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guia rápido para simplificar a vida

Rita B. Domingues

busywomanstripycat.blogspot.com
thebusyminimalist.com
guia rápido para simplificar a vida

Rita B. Domingues

Mais em:

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Este livro foi escrito ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico.


2011

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Índice

I. Introdução 4
II. O que é uma vida simples 6
III. Começar a simplificar 7
IV. Plano de acção 8
V. As finanças 11
VI. A roupa 16
VII. A rotina diária 19
VIII. O computador 20
IX. A internet 23
X. Os livros, revistas, CDs e DVDs 27
XI. As fotografias 31
XII. Os papéis 36
XIII. As divisões da casa 40
XIV. Palavras finais 45
XV. Outros recursos 46

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I Introdução

O meu nome é Rita, tenho 32 anos,

tenho três homens em casa, um grande

e dois pequenos, e sou investigadora na

área da biologia marinha. A maioria de

vós provavelmente conhece-me do meu

blog The Busy Woman and the Stripy

Cat, o qual apresento como sendo um

espaço onde escrevo acerca das coisas

de que gosto: ciência, música clássica e

jazz, minimalismo e vida simples, crafts,

dia a dia, decoração, design, fotografia…

Este livro foca-se no minimalismo e vida simples.

Mas como é que tudo começou? Eu sempre fui organizada e nunca gostei de acumular

tralha. Para mim sempre foi uma alegria deitar coisas fora (entenda-se, dar, vender, ou

jogar mesmo fora, consoante o estado da dita coisa) e organizar as outras. O ano

passado comecei a interessar-me cada vez por organização, downshifting e

simplificação. Este ano comecei a sentir-me imensamente atraída pelo minimalismo

como estilo de vida, em resposta ao materialismo e consumismo desenfreado que

observo em todo o lado, mesmo num país em crise como Portugal. O consumismo e o

materialismo cada vez me incomodam mais, e se é verdade que há uns anos atrás

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preferia ser vista no Audi do meu companheiro do que no meu Skoda, hoje esse é um

comportamento que já não consigo compreender. As pessoas compram carros topo de

gama, vivendas, telemóveis caríssimos, a maior parte das vezes recorrendo ao crédito,

apenas para mostrarem aos outros que têm mais que eles. É o fenómeno Keeping up

with the Joneses. Mas será que já pararam para pensar se essas coisas lhes trazem

felicidade? Eu parei e pensei. E a resposta é não. Verdade seja dita, eu nunca fui assim

tão consumista (exceto com a roupa, que comprava em quantidades excessivas) e o

único crédito que tenho é o da casa. Mas apercebi-me que mesmo assim tinha coisas a

mais que só me traziam stress – e felicidade, nenhuma.

A língua inglesa tem uma excelente palavra que infelizmente não tem correspondência

lógica em português: declutter. Clutter é traduzido como desordem; declutter será

ordenar? Para mim não faz sentido. Em termos práticos, clutter é tralha e declutter é

destralhar.

Portanto, quando tive a certeza que a tralha, tanto física como mental, não me trazia

felicidade (pelo contrário!), comecei seriamente a destralhar a minha vida. Comecei a

ler ebooks sobre minimalismo e vida simples. E comecei a aplicar os princípios do

minimalismo na minha vida.

Quando comecei a partilhar algumas ideias para simplificar a vida no blog, tive um

excelente feedback dos leitores, sobretudo mulheres na minha faixa etária, mães,

trabalhadoras, donas-de-casa, com uma grande vontade e necessidade de organizarem

as suas vidas. Este livro é para vós. Espero que gostem e que se sintam inspiradas e

encorajadas a fazer as mudanças necessárias nas vossas vidas para que sejam mais

felizes.

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II O que é uma vida simples

Mas o que é afinal vida simples e minimalismo?

Leo Babauta, autor do mais famoso blog sobre minimalismo e produtividade, Zen

Habits, define vida minimalista como aquela que é despojada do desnecessário, de

modo a ter espaço para o que nos dá alegria. É o remover da tralha em todas as suas

formas, deixando-nos apenas com paz, liberdade e leveza.

Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus, autores do blog The Minimalists, resumiram

minimalismo numa frase: minimalismo é uma ferramenta para nos livrarmos do

excesso de supérfluos e focarmo-nos naquilo que é importante na vida, de modo a

encontrarmos felicidade, realização e liberdade.

Uma vida simples é caracterizada pela despreocupação em relação ao “quanto mais

melhor” (ou o “keeping up with the Joneses”). A escolha deste estilo de vida pode ter

várias origens, como o anti-consumismo, uma maior preocupação com a Natureza, o

desejo de uma melhor qualidade de vida, com menos stress e mais tempo para os

relacionamentos, motivos de saúde, motivos religiosos e espirituais, e também

motivos financeiros.

Podemos simplificar a vida eliminando alguns excessos sem nos tornarmos

minimalistas. O minimalismo vai um passo mais além. É uma recusa intencional em

viver com aquilo que não é necessário, ganhando tempo, felicidade e liberdade.

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III Começar a simplificar

Começar é sempre a parte mais difícil de todo o processo.

Prepare-se para a incompreensão de familiares e amigos, sobretudo se quer mesmo

abraçar um estilo de vida minimalista. Estando o materialismo e o consumismo tão

enraizados na cultura ocidental, o mais certo é as pessoas não compreenderem este

estilo de vida desprovido do desnecessário. Eu cá não me importo com o que os outros

pensam. Mas ser minimalista não é algo que eu tenha escrito na testa e obviamente

que quem olha para mim e não me conhece, não adivinha - e mesmo a maior parte das

pessoas com quem me cruzo diariamente desconhecem esta minha opção de vida.

Em seguida, estabeleça objetivos. O que o leva a simplificar a sua vida? O que

pretende obter com um estilo de vida mais simples? Para mim, era sobretudo deixar

de me preocupar com dinheiro, não perder tanto tempo todas as semanas com

limpezas e arrumações, e ter mais tempo para mim (para ler, para tocar piano, para

fazer desporto) e para a família (mais tempo de qualidade com os miúdos e a dois). O

importante é estabelecer prioridades, definir aquilo que é realmente importante para

nós e nos faz felizes. Será um carro novo? Ou será um fim de semana em família cheio

de boas recordações?

Por fim, trace um plano de ação. Mas lembre-se que uma vida simples tem que ser

constantemente editada, isto é, não basta destralhar completamente a sua casa e a

sua vida, e depois voltar a acumular coisas desnecessárias. A vida simples, assim como

o minimalismo, é um processo constante, é uma viagem, não um destino.

