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Introdução
“...A cerâmica, que intensamente decora e reveste mesmo o exterior dos edifícios é a
arte com que o Oriente capta e reflecte a luz solar fazendo dela a verdadeira matéria da
própria arquitectura. (...)”
Giulio Carlo Argan
Assim é apenas no final do século XIX, início do século XX, que o azulejo passa a ser
verdadeiramente integrado na arquitectura, levando a que seja também a partir desta época
que a intervenção dos arquitectos começa a fazer-se sentir. Graças à proibição que existia em
Lisboa, a primeira metade do século XX vai ser dominada pelo Porto.
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Casos como o interior da Estação de S. Bento do arquitecto Marques da Silva (1915),
que é o maior conjunto nacional de azulejos num só edifício, pintados por Jorge Colaço,
relevam da profícua relação entre os arquitectos e os artistas/ceramistas nortenhos, ajudando a
cristalizar esta situação e incentivar o uso cada vez mais intenso do azulejo na arquitectura.
Trata-se, porém, de um conjunto interior. Um dos melhores exemplos que podemos observar
no Porto de revestimento integral de uma fachada será, seguramente, o edifício dos antigos
escritórios da Fábrica de Cerâmica das Devezas. Trata-se de um edifício, aparentemente
projectado por José Joaquim Teixeira Lopes em 1890, que constitui um caso de revivalismo
de arquitectura hispano-muçulmana, dentro do carácter romântico da época.
O modernismo que entretanto despoleta vai começar a aportar uma nova forma de ver
a integração do azulejo na arquitectura. Em primeiro lugar, o carácter a-histórico deste
movimento vai levar a que se abandonem as anacrónicas soluções anteriores de carácter
hitoricista. A preocupação então crescente com os espaços públicos e sociais leva por sua vez
a que se comecem a pensar formas de levar a arte às populações menos favorecidas, sendo o
azulejo visto como uma forma eficaz de o fazer e para o qual contribui, seguramente, o seu
carácter económico e resistente ao tempo e à intempérie, começando assim a ser visto como
um dos materiais ideais para levar a arte ao contacto com um público. Casos paradigmáticos
são os painéis executados pelo grande pintor portuense Júlio Resende para as torres do bairro
social do Aleixo e para o café “Sical”, projectado pelo arquitecto Carlos Loureiro, ou mais
recentemente os painéis para o salão nobre dos paços do concelho de Matosinhos (1987),
projectado por Alcino Soutinho. Da mesma forma podemos citar também os painéis
exteriores e interiores de Jorge Barradas no “Edifício Atlântico”, da ARS arquitectos (1946);
o conjunto habitacional do Lima 5, do arquitecto Carlos Loureiro, com azulejos idealizados
pelo próprio e, muito recentemente, os azulejos interiores executados na fábrica “Viúva
Lamego” para a Casa da Música, do arquitecto holandês Rem Koolhaas.
Casos há em que os painéis adquirem um carácter singular na própria arquitectura
sendo predominantes em relação ao suporte e local onde se inserem. É o caso, por exemplo do
painel exterior do café “A Brasileira”, de Cecília de Sousa; dos painéis interiores do edifício
“A Confidente”, de Mário Silva (197...) e, sobretudo, da grande obra-prima de Júlio Resende
“A Ribeira Negra” (1985).
Nos últimos anos o revestimento exterior tem adquirido também um grande impulso,
facto para o qual, no Porto bastante contribuiu o arquitecto Carlos Loureiro e que se pode
verificar em obras como as estações do Metro, de Souto de Moura e Álvaro Siza.
Conclusão
Bibliografia
CERVEIRA PINTO, Manuel da, O Douro no Garb al-Ândalus. A presença árabe na região
de Lamego, inédito, (Tese de Mestrado - Universidade do Minho), 2004