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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO

SUBSTITUTO DE CONSELHEIRO JOSUÉ ROMERO

PRIMEIRA CÂMARA DE 22/03/16 ITEM Nº55


RECURSO ORDINÁRIO

55 TC-000606/001/07
Recorrente(s): Heitor Verdú - Prefeito Municipal de
Braúna à época.
Assunto: Contrato entre a Prefeitura Municipal de
Braúna e Firenze Engenharia e Comércio Ltda.,
objetivando a prestação de serviços técnicos
profissionais especializados, na área de engenharia,
para gerenciamento, formação de grupos de mutirão de
casas populares, orientação para fabricação de
produtos, fornecimento de equipamentos, ferramentas
e cestas de materiais, conforme descrito, de 95
unidades habitacionais.
Responsável(is): Heitor Verdú (Prefeito à época).
Em Julgamento: Recurso(s) Ordinário(s) interposto(s)
contra sentença publicada no D.O.E. de 31-03-12, que
julgou irregular o termo aditivo, aplicando ao
responsável, multa no valor de 300 UFESP's, por
violação ao artigo 104, inciso III, e § 1º, da Lei
Complementar nº 709/93.
Advogado(s): Marcus Vinícius Ibanez Borges, Renata
Zeuli de Souza e outros.
Acompanha(m): TC-001415/006/06.
Procurador(es) de Contas: Élida Graziane Pinto.
Fiscalização atual: UR-1 - DSF-I.

RELATÓRIO

Trata-se de RECURSO ORDINÁRIO1 interposto


por HEITOR VERDÚ (PREFEITO DE BRAÚNA à época) em
face de r. sentença2 que julgou irregular termo
aditivo de 09/06/08, por conta do princípio da
acessoriedade, e aplicou multa ao dirigente (valor

1
Recurso Ordinário protocolado em 16/04/12 (fls. 557/562).
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Às fls. 553/556, publicado no DOE de 31/03/12.

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de 300 UFESP’s) pelo descumprimento de decisão


anterior deste Tribunal (após análise de
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providências adotadas ).

Nas razões recursais, o responsável volta


a afirmar que instaurou sindicância com a finalidade
de “apurar responsabilidades de servidores”.

Contudo, prossegue, a “Comissão Permanente


de Sindicância Administrativa após análise, entendeu
3
Conforme sentença:

“Em sessão de 25/03/08, a Egrégia Primeira


Câmara julgou irregulares a concorrência nº 02/06 e
o contrato celebrado entre PREFEITURA MUNICIPAL DE
BRAÚNA e FIRENZE ENGENHARIA E COMÉRCIO LTDA.,
decisão confirmada pelo Tribunal Pleno, em 15/04/09,
que negou provimento a recurso ordinário interposto
pelas partes contratantes.
Em 17/06/09, o Prefeito Municipal Heitor Verdú
foi notificado a adotar as medidas necessárias ao
cumprimento da legalidade, em função da
irregularidade detectada por este Tribunal.
Instaurada sindicância administrativa, mediante
Portaria de 29/06/09, a fim de apurar
responsabilidade de servidores, a Comissão
investigativa deliberou que “a Administração Pública
não sofreu nenhum prejuízo, sem que seja possível
aplicar penalidades a qualquer empregado público
[...],” ressaltando que: não houve impugnações ao
edital ou pedidos de esclarecimento no prazo legal;
não foi concedida liminar para suspensão do certame,
sendo que a empresa interessada sequer participou do
processo seletivo; o edital havia sido regularmente
publicado e disponível aos eventuais interessados; a
obra foi realizada no prazo estipulado e as unidades
foram entregues conforme memorial descritivo, o
mesmo ocorrendo com os serviços de infraestrutura;
não foi constatado superfaturamento em relação aos
preços praticados.havia sido regularmente publicado
e disponível aos eventuais interessados; a obra foi
realizada no prazo estipulado e as unidades foram
entregues conforme memorial descritivo, o mesmo
ocorrendo com os serviços de infraestrutura; não foi
constatado superfaturamento em relação aos preços
praticados”.
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que a Administração Pública não sofreu nenhum