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IV Plano de ação

Agora que decidiu simplificar a sua

vida e estabeleceu os seus

objetivos e prioridades, é altura de

começar o divertimento –

destralhar! Ataque as áreas mais

problemáticas, aquelas mais

desorganizadas e que lhe

provocam mais stress e

infelicidade. Para a maioria das pessoas (e para mim), essas áreas serão:

~ as finanças

~ a roupa

~ a rotina diária

~ o computador

~ a internet

~ os livros, revistas, CDs e DVDs

~ as fotografias

~ os papéis

~ as várias divisões da casa

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Nesta minha jornada, uma dúvida assolou os meus pensamentos muitas vezes. Será

que estou a perder demasiado tempo a simplificar?

Já passei horas incontáveis a organizar e digitalizar fotografias, a livrar-me de papel, a

minimizar a minha roupa e os meus sapatos, a minimizar e simplificar o ambiente à

minha volta. Tantas horas que às vezes fico um pouco confusa - o objetivo de viver

com menos não é ganhar mais tempo?

Se calhar minimizei da maneira mais rápida - não o fiz em pequenos passos, mergulhei

logo de cabeça.

Talvez no início tenha passado de facto demasiado tempo a minimizar, mas agora que

está quase, o meu tempo livre aumentou consideravelmente.

Agora faço planos para o fim de semana, planos esses que não incluem organizar nem

limpar seja o que for. Até as idas semanais ao supermercado são feitas à sexta e não

ao sábado. Li algures, num blog sobre minimalismo, que os minimalistas veem-se com

tanto tempo livre que nem sabem o que hão de fazer com ele!

Seja como for, se está agora a começar a sua aventura no minimalismo ou se quer

apenas simplificar um pouco a sua vida, talvez seja preferível fazê-lo aos poucos, desta

maneira:

1) Estabeleça objetivos

Quer queira apenas organizar e simplificar a sua vida ou tornar-se minimalista, em

primeiro lugar há que estabelecer objetivos realistas. Escreva exatamente o que

pretende atingir. Talvez queira apenas destralhar o armário ou talvez tenha uma casa

cheia de tralha com valor sentimental mas completamente inútil que precisa de uma

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purificação urgente. Afixe a folha com os objetivos num local visível para se manter

focado e não os esquecer...

2) Faça um plano

Agora escolha um dos objetivos e transforme-o num projeto. Não se envolva em mais

que um projeto ao mesmo tempo. Comece e acabe o projeto atual antes de começar o

próximo. Divida o projeto em pequenos passos e faça um plano. Por exemplo, quando

decidi organizar as minhas fotografias, segui uma série de passos simples para me

manter no bom caminho.

3) Comprometa-se com uma data

As coisas mais importantes são geralmente aquelas que nos esquecemos de planear.

Já alguma vez escreveu na agenda "passar tempo com os miúdos"? Eu nunca!

Se simplificar/minimizar/destralhar é uma prioridade para si, arranje tempo e marque

na agenda. E não fique à espera do próximo fim de semana livre ou das próximas férias

para começar um projeto - se é mesmo importante, não o adie e não procrastine.

Faça-o! Agora!

4) Passe a palavra

Dê a conhecer os seus objetivos a outras pessoas e peça-lhes compreensão, apoio e

flexibilidade. Dizer aos outros é a melhor maneira de nos responsabilizarmos - já que

dissemos a alguém o que pretendemos fazer, fazêmo-lo, pois sabemos que as pessoas

estão à espera que o façamos.

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V As finanças

Com a crise ou sem ela, o primeiro passo para bem gerir o muito ou pouco dinheiro

que temos é a elaboração de um orçamento. As principais vantagens do orçamento

são as seguintes:

~ permite saber onde estamos a gastar o dinheiro

~ permite orientar o dinheiro para pagar dívidas

~ permite controlar os gastos excessivos

Um orçamento dá-nos, sobretudo, mais liberdade e menos stress, porque sabemos

exatamente quanto dinheiro temos para gastar aqui e ali, evitando assim chegar a

situações complicadas a meio do mês. De facto, um orçamento é uma ferramenta

eficaz para maximizar a utilização do dinheiro e para esticá-lo até ao fim do mês.

Há mil e uma maneiras de elaborar o orçamento. Em papel, no computador, no Excel,

ou softwares específicos. Não interessa, o que importa é fazê-lo.

Eu controlo todo o dinheiro do agregado familiar num ficheiro Excel.

Tenho uma folha de cálculo para cada conta bancária, onde aponto os movimentos e o

saldo. Tenho também uma folha de cálculo para os orçamentos. Faço 3 orçamentos

diferentes, que correspondem a 3 contas bancárias diferentes: um para o meu

dinheiro, outro para o meu companheiro e outro para as coisas comuns.

O primeiro passo para elaborar o orçamento é listar todas as entradas de dinheiro:

salários, trabalhos freelance, etc. Assim, sabemos logo quanto dinheiro vai estar

disponível para movimentar.

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De seguida, devemos listar todas as despesas que sabemos que vamos ter nesse mês:

prestação/renda da casa, água, luz, TV cabo, telefone, internet, gás, prestações,

condomínio, transportes, gasolina, etc. Também incluo logo no orçamento o dinheiro a

transferir para as contas-poupança. Poupar, por pouco que seja, é fundamental para

criar um pé-de-meia que pode vir a dar muito jeito quando as coisas apertam. Nem

que sejam só 10 euros por mês! O ideal, dizem os especialistas, é pelo menos 10% do

ordenado. Eu tento poupar entre 30 e 40%, mas nem sempre consigo.

Há quem faça orçamentos muito elaborados, dividindo o dinheiro em categorias como

roupa, cabeleireiro, cinema, revistas e jornais, e por aí fora, mas eu não faço assim.

Prefiro atribuir uma mesada a mim própria, ou seja, dinheiro para gastar à minha

vontade. Num mês pode ser gasto em roupa, noutro mês em cabeleireiro, ou apenas

em coisas do dia a dia, como um pequeno-almoço fora. Geralmente atribuo a mim

própria 100 euros de mesada.

Para terem uma ideia, as categorias das despesas do orçamento das contas pessoais

são:

 conta conjunta (dinheiro que vai para a conta da casa, de onde depois são

pagas todas as coisas comuns)

 poupança

 mesada

 PPR

As categorias do orçamento da conta da casa são:

 Supermercado

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 Água

 Luz

 Gás

 TV cabo, internet, telefone

 Telemóveis

 Condomínio

 Escola dos miúdos

 Poupança dos miúdos

 Empregada de limpeza

 Material escolar (vai para a poupança também, para no início do ano escolar

custar menos…)

 Ginásio e atividades desportivas

Quanto ao montante que cada um de nós coloca nesta conta conjunta, não é o mesmo

para os dois. Para ser mais justo, o montante que cada um põe é proporcional ao que

cada um ganha. Por exemplo, se ganharmos os dois o mesmo, colocamos nesta conta

o mesmo montante. Se um ganhar o dobro que o outro, coloca o dobro. Assim é mais

justo e evita que os ricos fiquem cada vez mais ricos e os pobres mais pobres…

Quanto à conta poupança, é só uma, mas no Excel está dividida em várias categorias:

 As minhas poupanças (dinheiro que veio da minha conta)

 Poupanças J. (dinheiro que veio da conta do J.)

