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JOGOS E BRINCADEIRAS: O Lúdico na Educação Infantil e o Desenvolvimento


Intelectual

Elirian de Oliveira Morais1


Eudeiza Jesus de Araújo2

Resumo: O presente artigo tem por finalidade levar o educador/a repensar as suas
práticas educacionais utilizando jogos e brincadeiras para que o ensino e
aprendizagem sejam significativos ao/a educando/a. A metodologia utilizada foi a
pesquisa bibliográfica, na qual haja uma argumentação eficiente respaldado por
teorias especializadas. A ludicidade na educação infantil tem se tornado cada vez
mais um dos instrumentos que fomentam um ensino aprendizado de qualidade para
o/a educando/a, promovendo o desenvolvimento de várias habilidades fundamentais
durante o processo de crescimento do/a mesmo/a. Considera-se então, que o trabalho
com o lúdico, é necessário ao desenvolvimento integral do/a educando/a.

Palavras chave: Lúdico. Ensino. Aprendizagem Significativa.

INTRODUÇÃO

Diante de vários temas foi feito a escolha deste, pois é de grande relevância na
vida do/a educando/a e educador/a. Observar como uma criança em idade escolar
aprende expressivamente utilizando jogos e brincadeiras e perceber que ao assimilar
tal atividade de forma divertido e agradável, são ao mesmo tempo desafios ainda
presentes na prática educacional.

A lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n.º 9.394/96 em seu Artigo


29, expressa que:

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade


o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade.

Embora já estejamos no século XXI, ainda existem muitas escolas que


funcionam no sistema tradicional de ensino, fazendo com que seja limitado a ação
educativa do educando, e acaba deixando de incluir no planejamento educacional,
jogos e brincadeiras, Freire afirma que: (1996, p. 30) “ensinar implica em respeitar os
saberes dos educandos e não simplesmente transferir os conteúdos sem discutir o

1
Acadêmica do 8º Período de Pedagogia na FAP (Faculdade de Pimenta Bueno – RO). e-mail:
eliriabdeoliveira@hotmail.com
2 Mestre em Educação e Linguagem, especialista em Metodologia de Ensino e Educação Brasileira; e

Arte, Educação e Tecnologias Contemporâneas. e-mail: eudeiza@hotmail.com


2

porquê daqueles conteúdos” [...], sabendo que essas atividades trabalham os


movimentos livres e espontâneos do educando (FREIRE, 1996).

Observando o processo de ensino-aprendizagem no decorrer dos anos, nota-


se que embora venha sofrendo mudanças na metodologia de ensino, sempre
buscando formas que facilitem a apropriação dos conteúdos trabalhados pelo
professor/a, facilitando assim no processo de aprendizagem do/a educando/a
(VYGOTSKY, 1998), são poucas as práticas realizadas com o intuito de conciliar
ludicidade e aprendizagem.

Então, de que maneira os jogos e brincadeiras podem favorecer o


desenvolvimento integral do educando da educação infantil? Infelizmente o lúdico não
está ocupando o espaço de aprendizagem, observa-se que o jogo e brincadeira, tem
sido realizada como mera atividade que preenche o tempo dos/as educandos/as,
sendo desenvolvidas sem objetivos definidos e sem propósito educacional para que
isso não aconteça é preciso levar o educador/a repensar as suas práticas
educacionais utilizando jogos e brincadeiras para que o ensino e aprendizagem sejam
significativos ao/a educando/a com isso a utilização da ludicidade é de suma
importância.

Embora hoje sejam usados diversos recursos tecnológicos modernos, tais


como: computadores, tabletes, jogos online, lousa digital entre outros, é necessário
que seja utilizado o lúdico para trabalhar o lado criativo do/a educando/a e dessa
maneira não haja defasagem em sua aprendizagem.

