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Cinco poemas de Geraldo Urano

Do livro “O Belo e a Fera (cantigas)”, de 1989, assinado por Lima Batista

os ladrões estão satisfeitos

com a terra nua

todos os poderes

tiram partido dela

políticos artistas e religiosos

fazem loteria de suas vestes

mas não tarda

o dia da verdade

não tarda a hora da justiça

o sino está tocando

nada de novo no manicômio

ela tem lábios encarnados

pergunta quando vou fugir

escrevo seu nome na parede

meu anjo

qualquer dia nós vamos sair

antes que eu te chame escandalosa

vê se achas uma rosa

deixa o sol entrar

adeus cidade de detroit

vou embora pra chicago


apenas outro lugar

a outra é não me toque

te abaixes nova iorque para o luar passar

escuta o vento

tu que és inspirado

elas não vão mal?

se aborrecem com a claridade

não és tu que és desajeitado

que só sabes passar mal

é a noite que invadiu o dia

melhora!

lava o teu rosto na pia

o planeta amarelo está em brasa

são os vulcões que se espalham

se eu dissesse

as moças de saigon

caminham pela noite azul da ásia

estaria mentindo

a primavera agora é só verdade

quem deterá os oceanos?

ou impedirá os rigores do inverno?

e essas cidades

para onde querem ir?

que crescimento besta é esse?

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