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 Poupança dos miúdos (dinheiro que veio da conta da casa; as poupanças

deverão ser transferidas para uma conta a prazo quanto atinge um certo

montante)

 Material escolar (dinheiro que veio da conta da casa)

 Vendas - quando vendo mobília ou livros, o dinheiro vem também para aqui e

vou juntando para comprar nova mobília ou outras coisas que façam falta para

a casa

Claro que para os orçamentos funcionarem, há uma regra incontornável:

dinheiro que entra – dinheiro que sai > 0€

Isto é, as despesas não podem nunca ultrapassar o que se ganha, como é óbvio!

Claro que a elaboração do orçamento é apenas o primeiro passo para a saúde

financeira. Podemos fazer muito mais no dia a dia para poupar dinheiro, como por

exemplo:

 Não usar cartões de crédito

 Não comprar por impulso

 Ir ao supermercado sempre com uma lista de compras, deixar as crianças em

casa, e não ir de barriga vazia

 Reciclar/transformar tudo o que possa ser aproveitado (passar roupa e

brinquedos dos miúdos mais velhos para os mais novos, arranjar roupa

estragada em vez de deitar fora)

 Fazer um planeamento semanal das refeições

 Recolher água da chuva e do banho para o autoclismo e para regar as plantas

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 Lavar a roupa a baixa temperatura e secá-la ao ar

 Deixar o carro em casa e andar a pé o mais possível

 Usar produtos de limpeza da casa e de beleza naturais e feitos em casa

 Usar lâmpadas de baixo consumo (fluorescentes compactos em vez de

incandescentes)

 Evitar o uso de aquecedores/ventoinhas/ar condicionado, abrindo e fechando

as persianas das janelas consoante o tempo lá fora

 Lavar as mãos e a cara com água fria

 Usar um copo para lavar os dentes

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VI A roupa

O roupeiro é provavelmente uma das áreas mais complicadas para simplificar e

minimizar. Vamos acumulando roupa ao longo dos anos e mesmo aquela que já não

vestimos, não conseguimos deitar fora, pois podemos um dia perder os quilos a mais

ou voltar a gostar de determinada peça que já passou de moda… As desculpas que

arranjamos para manter o roupeiro cheio de roupa são muitas, mas de manhã parece

sempre que nunca temos nada para vestir… Parece-vos familiar? A mim acontecia

sempre…

Até que minimizei a minha roupa. Livrei-me de quase metade... Agora, quase tudo o

que tenho fica-me bem e vejo sempre algo para vestir no meu armário. Mas como é

que se deu esta mudança?

Eu sempre fui muito dicromática relativamente à minha roupa. A minha cor preferida

era o castanho, que combinava geralmente com preto ou branco ou bege. Mas sempre

senti que algo não batia certo com estas cores. Há alguns anos, adicionei mais cor e

padrões ao meu guarda-roupa. Vermelhos, violeta, rosa, amarelo... Mas continuava a

sentir algo errado nisto.

No ano passado, comecei a sentir-me atraída por cinzentos, azuis escuros e branco -

muito branco. E finalmente começou a parecer-me bem! As minhas cores naturais são

valorizadas e sinto-me melhor que nunca!

Então, como sou cientista e gosto de saber o porquê das coisas, fiz alguma pesquisa na

internet - e cheguei à análise da cor - método sazonal. Este método foi apresentado

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por Carole Jackson no seu livro Color me Beautiful, publicado nos anos 80 do século

passado, mas que continua tão atual como há 30 anos atrás.

Em poucas palavras, as pessoas são uma das quatro estações: inverno, primavera,

verão ou outono, dependendo da cor da pele, cabelo e olhos. Para cada estação, há

uma gama de cores específica. Usar as cores adequadas à nossa estação faz-nos

brilhar, usar as cores erradas dá-nos um ar apagado.

Depressa me apercebi que sou inverno! Dentro das minhas cores, as que gosto são

cinzentos, preto, branco e azuis escuros.

Assim, começar a eliminar roupa do meu roupeiro foi fácil – eliminei todas as peças

que não eram destas cores (foram sobretudo peças castanhas e beges – muitas

peças!). Fui impiedosa e eliminei também a roupa que não me servia ou aquela que já

não usava. Antes de começar, tinha no quarto, além de um pequeno roupeiro

embutido, uma cómoda de quatro gavetas e dois camiseiros de seis gavetas. Consegui

esvaziar os dois camiseiros – e vendi-os. Fiquei com mais espaço no quarto e com

menos superfícies para acumular tralha e para limpar. É libertador termos menos

coisas.

Assim, se também se sente como eu, nada para vestir num roupeiro cheio de roupa, os

passos a seguir para simplificar a roupa são:

1) Preparar quatro caixas ou sacos grandes e marcá-los: para dar; para vender;

para pensar (peças em relação às quais não temos a certeza); para deitar fora

(o ideal seria reaproveitar, como por exemplo, para fazer panos de limpeza).

2) Tirar toda a roupa para fora do armário e amontoá-la em cima da cama.

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3) Pegar em cada peça de roupa, uma a uma, e perguntar: Serve-me? Uso?

Gosto? Se a resposta for sim às três perguntas, voltar a arrumar no armário.

Caso a resposta seja negativa a alguma das perguntas, a peça vai para uma das

caixas descritas acima. Assim, sem dó nem piedade.

Faça o mesmo com os acessórios e os sapatos. Eu consegui diminuir a minha coleção

de sapatos de 55 para 33 pares e ainda quero ver-me livre de mais alguns…

Para evitar voltar a encher o armário com roupa, tenho três regras incontornáveis:

1) Não posso comprar mais mobília nem caixas de arrumação para guardar roupa.

Posso comprar roupa nova, mas tem que caber no espaço disponível. Se já não

houver espaço, alguma peça terá que sair para entrar a nova.

2) Só posso comprar peças de que realmente precise. Não posso comprar por

impulso. Para tal, tenho uma lista de compras no armário onde aponto o que

preciso. Por exemplo, já várias vezes senti necessidade de ter um casaquinho

de malha branca leve; foi para a lista e quando encontrei um giro, comprei-o.

3) De vez em quando tenho que olhar para a roupa que tenho e fazer aquelas três

perguntas. Uma peça que adorava há uns meses atrás quando fiz a grande

limpeza pode já não me dizer anda agora… O segredo par manter o roupeiro

limpo e organizado é editar com frequência!

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VII A rotina diária

Se eu não tivesse uma rotina diária não fazia metade do que faço e andava em

constante correria. A minha rotina diária não é negociável e é o que me permite viver

com menos stress e ter tempo para fazer o que quero.