Este trabalho consiste em uma pesquisa bibliográfica, na qual haja uma


argumentação eficiente respaldado por teorias especializadas. Assim Gil (1991 p. 48)
conceitua “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de materiais já elaborados,
constituídos principalmente de livros e artigos científicos. (...)”. Vários teóricos como
Vygotsky (1998), Santos (2002), Antunes (1992), Carvalho (2004), Wajskop (2009) e
Kishimoto (2002) apoiam essa prática, pois com o lúdico a criança se apropria com
mais facilidade dos conteúdos e de todas as propostas que o educador lhe propuser.
Veem-se mudanças nos recursos didáticos, principalmente os das áreas pedagógicas,
nestes incluem-se os jogos e as brincadeiras que, quando são usadas de maneira
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adequadamente tornam a aprendizagem mais agradável, significativa e prazerosa


para o/a educando/a.

Em primeiro lugar far-se-á um breve relato do contexto histórico do uso do


lúdico na educação infantil, depois a sua relevância para o ensino aprendizagem dos
educandos. Em seguida como alguns teóricos defendem essa pratica tão essencial
na vida de uma criança e concluindo como os jogos e brincadeiras poderão ser um
excelente instrumento de ensino para o/a educador/a.

2.CONTEXTO HISTÓRICO

Fazendo uma abordagem histórica e observando-se a construção do termo


lúdico com uso de jogo educativo já existia a muitos séculos, pois essa atividade já
demonstrava seus benefícios, desde Roma e da Grécia Antiga.

Diante de relatos existentes Kishimoto (2003), relata que na Grécia antiga e em Roma
já havia o uso de atividades lúdicas como jogos educativos para que as crianças tivessem
maior desempenho diante das atividades sugeridas a elas. E no século XIX o ensino de
línguas é enfatizado pelo desenvolvimento comercial e pela ampliação dos meios de
comunicação e aparecem, assim, os jogos para o ensino de línguas vivas de forma lúdica.
Desta maneira Kishimoto (2002), fala da importância do jogo e da brincadeira
na educação, na antiguidade já se destacava, os filósofos como Platão e Aristóteles,
e posteriormente Quintiliano, Montaigne e Rousseau, que já defendiam essa pratica
de ensino, em sua época, pois o papel do jogo e da brincadeira na educação é de
extrema relevância. Destacou-se também como grande defensor das atividades
lúdicas São Tomás de Aquino, que, no século XIII, defendia o brincar como necessário
para o desenvolvimento humano. No entanto a autora ressalva que Fröebel (1913),
que fora o precursor da escola infantil, ou seja, por ser o criador do jardim da infância,
com ele o lúdico passou a fazer parte do currículo de educação infantil. E a partir da
década de cinquenta do século XX, começou a surgir vários estudos sobre o jogo e
brincadeira como ferramenta auxiliadora da aprendizagem.
Kishimoto (2002) ressalta ainda que os jogos foram transferidos de geração em
geração por meio de sua pratica, permanecendo na memória infantil. E que através
da tradição e da universalidade dos jogos são observados que os povos, antigos da
Grécia e do Oriente, já brincaram de amarelinha, empinar pipas e jogar pedrinhas.
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Pois bem os jogos tradicionais infantis são tipo livre, espontâneo, no qual a criança
brinca pelo prazer de brincar.
Kishimoto (2002) fala sobre as percepções froebelianas na educação, do
homem e da sociedade, pois estão intimamente vinculadas ao brincar.

[...] a brincadeira é uma atividade espiritual mais pura do homem neste


estágio e, ao mesmo tempo, típico da vida humana enquanto todo –
da vida natural/ interna do homem e de todas as coisas. Ela dá alegria,
liberdade, contentamento, descanso externo e interno, e paz com o
mundo [...] a criança que brinca sempre, com determinação auto-ativa,
perseverando, esquecendo sua fadiga física, pode certamente tornar-
se um homem determinado, capaz de auto-sacrifício para de seu bem
e dos outros [...] O brincar, em qualquer tempo, não é trivial, é
altamente sério e de profunda significação (FROEBEL apud,
KISHIMOTO, 2002, p.23).

