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O Casamento
Noções Gerais
O conceito de casamento
Não existe uma noção universal de casamento É uma noção que varia em função
de valores sociais e da evolução da sociedade civil Poucas legislações definem o
casamento nem no Código francês nem no espanhol nem no italiano nem no
alemão encontramos uma definição do ato matrimonial E a verdade é que esta
omissão não costuma ser censurada pela doutrina As características do casamento
são de tal modo conhecidas que não será possível confundi lo com uma união de
facto
Não havendo uma noção universal isto determina que pode ser conceitualizado
em termos distintos o casamento
Casamento é uma instituição jurídica O casamento deve ser
perspetivado como uma garantia institucional É uma figura que é
preexistente ao legislador histórico Não pode ser reconfigurada pelo
legislador sem mais )sto levanta o problema de saber se a fisionomia do
casamento sendo preexistente ao legislador histórico em que medida pode
ser livremente alterada por uma lei
Casamento é um compromisso jurídico de conteúdo vinculado típico O
casamento é aquilo que o legislador definiu e tem um conteúdo vinculado
porque só pode ser alterado pelo legislador não podendo ser livremente
conformado pelas partes Assim releva a plena comunhão de vida art
I S
I S
Por fim a procriação sendo um fim normal ou natural não é todavia um fim
absolutamente essencial do casamento civil pelo que não deve entrar na respetiva
definição
A impotência não é no Direito Português impedimento matrimonial A
impotência de um dos cônjuges só pode servir de fundamento à anulação do
casamento quando ignorada do outro cônjuge nos termos do art
sendo assim a anulabilidade do ato simples medida de proteção do interesse
deste
O Direito Português não dá relevo à consumação do matrimónio através da
cópula podendo dizer se que o casamento civil não vale mais depois de
consumado que antes da consumação
I S
Por outro lado como estado o casamento católico ostenta patentemente aquelas
mesmas características do casamento já referidas e que são suas propriedades
essenciais
A unidade ou exclusividade
A indissolubilidade A vocação de perpetuidade do casamento católico é
mesmo muito mais forte do que a do casamento civil pois são
extremamente raros os casos previstos nos cânones a em que o
Direito Canónico permite a dissolução do vínculo matrimonial
I S
Artigo
Casamento católico e civil
O casamento é católico ou civil
A lei civil reconhece valor e eficácia de casamento ao matrimónio católico nos
termos das disposições seguintes
I S
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contrair matrimónio católico a não ser que se provasse que nenhum dos
contraentes professava a religião católica hipótese em que já seria admitida
a celebração do casamento civil
Modalidades de casamento
Casamento Casamento
civil católico
I S
Consentimento
I S
Capacidade
I S
I S
I S
O casamento católico pode ser celebrado sem que perante o respetivo pároco seja
exibido o certificado a que se refere o art n CRC quando se trate de
casamentos in articulo mortis na iminência de parto ou cuja imediata celebração
seja expressamente autorizada pelo ordinário próprio por grande motivo de
ordem moral arts n CC e n CRC
Estes casamentos a que chamaremos urgentes podem pois celebrar se
independentemente de processo preliminar
Artigo
Dispensa do processo preliminar de casamento
O casamento in articulo mortis na iminência de parto ou cuja celebração imediata seja
expressamente autorizada pelo ordinário próprio por grave motivo de ordem moral
pode celebrar se independentemente do processo preliminar de casamento e de
passagem do certificado previsto no artigo anterior
A dispensa do processo preliminar de casamento não altera as exigências da lei civil
quanto à capacidade matrimonial dos nubentes continuando estes sujeitos às sanções
estabelecidas na mesma lei
A transcrição porém não tem agora de ser feita no prazo do art n salvo se
já tiver corrido o processo preliminar se não for este o caso é preciso que corra
esse processo substituindo se a declaração dos nubentes pelo duplicado ou pela
certidão do assento canónico art Só depois é que a transcrição se faz nos
dois dias seguintes ao despacho final do conservador art n A transcrição
deve ser recusada nomeadamente nos casos previstos na alínea e do n do art
I S
I S
I S
Requisitos de perfeição
A capacidade matrimonial
Relevam situações
a A maturidade
b Consciência de vinculação É relevante em dois casos idade muito reduzida
e idade muito avançada processo psicológico ou psíquico que afecte o
estado de querer
c Ausência de um impedimento Razões biológicas jurídico legais
Casamento Civil
I S
Requisitos Gerais
Maturidade Este requisito afasta a menoridade Em regra o menor de
idade é presumido imaturo para a celebração do casamento Por essa razão
o legislador consagrou como idade núbil os anos Antes dos anos não
existe capacidade de gozo sendo o acto de casamento celebrado anulável
art alínea a A imaturidade pode também ser fundada numa
situação de incapacidade acidental ou de usura i e situação de extrema
necessidade
Liberdade O sujeito tem de formar a sua vontade em termos livres ou
espontâneos Não se pode ter sido coagido a celebrar o acto de casamento
Não pode igualmente haver usura i e se estou dependente não estou no
controlo da minha liberdade de acção e decisão
Esclarecimento A vontade tem de ser manifestada por alguém que esteja
plenamente esclarecido sobre a pessoa com que vai casar i e as suas
qualidades características e atributos Também deve ser esclarecida sobre
a própria natureza jurídica do casamento e os efeitos que se vão aplicar É
