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ARTIGOS CONFECCIONADOS EM MALHAS DE ALGODÃO : PRINCIPAIS

ASPECTOS DE QUALIDADE

COTTON KNITS : MAIN ASPECTS OF QUALITY IN ARTICLES CONFECTIONED

Vanderlei Oliveira dos Santos, M.Sc.


Técnico da Divisão de Fiscalização e Verificação da Conformidade - Divec
Diretoria da Qualidade - Dqual
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro
Telefone: 55-21-2563-5511
vosantos@inmetro.gov.br

Fernando Toledo Ferraz, D.Sc.


Universidade Federal Fluminense (UFF)
Niterói, RJ, Brasil
Telefone: 55-21- 2629-5711
fernando@latec.uff.br

RESUMO

O objetivo deste trabalho é apresentar os aspectos determinantes da qualidade final dos


artigos confeccionados em tecidos de malha de algodão, bem como as características que
influenciam no produto final. Foi feito um breve resumo dos ensaios realizados e de seus
critérios de aceitação. Sugestões foram apresentadas para a avaliação de tecidos em
laboratório. Finalmente, foram elaborados documentos normativos para orientar os
consumidores na leitura e interpretação dos símbolos utilizados na preservação de produtos
têxteis, considerando os aspectos de lavagem, alvejamento, secagem, passadoria e cuidados
profissionais.

.
2

Palavras-chave: têxtil. Malha. Artigo confeccionado.Qualidade.Etiqueta.

COTTON KNITS : MAIN ASPECTS OF QUALITY IN ARTICLES CONFECTIONED

ABSTRACT

The objetive of this paper is to show the mainly aspects of the final quality of textiles
cotton knitted, as well as final product characteristics.
A shortly resume about the essays was done considering the acceptation criteria. Sugestions
were showed for the evaluation of textiles under laboratory.
Finally, regulation documents were created to help consumers read and interpretation of
special symbols utilized by preservation os textiles products, considering the folowing
aspects: washing, whitening, drying, straining and professional cares.

Keywords: textile. Knit. clothes.Quality. Care labelling.


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ARTIGOS CONFECCIONADOS EM MALHAS DE ALGODÃO : PRINCIPAIS


ASPECTOS DE QUALIDADE
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CAPÍTULO I

1. INTRODUÇÃO

Tecidos de malha de algodão são produtos encontrados com freqüência no mercado,


sobre a forma de camisetas de malha, tipo “T shirt”, blusas e calças femininas, roupas íntimas,
lençóis, roupas para uso infantil, etc... Uma gama de aplicações que fazem parte de nosso dia-
a-dia. Tais produtos apresentam, muitas vezes, problemas de qualidade por falhas no seu
processo de fabricação (qualidade inferior) ou por mau uso de seus consumidores.

A qualidade inferior pode ser identificada através de uma análise laboratorial em que
alguns parâmetros podem ser verificados e, caso estejam fora de especificação, pequenos
ajustes no processo produtivo podem resolver o problema. No caso do mau uso, é importante
que o consumidor esteja atento às informações constantes da etiqueta que acompanha a peça e
proceda a conservação do tecido utilizando tal orientação. Aspectos simples de como lavar,
secar, passar, usar ou não cloro, lavar a seco, quando seguidos com critério podem aumentar,
consideravelmente, a vida útil do artigo.

Este artigo pretende abordar o assunto, sem a pretensão de esgotá-lo, serão abordados
os principais ensaios para o controle de qualidade de um tecido de malha e os aspectos
inerentes à etiqueta de conservação de produtos têxteis. 1.1 Introdução

2. ORIENTAÇÃO PARA ENTENDIMENTO DOS SÍMBOLOS DE CUIDADOS


PARA CONSERVAÇÃO DE ARTIGOS TÊXTEIS

Durante muitos anos, a forma de lavar, secar e passar produtos têxteis, eram
determinadas pelo bom senso do consumidor, que nem sempre adotava o procedimento
mais adequado para o produto. Grandes conflitos entre fabricantes, confeccionistas, lojistas
e consumidores se instalavam para saber de quem era a culpa se acaso o produto
apresentasse algum problema.
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Na verdade, os materiais têxteis possuem uma imensa gama de fibras, entrelaçamentos


e acabamentos, desta forma, os cuidados para sua conservação devem ser individualizados
e de responsabilidade do fabricante, que deverá estabelecer as orientações que o
consumidor final deve seguir.