Segundo esta autora observa-se, como a/o educado/a brinca com os


conhecimentos de arrastar, andar, pegar, entre outros e quando aprende a
representá-las mentalmente, passa utilizar ou ainda jogar com eles, por que com o
jogo, no qual a brincadeira está inserida, as representações mentais na qual foram
construídas pela criança, irá se desenvolvendo e construindo a realidade do mesmo.
Kishimoto (1993, p. 15) afirma:

Os jogos têm diversas origens e culturas que são transmitidas pelos


diferentes jogos e formas de jogar. Este tem função de construir e
desenvolver uma convivência entre as crianças estabelecendo regras,
critérios e sentidos, possibilitando assim, um convívio mais social e
democracia, porque “enquanto manifestação espontânea da cultura
popular, os jogos tradicionais têm a função de perpetuar a cultura
infantil e desenvolver formas de convivência social”.

O lúdico na educação infantil deve ser visto pelo/a professor/a como a


oportunidade leva-lo compreender os significados e a importância das brincadeiras
para a educação, (CARVALHO, 1992). O/a educador/a deve ser instigado a inserir o
lúdico na sua forma de trabalhar, sendo levados a ter consciência das vantagens de
transmitir seus conhecimentos através de jogos e brincadeiras.
(...) O efeito educativo da brincadeira infantil, na qual as crianças se
sentem ligadas por toda uma rede de regras complexas ao mesmo
tempo aprendem a subordinar-se a regras a essas regras como a
subordinar a elas o comportamento das outras e a agir nos limites
rigorosos traçados pelas condições da brincadeira. (VIGOSTSKI, 1934
p.263).
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Assim segundo Vigostski, o uso de atividades lúdicas tem uma enorme


contribuição para que haja de forma agradável a aquisição do saber. Pois a/o
educando/a irá assimilar as regras do jogo e assim automaticamente levará essa
aprendizagem para sua vida. “A brincadeira, que referimos como melhor mecanismo
educativo do instinto, é a melhor forma de organização do comportamento emocional.”
(VIGOSTSKI, 1934 p.147).
Do ponto de vista de Vygostky, o/a educando/a deve se sentir motivado, para
isso a utilização do lúdico, é um dos fatores principais não só para o sucesso da
aprendizagem, mas também para que haja crescimento do ser. Sendo assim, os jogos
e brincadeiras são excelentes métodos de mediação entre o prazer e o conhecimento.
(...) o brincar e o jogo documentam como o adulto coloca-se com
relação a criança e mostra suas concepções e representações do
sujeito criança. O jeito de lidar, organizar, propor, respeitar e valorizar
as brincadeiras das crianças (...). A criança expressa-se pelo lúdico e
é desse ato que a infância carrega consigo a brincadeira. (...).
(DORNELLES, 2001 p. 103).

Dessa maneira, a autora mostra que, enquanto o/a educando/a está fazendo
uma atividade lúdica a tal brincando estará aprendendo várias coisas durante a
execução dela. Com essa ferramenta a favor do educador ele pode levar seu/sua
educanda/o a vivenciar várias experiências diferentes e obter resultados excelentes
utilizando a ludicidade.