fundamental que os contraentes assumam ter conhecimento das
consequências quer pessoais quer patrimoniais que se aplicam por virtude
do casamento
Licitude da motivação O sujeito tem que ter por finalidade uma
finalidade que não seja contrária aos princípios de ordem pública e de bons
costumes
Delimitação positiva
Casamento católico
Cânones e ss
Casamento civil
I S
Arts e
Delimitação negativa
Casamento católico
Cânones
Casamento civil
Arts alínea b a e e
Tem se entendido que o elenco constante do art é ele próprio taxativo Não
há taxatividade da ineficácia em conceito amplo mas existirá um princípio de
tipicidade em sede de anulabilidade do casamento
O Prof Antunes Varela Dizia que estão em questão casos de falta de vontade
Podiam resultar da falta de vontade de acção de declaração e negocial Nestes
artigos podemos ter uma multiplicidade de situações Adicionalmente dizia que
não se pode transpor e aplicar em bloco o regime dos arts e ss aqui O que
releva é o que está em Direito da Família lei especial vai consumir a lei comum
I S
alínea b erro acerca da identidade física Que erro é este Erro quanto ao
declaratário é um erro vício art Mas a doutrina de direito da família
entende que o que está em causa é um erro obstáculo isto é erro na declaração
divergência entre vontade e declaração
Art erro que vicia a vontade O legislador está a dizer as coisas duas vezes
Ou a desenvolver o que resultaria da alínea
Regime
Art Esta taxatividade que aqui é definida não prejudica a articulação com
o regime comum e com as figuras que possam estar na base destas figuras
Erro A doutrina entende que é um caso de erro na declaração A Prof Ana Filipa
Antunes tem dúvidas Considera que o art vai proceder ao desenvolvimento
desta alínea c do art Pode haver em casos extremos uma divergência entre
vontade e declaração
I S
I S
I S
Não terá relevância a usura ainda que quanto a este ponto haja autores Prof Jorge
Duarte Pinheiro que entendem que o art n permite dar relevância a esta
figura
A procuração uma vez outorgada não subsiste para sempre podendo os seus
efeitos cessar art Admitem se as seguintes formas de cessação de efeitos
da procuração
I S
I S
Ao contrário do que defende o Prof Jorge Duarte Pinheiro não parece que seja
nenhuma extravagancia ao regime do consentimento ter de ser prestado
presencialmente O casamento por procuração não representa uma exceção
As formalidades do casamento
Regimes Especiais
O processo comum não se vai verificar nestes casos (á quatro casos especiais de
desvio à tramitação comum
I S
I S
Modalidades
I S
Os casos de inexistência estão tipificados no art São todos eles casos mais
graves do que aqueles que geram a nulidade do casamento católico e a
anulabilidade do casamento civil Entende se que não há sequer aparência de
validade Destitui se qualquer possibilidade de considerar que o casamento foi
celebrado de forma válida Esses casos são
Casamentos celebrados perante quem não tinha competência funcional
para o ato alíneas a e b
Casamentos em que falte a declaração de vontade dos nubentes ou de um
deles alíneas c e d
I S
Anulabilidade arts a CC
Prazo No Direito da Família não vamos ter sempre o mesmo prazo mas
sim prazos variáveis não se aplicando o art n
Como vimos há vários regimes de anulabilidade Varia muito de caso para caso o
círculo das pessoas que podem intentar a ação de anulação e o prazo dentro do
qual lhes é permitido fazê lo (á na lei tipos ou regimes diferentes de
anulabilidade consoante os interesses em vista dos quais a anulabilidade é
estatuída
a )nteresse dos cônjuges e suas famílias e no interesse público São os casos
de casamento contraído com impedimento dirimente O círculo de pessoas
que podem propor a ação de anulação é muito amplo i e cônjuges aos
seus parentes na linha reta ou até ao grau na linha colateral herdeiros e
adotantes Por outro lado como a anulabilidade também é estatuída no
interesse público o Ministério Público pode também intentar a ação
i Motivo da anulabilidade é temporário A lei admite que a
anulabilidade seja sanada e marca um curto prazo para a
propositura da ação ou não permite que a anulação seja requerida
depois de o motivo da anulabilidade ter cessado É o que acontece
quando o casamento é contraído com os impedimentos de falta de
idade nupcial demência notória interdição ou inabilitação por
anomalia psíquica e casamento anterior não dissolvido
ii Motivo da anulabilidade é permanente A lei não permite que seja
sanada a anulabilidade e esta pode ser arguida em prazo muito mais
longo É o que acontece quando o casamento é contraído com os
impedimentos de parentesco ou afinidade na linha reta parentesco
no grau da linha colateral e condenação por homicídio
b )nteresse público É o caso de o casamento ser celebrado sem a presença
das testemunhas A ação de anulação só pode ser proposta neste caso pelo
Ministério Público
c )nteresse particular de um dos cônjuges Só esse cônjuge pode requerer a
anulação É o que acontece nos casos de incapacidade acidental falta de
consciência do ato erro sobre a identidade física do outro cônjuge coação
física erro vício e coação moral A anulação só pode agora ser pedida pelo
cônjuge enganado coato ou cuja vontade faltou e dentro de prazo muito
curto valendo pois aqui um regime de anulabilidade idêntico ao que vale
quanto aos negócios jurídicos em geral
)rregularidade
I S
Noção Declarado nulo ou anulado o casamento os efeitos que este produziu até
à data da declaração de nulidade ou da anulação podem manter se quando certos
pressupostos se verifiquem É o que se chama casamento putativo
I S
I S
situação se não idêntica pelo menos muito semelhante à que se verifica no caso de
divórcio
