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IV EREEC NNE JOÃO PESSOA 2017

A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL: a


necessidade da adoção de práticas sustentáveis na construção de edifícios na
cidade de João Pessoa-PB

Rafael Santos Cruz¹, Ubaldo Rogério Alves dos Santos Monteiro², Cayo Iaslley
Nunes de Lima³, Henrique Elias Pessoa Gutierres4.

¹Graduando do curso de Engenharia Civil (UNIPÊ). E-mail:


rafaelcruzengenharia@hotmail.com
² Graduando do curso de Engenharia Civil (UNIPÊ). E-mail: rogerio_ubaldo@hotmail.com
³ Graduando do curso de Engenharia Civil (UNIPÊ). E-mail: cayo_ita@hotmail.com
4 Professor do curso de Engenharia Civil do UNIPÊ. Geógrafo do Departamento de
Geociências da UFPB. Conselheiro do CREA-PB no Conselho Municipal de Meio Ambiente
de João Pessoa (COMAM). Membro da Associação Profissional dos Geógrafos no Estado
da Paraíba (APROGEO-PB). E-mail: hepg86@hotmail.com

Resumo. A adoção de práticas ambientais na construção civil é de suma importância, já que


o setor é um dos grandes responsáveis pela maior parte dos resíduos produzidos nos
países desenvolvidos e em desenvolvimento. A partir da seleção de vinte empresas que
atuam na construção de edifícios de médio e alto padrão na cidade de João Pessoa, o
presente trabalho tem o objetivo de analisar a inserção das práticas sustentáveis nas
empresas de construção civil do município de João Pessoa. Alguns temas serão de suma
importância para a compreensão desta temática, a exemplo da legislação ambiental
aplicada ao setor da construção civil, certificação ambiental, gestão ambiental no canteiro de
obras e o uso de materiais/equipamentos/práticas sustentáveis na entrega dos
empreendimentos. A partir dos dados levantados, constata-se que nas construtoras da
cidade de João Pessoa a gestão ambiental ainda necessita de avanços que proporcionem
um aprimoramento desse tipo de prática.

Palavras-chave: Sustentabilidade; Certificação ambiental; Gestão ambiental.

Abstract. The adoption of environmental practices in construction is of paramount


importance, as the sector is one of the main responsible for most of the waste produced in
developed and developing countries. From the selection of twenty companies that work in
the construction of medium and high standard buildings in the city of João Pessoa, the
present work has the objective of analyze the insertion of sustainable practices in the
construction companies of the municipality of João Pessoa. Some topics will be of great
importance for understanding this issue, such as environmental legislation applied to the civil
construction sector, environmental certification, environmental management at the
construction site and the use of sustainable materials / equipment / practices in the delivery
of the projects. Based on the data collected, it is verified that in the construction companies
of the city of João Pessoa the environmental management still needs advances that provide
an improvement of this type of practice.

Keywords: Sustainability; Environmental certification; Environmental management.


