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ÁREA DE VIVÊNCIA EM CANTEIRO DE OBRA.

PARTE 2 -
INSTALAÇÕES SANITÁRIAS
Autor: Engenheiro Sergio
Ussan

Em coluna anterior abordei o Local de Refeições das obras de construção em geral.


Cabe, agora, abordar o local destinado às Instalações Sanitárias (local destinado ao asseio
corporal e/ou ao atendimento das necessidades fisiológicas de excreção / NR 18 – 18.4.2),
composto por lavatórios, vasos sanitários, mictórios e chuveiros.
Seguindo o mesmo raciocínio anterior convido o leitor a percorrer as instalações sanitárias de
diversas obras e observar o que encontrará pela sua frente.
Na maioria dos casos, possivelmente na esmagadora maioria, o leitor irá se deparar com
locais sujos, fétidos e úmidos, contrariando frontalmente o determinado na NR 18.
A pergunta que surge: de quem é a culpa desta realidade existente em nossas obras?
Alguns dirão que a culpa é do empregador que não oferece condições dignas visando
minimizar os custos da obra, enquanto outros dirão que a culpa é do empregado que recebe
instalações em condições, mas ao usa-las de forma desleixada torna o ambiente sem
condições normais de uso.
Devemos deixar de lado o culpado, ou culpados, e partirmos para mudança da cultura
existente. Cultura do empregador que não considera importante propiciar a seus empregados
instalações decentes, esquecendo que esta atitude pode deslocar o uso para o interior da
obra. Cultura do empregado que não cuida da limpeza e higiene   das instalações por achar
que esta ação não é sua obrigação.
A mudança tem que se dar a partir de um simples raciocínio que, por ser muito simples,
parece ridículo abordar: o uso das instalações sanitárias por uma pessoa é o mesmo na sua
residência, em um hotel ou em uma obra, não sendo possível aceitar uso e comportamento
diferente de um indivíduo em sua residência ou em sua obra, local este que passa a maior
parte do tempo de seu dia.
O empregador tem que conscientizar-se que sua mão de obra é sua principal parceira,
responsável por aproximadamente 45% do custo da obra, e que deve a ela propiciar as
melhores condições de vida durante o período em que está em sua obra.
Não é possível aceitar que o empregador espere uma obra limpa, sem desperdício de
material, oferecendo o oposto a seus empregados quando trata-se de instalações sanitárias.
Não é possível aceitar o empregado que não dá atenção a limpeza dos locais e equipamentos
de suma importância em seu dia a dia.
Estranha é a posição de alguns sindicatos laborais que aceitam a situação de descuido total
com áreas de vivência usadas por seus representados.
A fiscalização oficial não possui profissionais em número suficiente para agir em situações de
grave e iminente risco, portanto não podemos dela esperar ações profundas quanto às áreas
de vivência, considerando-se escala de prioridades.
O leitor pode continuar imaginando “que assunto ridículo para ser abordado em uma coluna
que trata de SST”, esquecendo que o segundo S é de Saúde, palavra diretamente ligada às
condições de higiene de um local de trabalho.
Imagine-se, leitor, tendo necessidade de usar instalações sanitárias de uma obra que não
possui ninguém preocupado com sua higiene, continuará achando ridículo abordar a
necessidade de repensar a construção e manutenção desta parte do canteiro da obra?
SST significa Segurança e Saúde no Trabalho, sendo uma de suas ferramentas básicas na
prevenção de acidentes e doenças profissionais a higiene e o correto uso dos locais de
trabalho e suas instalações de apoio, entendendo-se como apoio também as instalações que
atendam necessidades fisiológicas.
Novamente, tema ridículo?
Somente será ridículo quando qualquer indivíduo, desde o empregado até o diretor da
empresa, usar normalmente (ênfase para normalmente) as instalações sanitárias de sua
obra.
Aceitam-se críticas pela escolha do tema.

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