)sto compreende se por uma razão de justiça e de tratamento dos filhos sem que
haja interferência da vicissitude que conduza à invalidade do casamento O
legislador pretende proteger os filhos
I S
I S
Sede normativa
Estado de casado arts e CRP arts a
e An n A a
ss ss ss CC
Lei Nacionalidade Art
Lei da Liberdade Religiosa Art n
Diretrizes fundamentais
Artigo
)gualdade dos cônjuges
O casamento baseia se na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges
A direção da família pertence a ambos os cônjuges que devem acordar sobre a orientação da
vida em comum tendo em conta o bem da família e os interesses de um e outro
O art enuncia os dois princípios fundamentais por que se rege a matéria dos
efeitos pessoais do casamento
Princípio da igualdade dos direitos e deveres dos cônjuges
Princípio da direção conjunta da família
I S
A lei impõe aos cônjuges o dever de acordar sobre a orientação da vida em comum
tendo em conta o bem da família e os interesses de um e outro O dever de acordar
sobre a orientação da vida em comum é assim um dever pessoal dos cônjuges a
acrescer aos cinco deveres referidos no art
Violaria este dever o cônjuge que quisesse decidir por si em assuntos da
vida matrimonial recusando deliberadamente qualquer disposição para
chegar a acordo com o outro
I S
No âmbito das relações pessoais entre os cônjuges apenas em três casos permite o
Código que o conflito entre os cônjuges seja decidido pelo tribunal
Nos casos de desacordo sobre a fixação ou alteração da residência de
família art n
Nos casos de desacordo sobre o nome próprio ou os apelidos dos filhos art
n
Nos casos de desacordo dobre questões de particular importância relativas
ao exercício das responsabilidades parentais art n
São casos em que é especialmente necessária ou urgente a solução do conflito
À parte destes casos o desacordo deve ser resolvido dentro da família pelos
próprios cônjuges O direito recusa se a intervir e faz apelo ao sentido de
responsabilidade dos cônjuges e à sua capacidade de autorregulamentação da
família
Artigo
Deveres dos cônjuges
Os cônjuges estão reciprocamente vinculados pelos deveres de respeito fidelidade coabitação
cooperação e assistência
I S
Respeito
Num sentido mais imediato e restrito o dever de respeito consiste em não lesar a
honra sendo indiscutível a ilicitude dos comportamentos de um cônjuge que
atinjam a integridade moral do outro ex proferir insultos verbais fazer gestos
obscenos não cumprimentar
I S
Fidelidade
I S
Não haverá violação do dever de fidelidade se o cônjuge que teve relações sexuais
com terceira pessoa só o fez por exemplo por erro ou sob coação
Ex erro sobre a existência do casamento que se supunha estar dissolvido Ou
então houve um erro sobre a identidade da pessoa com quem se tiveram relações
e que se supunha ser o outro cônjuge ou que a relação adulterina foi conseguida
mediante sugestão hipnótica
Jurisprudência relevante
Acórdão STJ
Coabitação
I S
Cooperação
Artigo
Dever de cooperação
O dever de cooperação importa para os cônjuges a obrigação de socorro e auxílio mútuos e a de
assumirem em conjunto as responsabilidades inerentes à vida da família que a fundaram
I S
Assistência
Artigo
Dever de assistência
O dever de assistência compreende a obrigação de prestar alimentos e a de contribuir para os
encargos da vida familiar
O dever de assistência mantém se durante a separação de facto se esta não for imputável a
qualquer dos cônjuges
Se a separação de facto for imputável a um dos cônjuges ou a ambos o dever de assistência só
incumbe em princípio ao único ou principal culpado o tribunal pode todavia excecionalmente e
por motivos de equidade impor esse dever ao cônjuge inocente ou menos culpado considerando
em particular a duração do casamento e a colaboração que o outro cônjuge tenha prestado à
economia do casal
I S
Nunca foi clara na lei a questão de saber qual o objeto da prestação de alimentos e
com que critério deve ser fixado o respetivo montante
A obrigação de alimentos entre cônjuges está sujeita ao princípio geral do
art segundo o qual o montante dos alimentos depende das
necessidades de quem os pede e das possibilidades de quem os presta
Mas a dúvida consiste em saber como se determinam aquelas
necessidades ou seja se o credor de alimentos apenas tem direito ao que
for necessário para o seu sustento habitação e vestuário nos termos do
art ou se ele tem direito na medida das possibilidades do devedor
ao necessário para assegurar o padrão ou trem de vida anterior o mesmo
nível económico e social que era o seu antes da separação
Artigo
Dever de contribuir para os encargos da vida familiar
O dever de contribuir para os encargos da vida familiar incumbe a ambos os cônjuges de
harmonia com as possibilidades de cada um e pode ser cumprido por qualquer deles pela
afetação dos seus recursos àqueles encargos e pelo trabalho despendido no lar ou na manutenção
e educação dos filhos
Se a contribuição de um dos cônjuges para os encargos da vida familiar for consideravelmente
superior ao previsto no número anterior porque renunciou de forma excessiva à satisfação dos
seus interesses em favor da vida em comum designadamente à sua vida profissional com
prejuízos patrimoniais importantes esse cônjuge tem direito de exigir do outro a correspondente
compensação
O crédito referido no número anterior só é exigível no momento da partilha dos bens do casal
a não ser que vigore o regime da separação
Não sendo prestada a contribuição devida qualquer dos cônjuges pode exigir que lhe seja
diretamente entregue a parte dos rendimentos ou proventos do outro que o tribunal fixar
I S
Cada um dos cônjuges pode pois cumprir a obrigação por uma das formas