1. INTRODUÇÃO
A gestão ambiental está presente na esfera pública em seus diferentes níveis
(nacional, regional, estadual e municipal). Em nível empresarial, a gestão ambiental objetiva
não só apenas atender aquilo que preconizam as leis e as normas, mas visa uma
valorização da mesma perante o mercado. Ou seja, aspectos como desempenho ambiental,
passivos ambientais e histórico ambiental são considerados no cotidiano empresarial (valor
das ações, negociações de fusão e aquisição de empresas, ganho de mercados etc.).
Assim, em décadas passadas, não se pensava a possibilidade de o setor empresarial
incorporar o meio ambiente nas suas preocupações cotidianas.
Diversos ramos de atividades têm procurado inserir tal preocupação em suas
atividades e na construção civil não é diferente, considerando que é de suma importância
para um melhor uso dos recursos naturais. A necessidade de incluir tais atividades ajuda a
manter um equilíbrio mais harmonioso entre a população local e o meio ambiente, a fim de
diminuir a demanda por matérias-primas oriundas da natureza, racionalização no uso dos
recursos e uma menor geração de resíduos.
A preocupação sobre este assunto é percebida na cidade de João Pessoa, onde o
mercado imobiliário cresceu de forma intensa nos últimos anos. Portanto, obrigando a
gestão ambiental entrar na lista de preocupações deste setor. Esse tipo de gestão na
construção civil deve incluir a preocupação com o cumprimento das exigências da legislação
ambiental, acompanhamento do cumprimento das condicionantes das licenças ambientais,
envolvendo desde a etapa de concepção do projeto, passando pela fase da construção e
considerando a entrega de um empreendimento que adote equipamentos e práticas
sustentáveis durante toda a sua vida útil.
O presente trabalho abordará temas acerca de como as construtoras vem inserindo
temas de sustentabilidade em seus sites na internet, no canteiro de obra, no escritório, e
serão apresentados dados resultantes de um levantamento sobre o histórico dos autos de
infração aplicados as vinte empresas selecionadas. Alguns temas serão de suma
importância para a compreensão desta temática, a exemplo da legislação ambiental
aplicada ao setor da construção civil; certificação ambiental, gestão ambiental no canteiro de
obras e o uso de equipamentos/práticas sustentáveis na entrega dos empreendimentos.
Esta pesquisa tem por objetivo analisar a inserção das práticas sustentáveis nas
empresas de construção civil do município de João Pessoa. Portanto, será realizado uma
sequência de etapas: verificar a legislação ambiental federal vigente e a legislação
ambiental do município, selecionar as principais construtoras atuantes no mercado da
indústria da construção civil de João Pessoa, buscar atos de infração das construtoras
selecionadas emitidas pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente
(SUDEMA) e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMAM), aplicar questionário e por
fim tratar os dados obtidos.

2. METODOLOGIA
É necessário realizar levantamento e análise bibliográfica (livros, artigos de revistas
científicas, dissertações e legislação ambiental) e levantamento de dados junto a SUDEMA
e a SEMAM no tocante aos autos de infração aplicados as vinte empresas selecionadas
para a pesquisa. Assim como também, realizar um trabalho de campo desenvolvido por
método de aplicação de questionário com representantes das construtoras atuantes na
indústria da construção civil de João Pessoa, a respeito da gestão ambiental na construção
de seus empreendimentos. E pesquisar nos sites das empresas selecionadas a existência
de canais de comunicação e práticas que remetam a preocupação com a gestão ambiental.
Após a sistematização dos dados, estes serão apresentados por meio de tabelas e gráficos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para realizar nossa pesquisa contamos com um conjunto de 20 construtoras da


cidade de João Pessoa-PB, que constroem edifícios residências verticais e horizontais e
empreendimentos comerciais, empregando de 20 a 400 funcionários aproximadamente,
caracterizando em empresas de pequeno a grande porte. Porém não conseguimos obter
respostas de todas, como pode ser visto na tabela abaixo.

Tabela 1: Aplicação do questionário nas construtoras. Fonte: Autores.

Construtoras Sim Não Recolhimento do questionário


1 ABC X
2 Albatroz LTDA-ME X
3 Alliance X
4 Brascon X
5 Conserpa X
6 Da Terra LTDA-EPP X
7 Dimensional Construções LTDA X
8 Eco Construções e Incorporações X
9 Equilíbrio Construtora LTDA-ME X
10 Fibra Construtora e Incorporadora X
11 Hema X
12 Holanda Construtora e X
Incorporadora LTDA
13 Joffer Construtora LTDA X
14 JCP Construções e Incorporações X
15 Massai X
16 MRV X
17 Planc X
18 Techne Arquitetura, Construção e X
Incorporação LTDA-EPP
19 TWS Brasil X
20 Vertical Engenharia e Incorporações X

Analisando a tabela acima, verificamos que das 20 construtoras em questão, em


40% aplicamos o questionário, 30% não responderam (entramos em contato, mais de uma
vez, para marcar a aplicação do questionário, como também deixamos a opção de deixar o
questionário para recolhermos depois ou enviar por e-mail, mas mesmo assim não
recebemos nenhum retorno) e em 30% recolhemos o questionário.
A seguir serão expostos os resultados obtidos através dos levantamentos realizados
nos sites das vinte empresas escolhidas, assim como os autos de infração lavrados pela
SUDEMA e pela SEMAM nos últimos cinco anos (agosto/2011 a agosto/2016), resultantes
de diversos fatos geradores e por seguinte, serão expostos e discutidos os dados obtidos na
aplicação do questionário aos representantes das construtoras pesquisadas.