A Norma NBR ISO 3758 - Códigos de cuidado usando símbolos é uma tradução
idêntica da ISO 3758:2005, esta Norma orienta a elaboração da etiqueta de conservação
dos produtos, substitui e cancela a ABNT NBR 8719:1994 – Símbolos de cuidado para
conservação de artigos têxteis.

Os códigos de cuidados devem ser fixados diretamente no produto. Para orientação


precisa sobre a confecção de etiquetas além da Norma NBR ISO 3758 deve ser consultada
a Resolução Conmetro 06/2005.

2.1 Utilização dos símbolos

Os cinco símbolos de cuidado registrados aplicam-se a todos os artigos têxteis e


devem aparecer sempre e na seguinte ordem: lavagem, alvejamento, secagem, passadoria e
limpeza a seco profissional, que podem ser dispostos na horizontal ou na vertical.

As tabelas abaixo apresentam uma apresentação resumida dos símbolos. Para


aplicação na confecção de etiquetas deve-se consultar a NBR ISO 3758/2006 e a
Resolução Conmetro 06/2005.
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Tabela 1 - Símbolos de lavagem

SÍMBOLOS O QUE SIGNIFICA?

Indica que o processo de lavagem dos produtos pode


ser à máquina e
dentro do símbolo é apresentada a temperatura
máxima que pode ser utilizada.

Quando o símbolo apresenta uma barra abaixo da


tina representa que o processo deve ser suave. Duas
barras representam processo muito suave.

Indica que o processo de lavagem dos produtos


deve ser feito à mão

Indica que o produto não pode ser lavado

Fonte: Baseado na NBR ISO 3758 – Têxteis – Códigos de Cuidado usando símbolos - 2006

Tabela 2 - Símbolos de alvejamento


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SÍMBOLOS O QUE SIGNIFICA?

Permitido qualquer alvejante

É permitido apenas alvejamento com produtos à


base de oxigênio/não usar alvejante clorado

Não é permitido alvejar

Fonte: Baseado na NBR ISO 3758 – Têxteis – Códigos de Cuidado usando símbolos - 2006

Tabela 3 - Símbolos de secagem

SÍMBOLOS O QUE SIGNIFICA?

Secagem em secadora de tambor – temperatura


normal

Secagem em secadora de tambor – temperatura


baixa

Não é permitido secar em secadora de tambor

Fonte: Baseado na NBR ISO 3758 – Têxteis – Códigos de Cuidado usando símbolos - 2006
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Tabela 4 - Símbolos de passadoria

SÍMBOLOS O QUE SIGNIFICA?

Passar com temperatura máxima de 200ª C

Passar com temperatura máxima de 150ª C

Passar com temperatura máxima de 110ª C .


Não usar ferro de vapor

Não passar

Fonte: Baseado na NBR ISO 3758 – Têxteis – Códigos de Cuidado usando símbolos - 2006

Tabela 5 - Símbolos para cuidados profissionais

SÍMBOLOS O QUE SIGNIFICA?


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Limpeza a seco profissional com


tetracloroetileno e solventes listados para o
símbolo F
Processo normal
Limpeza a seco profissional com
tetracloroetileno e solventes listados para o
símbolo F
Processo suave
Limpeza a seco profissional com hidracarboneto
(temperatura de destilação entre 150ª C e 210ªC,
ponto de fulgor entre 38ª C e 70ºC)
Processo normal
Limpeza a seco profissional com hidracarboneto
(temperatura de destilação entre 150ª C e 210ªC,
ponto de fulgor entre 38ª C e 70ºC)
Processo suave

Não limpar a seco

Limpeza a úmido profissional


Processo normal

Limpeza a úmido profissional


Processo suave

Limpeza a úmido profissional


Processo muito suave

Fonte: Baseado na NBR ISO 3758 – Têxteis – Códigos de Cuidado usando símbolos - 2006
Além desses símbolos obrigatórios, existem ainda, os símbolos de secagem natural,
que foram introduzidos com o objetivo de estabelecer uma maneira uniforme e mundial desta
forma de secagem.

Quando for utilizado deve ser posicionado abaixo dos cinco símbolos e claramente
separado.
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Figura 1 – Representação utilizando o símbolo de secagem natural

Tabela 6 - Símbolos de secagem natural

SÍMBOLOS O QUE SIGNIFICA?