2.1 Lúdico na perspectiva de alguns teóricos.

O lúdico tem sua origem na palavra latina "ludus" que quer dizer "jogo”. No
dicionário escolar da Academia Brasileira de Letras (2001), traz o significado de
Lúdico como: “[...] que se refere a jogos, brinquedos e divertimentos: o aspecto lúdico
da aprendizagem. ”
Durante o desenvolvimento da palavra "lúdico" no aspecto educacional, não
parou apenas nas suas origens. O lúdico passou a ser reconhecido como algo
essencial para o auxílio do desenvolvimento e comportamento humano. Deste modo
a definição deixou de ser uma simples brincadeira ou jogo. Pois os resultados do uso
da ludicidade excedem os alcances do brincar instintivo.
Brincadeira, de acordo com o dicionário Aurélio Júnior (2011); “divertimento,
sobretudo entre crianças”. E o jogo “brinquedo, folguedo, divertimento”, ou seja,
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brincar é algo muito presente nas nossas vidas, e para a criança a brincadeira e os
jogos faz parte de sua realidade de vida.
A importância do lúdico para, Vygotsky:
É na atividade de jogo que a criança desenvolve o seu conhecimento
do mundo adulto e é também nela que surgem os primeiros sinais de
uma capacidade especificamente humana, a capacidade de imaginar
(…). Brincando a criança cria situações fictícias, transformando com
algumas ações o significado de alguns objetos”. (VYGOTSKY, 1991,
p.122).

De acordo com o autor, a criança envolve-se em um mundo imaginário, nos


quais realizam todos os seus desejos, usando o lúdico a criança demostra o mundo e
é onde vivencia suas fantasias. E os jogos conseguem despertar no educando um
grande interesse e atração, pois ao mesmo tempo em que em que está se divertido
também está aprendendo e se desenvolvendo.
A escola ao estar valorizando o lúdico, adaptando jogos e brincadeira no seu
planejamento pedagógico, assim o educador consegue que o/a educando/a forme um
bom conceito de mundo e da sociedade, pois com a utilização do lúdico trabalha-se
afetividade, a sociabilização, a criatividade, a estimula-las, os direitos e deveres de
cada uma.
Enfim, utilização da brincadeira e do jogo, é um instrumento para a
aprendizagem da/o educanda/o, porque ela aprende a lidar com o mundo, formando
sua personalidade, sentimentos a lidar com o medo.
Para Wajskop (2009) o lúdico proporciona um desenvolvimento sadio e
harmonioso, sendo uma maneira agradável dos/as educandos/as aprender. Através
do brincar, o/a educando/o aumenta a sua independência, estimula sua sensibilidade
visual e auditiva, valoriza a cultura popular e ainda desenvolve habilidades motoras,
diminuindo a agressividade e assim trabalhar a imaginação e a criatividade,
aprimorando a inteligência emocional, aumentando a integração com os colegas,
promovendo assim, o desenvolvimento um crescimento sadio.

Considerando que a brincadeira deve ocupar um espaço central na


educação infantil, entendo que a professora é figura fundamental para
que isso aconteça, criando os espaços, oferecendo-lhes material e
partilhando das brincadeiras das crianças. Agindo desta maneira, ele
estará possibilitando às mesmas uma forma de acender às culturas e
modo de vida adultos, de forma criativa, social e partilhada.
(WAJSKOP, 2009 p. 112).
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De acordo com a autora, o trabalho diferenciado, criativo e dinâmico, levando


assim métodos para que o educando realize a construção de um saber através de
experiências práticas, com situações do cotidiano, desenvolvendo, o conhecimento
lógico, sua capacidade de pensar, executar e resolver situações problemas usando
jogos e brincadeiras, para que de forma lúdica se possa mediar os conteúdos de
maneira diferenciadas e a concepção de mundo.

Para Kishimoto (2002), usar atividades lúdicas no processo de ensino e


aprendizagem pode ser uma grande ajuda, para o desenvolvimento do/a educando/a,
os jogos e brincadeiras são atividade que despertam muito o interesse do aluno.
O jogo como promotor da aprendizagem e do desenvolvimento, passa
a ser considerado nas práticas escolares como importante aliado para
o ensino, já que colocar o aluno diante de situações lúdicas como jogo
pode ser uma boa estratégia para aproximá-lo dos conteúdos culturais
a serem veiculados na escola. (KISHIMOTO 2002, p. 13).