Gráfico 1: Construtoras que disponibilizam algum espaço em seus sites voltado ao meio ambiente e a
responsabilidade social. Fonte: Autores.

Analisando o gráfico percebe-se que no conjunto das 20 empresas, 76% delas não
possuem nenhum espaço em seu site dedicado ao meio ambiente e a responsabilidade
social. Através das pesquisas realizadas, constata-se que 35% das empresas possui
alguma certificação, a exemplo do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do
Habitat (PBQP-H), Alta Qualidade Ambiental (AQUA) e algumas das empresas em estudo
estão em busca da certificação LEED através de um dos seus empreendimentos.
Também foi realizado um levantamento dos autos de infração aplicados pela
SEMAM e pela SUDEMA as empresas selecionadas (Gráfico 2).

Gráfico 2: Autos de infração aplicados às construtoras do universo amostral. Fonte: SEMAM e


SUDEMA. Org.: Autores.

O levantamento realizado permitiu constatar que a maioria das empresas em estudo


já foi autuada pela SEMAM e pela SUDEMA. Analisando o gráfico, nota-se que nos últimos
cincos anos (compreendendo o período de agosto/2011 a agosto/2016) o maior número de
autos de infração cometido pelas empresas em questão foi no ano de 2014. Vale destacar
que 25% das empresas possuem mais de um auto no período analisado. Em relação aos
fatos geradores dos autos aplicados, estão:
• “Instalar ou realizar obras em desacordo com a licença obtida ou contrariando as
normas legais e regulamentos pertinentes”;
• “Construção obra (edificação multifamiliar com 69 apartamentos), considerado
efetiva ou potencialmente poluidor, sem licença ou autorização do órgão ambiental
competente”;
• “Depositar RCD’s e materiais de resto de construção civil em local inadequado (Via
pública). Em desacordo com a legislação em vigor”;
• “Obstruir ou dificultar a ação fiscalizadora da SEMAM”;
• “Utilizar e/ou funcionar equipamento produzindo poluição sonora para além do limite
real da obra dentro de uma zona especialmente sensível a ruído (residencial) ”.

Portanto, o que foi exposto anteriormente demonstra a importância do licenciamento


ambiental para as empresas que constroem edifícios em João Pessoa, por se constituírem
em dados oficiais, a partir da atuação do poder público no controle das atividades
econômicas. Logo, entende-se que abordar e qualificar uma construção ou empresa como
seguidora de práticas sustentáveis passa também por levantar os dados no tocante ao
licenciamento ambiental e ao cumprimento das condicionantes da licença ambiental.

3.1 Licenciamento ambiental

A legislação ambiental fornece os parâmetros que regem o empreendimento, assim


como permite a identificação das ações de manejo que deverão ser realizadas pelo
empreendedor e pessoas envolvidas, para estar em conformidade com a legislação.

Gráfico 3: Setor de meio ambiente na empresa. Fonte: Autores.

SIM
7%

NÃO
93%

De acordo com o gráfico 3, somente a construtora TWS possui o setor de meio


ambiente, no qual foi criado em 2012.

De acordo com os gráficos 1,2 e 3, percebe-se a necessidade de um maior empenho


acerca do compromisso com o meio ambiente. Isso pode ser notado com os índices de
infração relatado no gráfico 2, que esclarece que as empresas deveriam ter um setor de
ambiente e canais abertos voltados a responsabilidade ambiental.

A construção civil é uma das mais importantes atividades para o crescimento


econômico e social, mas é também considerada como grande causadora de impactos
ambientais devido ao consumo de recursos naturais, modificação na paisagem e geração de
resíduos. As empresas da construção civil devem implantar setores ambientais para
demonstrar sua contribuição com a proteção do meio ambiente. Para isto é preciso ser
investido cada vez mais em programas tecnológicos que auxiliam no cumprimento das
imposições legais, no controle de custos, produtividade, e na divulgação da imagem da
instituição.

Notou-se que apenas 9 construtoras possuem um funcionário responsável pela área


ambiental, e o cargo que apresentou maior frequência para esta função foi o técnico de
segurança do trabalho. Das 9 construtoras, uma afirmou que o profissional responsável pela
área ambiental era um advogado, contudo este funcionário não é o mais indicado para fazer
este serviço, ficando a serviço da construtora contratar um funcionário que conheça as
normas ambientais e suas peculiaridades.

