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Casos Práticos de Teoria Geral do Direito Civil II – 29 de Abril 2020

Albertina enviou um “fax” ao Belmiro, no dia 11 de Dezembro de 2019, ofecerendo-lhe


75.000,00 MT por um quadro de Malangatana Valente propriedade deste, não tendo
fixado qualquer prazo para aceitação da proposta.

No dia 12 de Dezembro do mesmo ano chegou ao domicílio de Belmiro um novo “fax”


em que Albertina reduzia a proposta inicial para 60.000,00 MT.

Belmiro regressa de viagem e só toma conhecimento de ambos os “faxes” no dia 13 de


Dezembro de 2019.

No dia 15 de Dezembro, Belmiro escreve uma carta a Albertina dizendo-lhe que aceitava
a proposta de 75.000,00 MT, tendo esta recebido a missiva no dia 18 de Dezembro.

Albertina alega que essa aceitação é duplamente ineficaz. Primeiro, porque a proposta de
75.000,00 MT tinha sido substituída pela de 60.000,00 MT. Segundo, porque a aceitação
de Belmiro tinha chegado ao poder dela já fora do prazo que a lei estabelece. Quid Juris?

II

Considere que, no dia 07 de Dezembro de 2019, Carlos escreveu uma carta ao Dário
propondo-lhe a venda de um anel seu muito valioso por 200.000,00 MT (duzentos mil
meticais). Dário recebeu a carta de Carlos no dia 10 de Dezembro de 2019, um dia depois
de Carlos ter morrido. Ignorando a morte deste, Dário expediu um telegrama no dia 16
de Dezembro de 2019, dizendo que aceitava. Todavia, por lapso dos Correios “Chega à
Horas”, o telegrama só foi recebido por Ericino, filho de Carlos e que viva com este, no
dia 30 de Dezembro de 2019.

Ericino telefonou imediatamente ao Dário, prontificando-se para lhe entregar a joia e


receber o dinheiro, mas Dário, que entretanto se tinha arrependido de ter aceite a proposta,
veio dizer que não se formou contrato porque a sua aceitação foi recebida por Ericino
fora de prazo e porque a pessoa com quem ele queria contratar era Carlos e não Ericino.

1. Analise os dois fundamentos de Dário.


2. Suponha agora que, após ter enviado a carta ao Dário, Carlos tinha vendido o
referido anel ao Feliciano, no dia 09 de Dezembro de 2019.Quid Juris?

III

ALFIADO comprou ao joalheiro BERNABÉ uns brincos de safiras para oferecer à sua
namorada CASSANDRA, Os brincos tinham um espigão (peça aguçada para cravar na
orelha) e destinavam-se a mulheres com orelhas furadas. Quando ALFIADO descobriu
que CASSANDRA não tinha as orelhas furadas e se recusava a furá-las, foi ter com
BERNABÉ pedindo-lhe que substituísse os referidos brincos por outros iguais, com mola
ao invés do espigão, ou então lhe restituísse o dinheiro, mas BERNABÉ recusou-se.

IV

Em Outubro de 2019, AMÉRICO compra a BENILDE um imóvel sito nos arredores da


Cidade da Beira, concretamente no Bairro de Ndunda. No entanto, tal decisão foi
repentina e especialmente motivada pelo facto do irmão de BENILDE, CARLOS, que por
sua vez era amigo de AMÉRICO, ter forjado e entregue a este documentos que atestavam
que o local do imóvel seria provido de segurança e que viria a ser construído, em breve,
bem próximo a ele, um novo centro comercial, circunstância que viria a valorizar toda a
área. Consciente disto, BENILDE, por conselho de CARLOS, exigiu um preço mais
elevado pela compra do imóvel.

Por seu turno, AMÉRICO, em Dezembro de 2019, doou esse imóvel à sua prima DANILA
como prenda de casamento. A sua prima logo se apressou, dias depois da doação, a
efectuar o respectivo registo da aquisição.

Em Janeiro de 2020, AMÉRICO descobre que os documentos, que lhe haviam sido
mostrados por CARLOS, entretanto falecido por doença prolongada, eram falsos e, por
conseguinte, não só o lugar era desprovido de segurança como também, e para piorar a
situação, nenhum centro comercial iria ser construído.

Por tudo isto AMÉRICO pretende recuperar o dinheiro do imóvel, facto que encontra a
oposição do seu novo proprietário, DANILA. Quid Juris?
V

Dionísio decidiu pregar uma partida ao seu colega de trabalho Erasmo, dizendo-lhe que
tinha ganho a “lotaria” e que lhe queria doar 250 mil meticais, oferta essa que Erasmo
aceitou imediatamente. Após ter entregue o correspondente cheque ao Erasmo, e perante
a efusiva alegria deste, Dionísio confessou às gargalhadas, perante os demais colegas de
trabalho, que tudo não tinha passado de uma brincadeira, pedindo a devolução do cheque,
mas Erasmo recusou, alegando que o tinha adquirido validamente. Qvid Ivris?

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