais ao longo da vida útil do empreendimento entregue.
Diante do que foi exposto e relacionando a realidade outras cidades brasileiras,
entende-se que parte das construtoras de João Pessoa, considerando a amostra que foi objeto
da pesquisa, ainda não incorporou a preocupação ambiental como uma das prioridades no
momento de planejar, construir e entregar um edifício. São poucos os exemplos de
construtoras que possuem um nível mais avançado de gestão ambiental nos seus
empreendimentos.

REFERÊNCIAS
BERNARDO, Danieli. Construções Sustentáveis, 2014. Disponível em:
<http://fait.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/flUfnOnW8rEyn7z_2014-4-
22-19-43-27.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2018.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,


DF: Senado, 1988.
BRASIL. Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html>. Acesso em: 18 mar. 2018.

DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na empresa. 2. Ed. 1999. Reimpressão 2010. São
Paulo: Atlas, 2010.
FINK, Daniel Roberto. Aspectos Jurídicos do Licenciamento Ambiental. 1.ed. Rio de
Janeiro: Editora forense universitária, 2000.
KRAEMER, M. E. P. Gestão ambiental: um enfoque no desenvolvimento sustentável.
UOL, São Paulo, 2006. Disponível em: < http://www.artigocientifico.com.br/artigos
/?mnu=1&sm nu=5&artigo=1075 > Acesso em: 11 mar. 2018.

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