O Projeto de Lei 1105/07, regulamenta a profissão de Técnico de Meio Ambiente.


Seu objetivo é proporcionar a esses técnicos o reconhecimento e a regulamentação da
profissão, fornecendo a eles um registro que lhes possibilite responder pelo exercício da
atividade. Atualmente, os técnicos de Meio Ambiente vêm sofrendo uma grande
desmotivação profissional, uma vez que o mercado está absorvendo técnicos em Segurança
do Trabalho para exercer a profissão dos técnicos ambientais. Com isso, para exercer a
profissão de técnico de meio ambiente, deve ter obrigatoriamente uma formação profissional
adequada, não podendo o técnico de segurança de trabalho exercer esta função.

Pode-se afirmar também uma controvérsia, na maior parte das construtoras possui
um profissional responsável pela área ambiental, mesmo que todas não possuem o
funcionário adequado para esta função, mas a maioria não se encontra um setor de meio
ambiente. O que se percebe a necessidade de uma reestruturação nas questões ambientais
da empresa.

As construtoras Eco e Vertical fazem uso de serviços de empresa de consultoria


ambiental, optando-se pelo a contratação ou não de um setor/funcionário responsável pela
área ambiental.

A educação ambiental pode ser entendida com toda ação educativa que contribui
para a formação de cidadãos conscientes da preservação do meio ambiente e aptos a tomar
decisões coletivas sobre questões ambientais necessárias para o desenvolvimento de uma
sociedade sustentável.

De acordo com os dados, 86% das construtoras promovem educação ambiental.


Com isso, somente duas empresas – Fibra e Albatroz – não promovem educação ambiental
aos seus funcionários. E a maioria das construtoras afirmou que o Sinduscon não
disponibiliza materiais/palestras de gestão ambiental.

O licenciamento ambiental é uma exigência legal a que estão sujeitos todos os


empreendimentos ou atividades que possam causar algum tipo de poluição ou degradação
ao meio ambiente.

Analisando os dados colhidos, notou-se que todas as construtoras pesquisadas


possuem um órgão responsável pelo licenciamento ambiental, e que a maioria possui seus
edifícios licenciados pela SEMAM ou SUDEMA. Tanto a SEMAM como a SUDEMA, em
João Pessoa, podem proceder ao licenciamento ambiental dos edifícios. As empresas que
responderam “ambos” na pesquisa, possuem edifícios licenciados pela SEMAM e outros
pela SUDEMA, ficando a critério da construtora qual órgão escolher.

Foi feito também um levantamento do acompanhamento do cumprimento das


condicionantes, e das licenças ambientais obtidas pelas construtoras do município de João
Pessoa, e declararam que todas têm este tipo de acompanhamento. Daí surge uma questão
a ser avaliada, todas as empresas possuem tal acompanhamento de acordo com a
entrevista, mas nem todas possuem um profissional para fazer este serviço. Com isso,
pode-se perceber um desacordo das respostas e um confrontamento de opiniões.

Gráfico 4: Empresas atuadas por órgãos de fiscalização ambiental. Fonte: Autores.

NÃO
RESPONDERAM
14% SIM
36%
NÃO
50%

Do total de 14 construtoras, 5 afirmaram que já foram atuadas pela fiscalização:


Albatroz, atuada por falta de placa na obra; Fibra, atuada pelo horário de trabalho; TWS,
ruído no canteiro de obra; Dimensional, derrubada de árvore nativa e também por não expor
certificado de licença de operação; Holanda, terrenos por áreas em manejos ambientais. E
duas construtoras não responderam se foram atuadas pela fiscalização.

Pode-se também perceber uma contradição, de acordo com o gráfico 02, a maioria
das empresas foram atuadas pela fiscalização ambiental, e no gráfico 04 mostra o contrário,
nele afirma que 50% não foram atuadas. Com isso, as respostas não se confirmam.

Boa parte das empresas afirmaram que a frequência da fiscalização é anual (36%) e
muito rigorosa (43%).