Secagem em varal

Secagem por gotejamento (sem torcer)

Secagem horizontal

Secagem à sombra

Fonte: Baseado na NBR ISO 3758 – Têxteis – Códigos de Cuidado usando símbolos - 2006

3. METODOLOGIA PARA A REALIZAÇÃO DE ENSAIOS EM ARTIGOS


CONFECCIONADOS EM TECIDOS DE MALHA

3.1. Condições de ambiente para condicionamento e ensaios em tecidos de malha

Uma das mais importantes propriedades de uma fibra têxtil estão estritamente
relacionadas ao seu comportamento em várias condições de umidade. Muitas fibras são
higroscópicas, isto é, elas são capazes de fazer trocas com o ambiente na qual elas estão
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expostas, de absorver vapor de água em uma atmosfera úmida e de perder água em uma
atmosfera mais seca.

Algumas propriedades físicas das fibras são afetadas pela quantidade de água
absorvida, as dimensões, a resistência, a recuperação elástica, a resistência elétrica, rigidez e
outras. Devido a isto, alguns ensaios realizados em materiais têxteis, devem ser conduzidos
em atmosfera padrão para ensaios que é de (65 ± 2)% de umidade relativa e (20 ± 2)°
Centígrados de temperatura de acordo com a Norma NBR 8428 – Condicionamento de
materiais têxteis para ensaios .

Os materiais têxteis devem ser dispostos em uma superfície plana e condicionados por
um período de 24 horas em uma atmosfera de 65% ± 2% de umidade relativa e 20° C ± 2° C
de temperatura. Os ensaios devem ser realizados nestas mesmas condições conforme
preconiza a Norma NBR 8428 - Condicionamento de materiais têxteis para ensaios.

3.2. 3.3.4.2 Verificação de medidas.

Alguns artigos confeccionados apresentam medidas incompatíveis com o tamanho


apresentado na etiqueta. Muitas vezes as peças apresentam um tamanho, e quando vestidas em
um manequim , são menores e desconfortáveis. Não existe ainda, uma normalização de
medidas no país, porém a Norma da ABNT NBR 13377 - Medidas do Corpo Humano para
Vestuário – Padrões Referenciais, apresenta valores referenciais mínimos que podem ser
utilizados em casos de litígios.
Para isso, as peças podem ser medidas através da metodologia especificada abaixo
• Norma utilizada - Norma NBR 12071- Artigos confeccionados para vestuário –
Determinação das dimensões.
• Aparelhagem – Régua calibrada com precisão de 0,5 mm
• Resumo do método – Determinar as dimensões com o uso de régua calibrada. O
posicionamento da régua na peça seguiu os critérios estabelecidos na Norma NBR 12071-
Artigos confeccionados para vestuário – Determinação das dimensões. Os valores obtidos
devem ser comparados com a Norma NBR 13377, de acordo com o tipo de artigo
avaliado.
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3.3 Ensaio de composição

A composição do tecido é uma característica que está relacionada intrinsecamente a


sensação de conforto ao uso do tecido. Muitos consumidores podem ser alérgicos a
determinadas fibras, devido a isso é necessário que a etiqueta da peça apresente a composição
do produto. Os critérios para a expressão correta da composição na etiqueta do produto é
regulamentada pela Resolução nº 06/2005 – Regulamento Técnico de Etiquetagem de
Produtos Têxteis.
Para a verificação em laboratório da composição do produto segue como abaixo:

• Normas utilizadas – NBR 13538 e NBR 11914


• Aparelhagem – Microscópio, balança com precisão de 0,0001g, estufa, reagentes
químicos e aparelhagem de laboratório químico.
• Resumo do método - O ensaio de composição é realizado através da análise qualitativa das
fibras e de seu teor quantitativo. São utilizados três métodos, o microscópico, o de
combustão e o método da solubilidade.