Mas o que é a rotina diária? É basicamente pôr por escrito e automatizar tarefas

essenciais ao bom funcionamento do dia a dia. Assim, não perco tempo a pensar no

que é que tenho que fazer a seguir e se me esquecer de alguma coisa, tenho as tarefas

por escrito. E como gasto menos tempo com isto, tenho mais tempo para outras

coisas.

A rotina diária é dividida em várias rotinas ao longo do dia: rotina da manhã, da tarde,

da noite, etc., consoante o que fizer sentido para a vida de cada um.

Eu faço horários semanais nos calendários do Google, onde introduzo as nossas horas

de trabalho, as horas de internet e escrita (das 6 às 8 da manhã – é por isso que me

levanto tão cedo!), as minhas atividades desportivas e as dos meus filhos. As pequenas

tarefas, como preparar a roupa para o dia seguinte, tenho por escrito num papel, para

não me esquecer de nada. A minha rotina da tarde, por exemplo, inclui verificar as

mochilas dos miúdos, encher as suas garrafas de água, preparar a nossa roupa para o

dia seguinte, lavar/estender/apanhar roupa, atualizar o meu ficheiro das contas,

verificar a agenda e planear o dia seguinte. Enquanto não tiver todas as coisas feitas,

não me posso sentar e relaxar. É a regra.

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VIII O computador

Apesar de ser possível esconder os muitos ficheiros e pastas que vamos acumulando

no computador, sabemos que eles estão lá – tralha digital a ocupar espaço no disco…

Destralhar o computador é bom não só para o próprio computador, mas também para

a minha saúde mental…

Para destralhar o computador, devemos debruçar-nos sobre: o software; os nossos

ficheiros; os backups.

Em primeiro lugar, e como sempre, sem dó nem piedade, devemos desinstalar todos

os programas que já não usamos (ou nunca usámos) – todos! Software como os que

vêm com os telemóveis e máquinas fotográficas que já não temos, vários programas

de edição de fotografias (basta um, não? Eu uso o Photoscape, que é grátis e muito

fácil de usar), programas de teste que duram 30 dias mas depois ficam os ficheiros a

ocupar espaço em disco, etc.

Depois, a parte mais trabalhosa – os ficheiros. Todos os meus ficheiros estão

organizados em pastas n’Os Meus Documentos. Tenho os ficheiros pessoais separados

dos ficheiros de trabalho. Tenho as fotografias organizadas por data, no formato aaaa-

mm-dd, para ficarem logo por ordem cronológica. A organização de ficheiros e pastas

no computador é obviamente uma questão muito pessoal, mas como em tudo o resto,

para simplificar, há que eliminar aquilo de que não precisamos. Várias cópias do

mesmo ficheiro, ficheiros antigos que já não são precisos, informação espalhada por

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vários ficheiros que podia estar num só, etc… Dá trabalho reorganizar o computador,

mas o resultado compensa, pois torna-se mais fácil encontrar o que procuramos e

sempre ficamos com mais espaço no disco rígido…

Por fim, os backups. Eu tenho três computadores. Um de secretária no trabalho, um

portátil e um netbook em casa. O de secretária é sobretudo para o trabalho. Não

tenho ficheiros pessoais nesse computador. No portátil tenho tudo, ficheiros pessoais

e de trabalho, enquanto no netbook tenho apenas ficheiros relacionados com projetos

em que estou a trabalhar no momento. Também tenho um disco rígido externo e

várias pens.

Parece muito, não acham? E de facto, é... O mais difícil era sincronizar tudo com

regularidade... Mas desde que comecei a usar o Dropbox, tenho todos os ficheiros

sempre atualizados!

Mas aqui está como faço... Todos os meus ficheiros, pessoais e de trabalho, estão no

disco externo. Durante muito tempo tive o disco externo no trabalho, mas agora não

sai de casa – é mais seguro, pois tenho lá tudo – TUDO! Quando altero algum ficheiro

no computador do trabalho, copio esse ficheiro para o Dropbox – para quem não

conhece, o Dropbox é simplesmente uma das ferramentas mais úteis da internet! É um

arquivo móvel grátis de armazenamento de ficheiros que também permite partilhar

ficheiros com outros utilizadores – e evita uma coisa que eu fazia muito, enviar e-mails

a mim própria com ficheiros, quando não me apetecia copiá-los para uma pen… Para

usar o Dropbox, basta ter ligação à internet. Assim, copio ficheiros do trabalho para o

Dropbox e depois, quando ligo o portátil em casa, a pasta do Dropbox atualiza

automaticamente, por isso nem tenho que preocupar com o assunto. Além dos

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ficheiros que adiciono ao Dropbox para passá-los de um computador para o outro,

tenho algumas pastas partilhadas com colegas com ficheiros de trabalho. É tão mais

fácil que andar a enviar e-mails com ficheiros e muito mais prático que andar com pens

atrás… Tenho algumas pens para assuntos específicos, mas a verdade é que já não as

uso muito…

Assim, tenho os meus ficheiros de trabalho sempre em três sítios diferentes

(computador de secretária, portátil e disco externo) e os ficheiros pessoais em dois

(portátil e disco externo). Quero gravar alguns DVDs com as fotos, para ter mais uma

segurança, visto que digitalizei todas as minhas fotos antigas e joguei fora muitos dos

originais em papel (ver capítulo XI)…

Destralhar o computador poderá não ser um projeto tão rápido ou fácil como outros,

mas para quem usa o computador diariamente, sobretudo como ferramenta de

trabalho, e não apenas para navegar na internet, faz toda a diferença. Dependendo do

grau de desorganização do computador e da quantidade de tralha que lá estiver, este é

um projeto que demorará algum tempo, mas se conseguir meia hora ou uma hora por

dia para trabalhar nele, em menos de nada terá o computador mais limpo, mais

organizado… e mais rápido!

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IX A internet

Nesta era da distração, é cada vez mais difícil focarmo-nos naquilo que é realmente

importante: passar o tempo com qualidade. A televisão é o maior sugador de tempo;

em 2009, o português viu em média três horas e meia de televisão por dia! Mas a

internet não fica atrás: o português navega em média 13,7 horas por semana, ou seja,

quase 2 horas por dia! E depois queixamo-nos que não temos tempo para organizar a

casa, para passear, para ir ao ginásio, para estar com os nossos filhos…

O problema para mim nunca foi a televisão, que vejo muito, muito pouca (por mim

nem tinha TV em casa), mas sim a internet e o tempo que passo sentada ao

computador. Claro que muito desse tempo é passado a trabalhar, mas tenho sempre a

internet ligada, e é muito fácil abrir o browser para ver o e-mail ou o facebook ou

atualizações dos meus blogs preferidos… Mas apercebi-me que estes hábitos estavam

a prejudicar a minha concentração e o meu trabalho. Em casa, estava sempre ao

computador; gritava aos miúdos para irem tomar banho ou para arrumarem o quarto,

mas não me levantava da cadeira para ir ajudá-los ou falar-lhes frente a frente. Estes

hábitos de passar horas em frente ao computador estavam de facto a prejudicar a

minha vida familiar.