Dessa forma percebe-se a necessidade do/a educador/a, pensar nas atividades


lúdicas, como uma ferramenta e com isso utiliza-las em diferentes momentos de seu
planejamento. Sempre lembrando que o jogo e a brincadeira exigem que haja
confronto, negociação e trocas, sempre promovendo conquistas cognitivas,
emocionais e sociais.
De acordo com Carvalho (1992, p. 28), “(...) o ensino absorvido de maneira
lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e afetivo no curso do desenvolvimento
da inteligência da criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato
transformador(...)”. o lúdico se torna importante no desenvolvimento do educando,
desta forma os jogos e as brincadeiras vão surgindo gradativamente na vida da/o
educando/a, assim as regras, o respeito, a socialização e a construção do
conhecimento. Então atividades com elementos bem elaborados, proporcionam
experiências, possibilitando a conquista e a formação da sua identidade.
Como se pode perceber, o lúdico é usado para que haja total interação do/a
educando/a. Para um ensino-aprendizagem, eficaz é preciso que o aluno construa o
seu próprio conhecimento e assimilem os conteúdos. Assim o jogo e a brincadeira,
são um excelente recurso, um facilitador da aprendizagem, neste sentido, Carvalho
(1992, p.3), “brincadeiras, músicas e histórias que expressam o olhar infantil, olhar
construído no processo histórico de diferenciação do adulto.

Para Santos o lúdico é:


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(...) uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode


ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico
facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural,
colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior
fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e
construção de conhecimento. (SANTOS 2002, p. 12).

Santos (2002), mostra a dimensão que a atividade lúdica desempenha na vida


do ser humano, pois o autor vê que a ludicidade como algo essencial para o homem
ele fala que não importa a idade da pessoa, mas que em todas as idades o ser humano
gosta de brincar, essa brincadeira só toma dimensões e proporções diferentes, sendo
assim o lúdico tem grande importância para a humanidade.
Antunes (1992, p. 13) diz, “uma capacidade de resolver problemas ou de
elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais ambientes culturais ou
comunitários”. Assim o papel do/a educador/a instigar o educando, pois o professor é
o grande responsável para que haja utilização do lúdico como instrumento didático,
feito de maneira eficiente.
“Os jogos ou brinquedos pedagógicos são desenvolvidos com a intenção
explícita de provocar uma aprendizagem significativa, estimular a construção de um
novo conhecimento” (ANTUNES, 2002, p. 38). O/a educador/a deve preparar
seus/suas educandos/as para o momento do jogo e esclarecer as regras a serem
obedecidas, após o termino da atividade lúdica o/a professor/a deve leva-los a
consciência do que fora trabalhado naquele período da aula.
Sendo assim Antunes, afirmar que a ludicidade do jogo educacional
proporciona momentos mágicos e únicos na vida do/a educando/a, porque no instante
que se diverte, o/a educador/a está em busca de ensina e desenvolve o raciocínio e
a criatividade de seu aluno e ainda obter um espirito de responsabilidade diante da
situação colocada a ele.

3. JOGOS E BRINCADEIRAS ATIVIDADES PARA O FÍSICO E O PSÍQUICO DA


CRIANÇA.

Hoje no século XXI, já se observa que há algumas tendências na qual o/a


educador/a utiliza jogos e brincadeiras que exigem mais raciocínio lógico das/os
educandas/os. E estas atividades favorecem o desenvolvimento de habilidades
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motoras, sensoriais e estimulam o raciocínio lógico dos educandos. Kishimoto (2002)


ainda comenta que “os jogos de construção são considerados de grande importância
por enriquecer a experiência sensorial, estimular a criatividade e desenvolver as
habilidades das crianças”. (KISHIMOTO, 2002, p. 40).
Muito se ouve falar sobre a necessidade de melhorar o ensino em nosso país.
Mas, para que isso aconteça, é necessário que se mude a maneira de ensinar,
nossos/as educandos/as. O/a educador/a deve instigar o aluno e mostrar formas
diferentes para que ele crie, inove, descubra e construa o seu conhecimento. Diante
disto Carvalho diz:

(...) o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto


significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da
criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato
transformador em ludicidade, denotando-se, portanto em jogo.
(CARVALHO, 1992, p.28).