3.2 Certificação ambiental


A certificação ambiental é concedida a empresas que, nos processos de geração de
seus produtos, respeitam os dispositivos legais referentes às questões ambientais e
apresentam determinados procedimentos exigidos pelo órgão certificador.
De acordo com os dados obtidos, foi observado que apenas 14% construtoras
possuem certificação: TWS (Certificação ambiental), Massai, Conserpa e Daterra possuem
certificação de qualidade. Contudo, apenas a TWS possui certificação – AQUA-, que
obtiveram no ano de 2012 e 2015 e relataram que a construtora percebeu a necessidade de
se obter uma certificação através da conscientização ambiental e a diminuição dos
desperdícios no uso de matérias-primas.
Pode-se perceber que o fator principal que dificulta a obtenção destas certificações é
o seu alto custo. Pois precisa-se de um melhoramento da produção e execução da obra, no
que requer altos investimentos.

3.3 Reutilização do entulho gerado


A construção civil é a maior geradora de resíduo em toda sociedade, seja ela,
provenientes de construções, reformas, reparos e demolições, mas a reutilização desses
resíduos pode trazer vários benefícios econômicos e ambientais, pois minimizam a extração
dos recursos naturais, além de reduzir os níveis de poluição atmosférica elevados devido a
extração e transporte da matéria prima, assim reduzindo o custo.

Observou-se que 64,29% das empresas em questão não reutilizam seus resíduos
gerados, logo de acordo com a pesquisa realizada (através das entrevistas), 78,57% das
construtoras utilizam empresas terceirizadas para o destino final dos seus resíduos e
21,43% das construtoras destinam seus resíduos para aterros sanitários, assim essas
empresas terceirizadas fazem a tiragem desses resíduos de acordo com as Resoluções
CONAMA n°307 e n° 308. Dentre os resíduos reutilizados estão: madeira, metralha, aço,
papelão, papel, plástico, latas de tintas.

Sendo assim 85,71% das empresas promovem educação ambiental (seja por
palestras ou cursos) aos seus funcionários, e dentre esses 85,71% apenas 57,14% das
empresas oferecem o curso de descarte de resíduos para os seus funcionários, logo
percebemos que a educação ambiental é importante pois o indivíduo e a coletividade
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas
para a conservação do meio ambiente.

3.4 Materiais e produtos de menor impacto ambiental


Os materiais e produtos a serem utilizados em um empreendimento podem ser ditos
sustentáveis quando incorporam aspecto de responsabilidade social e ambiental, ou seja,
devemos escolher aqueles que contem certificado ou atestado que garantam a
sustentabilidade.
Foi observado que 100% das empresas em questão utiliza piso intertravados em
suas construções, elas também destacaram Vidro laminado, uso de Dry Wall, Portas pré-
fabricadas como materiais e produtos de baixo impacto ambiental. Através dos dados
obtidos em campo, constatou que 71,43% das construtoras se preocupam com a escolha do
local para construção, dentre estas preocupações a maior delas foi atender a legislação
(resoluções, na esfera municipal) ambiental vigente, ou seja, as empresas estão se
conscientizando, seguindo a lei.

3.5 Práticas sustentáveis


As empresas que se consideram sustentáveis devem adotar atitudes éticas, no qual
visem seu crescimento sem agredir o meio ambiente como também colaborar para o
desenvolvimento da sociedade. Assim adotar práticas sustentáveis pode trazer vários
benefícios para as empresas, como: melhorar a imagem da empresa; economia, com
redução do custo de produção, melhorar as condições ambientais do planeta, entre outros.

Observamos que 14,29% das empresas entrevistadas adotam práticas sustentáveis


tanto no escritório como no canteiro de obra, dentre as práticas utilizadas estão: reutilização
de água, gestão de resíduos, economia de energia por painéis solares, educação ambiental,
otimização de alvenarias, automação de sistemas, reuso de madeiras.

Para uma edificação ser sustentável, a construtora responsável por essa construção
pode usar diversos mecanismos para tornar isso possível, dentre esse mecanismo está a
prática adotadas na entrega do edifício, no qual o projeto será estudo para atender as
necessidades do cliente como também diminuir o impacto ambiental, no gráfico a seguir
mostrará essas práticas citadas pelas construtoras em nossa pesquisa.