referidas pela outra ou por ambas Assim é possível que um dos cônjuges cumpra
aquela obrigação de uma forma e o outro de outra mas também é possível que os
dois cumpram a obrigação de ambas as formas Tudo depende do que seja
convencionado entre eles
I S
I S
Artigo
Residência da família
Os cônjuges devem escolher de comum acordo a residência da família atendendo
nomeadamente às exigências da sua vida profissional e aos interesses dos filhos e
procurando salvaguardar a unidade da vida familiar
Salvo motivos ponderosos em contrário os cônjuges devem adotar a residência da
família
Na falta de acordo sobre a fixação ou alteração da residência da família decidirá o
tribunal a requerimento de qualquer dos cônjuges
A casa de morada de família deve ser escolhida art por acordo conjugal O
art enuncia os índices que devem ser ponderados aquando da escolha da
casa de morada de família Quando se escolhe a casa de morada de família deve se
escolher aquela que é mais razoável para a vida familiar
I S
O casamento não faz perder a qualquer dos cônjuges os seus apelidos de solteiro e
nenhum deles tem obrigação de juntar apelidos do outro cônjuge aos seus
podendo inclusivamente renunciar em qualquer momento aos apelidos adotados
art n alínea d CRC
Este direito de aditar apelidos tem eficácia não apenas durante a constância do
casamento mas mesmo em caso de dissolução do casamento Art AaC
Por efeito da dissolução do casamento por morte o cônjuge sobrevivo pode
manter o apelido do falecido art A O cônjuge que tenha adotado
apelidos do outro conserva os em caso de viuvez se o declarar até à
celebração do novo casamento mesmo depois de segundas núpcias não
podendo neste caso porém acrescentar apelidos do segundo cônjuge art
n
No caso de separação judicial de pessoas e bens os cônjuges conservam o
apelido um do outro art B Decretada a separação cada um dos
cônjuges conserva os apelidos do outro que porventura tenha adotado
Nada o impede porém de renunciar aos apelidos do outro cônjuge nos
termos gerais do art n alínea d CRC
No caso de divórcio o cônjuge apenas conserva o nome do outro se este
der o seu consentimento art B Se conservar os apelidos do ex
cônjuge e passar a segundas núpcias não pode acrescentar lhes apelidos
do novo cônjuge art n
O art C consagra a privação judicial do uso do nome Devemos
remeter para o art n que se aplica por remissão do art C C Em
caso de divórcio quem tem legitimidade é o ex cônjuge A ação judicial tem
de ter um fundamento O fundamento está tipificado se a utilização do
I S
A idade núbil é de anos o que significa que a partir dessa idade é possível
contrair casamento desde que haja autorização dos titulares das responsabilidades
parentais ou o suprimento dessa autorização
Quando pode não ocorrer a emancipação plena do cônjuge menor quando for
celebrado casamento irregular art CC
Ver questão dos atos de administração distinção entre atos de
administração ordinária extraordinária e de disposição
O fenómeno sucessório
O Direito das Sucessões é um direito muito ligado e construído com base na tutela
da família todos os bens que eram titulados por alguém em vida devem
desejavelmente permanecer na família perpetuando se
Aquisição de nacionalidade
I S
O português que case com nacional de outro Estado não perde por esse facto a
nacionalidade portuguesa salvo se tendo adquirido pelo casamento a
nacionalidade do seu cônjuge declarar que não quer ser português art da Lei
da Nacionalidade
Prof Ana Filipa Ainda que se entenda que há uma verdadeira e própria
simulação ex casar para obter dinheiro com isso é essencial que haja acordo das
partes porque isso é um elemento da simulação
o Não estando preenchidos os elementos da simulação pode se averiguar a
possibilidade de aplicação da reserva mental (á doutrina que vai dar
relevância jurídica à reserva mental de acordo com o art d Para
isso tem de ocorrer uma reserva mental conhecida do declaratário
Para quem entenda que não existe verdadeira simulação isso implica considerar
que mesmo nos casos em que ambos sabem que estão a casar para que o outro
obtenha a nacionalidade não se deixa de prescindir neste caso de um acordo das
partes e este caso não sendo simulação pode ser invalidado por alguma doutrina
que entende que é um caso de verdadeira e própria fraude à lei
Sendo um negócio em fraude à lei não há disposição no Código Por isso há uma
verdadeira divergência doutrinal
Art vício do objeto
Art ilicitude do fim
Art contrariedade de norma imperativa
I S
I S
Noções gerais
I S
Conceito de património
Os regimes de bens
c Separação
A convenção antenupcial
I S
(á casos particulares em que estão em causa atos com projeção sucessória Assim
os artigos estipulam quais disposições por morte é que são admitidas se os pactos
sucessórios podem ser admitidos etc
Disposição de bens
Regimes especiais
Casa de morada de família art An
Estabelecimento comercial art A n b substrato de uma
empresa conjunto dos trabalhadores e bens que em termos unitários dão
valor àquela empresa
I S
Sede normativa a
O princípio geral é que ambos os cônjuges têm legitimidade para contrair dívidas
Temos que distinguir entre dívidas que responsabilizam ambos os cônjuges art
n n e dívidas exclusivas de ambos os cônjuges art
n e
Dívidas contraídas em proveito comum do casal esta matéria já deu aso a grandes
discussões no passado (á uma interpenetração com o Direito Comercial No
proveito comum releva saber quais são os bens impenhoráveis
Arts n alínea d n n (á uma presunção legal de
proveito comum Esta matéria deve ser complementada com as dívidas contraídas
no exercício do comércio art n alínea b Devemos ter em conta o art
e do Código Comercial
