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Bang! Bang! You're Dead.
Bang! Bang! You're Dead.
Matei. Tão bela, acariciava-me os cabelos, amava-me... E tudo era longas viagens:
Ah! As cores que sentíamos, o mundo que surgia, a dor que já não era sofrer, mas um
eterno criar e crescer em perspectivas inimagináveis. Rasgou-me os versos, não pude
mais, matei: Euterpe, Amorosa, seu sangue espalhado, seu corpo frio – negação do
lirismo que tinha e não me deu.
Matei. A sorte da sua irmã servia-lhe de aviso. Desprezou-a e empregou todas as artes
pra me seduzir. No meu espírito imbuiu pretensões vãs, eu bailava, eu rodopiava,
enquanto eu girava, e girava, e girava, gigante me tornava. Gigante! No salto
derradeiro, com o êxtase já tão perto, suas mãos – guias minhas – abraçam-me e
arremessam, sem piedade, no chão. Seu sadismo foi minha herança, Terpíscore. Sua
vida eu colhi com tiros, porém, suas pernas foram arrancadas à mão.
Matei. Polímnia não suportou a negação de Deus. Todas nossas brigas, todas as
discussões metafísicas, todas as dúvidas, valeram-lhe um AVC. Não a socorri.
Urânia também já não está comigo. O motivo? Quem olharia para os astros se o caos
está na Terra?
Matei. Senti ânsia de contar as dores do homem, seus (meus) dilemas, dúvidas,
vergonhas. Busquei mergulhos introspectivos, nadei no mar da minha própria
essência, porque algo me dizia: “o épico moderno é a descoberta do subconsciente”.
Calíope, belavoz, negou a empresa. Emudeceu-me, renegou-me. Forçou-me às mãos
sujas que ainda trago.
Matei. Minhas relações com Tália foram breves, duraram uma gargalhada. Julgou meu
humor torto, joguei sua vida fora.
Matei. Clio. História... A adoção do conceito marxista foi além da sua alçada. Tentou
me derrubar, mas caiu antes.
Só que, por fim, elas não eram deusas, não eram arquétipos – elas eram eu. Suicídio
intelectual: a vida segue catatônica.