A vantagem e desvantagem da internet é ter tudo lá dentro. Tudo o que queremos

saber, está lá. E isso pode ser esmagador. É tanta a informação, que queremos ler

tudo, ver todos os sites, todos os blogs, todos os links acerca de determinado assunto.

Mas como em tudo, há que estabelecer limites e perguntar se é isso que realmente

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nos faz feliz – passar horas ao computador a investigar maneiras de sermos mais

felizes, ou sairmos do computador e pormos algumas dessas em ideias em prática.

Então, comecei a estabelecer horários e a limitar o meu tempo de internet.

Eu levantava-me às 6 da manhã sem nenhum objetivo; ora ia para o computador, ora

ia para a sala ver televisão. Muitas vezes não conseguia sair da cama a essa hora, pois

não tinha motivação para o fazer. Estabeleci então o horário das 6 às 8 da manhã

como tempo de escrita: levanto-me, lavo a cara, faço um chá preto, sento-me ao

computador e escrevo. Escrevi este livro sempre de manhã e escrevo a maior parte dos

posts dos blogs de manhã. A casa está em silêncio, não há distrações, e assim consigo

concentrar-me. Não me sinto culpada por estar ao computador em vez de estar com

os miúdos ou com o J., porque eles estão a dormir.

Cada noite, antes de me deitar, estabeleço as minhas 3 tarefas mais importantes para

o dia seguinte (ou MIT’s, Most Important Tasks). São as 3 coisas que tenho mesmo que

fazer, dê por onde der. Geralmente, uma das MITs é relacionada com o livro ou o blog,

e as outras duas são relacionadas com o trabalho. Por exemplo, as MITs de hoje são:

escrever o capítulo IX do livro (este!), traduzir e publicar o post sobre living green,

organizar todos os dados do Phytoria (um projeto de trabalho que provavelmente vai

ocupar-me o dia inteiro).

Assim, quando me levantar da cadeira às 8 da manhã, já completei 2 das minhas

tarefas mais importantes para o dia. O efeito psicológico é tremendamente positivo,

como devem imaginar!

Ao longo do dia, quer esteja no meu local de trabalho ou tenha ficado a trabalhar em

casa, tenho que me controlar MUITO para não estar sempre a ver o e-mail ou o

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facebook ou o Google reader. Assim, estabeleci horários. Posso passar 10 ou 15

minutos de manhã a ver o e-mail, facebook e blogs. Mais uns 10 ou 15 minutos depois

do almoço (às vezes almoço à secretária e aí posso ver blogs à vontade enquanto

como; escusado será dizer que tenho almoçado à secretária MUITAS vezes…), e outros

10 ou 15 minutos antes de ir embora. Isto, claro, se for um dia de trabalho ao

computador. Quando passo o dia no laboratório, às vezes só tenho tempo de ver o e-

mail do trabalho e nada mais.

Quando chegava a casa, agarrava-me novamente ao computador em vez de despachar

as tarefas da casa. Mas já não! Agora, apenas posso ligar o computador depois das 9

da noite, que é a hora a que os miúdos vão para a cama (se tiver levado trabalho

importante para fazer em casa, posso até jantar ao computador, mas aí estou a

trabalhar e isso já não acontece assim tantas vezes). Umas noites passo 1 ou 2 horas

no computador (deito-me no máximo às 23h), outras noites ligo o computador para

ouvir podcasts enquanto costuro, outras noites são passadas a ler livros (de papel ou

em pdf). Como já referi, quase não vejo televisão.

Estabeleço também prioridades em relação ao que quero ler e investigar na internet.

Por exemplo, comprei muitos e-books sobre minimalismo quando comecei a

interessar-me pelo assunto, mas não conseguia lê-los à velocidade a que os comprava.

Então proibi-me de comprar mais e-books antes de ler todos os que já tinha, e quando

começo a ler um, tenho que o ler até ao fim, e não passar para outro. Na mesma altura

descobri imensos blogs sobre minimalismo que queria ler de uma ponta à outra. Defini

prioridades e fiz uma lista dos blogs que queria mesmo ler; marcava uma noite no

calendário para ler determinado blog, e era só isso que fazia nessa noite.

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Estabelecer limites e definir prioridades não é nada restritivo, pelo contrário. Ajuda-

me a focar no que é realmente importante e evito aqueles sentimentos de culpa

associados às longas horas que passava no computador. Ainda passo algum tempo por

dia na internet (diria que em média 2 horas, sem contar com coisas de trabalho), mas a

pesquisa que faço é direcionada de acordo com as minhas prioridades e, portanto, útil

e benéfica para o meu dia a dia!

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X Os livros, revistas, CDs e DVDs

Destralhar a casa nem sempre é fácil. Sobretudo quando se chega à parte de objetos

com algum valor sentimental. Os livros, para a maior parte de nós, enquadram-se

nesta categoria. As nossas casas vão-se enchendo de livros, comprados, oferecidos ou

herdados. Os livros ganham lugares perenes (e pó) nas nossas prateleiras. Podemos

nunca mais lhes tocar, podemos até esquecer-nos que eles estão lá, mas de lá os livros

não saem. Mas precisamos mesmo de todos esses livros? De livros que não vamos

voltar a ler? E o mesmo se aplica às revistas, CDs e DVDs. Precisamos mesmo de todas

aquelas revistas velhas que se vão amontoando? Dos CDs que comprámos por causa

de uma música? Todos aqueles DVDs que nunca mais vamos ver?

Precisamos mesmo dessas coisas todas para sermos felizes?

Bem, eu sei que não preciso! Sei que a maior parte dos livros que tinha não ia voltar a

a ler e sei que quantos mais livros, mais tempo perco a limpá-los e arrumá-los, ou seja,

menos tempo tenho para mim, menos tempo tenho para aquilo que me faz realmente

feliz.

Então, ganhei coragem, e lancei mãos à obra! Objetivo: diminuir a minha coleção de

livros, revistas, CDs, e DVDs.