Bens que podem responder Que bens é que podem ser executados Releva o art
e
I S
Para além do respeito pelo art que é uma norma especial temos que
controlar a validade das convenções antenupciais à luz de outros princípios e
normas imperativos com fundamento no art e C C O regime das
convenções antenupciais pauta se pelo respeito pela trilogia de limites que se
observa em qualquer negócio jurídico
I S
Regimes de bens
I S
I S
Jurisprudência relevante
Acórdão STJ A razão de ser da exigência de declaração é a
proteção de um cônjuge em relação a outro
Acórdão de Uniformização de Jurisprudência de Veio
esclarecer as várias dúvidas que existiam na matéria
Acórdão STJ Sobre o art bens comuns Foi
celebrado um contrato promessa anterior ao casamento sem eficácia real
Depois do casamento foi outorgado um contrato de mútuo por um dos
cônjuges e celebrado o contrato de compra e venda do cônjuge que era
outorgante no contrato promessa O tribunal concluiu que seria um bem
comum
Acórdão STJ Já depois de celebrado casamento foi
adquirido por um dos cônjuges um prédio urbano que foi edificado sobre
um terreno que lhe havia sido doado As obras de construção foram
suportadas por ambos os cônjuges antes de se casarem quando viviam em
união de facto As contribuições de ambos foram feitas à custa dos salários
que ambos aferiam Agora depois de casados é um bem próprio ou comum
O tribunal considerou que estava em causa um bem próprio
Acórdão STJ Dispõe acerca da regra da metade )ncide
diretamente sobre o art Neste caso houve uma simulação de valor
em vida A simulação não foi demonstrada por não haver elementos mas a
cláusula era nula por ofender a regra da metade
outro ou tenha poderes exclusivos sobre bens que são dos dois Também isto
carece de regulamentação especial
As regras sobre administração dos bens do casal são imperativas nubentes não
podem convencionar regras diferentes de acordo com a sua conveniência art
n alínea c
Talvez o legislador tenha receado que deixando esta matéria à liberdade
dos nubentes muitos fossem tentados a seguir a tradição que confiava ao
marido os poderes de administrar todos os bens do casal frustrando deste
modo o princípio igualitário que a Reforma estava a introduzir no Direito
Civil na sequência dos preceitos constitucionais de
Esta imperatividade não exclui que um cônjuge ceda ao outro todos ou parte dos
seus poderes sobre bens próprios ou bens comuns desde que o faça por mandato
que é livremente revogável arts n alínea g n
O que o legislador quis proibir foi a concessão de poderes em convenção
antenupcial que vincularia o cedente até uma revogação por mútuo
consenso sendo certo que esta revogação poderia tornar se impossível
tanto por causa de um princípio de imutabilidade das convenções como por
causa da falta de colaboração do outro cônjuge
Artigo
)mporta distinguir entre a administração dos bens próprios e a dos bens comuns
Bens comuns art n alínea c e n art n e
Titulados por ambos os cônjuges Consagra se o princípio da administração
conjunta (á contudo desvios que determinam a administração exclusiva por
um dos cônjuges O elenco legal por vezes não é suficientemente claro
Bens próprios art n a b c e f g n e titulados
exclusivamente por um dos cônjuges Consagra o princípio geral segundo o
qual cada cônjuge administra os seus próprios bens Contudo há desvios
I S
I S
Tipologia de atos
Sempre que a administração dos bens seja ruinosa pondo em causa a efetividade e
subsistência do património conjugal os cônjuges podem requerer a separação de
bens Um dos fundamentos da separação de bens é quando estiver em risco de
perder o que é seu pela má administração do cônjuge
A primeira observação que merece ser feita diz respeito à própria necessidade de
consagrar um regime especial sobre responsabilidade por dívidas dos cônjuges
para além do direito comum das obrigações Com efeito a comunhão de vida
conjugal justifica a utilização de instrumentos especiais mais complexos mas
também mais adequados Os tópicos mais característicos deste regime especial
encontram se
No facto de facilmente um dos cônjuges poder obrigar o outro sem este ter
participado no ato de assunção da dívida e na ausência de um acordo de
mandato ou independentemente da verificação dos requisitos da gestão de
negócios
E ainda na circunstância de com frequência o património de um dos
cônjuges e o património comum serem chamados a pagar dívidas para
além da quota de responsabilidade que lhes competia sem prejuízo do
direito de regresso
No âmbito do casamento afasta se a regra geral de que quem contrai a dívida é por
ela responsável em proteção do credor
Artigo
Legitimidade para contrair dívidas
Qualquer dos cônjuges tem legitimidade para contrair dívidas sem o consentimento do outro
Para determinação da responsabilidade dos cônjuges as dívidas por eles contraídas têm a data
do facto que lhes deu origem
As modalidades de dívidas
Artigo
Dívidas que responsabilizam ambos os cônjuges
São da responsabilidade de ambos os cônjuges
a As dívidas contraídas antes ou depois da celebração do casamento pelos dois cônjuges ou por
um deles com o consentimento do outro
I S
b As dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges antes ou depois da celebração do casamento
para ocorrer aos encargos normais da vida familiar
c As dívidas contraídas na constância do matrimónio pelo cônjuge administrador em proveito
comum do casal e nos limites dos seus poderes de administração
d As dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges no exercício do comércio salvo se se provar
que não foram contraídas em proveito comum do casal ou se vigorar entre os cônjuges o regime
de separação de bens