Santos (2002, p.41) afirma que, “[...] a ludicidade é uma necessidade do ser
humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. ” Muitos/as
educadores/as ainda não dão a real importância do “brincar”, pois isso facilita no
desenvolvimento pessoal, social e cultural do aluno. O/a educador/a precisa
compreender que para o/a educando/a, o lúdico é um facilitado no processo de
aprendizagem.
Wajskop (2009, p. 32) afirma que "Do ponto de vista do desenvolvimento do/a
educando/a, a brincadeira traz vantagens sociais, cognitivas e afetivas." Portanto
Wajskop vê o uso do lúdico como algo de extrema relevância no aprendizado do aluno.
Pois quando o/a educador/a faz uso de maneira adequada pode levar o/a educando/a
a se apropriar do conteúdo com mais prazer e de forma que faça sentido para a ela.

A criança que brinca pode adentrar o mundo do trabalho pela via da


representação e da experimentação; o espaço da instituição deve ser
um espaço de vida e interação, e os materiais fornecidos para as
crianças podem ser uma das variáveis fundamentais que auxiliam a
construir e a apropriar-se do conhecimento universal (WAJSKOP,
2009, p. 27).

Diante desta perspectiva pedagógica, (WAJSKOP, 2009) afirma que, o


desenvolvimento do ensino-aprendizagem, através do lúdico faz com que o/a
educando/a adquira à capacidade de interação com o meio social, cognitivo e
imaginativo, pois com jogos e brincadeiras pode ser trabalhado o espaço, valores
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ultrapassados e os conservadores, com as quais boa parte delas se deparam no seu


cotidiano.
A autora ainda enfatiza que ao mesmo tempo em que a brincadeira é um
espaço de constituição do educando, é também lugar de superação do aluno. Dessa
maneira pode-se dizer que, “[...] a brincadeira deixa de ser concebida como uma
característica inata da natureza infantil e passa a ser vista como uma atitude e uma
linguagem que é aprendida nas relações sociais e afetivas desde a mais tenra idade”
(WAJSKOP 2009, p. 67).
Assim espera-se que os/as professores/as de educação infantil utilizem o lúdico
para desenvolver suas habilidades e competências de maneira agradável para o/a
educando/a.

3.1 O processo de ensino-aprendizagem com auxílio do lúdico na educação


infantil.
Sabendo que de modo geral os/as educadores/as, sentem dificuldade de
compartilhar seus conhecimentos, sendo que isso poderia ser mais facilmente
propagado, se os professores usassem jogos e brincadeiras para isso acontecesse.
O lúdico deve ser visto como uma ferramenta didática para o/a educador/a,
como forma de tornar a aprendizagem mais prazerosa, agradável e eficaz.
Proporcionar conhecimento através de atividades como jogos e brincadeiras
pode auxiliar a/o educando/a, para que a mesma obtenha melhor desempenho em
sua aprendizagem. Torna-se muitas as vantagens de transmitir o conhecimento
ludicamente e, dentre elas, podemos citar: a melhoria da capacidade cognitiva do/a
educando/a, a potencialização da sua capacidade psicomotora, bem como, da sua
capacidade de relacionar-se com seus colegas.
Carvalho (1992, p.14) afirma que:
[...] desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental
importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo
que está a sua volta, através de esforços físicos se mentais e sem se
sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade,
portanto, real valor e atenção as atividades vivenciadas naquele
instante.

Dessa maneira o/a educador/a se torna peça fundamental nesse processo.