prejuízo, não sendo assim possível aplicar
penalidades a qualquer servidor público, uma vez que
não houve prejuízo ao erário público, bem como que
não ocorreram impugnações ao edital ou pedidos de
esclarecimento no prazo legal, não fora concedida
liminar pela suspensão do certame, o edital havia
sido regularmente publicado e a obra foi realizada
no prazo estipulado e as unidades foram entregues,
não sendo ainda constatado superfaturamento em
relação aos preços praticados”.

Demais disso, ressalta a falta de “base


legal” para contrariar a “conclusão da Comissão
Sindicante” ou que “atribua a este E. Tribunal
competência para rever decisão proferida em Processo
de Sindicância, aplicando multa ao Prefeito
Municipal por discordância do resultado da
sindicância”.

Entende ainda que deveria “se separar o


atendimento à determinação constante da r. Decisão
(instauração da sindicância), do resultado do
processo de sindicância, o qual foi concluso com
base nos depoimentos e provas colhidos pela
Comissão, não podendo haver interferência externa,
nem mesmo do Chefe do Poder Executivo, garantindo à
Comissão total independência e imparcialidade para
formação de juízo”.

Assim defende que a situação não se


enquadra em nenhuma das hipóteses do artigo 104 da
Lei Complementar nº 709/93.

ATJ – setor jurídico (fls. 577/578) e


Ministério Público (fls. 581/582) opinam pelo
conhecimento do apelo em preliminar, e pelo não
provimento no que respeita ao mérito.

Já Chefia de ATJ (fls. 579/580) e SDG


(fls. 583/584) propõem provimento parcial, com a
finalidade de afastar a multa, deduzindo “mesmo que
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a comissão de sindicância tenha concluído que a


Municipalidade não sofreu qualquer prejuízo com a
contratação, não tendo sido caso de aplicação de
penalidade a qualquer servidor, a Administração
tomou providências no sentido de cumprir a r.
decisão de fls. 553/556” (cf. SDG).

É o relatório.

GC/ECR
LCA

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TC-000606/001/07

VOTO

Preliminar

Recurso em termo, dele conheço.

Mérito

Cumpre ao dirigente zelar pelos interesses


do Município. Assim, identificada pelo Órgão de
Controle Externo lesão ao patrimônio público,
compete à Administração não só a instauração dos
procedimentos próprios previstos em lei e tendentes
a definir responsabilidades, mas também quantificar
prejuízos, determinando-se medidas administrativas
e/ou judiciais destinadas à recomposição do erário.

Não foi o caso. Como observa Ministério


Público, “não há como haver cancelamento da multa
imposta, pois a sindicância, tal como realizada, foi
mero ato formal, sem alcançar os objetivos da
determinação do Tribunal, que é a apuração da
responsabilidade dos atos irregulares”.

E em seguida, “Não houve, no caso


concreto, adoção de nenhuma medida efetiva para que
se corrigissem os procedimentos irregulares adotados
pela Origem o que descumpre, de fato, as
determinações exaradas por esta Colenda Corte de
Contas. Mostra-se, portanto, necessária a aplicação
de multa, para que coíba a adoção de procedimentos
em descompasso com o ordenamento pátrio”.

Neste contexto, a aplicação de multa ao


responsável encontra inquestionável esteio na

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disposição do artigo 104, inciso III e § 1º, da Lei


Complementar nº 709/93.

Por derradeiro, de se registrar que o


apelante não dedicou uma única palavra à condenação
do aditivo por conta da incidência do princípio da
acessoriedade.

Pelo exposto, meu voto nega provimento ao


Recurso, confirmando-se, na íntegra, os termos da
respeitável decisão de primeira instância bem como a
sanção pecuniária aplicada ao dirigente.

GC/ECR
LCA

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