3.4. Ensaio de Gramaturagramatura

A gramatura de um tecido é expressa como a massa por unidade de comprimento e


pode ser representada em termos de gramas por metro quadrado (g/m2) ou gramas/metro
linear (g/m). É uma característica que, quando avaliada em conjunto com o nº de fios por
unidade de comprimento e com o título do fio, permite avaliar a contextura do tecido.
O ensaio pode ser da seguinte forma:
• Norma utilizada – NBR 10591 – Materiais têxteis – Determinação da gramatura de
tecidos
• Aparelhagem – régua calibrada com precisão de 1 mm e balança com precisão de 0,001g
• Resumo do método -O ensaio de gramatura consiste no corte de cinco corpos de prova
com área de um decímetro quadrado, coletados em pontos diferentes da amostra e pesados
com precisão de 0,01g. A média das pesagens é multiplicada por 100, para a determinação
da massa por unidade de área em gramas por metro quadrado (g/m2).
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3.5. Ensaio de título do fio

O título expressa uma medida de finura ou grossura de um fio. Existem diversos


sistemas para representar esta característica e os mais utilizados para fios de algodão são o
Sistema Tex (Unidade internacional para expressar títulos têxteis) que é definido como a
massa de 1000 metros de fio e também no Sistema Inglês ((Ne – Número inglês)) que é
definido como o número necessário de meadas de 840 jardas para pesar 454 gramas. No
sistema tex, quanto mais fino o fio menor o seu título (um fio 30 tex é mais fino do que um fio
40 tex). No caso do sistema inglês é o inverso, quanto mais fino o fio maior o seu título (um
fio 30 Ne é mais grosso do que um 40 Ne).
Um fio não apresenta ao longo de seu comprimento uma perfeita distribuição de
massa. Existem irregularidades aleatórias que, quando em excesso, afetam significativamente
a aparência futura do tecido onde ele será inserido e é necessário um controle da qualidade do
coeficiente de variação do título do fio para garantir uma boa apresentação do produto final. A
seguir um resumo do método de ensaio.
• Norma utilizada – NBR 13216 – Materiais têxteis – Determinação do título de fios em
amostras de comprimento reduzido
• Aparelhagem – Torcímetro e balança com precisão de 0,001g
• Resumo do método - O método consiste em retirar 10 pedaços de fio de 25 cm, determinar
a sua massa e calcular o título do fio.

3.6. Ensaios de solidez da cor

Os tecidos coloridos podem apresentar alterações de cor motivadas por agentes


externos, tais como: luz solar, lavagem, suor, ferro de passar, cloro, água do mar, água de
piscina, fricção e outros. Da mesma forma, em algumas situações, também podem apresentar
migração de cor quando em contato com tecidos mais claros. Estes problemas são
ocasionados por falhas no processo de tingimento e podem produzir sérios problemas de
manchas ou desbote, gerando prejuízos irreparáveis à aparência do tecido.
Alguns ensaios podem ser realizados para verificar estes aspectos:

3.6.1 – Solidez da cor à lavagem


• Norma utilizada – ABNT NBR ISO 105-C06 – Têxteis - Solidez de cor à lavagem
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doméstica e comercial
• Aparelhagem – Testador de Solidez da cor à lavagem
• Resumo do método - Corpos de prova do tecido a ser testado e de tecido testemunha
(tecidos multifibra com características específicas para avaliação da transferência de cor)
são colocados em um equipamento específico para produzir uma lavagem com condições
de temperatura, volume de detergente, ph e tempo controlados. A avaliação de alteração
da cor é feita através da comparação do corpo de prova lavado e de um corpo de prova
original com uma escala de cinza . O corpo de prova que receber grau 5 é aquele que não
apresentou nenhuma diferença entre a amostra lavada e a amostra original. O valor 1 é
dado para aquele corpo de prova que apresentar a maior alteração de cor.
Com a escala de cinza também é realizada a avaliação de transferência de cor. A
comparação é feita com o tecido testemunha lavado, o tecido testemunha original e a
escala de cinza(,) q). Quando os tecidos não apresentam nenhum manchamento é dado o
valor 5, quando o tecido apresenta o mais alto manchamento recebe o valor 1.

3.6.2 – Solidez da cor ao suor


• Norma utilizada – NBR 8431 – Materiais têxteis – Determinação da solidez de cor ao suor
• Aparelhagem – Perspirômetro e Estufa
• Resumo do método - Corpos de prova do tecido a ser testado e de tecido testemunha
(tecido multifibra com características específicas para avaliação da alteração e de
transferência de cor) são submetidos a duas soluções, uma ácida e outra alcalina, por 30
minutos. Após este tempo os corpos de prova são retirados, é eliminado o excesso de
líquido e cada corpo de prova junto com o tecido testemunha é introduzido entre duas
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placas de vidro no Perspirômetro. O conjunto é colocado na estufa a 37 ± 2° C durante 4


horas. Os corpos de prova e os tecidos testemunhas são avaliados com a escala de cinza, a
avaliação é realizada da mesma forma que no item 3.3.4.8 7 para solidez da cor (a)à
lavagem.