Educar não é apenas repassar informações ou apenas mostrar um caminho, mas é
algo muito mais amplo é ajudar ela a tomar consciência de si mesmo, e da sociedade.
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É mostrar várias formas ou ferramentas para que eles possam escolher seus
caminhos. Até que os mesmos escolham um caminho compatível com seus valores,
sua visão de mundo e com as circunstâncias adversas que cada um irá encontrar.
Nessa perspectiva, segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil
(BRASIL, 1998, p. 30):

O professor é mediador entre as crianças e os objetos de


conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de
aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas,
emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus
conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes
campos de conhecimento humano.

Segundo Vygotsky (1998), o/a educador/a pode utilizar jogos, brincadeiras,


histórias e outros, para que de maneira lúdica o/a educando/a seja desafiado/a a
pensar e resolver situações problemas, dessa maneira ela imita e recrie regras usadas
pelo adulto. Jogos e brincadeiras podem ser utilizados como uma estratégia para que
haja o ensino e a aprendizagem.
De acordo com Kishimoto (2002), o jogo e a brincadeira são considerados uma
atividade com valor educacional, a utilização de tal no ambiente escolar traz muitas
vantagens, no processo de ensino aprendizagem, a criança através do jogo tem um
impulso natural e é um grande motivador, pois usando jogos e brincadeiras o/a
educador/a através do prazer realiza a atividade e consegue atingir o objetivo da
mesma, com o jogo e a brincadeira o/a educando/a cria alguns esquemas mentais, e
estimula o pensamento, o tempo e espaço, assim integra várias dimensões da
personalidade tais como, afetividade, socialização, coordenação motora e cognitiva.
E Antunes (2004 p.31) diz:

(...) no ato de brincar que toda criança se apropria da realidade


imediata, atribuindo-lhe significado. Em outras palavras, jamais se
brinca sem aprender e, caso insista em ima separação, esta serie de
organizar o que se busca ensinar, escolhendo brincadeiras adequadas
para que melhor se aprende.

Segundo Kishimoto (2002), o/a educando/a que brinca sempre, acaba se


esquecendo sua fadiga física e isso certamente fara com que torna-se homem
determinado, capaz de auto sacrifício para a promoção do seu bem e de outros.
Pois o brincar é essencial, por que ela revela-se de diversas formas buscando
maneiras, objetos, movimentos, atividades que ira trabalhar diversas habilidades. E
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isso auxiliara na boa formação infantil nos aspectos emocional, intelectivo social e
físico.

Kishimoto (2002) fala, sobre a importância do jogo e da brincadeira na


educação infantil em suas pesquisas procura mostrar a necessidade que se tem do
uso dessas atividades na educação infantil.

A ludicidade, tão importante para a saúde mental humana, precisa ser


mais considerada; o espaço lúdico da criança está merecendo maior
atenção, pois é o espaço para a expressão mais genuína do ser, é o
espaço de exercício da relação afetiva com o mundo, com as pessoas
e com os objetos. (CUNHA, 2005 p. 09).

Assim as atividades lúdicas podem propiciem uma vivência plena, integrando


desta maneira a ação, o pensamento e o sentimento. Essas atividades podem ser um
jogo, uma brincadeira ou alguma outra atividade relação coletiva ou que o sensibilize,
tais como: um trabalho de recorte e colagem, jogos, teatros dramáticos, exercícios de
relaxamento e respiração, movimentos significativos, atividades rítmicas, entre outras
tantas possibilidades. Sendo que essas atividades lúdicas devem de ser muito bem
orientadas e sempre que necessário fazer reajustes.
Sendo que essas atividades além de serem divertidas as próprias devem
apresentar certo grau de dificuldade de maneira que os/as educandos/as consigam
desenvolve-las, e sempre que necessário o/a educador/a deve encorajar seu/sua
educando/a para que ele se desenvolva e aprenda a enfrentar seus desafios. Pois
através de jogos eles aprendem a respeitar regras, trabalhar em equipe toma
consciência entre certo e errado, tornando-se assim um adulto consciente de seus
direitos e deveres.