e As dívidas consideradas comunicáveis nos termos do n do artigo
No regime da comunhão geral de bens são ainda comunicáveis as dívidas contraídas antes do
casamento por qualquer dos cônjuges em proveito comum do casal
O proveito comum do casal não se presume exceto nos casos em que a lei o declarar
Dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges para ocorrer aos encargos normais
da vida familiar Tratam se das dívidas pequenas relativamente ao padrão de
vida do casal em geral correntes ou periódicas que qualquer dos cônjuges tem de
ser livre de contrair Ex dívidas de alimentação vestuário médico e farmácia
compras do supermercado conta da luz e da água etc
O legislador vai relevar quer os atos praticados antes do casamento quer os
atos praticados depois do casamento O legislador presume que mesmo
I S
Quer na alínea a quer na alínea b o legislador vai relevar quer os atos praticados
antes do casamento quer os atos praticados depois do casamento Na alínea a
havendo consentimento e na alínea b para ocorrer aos encargos normais da vida
familiar
I S
I S
I S
I S
A responsabilidade por estas dívidas é comum ainda que o outro cônjuge não
tenha dado o seu consentimento à aceitação da liberalidade consentimento que é
aliás necessário art n Mas o cônjuge do aceitante poderá impugnar o
pagamento das dívidas com o fundamento de que o valor dos bens não é suficiente
para satisfação dos encargos art n
Pode exemplificar se com a dívida dos doces vinhos e outras iguarias servidas no
lunch ou jantar nupcial aos convidados para a boda ou com despesas de mobiliário
e de decoração da futura casa despesas com enxovais etc
Art
Dívidas que oneram bens certos e determinados
As dívidas que onerem bens comuns são sempre da responsabilidade comum dos cônjuges
quer se tenham vencido antes quer depois da comunicação dos bens
Parece natural que sejam comunicáveis as dívidas que oneram bens comuns ex
dívidas de )M) de taxas de saneamento que assim acompanham os bens como
encargos sobre eles
I S
Dívidas que nos regimes de comunhão onerarem bens próprios se tiverem como
causa a perceção dos respetivos rendimentos art n
Artigo
Dívidas que oneram bens certos e determinados
As dívidas que onerem bens próprios de um dos cônjuges são da sua exclusiva
responsabilidade salvo se tiverem como causa a perceção dos respetivos rendimentos e estes por
força do regime aplicável forem considerados comuns
A lei vigente dá relevo à distinção entre dois tipos de dívidas que podem ser
suscitadas por bens próprios (á pois que ver sempre se as dívidas estão
relacionadas com os bens em si ou com a perceção dos rendimentos desses bens
Só neste segundo caso é que as dívidas serão de responsabilidade comum por
também serem comuns nos regimes de comunhão esses rendimentos art
n
Artigo
Bens que respondem pelas dívidas da responsabilidade de ambos os cônjuges
Pelas dívidas que são da responsabilidade de ambos os cônjuges respondem os bens comuns do
casal e na falta ou insuficiência deles solidariamente os bens próprios de qualquer dos cônjuges
No regime da separação de bens a responsabilidade dos cônjuges não é solidária
A responsabilidade dos cônjuges no caso de a dívida vir a ser paga com os bens
próprios é solidária nos regimes de comunhão e parciária no regime de separação
I S
Mas é claro que não está excluída aqui a solidariedade convencional arts e
ss
Jurisprudência relevante
Acórdão da TRL de Foi feita uma despesa com cartão de
crédito e foi feito um empréstimo para aquisição do veiculo automóvel
Colocou se a questão de saber se este veiculo automóvel podia ou não se
subsumir no conceito de proveito comum do casal
Acórdão do STJ de Sobre o proveito comum O proveito
comum do casal pode fundar se não apenas num interesse económico
como também moral e intelectual podendo resultar direta e atualmente da
atuação do cônjuge Revela se insuficiente a prova de que determinada
quantia recebida por um dos cônjuges recebida por contrato de mútuo foi
utilizado para a construção de um imóvel
Estão em causa dívidas que não foram consentidas e que não caiem em nenhuma
das alíneas b e c do artigo anterior
Não havendo circunstâncias especiais como as que a lei refere na parte final desta
alínea circunstâncias essas que se prendem com o modo de vida matrimonial
vale as regras gerais do direito das obrigações cada um dos cônjuges fica
responsável pelas dívidas que contrai
I S
Consideram se aqui
Dívidas provenientes de crimes considerados como tais i e penas de
multa custas do processo criminal
)ndemnizações restituições custas judiciais ou multas devidas por factos
imputáveis a cada um dos cônjuges
Dívidas que oneram bens próprios de qualquer dos cônjuges art alínea c e
n
I S
Embora estes bens possam ser comuns por força do regime matrimonial em vigor
e os bens comuns não respondam senão subsidiariamente por dívidas próprias a
lei sacrificou neste caso o património comum do casal em favor das expectativas
do credor que confiara na solvabilidade do devedor tendo em conta os bens que
ele levara para o casamento os que adquirira mais tarde por herança ou doação ou
os proventos porventura muito elevados que auferia do seu trabalho ou de
direitos de autor
A expressão usada pela lei e as razões do preceito levam a concluir que o credor
pode penhorar indistintamente bens próprios do devedor e estes bens
mencionados no n Não parece haver motivo para respeitar neste âmbito a
subsidiariedade que a lei prevê no n
Por outro lado o texto não parece limitar a responsabilidade ao valor de metade
dos bens comuns penhorados o que pode dar lugar a compensação no momento
da partilha
I S
Artigo
)mutabilidade das convenções antenupciais e do regime de bens resultantes da lei
