Você está na página 1de 84

APOSTILA

PREPARATÓRIA

PC-PR
INVESTIGADOR E ESCRIVÃO
LÍNGUA PORTUGUESA
ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE
INFORMÁTICA
RACIOCÍNIO LÓGICO
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO ADMINISTRATIVO
DIREITO PROCESSUAL PENAL
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

WWW.FOCUSCONCURSOS.COM.BR
POLÍCIA CIVIL
DO ESTADO DO PARANÁ

Língua Portuguesa
Economia e Demografia Paranaense
Informática
Raciocínio Lógico
Noções do Estatuto da Polícia Civil
Direito Penal
Noções de Direito Constitucional
Direito Administrativo
Direito Processual Penal
Legislação Especial
2016 FOCUS CONCURSOS
Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610/1998. Proibida a
repro-dução de qualquer parte deste material, sem autorização prévia expressa por escrito do autor e da
editora, por quaisquer meios empregados, sejam eletrônicos, mecânicos, videográficos, fonográficos, reprográficos,
microfílmicos, fotográficos, gráficos e outros. Essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como
às características gráficas.

APOSTILA PREPARATÓRIA PARA ESCRIVÃO E AGENTE DA PC-PR


Organizadores:

Vitor Matheus Krewer , Marcelo Adriano Ferreira

DIRETORIA EXECUTIVA
Evaldo Roberto da Silva
Ruy Wagner Astrath

PRODUÇÃO EDITORIAL
Vítor Matheus Krewer
05
DIAGRAMAÇÃO
Liora Vanessa Coutinho
Willian Brognoli

CAPA/ILUSTRAÇÃO
Rafael Lutinski

DIREÇÃO EDITORIAL
Vítor Matheus Krewer
Marcelo Adriano Ferreira

COORDENAÇÃO EDITORIAL
Vítor Matheus Krewer
Marcelo Adriano Ferreira

REVISÃO
Vítor Matheus Krewer

NÍVEL SUPERIOR
Conhecimentos Gerais e Específicos

Publicado em Junho/2016
APRESENTAÇÃO
Prezado aluno, dar tudo que verá aqui e compreender bem.
Desejamos que todo esse esforço se transforme em
Este material foi concebido para que você tivesse questões corretas e aprovações em concursos.
a oportunidade de entrar em contato com os conteú-
dos necessários para realizar a prova do seu concurso. Bons estudos!
Muito esforço foi empregado para que fosse possível
chegar à síntese de conteúdos que aqui está proposta.
Na verdade, esse material é o resultado do trabalho
dos escritores que se dedicam – há bastante tempo – à
preparação de candidatos para a realização de concur-
sos públicos.
A sugestão é que você faça um estudo sistemáti-
co com o que está neste livro. Dito de outra maneira:
você não deve pular partes deste material, pois há uma
ideia de unicidade entre tudo que está aqui publicado.
Cada exercício, cada capítulo, cada parágrafo, cada li-
nha dos textos será fundamental (serão fundamentais
em sua coletividade) para que sua preparação seja ple-
na.
Caso o seu objetivo seja a aprovação em um con-
curso público, saiba que partilhamos desse mesmo ob-
jetivo. Nosso sucesso depende necessariamente do seu
sucesso! Por isso, desejamos muita força, concentração
e disciplina para que você possa “zerar” os conteúdos
aqui apresentados, ou seja, para que você possa estu-

PROFESSOR
Pablo Jamilk
PROPOSTA DA APOSTILA PREPARATÓRIA PARA O CONCURSO DE
ESCRIVÃO E AGENTE DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO PARANÁ

O presente material tem como objetivo preparar candidatos para o certame da PC-PR
Com a finalidade de permitir um estudo autodidata, na confecção do material foram utilizados diversos recursos
didáticos, dentre eles, Dicas e Gráficos. Assim, o estudo torna-se agradável, com maior absorção dos assuntos lecio-
nados, sem, contudo, perder de vista a finalidade de um material didático, qual seja uma preparação rápida, prática
e objetiva.