As relações cognitivas e afetivas, consequentes da interação lúdica,


propiciam amadurecimento emocional e vão, pouco a pouco,
construindo a sociedade infantil. Especialmente nos jogos grupais, a
interação acontece de maneira mais fácil, pois é estimulada pela
necessidade que os elementos de grupo têm de alcançar
determinadas metas. Para extrair resultados mais ricos dessa
interação é necessário mudar sempre os elementos dentro de cada
grupo. (Cunha, 2005 p. 13).

Dentro de um ambiente lúdico o professor pode mediar e induzir o/a


educando/a, a construção e aquisição de diferentes saberes. Sendo que diante das
manifestações e posicionamento do/a o/a educador/a poderá observar e perante essa
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observação, fazer ajustamentos ou alterações necessárias para uma melhor


compreensão deles/as, assim além dela/e experimentar o mundo ao seu redor estará
desenvolvendo diversas habilidades enquanto brinca.

Considerações Finais

Este artigo, mostra que é bastante relevante utilizar o lúdico no currículo da


Educação Infantil, pois os jogos e brincadeiras necessitam ganhar um lugar e um
tempo planejados para seus adequados fins. Garantir um espaço de ludicidade na
instituição de ensino é garantir um ensino e aprendizagem com uma perspectiva de
um ambiente de socialização, de edificação de relação com o outro, de assimilação
de diferentes culturas, de aprendizado, resolução e escolhas e de ampliando a
imaginação e capacidade criadora do educando.
Dessa maneira, a recriação de significados é um item integrante das atividades
com jogos e brincadeiras, assim dando condição para que o/a educando/a se
constitua e se desenvolva em um lugar de contínua transformação. É fundamental que
o espaço para o/a educando/a e o tempo comportem seu inteiro desenvolvimento.
É direito do/a educando/a ter uma educação de qualidade e o brincar dentro
das instituições de ensino é uma ferramenta para que esse aprendizado aconteça.
Mas para que isso realmente aconteça o/a educador/a deve usar o espaço do
planejamento e buscar atividades para que realmente aconteça um aprendizado em
suas atividades lúdicas.
Sendo que é de competência da educação infantil adequa-se para que
seus/suas educandos/as tenham um espaço rico em atividades lúdicas, pois sabe-se
que a maioria das crianças acabam passando grande parte de sua vida dentro de
instituições ensino, assim sendo tal ambiente tem que criar um local no qual permita
que elas vivam, sonhem, criem e instruam-se.
E é assim que o lúdico entra na vida deles para proporciona um
desenvolvimento sadio e harmonioso. Ao brincar, a/o educando/a aumenta sua
independência, é com o uso da ludicidade que consegue-se estimular sua
sensibilidade visual e auditiva de maneira agradável, sempre valorizando a cultura
popular, desenvolvendo habilidades motoras, diminuindo a agressividade que muitas
vezes acontecem pois trabalha-se inúmeras regras, exercitando a imaginação e a
criatividade, desenvolvimento um/a educando/a sadio trabalhando desde cedo a vida
em sociedade.
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Portanto, como o brincar é próprio da cultura da infância e para que seja


assegurada a qualidade, é indispensável, que na escola tenha em sua concepção as
atividades lúdicas com fundamentos para o desenvolvimento de um todo no seu/sua
educando/a. Sendo assim é necessário que o/a professor/a sempre planeje as
situações de suas atividades lúdicas, sempre o delimitado tempo para essa
brincadeira, oferecendo deste modo um brincar de qualidade, assim além do
desenvolvimento de capacidades e habilidades construídas enquanto os/as
educandos/as brincam far-se-á um cidadão crítico e consciente de seus direitos e
deveres diante da sociedade.

REFERÊNCIAS
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de Janeiro: Artmed, 2002.

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