3.6.3 – Solidez da cor à fricção

• Norma utilizada – NBR 8432 – Materiais têxteis – Determinação da solidez de cor à


fricção
• Aparelhagem – Crockmeter
• Resumo do método - Corpos de prova do tecido a ser testado e de tecido testemunha
(tecido multifibra com características específicas para avaliação da alteração e de
transferência de cor) são Os corpos de prova e os tecidos testemunhas são avaliados
com a escala de cinza, a avaliação é realizada da mesma forma que no item 3.3.4.8 7 para
solidez da cor (a)à lavagem

3.6.4 – Solidez da cor à luz

• Norma utilizada – NBR 12997 – Materiais têxteis – Determinação da solidez de cor à luz
- iluminação com arco de xenônio
• Aparelhagem – Xenotest
• Resumo do método – Uma amostra é exposta a uma lâmpada de arco de xenônio e após
um tempo pré-determinado ela é comparada com uma escala especial e a alteração de cor
é avaliada.

3.7. Ensaio de torção das costuras após a lavagem

A espiralidade é um problema comum nos tecidos de jérsei plano. Caracteriza-se pela


inclinação da coluna da malha, provocando, principalmente em peças já confeccionadas,
torção nas costuras. Em uma camiseta pode ser percebido pelo entortamento das costuras
laterais, este defeito, geralmente, é acentuado após a lavagem do produto, quando então é
percebido. Segundo SMITH, 1989, "o grau de espiralidade das colunas acha-se intimamente
associado com o nível de torção viva do fio".
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Em camisetas esta característica pode ser avaliada através do seguinte


procedimento:
• Norma utilizada – NBR 12958 - Confecções de tecidos de malha – Determinação de
torção
• Aparelhagem – Lavadora doméstica automática e lavadora doméstica com tambor
rotativo
• Resumo do método – As peças confeccionadas são lavadas à temperatura de (40 ± 2)º C,
secas em temperatura de (65 ± 2)º C (, o).O comprimento da costura lateral e a medida
do deslocamento lateral da costura são medidas e o percentual de torção é calculado.

3.8. Ensaio de estabilidade dimensional

Os tecidos podem apresentar, após a lavagem, alterações em seu comprimento e/ou


sua largura. Tais alterações são agravadas quando são utilizadas fibras naturais e/ou quando o
tecido, no processo ou no manuseio, é submetido a tensões excessivas ou irregulares.
Determinadas alterações podem representar em uma peça confeccionada, após a lavagem, até
a mudança de tamanho (por ex. passar do tamanho M para um tamanho P). O método para
ensaio pode ser resumido abaixo

• Norma utilizada – NBR 10320 – Materiais têxteis – Determinação das alterações


dimensionais de tecidos planos e malhas - Lavagem em máquina doméstica automática
• Aparelhagem – Lavadora doméstica automática e secadora doméstica com tambor
rotativo
• Resumo do método – As peças confeccionadas são condicionadas, medidas no
comprimento e na largura e lavadas em condições controladas de temperatura e tempo.
As amostras são secas em secadora, passadas a ferro, para eliminar as rugas e
condicionadas em atmosfera padrão para ensaios. São efetuadas novas medidas no
mesmo ponto das iniciais. A alteração dimensional é obtida através de cálculo.

3.9. Ensaio de tendência à formação de pilling

Pilling é um defeito caracterizado por pequenas bolinhas de fibras embaraçadas,


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presas na superfície do tecido, dando ao produto uma aparência sofrível. O "pilling" é


formado durante o uso e a lavagem pelo entrelaçamento de fibras soltas que se sobressaem da
superfície do tecido. Sob a influência de uma ação de desgaste, as fibras soltas formam uma
pequena bolinha e permanecem presas ao tecido devido a algumas poucas fibras não
rompidas. O pilling normalmente ocorre em tecidos que possuem fibras sintéticas misturadas
com fibras naturais e/ou artificiais. As fibras naturais e artificiais são frágeis, facilmente se
rompem e embaraçam, formando o pilling, as fibras sintéticas (tais como o poliéster ou a
poliamida) são muito resistentes e retém o pilling, que vão se acumulando no tecido.
• Norma utilizada – BS 5811 - Determination of fabric propensity to surface fuzzing and
pilling
• Aparelhagem – Testador de Pilling
• Resumo do método – Quatro corpos de prova são coletados da amostra do produto,
são cortados e costurados em uma das extremidades para assumirem um formato
cilíndrico. Através de um dispositivo especial são montados em tubos de borracha e
presos com fita isolante nas extremidades. Os quatro tubos são colocados em uma mesma
caixa em um equipamento composto por caixas forradas internamente por cortiça. O
equipamento é programado para fazer girar as caixas por 5 horas. O nº de bolinhas
formadas em cada tubo são somados e a média é calculada. A tabela abaixo é utilizada
para avaliar se o tecido tem ou não tendência à formar o pilling (bolinha). O padrão 5 é o
melhor (formação mínima) enquanto o padrão 0 é o pior.