Conhecimentos Básicos e Específicos

RACIOCÍNIO LÓGICO
LÍNGUA PORTUGUESA Compreensão de estruturas lógicas. Lógica de argu-
Compreensão e interpretação de textos, com eleva- mentação: analogias, inferências, deduções e conclusões.
do grau de complexidade, incluindo textos de divulga- Diagramas lógicos. Princípios de contagem e probabili-
ção científica. Reconhecimento da finalidade de textos dade.
de diferentes géneros. Localização de informações ex-
plícitas no texto. Inferência de sentido de palavras e/ NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL
ou expressões. Inferência de informações implícitas Estatuto da Polícia Civil (Lei Complementar nº 14/82
no texto e das relações de causa e consequência entre e alterações posteriores). site www.pc.pr.gov.br
as partes de um texto. Distinção de fato e opinião so-
bre esse fato. Interpretação de linguagem não-verbal NOÇÕES DE DIREITO PENAL
(tabelas, fotos, quadrinhos etc). Reconhecimento das Infração penal: elementos, espécies. Sujeito ativo e
relações lógico-discursivas presentes no texto, marca- sujeito passivo da infração penal. Tipicidade, ilicitude,
das por conjunções, advérbios, preposições argumen- culpabilidade, punibilidade. Erro de tipo e erro de proi-
tativas, locuções etc. Reconhecimento das relações bição. Imputabilidade penal. Concurso de pessoas. Cri-
entre partes de um texto, identificando repetições ou mes contra a pessoa. Crimes contra o patrimônio. Crimes
substituições que contribuem para sua continuidade. contra a administração pública. 09
Identificação de efeitos de ironia ou humor em textos
variados. Reconhecimento de efeitos de sentido decor- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
rentes do uso de pontuação, da exploração de recursos Direitos e deveres fundamentais: direitos e deve-
ortográficos e/ou morfossintáticos, de campos semân- res individuais e coletivos; direito à vida, à liberdade, à
ticos, e de outras notações. Identificação de diferentes igualdade, à segurança e à propriedade; direitos sociais;
estratégias que contribuem para a continuidade do nacionalidade; cidadania e direitos políticos; partidos
texto (anáforas, pronomes relativos, demonstrativos políticos; garantias constitucionais individuais; garantias
etc). Compreensão de estruturas temática e lexical dos direitos coletivos, sociais e políticos. Poder Legislati-
complexas. Ambiguidade e paráfrase. Relação de si- vo: fundamento, atribuições e garantias de independên-
nonímia entre uma expressão vocabular complexa e cia. Poder Executivo: forma e sistema de governo; chefia
uma palavra. de Estado e chefia de governo; atribuições e responsa-
bilidades do presidente da República. Defesa do Estado
ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE e das instituições democráticas: segurança pública; or-
Agricultura. Pecuária. Indústria. Exportação. Im- ganização da segurança pública. Ordem social: base e
portação. Turismo. Indicadores Demográficos e So- objetivos da ordem social; seguridade social; educação,
ciais. Etnografia. Concentração urbana e rural. Princi- cultura e desporto; ciência e tecnologia; comunicação so-
pais centros urbanos. cial; meio ambiente; família, criança, adolescente e idoso.
Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU-1948).
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Arquitetura e Organização de Computadores: NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Componentes. Periféricos; Internet: World Wide Web: Estado, governo e administração pública: concei-
Conceitos. Browser (Internet Explorer 7.0). Correio tos, elementos, poderes e organização; natureza, fins e
Eletrônico: conceitos; Gerenciador de e-mail (Outlook princípios. Organização administrativa da União: admi-
Express 6.0); Vírus; BrOffice 3.1: BrOffice Documento nistração direta e indireta. Agentes públicos: espécies
Texto (Writer): Atalhos e barra de ferramentas; Modos e classificação; poderes, deveres e prerrogativas; cargo,
de seleção de texto; Formatação de texto; Formatação emprego e função públicos; regime jurídico único: provi-
de Parágrafos; Alinhamento; BrOffice Planilha (Cale): mento, vacância, remoção, redistribuição e substituição;
Atalhos e barra de ferramentas; Formatação de Dados; direitos e vantagens; regime disciplinar; responsabili-
Seleção de Células; Atributos de Caractere. dade civil, criminal e administrativa. Poderes adminis-
trativos: poder hierárquico; poder disciplinar; poder
regulamentar; poder de polícia; uso e abuso do poder.
Serviços públicos: conceito, classificação, regulamen-
tação e controle; forma, meios e requisitos; delegação:
concessão, permissão, autorização. Controle e respon-
sabilização da administração: controle administrativo;
controle judicial; controle legislativo; responsabilidade
civil do Estado.

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


Inquérito policial; notitia criminis. Ação penal: es-
pécies. Jurisdição; competência. Prova (artigos 158 a
184 do CPP). Prisão em flagrante. Prisão preventiva.
Prisão temporária (Lei n.° 7.960/1989).

NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA


Legislação e suas alterações. Tráfico ilícito e uso in-
devido de drogas (Lei n.° 11.343/2006). Crimes hedion-
dos (Lei n.° 8.072/1990). Crimes resul tantes de pre-
conceitos de raça ou de cor (Lei n.° 7.716/1989). Abuso
de Autoridade (Lei n.° 4.898/1965). Crimes de tortura
(Lei n.° 9.455/1997). Estatuto da Criança e do Adoles-
cente (Lei n.° 8.069/1990). Estatuto do desarmamento
(Lei n.° 10.826/2003). Crimes previsto s no Código de
proteção e defesa do consumidor (Lei n.° 8.078/1990).
Crimes contra o meio ambiente (Lei n.° 9.605/1998). Jui-
zados especiais (Lei n.° 9.099/1995 e Lei 10.259 /2001).
Crimes previstos no Código de Trânsito Brasileiro (Lei
9503/1997).

10
LÍNGUA
PORTUGUESA
PROFESSOR
Pablo Jamilk
Professor de Língua Portuguesa, Redação e Redação
Oficial. Formado em Letras pela Universidade Estadual
do Oeste do Paraná. Mestre em Letras pela Universida-
de Estadual do Oeste do Paraná. Doutorando em Letras
pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Espe-
cialista em concursos públicos, é professor em diversos
estados do Brasil.
SUMÁRIO

SUMÁRIO
1. COMO ESTUDAR LÍNGUA PORTUGUESA................................................................................................................................... 15
Introdução...................................................................................................................................................................................................................................................... 1 5
Morfologia: classes de palavras............................................................................................................................................................................................................ 1 5
Artigo............................................................................................................................................................................................................................................................... 1 5
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 16

2. MORFOLOGIA.......................................................................................................................................................................................... 16
Adjetivo........................................................................................................................................................................................................................................................... 16
Classificação Quanto ao Sentido........................................................................................................................................................................................................... 16
Classificação Quanto à Expressão........................................................................................................................................................................................................ 16
Adjetivo x Locução Adjetiva................................................................................................................................................................................................................... 16
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 19
Advérbio......................................................................................................................................................................................................................................................... 19
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 19
Conjunção....................................................................................................................................................................................................................................................... 20
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 20
Preposição...................................................................................................................................................................................................................................................... 21
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 21
Pronome.......................................................................................................................................................................................................................................................... 21
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 24
Substantivo.................................................................................................................................................................................................................................................... 24

3. SINTAXE.....................................................................................................................................................................................................26
Sujeito.............................................................................................................................................................................................................................................................. 27
Predicado........................................................................................................................................................................................................................................................ 28
Termos Integrantes.................................................................................................................................................................................................................................... 28
Vozes Verbais................................................................................................................................................................................................................................................ 28
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 29
Tempos e Modos verbais.......................................................................................................................................................................................................................... 29
Formas Nominais do Verbo..................................................................................................................................................................................................................... 30
Complementos Verbais............................................................................................................................................................................................................................. 30
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 31

4. ACENTUAÇÃO GRÁFICA....................................................................................................................................................................32 13
Antecedentes................................................................................................................................................................................................................................................. 32
Encontros vocálicos.................................................................................................................................................................................................................................... 32
Regras de Acentuação............................................................................................................................................................................................................................... 32
Alterações do Novo Acordo Ortográfico............................................................................................................................................................................................ 33
Questão Gabaritada................................................................................................................................................................................................................................... 33

5. CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL .....................................................................................................................................34


Conceituação................................................................................................................................................................................................................................................. 34
Concordância Verbal................................................................................................................................................................................................................................. 34
Regras com Verbos Impessoais............................................................................................................................................................................................................. 35
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 35
Concordância Nominal............................................................................................................................................................................................................................. 36
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 37

6. CRASE.........................................................................................................................................................................................................37
Casos Proibitivos......................................................................................................................................................................................................................................... 38
Casos Obrigatórios..................................................................................................................................................................................................................................... 38
Casos Facultativos....................................................................................................................................................................................................................................... 39
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 39

7. COLOCAÇÃO PRONOMINAL..............................................................................................................................................................39
Posições dos Pronomes – Casos de Colocação ............................................................................................................................................................................... 40
Colocação Facultativa................................................................................................................................................................................................................................ 41
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 41

8. REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL .................................................................................................................................................. 41


Principais Casos de Regência Verbal: ............................................................................................................................................................................................... 42
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 43
Regência Nominal....................................................................................................................................................................................................................................... 44
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 44