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Livros

Tirei todos os livros das prateleiras e amontoei-os na mesa de jantar. Peguei nos livros,

um por um, e tomei decisões rápidas, pondo os livros numa de cinco pilhas:

~ para manter – livros que adoro, livros que ainda não li mas vou ler;

~ para dar à biblioteca – livros em bom estado que poderão ser úteis a outros leitores

~ para oferecer – alguns livros quase novos que posso oferecer no Natal ou em

aniversários

~ para vender – sobretudo livros técnicos que posso vender em sites de usados, como

o custo justo, miau ou leilões.net

~ para a reciclagem – livros em tão mau estado que nem na biblioteca os aceitariam…

Antes – tinha seis destas prateleiras cheias de livros

Graças às leitoras do blog e pesquisas na internet, tomei conhecimento de outras

alternativas para nos livrarmos do excesso de livros em casa. A minha preferida é

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enviá-los para os PALOPs (ver comentários deste post) para fomentar a aprendizagem

da língua portuguesa. Podemos também fazer troca de livros, no site Winkingbooks, ou

fisicamente no bookcrossing, mas na verdade não estamos a livramo-nos de livros,

estamos apenas a trocá-los por outros. A minha opção continua a ser doar os livros à

biblioteca. Assim, se quisermos voltar a lê-los, sabemos onde estão…

Se calhar a dificuldade da maior parte de nós em nos livramos dos livros tem a ver com

aparências. Se tivermos poucos livros em casa, parece que não gostamos de ler… Mas

é mesmo a quantidade de livros que faz o leitor? São os livros nas prateleiras que nos

fazem ler? Como diz a Rachel Jonat do blog The Minimalist Mom, termos uma

passadeira em casa faz de nós corredores? Não é ter livros em casa que faz um leitor,

é o ato de ler.

Depois – os meus livros ocupam agora três prateleiras e meia

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CDs e DVDs

Apliquei os mesmos passos descritos para os livros aos CDs e DVDs. Livrei-me de

muitos que foram doados à biblioteca. Ripei algumas músicas para o computador e

gravei um CD com essas faixas preferidas. Mas ainda não estou contente com a

quantidade de CDs com que fiquei. A maior parte dos meus CDs são música clássica e

jazz, e esses realmente ouço e gosto. Posso bem passar sem CDs de outros estilos de

música, mas o J. não me deixou livrar-me deles. A solução que ele se lembrou foi

comprar um disco multimédia (eu nem sabia que isso existia). Dá para gravar os CDs e

DVDs no disco e ligá-lo à televisão. Maravilha! Adeus CDs, adeus DVDs! Os únicos DVDs

que tenciono manter são as minhas 9 temporadas da sitcom The King of Queens.

Revistas

Livrar-me das revistas foi tarefa fácil. Cortei imagens e artigos favoritos e digitalizei-os.

Organizei devidamente os artigos e imagens no computador e joguei as revistas para a

reciclagem! Exceção feita à minha coleção de revistas Bimby, que dei à biblioteca, as

minhas Burda, que pus à venda, e 2 edições com quase 10 anos da revista Muscle &

Fitness Hers, que não sei porquê mas não consegui deitar fora…

Se estamos mesmo numa de diminuir as nossas posses mas está ser difícil, devemos

perguntar-nos o seguinte "Se eu fosse mudar-me para o estrangeiro, o que é que

levaria comigo?". É ficar com isso, e livrarmo-nos de tudo o resto!

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XI As fotografias

Um dos projetos mais ambiciosos

desta minha transição para um estilo

de vida minimalista era não só

organizar, como também minimizar

todas as minhas fotografias, quer

digitais, quer em papel. Todas as

fotografias digitais estavam já bem

organizadas no computador, mas as

mais antigas... era uma tarefa difícil que tinha que enfrentar!

A carga emocional que vem com as fotografias é ainda maior do que a dos livros. Se já

é difícil para muitas pessoas livrarem-se de livros, as fotografias será impensável. Mas

tal como tudo na vida, é uma questão de prioridades e de escolhas.

Queremos mesmo caixas e caixas de fotos desorganizadas que nunca veem a luz do

dia? Álbuns corroídos pelo tempo que só acumulam pó na prateleira? Bytes e bytes de

fotos digitais, muitas delas semelhantes, iguais, repetidas, desfocadas, mal tiradas ou

simplesmente feias? O que acontece invariavelmente é que com tanta tralha na forma

de fotos, acabamos por nos esquecer daquelas que são realmente importantes e que

nos trazem as melhores recordações. Assim, este não é um projeto fácil, mas a

sensação de leveza e liberdade compensam largamente o esforço.

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Fotos digitais

Para organizar as fotos digitais a melhor ferramenta é o botão delete. A sério. Fartei-

me de rir quando li este post da Rachel Meeks, mas é verdade. Fiz assim:

1) Apagar fotos parecidas, desfocadas, mal tiradas e feias

Com menos fotos no computador a sua visualização torna-se muito menos aborrecida

(além de ocupar menos espaço em disco).

2) Organizar as fotos em pastas e sub-pastas

Eu tenho uma pasta para cada ano, e dentro de cada ano para cada mês, podendo

ainda ter pastas para eventos ou situações específicas, geralmente viagens (por

exemplo, 2009-05 Germany, 2010-11-15 PhD day, etc.).

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3) Nomear as pastas e ficheiros com a data e local ou pessoas na foto

A data é a primeira informação que escrevo e uso o formato aaaa-mm-dd para que os

ficheiros fiquem por ordem cronológica. Por exemplo, a pasta com as fotos da minha

recente viagem à Grécia chama-se "2011-09 Rodes, Grécia"; depois tenho sub-pastas

para eventos específicos: "2011-09-07 Rodes beach"; "2011-09-07 archaeological

museum", etc... Geralmente não dou nomes às fotos dentro destas pastas.

4) Usar software para melhorar as fotos

Eu gosto muito do Photoscape, que é freeware e tem muitas funcionalidades.

Geralmente só retoco as fotos que vou usar no blog ou no facebook. As fotos pessoais

quanto muito recorto-as para melhorar o enquadramento.

5) Fazer backups

Uma das partes mais importantes! Nem quero imaginar perder a minha vida em

fotos… Além do portátil, tenho as fotos num disco rígido externo. Não é provável que

avariem os dois ao mesmo tempo, mas de qualquer modo quero passá-las também

para uma pen ou outro disco rígido.

Fotos em papel

1) Juntar todas as fotos em papel e colocá-las num só sítio

Tinha uma caixa cheia de fotos e negativos, mais três álbuns grandes, aos quais

arranquei as fotos. Juntei as fotos todas na mesa de jantar e joguei fora os negativos e

envelopes.

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2) Organizar as fotos por ordem cronológica

Fiz montinhos com fotos para cada ano e alguns montinhos com fotos de viagens ou

eventos específicos (ex., Paris 2001, equitação, etc.).

3) Limpar

Livrei-me das fotos desfocadas, repetidas, mal tiradas, ou simplesmente fotos de que

não gostava e não queria ter.

4) Digitalizar fotos

Esta foi a parte mais difícil e demorada, digitalizar as fotos uma a uma. Depois fiz

quatro montinhos com as fotos depois de digitalizadas: para manter para fazer um

álbum pequeno e minimalista; para manter para fazer um álbum para oferecer à

minha mãe no Natal; para manter para fazer um álbum para oferecer à mãe do J. no

Natal; e para jogar fora.

5) Organizar as fotos no computador, tal como explicado acima.