Fora dos casos previstos na lei não é permitido alterar depois da celebração do casamento
nem as convenções antenupciais nem os regimes de bens legalmente fixados
Consideram se abrangidos pelas proibições do número anterior os contratos de compra e
venda e sociedade entre os cônjuges exceto quando estes se encontrem separados judicialmente
de pessoas e bens
É lícita contudo a participação dos dois cônjuges na mesma sociedade de capitais bem como
a dação em cumprimento feita pelo cônjuge devedor ao seu consorte
A compra e venda
I S
Pode questionar se se faz ou não sentido estender esta proibição por aplicação
directa a outros contratos de natureza análoga art escambo e parece que
sim porque ao contrario do que defende o prof Direito Pinheiro trata se de
aplicar directamente e não analogicamente esta norma por remissão desta
A constituição de sociedades
I S
Artigo
Participação dos cônjuges em sociedades
É permitida a constituição de sociedades entre cônjuges bem como a participação destes em
sociedades desde que só um deles assuma responsabilidade ilimitada
Quando uma participação social for por força do regime matrimonial de bens comum aos
dois cônjuges será considerado como sócio nas relações com a sociedade aquele que tenha
celebrado o contrato de sociedade ou no caso de aquisição posterior ao contrato aquele por
quem a participação tenha vindo ao casal
O disposto no número anterior não impede o exercício dos poderes de administração
atribuídos pela lei civil ao cônjuge do sócio que se encontrar impossibilitado por qualquer
causa de a exercer nem prejudica os direitos que no caso de morte daquele que figurar como
sócio o cônjuge tenha à participação
Art do código das sociedades comercias obriga a uma distinção as que têm
responsabilidade ilimitada e as que têm responsabilidade limitada Cônjuges
podem constituir sociedades comerciais desde que esteja em causa a
responsabilidade limitada por quotas ou anónima e em comandita desde que só
um deles tenha a responsabilidade ilimitada
A razão de ser desta derrogação vai na mesma linha da responsabilidade
por dívidas art n d
)) Sociedades civis
I S
Jurisprudência relevante
Acórdão do STJ de Uniformização de Jurisprudência de de Outubro
Sociedades por quotas estão incluídas no n do art E o art tem a
natureza de lei interpretativa art C C tem eficácia retroativa
Acórdão do STJ de de Outubro de a proibição do n do art
não se estende às sociedades comerciais e o n compreende as sociedades por
quotas
Acórdão STJ de de Dezembro de
a
A doação é um negócio gratuito com a intenção de liberalidade art
I S
Principio de validade das doações entre cônjuges que tenham por objeto bens
próprios art invalidade das doações entre cônjuges que tenham por objeto
bens comuns
Porque é que não podem ser bens comuns por causa mais uma vez do principio
da imutabilidade o bem deve manter se como comum até ao momento da partilha
Tem que ver com a natureza jurídica do património conjugal é um património
colectivo indiviso
O princípio da validade de doações de bens próprios entre cônjuges é excetuado
pelo legislador no art
Não sendo possível as doações entre cônjuges não se obstaculiza as doações
realizadas entre esposados
I S
Quando se fala no direito de autor temos que distinguir vários planos o direito
moral de autor não está em causa quando se fala nos direitos percebidos é um
bem incomunicável sendo um direito estritamente pessoal art n c O
problema é os direitos patrimoniais e temos que fazer uma subdistinção uma
I S
I S
Podemos ter dissolução do casamento por efeitos do divórcio morte dos cônjuges
invalidade do casamento Pode haver cessação noutras situações não elencadas no
artigo remissão para e
I S
Jurisprudência
Acórdão STJ Atualização do valor devido no caso de estar
em causa uma compensação pelo património comum ao património próprio
de um dos cônjuges
Acórdão STJ de Questão da partilha anteriormente à
dissolução do casamento
Acórdão STJ de Dispõe acerca do art
I S
Causas de modificação
Separação judicial de bens arts a
Separação judicial de pessoas e bens arts a
Pode suceder que um cônjuge faça uma administração ruinosa e danosa que o
outro cônjuge queira evitar e pôr termo Por essa razão o art determina que
qualquer dos cônjuges pode requerer a simples separação judicial de bens quando
estiver em perigo o que é seu pela má administração do cônjuge Esta má
administração do cônjuge tem de ser ruinosa isto é causadora de danos Estes
danos atingem o que é do outro cônjuge nomeadamente os bens próprios e a
meação nos bens comuns
É necessária uma ação A tramitação do processo pressupõe que este processo seja
analisado numa ação própria intentada por um dos cônjuges contra o outro art
n Quem tem legitimidade para intentar a ação é o outro cônjuge A
tramitação segue o processo comum e não o especial
Princípio da irrevogabilidade Uma vez decretada não pode ser revogada art
n
Art BeC
Art n
I S
O regime da separação judicial de pessoas e bens é ele sim uma antecâmera para o
divórcio O legislador começa por dizer que é aplicado o regime jurídico do
divórcio art a As modalidades de separação judicial de pessoas e
bens são as mesmas que o legislador consagra em sede de divórcio
Separação judicial de pessoas e bens com consentimento
Separação judicial de pessoas e bens sem consentimento de um dos
cônjuges
Efeitos
Não há dissolução do vínculo matrimonial
Estatuto pessoal há uma extinção de dois deveres conjugais art Os
deveres conjugais que se extinguem são o de coabitação comunhão de
mesa teto e leito e o de assistência art a Apesar de se
extinguir o dever de contribuir para os encargos da vida familiar o
legislador ressalva o cumprimento da obrigação de alimentos arts e