Tabela 7 – Padrão para ensaio de Pilling

PADRÃO Nº de bolinhas
5 0a4
4 5 a 10
3 11 a 20
2 21 a 40
1 41 a 60
0 Acima de 60
Fonte: BS 5811 – Determination of fabric propensity
to surface fuzzing and pilling - 1979
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CAPÍTULO V

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização de uma etiqueta com as informações de composição, conservação


da peça, identificação fiscal, indicação de tamanho e País de origem, atendendo as exigências
e recomendações da NBR ISO 3758 e da Resolução Conmetro nº 06/2005 permitirá informar
corretamente ao consumidor os cuidados que deve tomar com o seu produto, permitindo um
uso adequado e, conseqüentemente, maior durabilidade. Também é necessário que o
fabricante busque conhecer as exigências na performance da peça confeccionada para
submeter o produto aos tratamentos específicos, em atendimento aos índices de qualidade
requeridos. Não admitindo variações que possam produzir imperfeições, danos ou
desconforto ao uso.

5.

CAPÍTULO VI

REFERÊNCIAS

AMERICAN ASSOCIATION OF TEXTILE CHEMISTS AND COLORISTS. – AATCC


20: – fiber analysis: qualitative., USA: AATCC, 2002

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT NBR ISO 3758 –


Têxteis – Códigos de cuidado usando símbolos, Rio de Janeiro, 1984.

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______., NBR 8431 – Materiais têxteis – Determinação da solidez de cor ao suor, Rio de
Janeiro, 1984.

______., NBR 8428: – Condicionamento de materiais têxteis para ensaios, Rio de Janeiro,
1984.

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Janeiro, 1988.

______., NBR 8719: – símbolos de cuidados para conservação de artigos têxteis, Rio de
Janeiro, 1994

______,. NBR 9398: – materiais têxteis: – determinação da solidez de cor à lavagem a seco,
Rio de Janeiro, 2004.

______., NBR 10320: – materiais têxteis: – determinação das alterações dimensionais de


tecidos planos e malhas: - lavagem em máquina doméstica automática, Rio de Janeiro, 1988.

______., NBR 10591: – Materiais têxteis: – Determinação da gramatura de tecidos, Rio de


Janeiro, 1988.
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT NBR 10597: – materiais


têxteis: – ensaio de solidez de cor à lavagem: - método acelerado, Rio de Janeiro, 1988.

______., NBR 11914: – análise quantitativa de materiais têxteis, Rio de Janeiro, 1995.

______,. NBR 12071: – artigos confeccionados para vestuário: – determinação das


dimensões, Rio de Janeiro, 2002.

______.______, NBR 12720: – artigo confeccionado em tecido de malha: – tolerância de


medidas, rio de janeiro, 1995.

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______., NBR 12958: – confecções de tecidos de malha: – determinação de torção, Rio de


Janeiro, 1993.

______., NBR 12997: – materiais têxteis: – determinação da solidez de cor à luz: -


iluminação com arco de xenônio , Rio de Janeiro, 1993.

______., NBR 13216: – materiais têxteis: – determinação do título de fios em amostras de


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comprimento reduzido, Rio de Janeiro, 1994.

______,. NBR 13377: – medidas do corpo humano para vestuário: – padrões referenciais ,
Rio de Janeiro, 1995.

______., NBR 13460: – tecido de malha por trama: - determinação da estrutura, Rio de
Janeiro, 1995.

______., NBR 13462: – tecido de malha por trama: - estruturas fundamentais, Rio de Janeiro,
1995.

______., NBR 13538: – material têxtil: – análise qualitativa, Rio de Janeiro, 1995.

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Disponível em: http://www.prossiga.br/finep . Aacesso em 23 jul., 2005.

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