6) Fazer livros Blurb

A primeira vez que li acerca da Blurb foi no blog da Astrid. A Blurb é uma companhia

americana que publica livros on-demand, permitindo a qualquer pessoa criar e

publicar o seu próprio livro. A Astrid já publicou uns quantos livros de fotos muito

giros e eu adorei a ideia.

Até agora, fiz dois livros Blurb. O primeiro chama-se qualquer coisa como "O meu

primeiro ano no mundo dos crafts" (o título original é em inglês) e reune a maioria das

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peças que fiz ao longo de 2010. O segundo, chamado "A nossa vida 2002-2010", foi a

minha prenda de São Valentim para o J., e reúne fotografias nossas desde que nos

conhecemos em 2002.

A Blurb é de facto uma ótima ferramenta para fazermos os nossos álbuns de

fotografias com um look profissional, e ocupam muito menos espaço na prateleira que

um álbum de fotos tradicional. A Astrid tem um post excelente com dicas sobre como

fazer livros Blurb.

7) Manter backups, como explicado acima.

8) Editar regularmente e manter as fotos organizadas

Inspirada pela Astrid, o meu plano é fazer um pequeno livro Blurb por ano, recheado

de memórias fotográficas!

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XII Os papéis

Um dos meus objetivos minimalistas era livrar-me do papel. Após tratar das fotografias

resolvi uma pequena parte do problema, mas ainda me restava todo um escritório

cheio de dossiers e caixas com papelada, para não falar do outro tipo de papel, aquele

que se usa na casa de banho e na cozinha, para os quais eu queria arranjar alternativas

mais económicas e ecológicas. Mas então vamos por partes. Os papéis que eu tinha

em casa podem enquadrar-se numa destas categorias:

~ papel higiénico

~ papel de cozinha

~ lenços de papel

~ papéis importantes

~ papéis de trabalho

~ papéis sentimentais

~ recortes de revistas e jornais e outras papeladas

Papel higiénico

Aqui não à volta a dar. A solução que encontrei quando me tornei mais “verde” foi

usar papel higiénico reciclado, que até é uns cêntimos mais barato que o normal e

parece-me exatamente igual (o que, aliás, me deixou a pensar se seria mesmo

reciclado…).

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Papel de cozinha

O papel de cozinha cá em casa tinha três aplicações: para eu me assoar, para servir de

guardanapo e para limpar os vidros. Comecei a fazer lenços de assoar a partir de

lençóis velhos e para os vidros e outras limpezas comecei a usar panos de microfibra,

que são ótimos, laváveis, duram imenso tempo e podem ser usados para limpar o

chão, vidros, casa de banho, cozinha e todas as superfícies. São laváveis na máquina e

podem mesmo ser usados sem qualquer produto de limpeza (eu uso um produto

multiusos à base de vinagre). Quanto aos guardanapos, comecei a fazer e usar

guardanapos de pano.

Lenços de papel

Os pacotinhos de lenços de papel eram usados pelos meus filhos para fazerem torres e

outras construções e também para eu me assoar (sim, tenho rinite alérgica, daí o

assoar-me muito…). Comecei a fazer os meus próprios lenços de assoar de pano,

recortando quadrados de 20 cm de lado com uma tesoura zigzag (para não desfiar) a

lençóis velhos. Ainda temos pacotes de lenços de papel em casa, que levo para o

trabalho e tenho sempre um ou dois pacotes na mala e na mochila dos miúdos. E

continuam a ser usados para as mais variadas construções…

Papéis importantes

Tenho no escritório um conjunto de quatro dossiers que uso como sistema de arquivo.

Tenho um dossier para mim, outro para o J., um para os miúdos, e o último para a

casa. Cada dossier está devidamente organizado com separadores. É nestes dossiers

que arquivo papéis importantes (e outros não tão importantes…). Sabia que tinha

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muita papelada que não era assim tão importante quanto isso que podia jogar fora ou

digitalizar, ficando só com a cópia em pdf. Então lancei mãos à obra!

Papéis de trabalho

Eu tinha em casa uma série de pastas de arquivo com artigos científicos e outras

papeladas do trabalho. Está bem que muitas vezes trabalho em casa, mas não

precisava de tanto papel aqui a ocupar espaço. Então, primeiro fiz uma grande limpeza

aos papéis. Tudo o que já não precisava foi fora. Artigos que tinha também cópia em

pdf, foram fora (na verdade, dei-os à minha colega e os que ela não quis é que foram

fora). Livros fotocopiados do tempo da licenciatura e nos quais nunca peguei depois

disso, foram para a nossa mini-biblioteca do laboratório. Livros técnicos que já não me

interessavam, ou vendi ou dei. Em casa fiquei só com alguns livros mais importantes.

Quando trabalho em casa, trago da Universidade os papéis de que poderei precisar,

mas depois voltam para lá. Fiz igual limpeza ao meu gabinete no trabalho, para ter

espaço para tudo no meu armário. Acabei com duas prateleiras livres em seis!

Papéis sentimentais

E, tal como as fotografias, esta é a pior parte para muitas pessoas – mas não para mim!

Não tive problema nenhum em digitalizar ou fotografar papéis, cartas ou diários da

adolescência e jogar os originais fora.

As cartas (tudo coisas antigas, pois com a internet já quase ninguém escreve com

papel e caneta) foram digitalizadas e organizadas no computador por ordem

cronológica.

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Em relação aos diários, toda a minha vida, de 1993 a 2000, está lá escrita. Não os

digitalizei, pois daria imenso trabalho, mas fotografei-os, página a página. Muito mais

fácil e rápido. Juntamente com os diários, tinha também imensos papéis soltos, a

maior parte escritos por mim, outros por amigos, e outros eram recadinhos que

escrevíamos uns aos outros nas aulas... Ler tudo isto de novo foi só rir!... Fotografei

tudo e depois organizei-os cronologicamente. Não me incomodou minimamente jogar

os diários fora. Consigo lê-los perfeitamente nas fotos (mas duvido que o vá fazer).

Agora, em vez de ocuparem uma caixa no escritório, ocupam apenas 600 MB no

computador!

Recortes de revistas e jornais e outras papeladas

Tinha uma pasta com vários recortes de revistas, desde artigos que achei

interessantes, recortes de revistas de decoração, etc. Primeiro fiz uma limpeza e fiquei

apenas com o que ainda me interessava. Depois, digitalizei tudo e joguei os originais

para a reciclagem. E fiquei com umas pastas a menos no escritório!

Para levar esta tarefa a cabo, temos que ser muito frios e pensar se realmente

precisamos das versões em papel que fomos acumulando ao longo dos anos. A

verdade é que não precisamos de quase nada. As coisas que queremos guardar é pelo

seu valor sentimental, e não porque seja necessário.

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XIII As divisões da casa

Já sabemos quais os princípios do minimalismo e da vida simples: identificar o

essencial e eliminar o excesso. Isto aplica-se tanto às pequenas coisas como às grandes

– a mobília.