Persistem os deveres de respeito fidelidade e cooperação Mantém
se o direito a utilizar os apelidos do outro cônjuge a menos que ocorra a
ação especial no caso de haver um uso prejudicial do nome
Campo patrimonial há uma equiparação tendencial ao regime de
dissolução porque vai haver lugar a partilha art e Deixa de
vigorar a proibição prevista no art n proibição de contratos
compra e venda e sociedade Estes contratos deixam de ser vedados no caso
de haver uma separação judicial de pessoas e bens Esta separação de
pessoas e bens pode ser decretada administrativamente ou judicialmente
processo de jurisdição voluntária
I S
Divórcio
O divórcio é uma forma de extinção dos casamentos civis e celebrados sob forma
religiosa art n CRP e da sua dissolução por morte ou divórcio
independentemente da forma de celebração O casamento pode ser dissolvido
por divórcio independentemente da forma de celebração Este é um ponto
importante porque nem sempre o direito ao divórcio foi reconhecido
O direito ao divórcio surge em e sofreu sempre algumas interferências
por parte da )greja católica que entendia que o casamento sendo um vinculo
perpetuo não podia admitir dissolução
Esta ideia continua a subsistir em bom rigor a )greja Católica não vê com
bons olhos a figura do divórcio mas o legislador constitucional impõe a
possibilidade
Temos um sistema híbrido Os efeitos do divorcio projetam se em
qualquer forma de casamento os efeitos jurídicos são regulados pela lei
civil e restringem se portanto no que diz respeito ao direito matrimonial
civil No direito católico são outras as regras aplicáveis
Esta conceção do divórcio assente na lógica do divórcio sanção foi afastada com a
Lei n que muda o paradigma Atualmente a conceção plasmada é a do
divórcio com constatação da rutura de uma vida conjugal Vem facilitar o regime
jurídico porque deixa de assentar na prova da culpa Determinou uma alteração do
paradigma quanto ao art
Alguma doutrina chama o divórcio administrativo por poder ser tramitado nas
conservatórias do registo civil Este divórcio por mútuo consentimento é
reconhecido no art n e no art n primeira parte
Também admite uma tramitação judicial que terá lugar em duas grandes
hipóteses
Cônjuges não conseguirem chegar a acordo quanto aos elementos definidos
no art n
No caso de tendo chegado a acordo o conservador recusar a homologação
sendo necessário prosseguir se à tramitação judicial
O divórcio assenta num pedido formulado por ambos os cônjuges Não existe e o
legislador não exige uma causa especial Não é necessário que os cônjuges venham
a revelar o porquê do fim da relação matrimonial descortinar se houve por
exemplo uma terceira pessoa envolvida Não há que discutir a causa especial
Por essa razão a Escola de Coimbra tem entendido que está em causa uma
liquidação convencional do casamento
I S
É um divórcio de natureza judicial tem que ser dirimido por uma autoridade
judicial intervenção do Tribunal )sto não prejudica a função da mediação
familiar art
De acordo com o art o legislador procura que haja uma conciliação dos
cônjuges Não sendo possível a reconciliação tenta se um acordo dos cônjuges
para divórcio por mútuo consentimento o processo inicia se litigioso e depois
torna se em divórcio por mútuo consentimento
I S
I S
No plano da eficácia importa recordar que está em causa uma eficácia restrita para
o futuro não é retroativa em razão das consequências desfavoráveis que
resultariam para terceiros ficariam numa situação de debilidade da sua tutela
Estatuto pessoal
Relações horizontais entre cônjuges
o Cessação dos deveres conjugais cessa a obrigação de cumprir
estas prestações com uma importante exceção obrigação de
alimentos O legislador entende que nos termos previstos no art
e se deve manter uma obrigação de alimentos
o )mplicações em matéria de direito ao nome Por efeitos do
divórcio é possível que se venha a impedir o direito de continuar a
utilizar o apelido art B parte A continuação do direito de
utilizar os nomes do outro cônjuge depende de consentimento
prestado em documento autentico ou autenticado ou declaração
perante o funcionário do registo civil Adicionalmente pode se
requerer ao tribunal que autorize a continuação da utilização do
nome ex mulher que usa profissionalmente o apelido há anos
Não obstante é sempre possível nos termos do art C pedir a
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Estatuto patrimonial
Relações horizontais
o Com a dissolução do casamento por efeitos do divórcio cessam as
relações patrimoniais )sto significa que deixa de vigorar um regime
de bens entre os cônjuges e deixam de se aplicar as normas vigentes
em sede de administração de bens e os constrangimentos de
negócios celebrados entre cônjuges Vai se proceder à partilha e com
ela deixamos de ter um património indiviso
Art em caso de divorcio nenhum dos cônjuges pode
na partilha receber mais do que receberia se o casamento
fosse celebrado no regime da comunhão de adquiridos A
preocupação do legislador foi não pretender interferir na
qualificação jurídica dos bens O legislador está sim
preocupado com um problema de valor e aquilo que deve ser
atribuído a cada um dos cônjuges
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Mediação familiar
Jurisprudência
Acórdão STJ ação de divórcio sem consentimento onde se
afirma que o atual regime do divórcio conduz à conceção de divórcio
unilateral e potestativo
Acórdão STJ Analisa se o problema do art aderindo
se à tese no sentido de que se deve tomar por não escrita
Acórdão STJ Analisou se em sede de separação de facto o
problema da obrigação de prestar alimentos
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