Analisando os dados, percebeu-se que a prática mais utilizada na entrega dos


edifícios são os sensores de movimento, mais além das práticas citadas acima e de acordo
com a pesquisa realizada em campo podemos citar: a tarifa verde, reduzindo o consumo em
até 70%; sistema para redução do consumo da água; equipamentos com menor consumo
energético, ou seja, são práticas que as construtoras estão buscando para inserir nas suas
construções e claro, dando assim uma opção para que os clientes possa escolher por um
ambiente no qual provoque menor impacto ambiental, mas de acordo com a pesquisa
realizada 64,29% das empresas confirmaram que os clientes não procuram por práticas
sustentáveis, sendo assim, em pleno século XXI, tanto os cidadãos como as empresas tem
que saber a importância do meio ambiente, logo deve ser implementado nas escolas um
ensino sobre a educação ambiental, pois assim, a população já terá, desde cedo, uma
mente aberta sobre a conscientização ambiental e claro, neste caso irão obrigar as
empresas a construírem edifícios 100% sustentáveis.

Segundo a pesquisa realizada, 92,86% das construtoras entrevistadas responderam


que o meio ambiente é uma ótima oportunidade para negócio, ou seja, com o
desenvolvimento da gestão ambiental, de acordo com as empresas pode trazer vários
benefícios. Dentre eles os mais citados em síntese foram: conscientização ambiental,
marketing, redução de custos, destaque no mercado, responsabilidade social.

Contudo, se as empresas adotarem práticas sustentáveis como optar por favorecer o


uso de luz natural; buscar o equilíbrio entre iluminação e sistemas de ventilação naturais e
artificiais; economizar água portável e reduzir as perdas no aproveitamento das águas de
chuva, entre outras inúmeras práticas que existe e, além disso, utilizar produtos e materiais
de menor impacto ambiental, as empresas estarão trazendo benefícios tanto para si mesmo
como também para o planeta, pois indiretamente ela está promovendo uma educação
ambiental, no qual é de suma importância para o meio ambiente.

4. CONCLUSÕES

Nas construções, a implantação dos sistemas de práticas sustentáveis vem sendo


um passo decisivo no desenvolvimento nas construtoras, bem como a preservação do meio
ambiente. Atualmente, este tema vem sendo amplamente difundido com o objetivo de
melhorar a relação bem-estar e desenvolvimento.
Dessa forma, a partir dos dados levantados, constata-se que nas construtoras da
cidade de João Pessoa, o tema da sustentabilidade ainda não se consolidou, e a maior
parte das empresas, cerca de 80%, não têm um canal aberto com a população em suas
páginas na internet. Com isso, notou-se que é preciso a sociedade local entender como o
ramo da construção é vital ao desenvolvimento e suas peculiaridades gerais, a fim de
ampliar o seu conhecimento acerca da sustentabilidade e acompanhar de perto o que
acontece com o meio ambiente, se não forem adotadas medidas cabíveis de preservação.
Um ponto a ser considerado é no que se trata das infrações, de acordo com os
estudos realizados, percebeu-se que a maioria das empresas já foi autuada, sejam elas de
responsabilidade social (prejudicando o bem-estar da população), como também a de ordem
ambiental (afetando o meio ambiente). Com isso, é necessário um maior rigor dos órgãos
ambientais, bem como um maior comprometimento das construtoras acerca de assuntos
que tratam da preservação do meio ambiente e sua inter-relação dentro da sociedade.
Através dos dados levantados para aperfeiçoar o entendimento da inserção das
práticas sustentáveis nas empresas que constroem edifícios no município de João Pessoa,
percebeu-se que a maioria das construtoras têm a preocupação em não ser punida
legalmente e/ou administrativamente, com isso se licenciar ambientalmente é prioridade,
assim como também em atender a legislação ambiental vigente. Porém, é feito apenas o
necessário, apesar da maioria das empresas vender uma imagem sustentável, apenas uma,
possui certificação ambiental, pode-se então analisar que a certificação ambiental não é tida
como um diferencial e sim como um custo adicional que neste momento de recessão
financeira, não é viável.
Logo, é preciso que seja feito mais pelo meio ambiente, é notório que houve uma
grande aceitação do “ecologicamente correto”, porém é preciso que a sustentabilidade seja
um critério decisivo na compra de um imóvel para o consumidor, pois com isso as empresas
terão que, cada vez mais, inserir práticas sustentáveis no canteiro de obra, no escritório, na
entrega dos edifícios, para se destacar ambientalmente e consequentemente ganhar
mercado, suprindo os consumidores.

5. REFERÊNCIAS
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