Eu vivo num apartamento T3 com cerca de 130 metros quadrados (incluindo as

varandas e uma pequena arrecadação na cave), comprado há quase 8 anos. Na altura

nós éramos pessoas normais (ainda somos, acho eu!), o único minimalismo que eu

conhecia era um estilo decorativo e então comprámos a mobília normal que

supostamente um apartamento precisa - uma cama, mesas de cabeceira, cómodas,

sofás, mesinhas de café, mesinhas de apoio, mesa de jantar, aparador, cadeiras,

estantes, mesas e cadeiras para as varandas, mesa de cozinha, secretária, mais

estantes, etc, etc, etc...

Quando me dei por satisfeita com o destralhamento cá em casa, fiquei com um

aparador de sala vazio, três estantes de parede vazias, dois camiseiros com seis

gavetas cada vazios no quarto, um móvel de apoio na cozinha vazio, e no escritório

três estantes grandes com mais de 2 m foram substituídas por uma Billy com seis

prateleiras e 80 cm de largura.

A maneira de não voltar a acumular tralha é… claro, livrarmo-nos de toda a mobília

vazia que já não faz falta. Eu vendi todas essas peças de mobília no custo justo. E

estabeleci uma regra, sobretudo para a roupa, que é o meu ponto fraco – posso

comprar roupa ou outras coisas à vontade, mas as coisas novas têm que caber no

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espaço disponível. Se não cabe, alguma coisa tem que ir fora. Não posso comprar mais

mobília para albergar mais coisas.

Agora sinto-me muito melhor em minha casa. Sinto que é um local pacífico, calmo e

convidativo. Dá-me muito mais prazer estar em casa, pois tenho muito menos coisas

para arrumar, organizar e limpar.

Enquanto estava a escrever este capítulo, pesquisei na internet apartamentos

minimalistas. Fui dar ao apartamento da Tammy Strobel, que tem dois livros que já li e

gostei, Simply car-free e Smalltopia. Achei o apartamento deprimente. E como os

comentadores referiam, uma vida simples não tem que ser deprimente e desprovida

de beleza e conforto. Se há quem se dê bem assim, ótimo, mas não é isso que o

minimalismo significa.

Eu tenho tido mais atenção à decoração da casa, pois com menos coisas, só quero ter

aquilo que acho realmente bonito e funcional (funcional em objetos decorativos

significa que esses objetos adicionam beleza ao espaço). Não vou ter um bibelot

qualquer em exposição só porque me foi oferecido. Quero poucas coisas, mas quero

estilo (o meu estilo) e conforto. Quero um espaço convidativo, onde as pessoas se

sintam bem. Não quero viver de forma ascética ou austera – o minimalismo como

estilo de vida não é isso.

Dito isto, a mobília que julgo ideal para cada divisão da casa é a seguinte:

Sala de estar/jantar

~ 1 sofá grande com poucas almofadas

~ 1 mesa de centro

~ 1 mesa de jantar com cadeiras

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~ 1 pequena estante para livros

~ 1 móvel para multimédia (TV, leitor de DVD, aparelhagem, etc.)

A minha sala – só queria que o sofá fosse branco também…

Cozinha

~ mesa com cadeiras (tudo deve caber dentro dos armários da cozinha)

Quarto

~ cama

~ mesas de cabeceira

~ um roupeiro grande (ou mais uma cómoda/camiseiro se o roupeiro for pequeno,

como o meu)

~ cadeira para colocar roupa para o dia seguinte ou cabide

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Casa de banho

~ além da louça que já vem com a casa de banho, um pequeno armário; uma das

minhas casas de banho tem um armário debaixo do lavatório, que é suficiente; a outra

casa de banho não tinha nenhuma arrumação, e então pusemos um pequeno armário

de parede

~ cesto para roupa suja

Escritório

~ secretária

~ cadeira

~ estante

(eu tenho ainda um piano vertical, o terrário da iguana, outra cadeira para a máquina

de costura e um pequeno maple)

A colocação de tapetes depende dos seguintes fatores: tipo de chão, pessoas e animais

que vivem na casa, alergias. O meu chão é todo de madeira, exceto na cozinha e casas

de banho e, portanto, é um chão confortável e quente mesmo no inverno. Atualmente

só há um tapete no quarto dos miúdos. Queria um na sala, mas ainda não encontrei o

ideal. Como tenho duas crianças e vários animais que andam à solta pela casa (além

dos três gatos, a iguana também), quero superfícies que se limpem com facilidade – os

tapetes geralmente não se enquadram nessa categoria. Por fim, eu tenho rinite

alérgica e sou alérgica aos ácaros – e os tapetes são ímanes para a porcaria.

Seja como for, o mais importante é sentirmo-nos confortáveis na nossa casa e termos

vontade de lá estar. A casa deve ser convidativa e a sua manutenção deve ser a mais

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simples possível. Lembro-me de uma antiga colega minha contar-me que os pais

queriam vender a vivenda que tinham construído, pois não faziam mais nada durante

o fim de semana a não ser limpar e tratar da casa…

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XIV Palavras finais

E pronto! Chegámos ao fim deste guia rápido para simplificar a vida.

Espero que vos tenha sido útil e que vos tenha inspirado a mudar e a simplificar a

vossa vida, de maneira a terem menos stress e mais tempo para aquilo que é

realmente importante.

Adorava ouvir a vossa opinião acerca do livro! Por favor, deixem um comentário no

blog ou enviem um e-mail. Este livro pode ser distribuído à vontade, pode ser enviado

por e-mail aos vossos amigos, pode ser fotocopiado, partes ou o todo. Só não pode ser

vendido nem alterado. Podem oferecê-lo no Natal e assim ajudar mais alguém a

simplificar a sua vida. Ficaria muito feliz se espalhassem a palavra!

Obrigada por me acompanharem no blog! É graças ao vosso feedback entusiasta que

eu tenho motivação para escrever posts e livros (sim, livros, vem mais um a caminho)!

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XV Outros recursos

Livros – edições em papel

Organized Simplicity de Tsh Oxenreider

The Power of Less de Leo Babauta

Focus de Leo Babauta

Zen to Done de Leo Babauta

The Joy of Less de Francine Jay

Living the Savvy Life de Melissa Tosetti e Kevin Gibbons

Color me Beautiful de Carole Jackson

Sleeping naked is green de Vanessa Farquharson

Livros electrónicos - formato pdf

One Bite at a Time de Tsh Oxenreider

Simple Blogging de Rachel Meeks

Be More with Less de Courtney Carver

Minimalism – Essential Essays de Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus

Family-sized minimalism de Faith Janes

Simply car-free de Tammy Strobel

Reuse, refresh, repurpose de The Frugal Girl

A maior parte destes links são affiliate links, o que significa que se comprarem algum dos livros
através do link, eu recebo uma pequena comissão. Muito obrigada pelo vosso apoio!

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