9. PONTUAÇÃO ...........................................................................................................................................................................................45
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 46
Ponto Final – Pausa Total......................................................................................................................................................................................................................... 46
Ponto-e-Vírgula – Pausa Maior do que uma Vírgula e Menor do que um Ponto Final.................................................................................................. 46
SUMÁRIO

Dois-Pontos – Indicam Algum Tipo de Apresentação ................................................................................................................................................................. 47


Aspas – Indicativo de Destaque. .......................................................................................................................................................................................................... 47
Reticências (...).............................................................................................................................................................................................................................................. 47
Parênteses...................................................................................................................................................................................................................................................... 47
Travessão........................................................................................................................................................................................................................................................ 48
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 48

10. ORTOGRAFIA.........................................................................................................................................................................................48
Definição......................................................................................................................................................................................................................................................... 48
Emprego de “E” e “I”................................................................................................................................................................................................................................... 48
Empregaremos o “I”................................................................................................................................................................................................................................... 49
Orientações sobre a Grafia do Fonema /S/...................................................................................................................................................................................... 49
Emprego do SC............................................................................................................................................................................................................................................. 50
Grafia da Letra “S” com Som de “Z”..................................................................................................................................................................................................... 50
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 5 1

11. INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS........................................................................................................................................................ 51


Tipologia Textual......................................................................................................................................................................................................................................... 5 1
Texto Narrativo............................................................................................................................................................................................................................................ 5 1
Texto Descritivo:.......................................................................................................................................................................................................................................... 5 1
Texto Dissertativo....................................................................................................................................................................................................................................... 52
Leitura e Interpretação de Textos........................................................................................................................................................................................................ 52
Vícios de Leitura.......................................................................................................................................................................................................................................... 52
Organização Leitora................................................................................................................................................................................................................................... 52

12. ESTILÍSTICA: FIGURAS DE LINGUAGEM..................................................................................................................................54


Figuras de Linguagem.............................................................................................................................................................................................................................. 54
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 55

13. REESCRITURA DE SENTENÇAS ...................................................................................................................................................55


Substituição................................................................................................................................................................................................................................................... 55
Deslocamento................................................................................................................................................................................................................................................ 56
Paralelismo.................................................................................................................................................................................................................................................... 56
Variação Linguística.................................................................................................................................................................................................................................. 57
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 57
14
14. SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS....................................................................................................................................................59
Campo Semântico....................................................................................................................................................................................................................................... 59
Sinonímia e Antonímia............................................................................................................................................................................................................................. 59
Hiperonímia e Hiponímia........................................................................................................................................................................................................................ 59
Homonímia e Paronímia.......................................................................................................................................................................................................................... 59
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................... 67

15. REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS..........................................................................................................................................75


OFICIAIS.........................................................................................................................................................................................................75
Aspectos da Correspondência Oficial................................................................................................................................................................................................. 75
Documentos Norteadores da Comunicação Oficial....................................................................................................................................................................... 76
Os Vocativos e Pronomes de Tratamento Mais Utilizados......................................................................................................................................................... 77
Concordância dos Termos Relacionados aos Pronomes de Tratamento.............................................................................................................................. 78
Os Fechos Adequados para Cada Correspondência..................................................................................................................................................................... 78
Identificação do Signatário..................................................................................................................................................................................................................... 78
Normas Gerais para Elaboração para Documentos Oficiais..................................................................................................................................................... 79
Destaques....................................................................................................................................................................................................................................................... 79
Documentos .................................................................................................................................................................................................................................................. 82
Aviso................................................................................................................................................................................................................................................................. 82
Ofício................................................................................................................................................................................................................................................................ 83
Memorando................................................................................................................................................................................................................................................... 83
Requerimento............................................................................................................................................................................................................................................... 83
Ata..................................................................................................................................................................................................................................................................... 84
Parecer............................................................................................................................................................................................................................................................ 84
Atestado.......................................................................................................................................................................................................................................................... 85
Certidão........................................................................................................................................................................................................................................................... 85
Apostila........................................................................................................................................................................................................................................................... 85
Declaração...................................................................................................................................................................................................................................................... 86
Portaria .......................................................................................................................................................................................................................................................... 86
Telegrama....................................................................................................................................................................................................................................................... 87
Exposição de Motivos................................................................................................................................................................................................................................ 87
Mensagem...................................................................................................................................................................................................................................................... 89
Fax..................................................................................................................................................................................................................................................................... 89
Correio Eletrônico....................................................................................................................................................................................................................................... 90
CAPÍTULO 01 - Como Estudar Língua Portuguesa

1. COMO ESTUDAR LÍNGUA mais simples para construir uma base sólida para a re-
flexão sobre a Língua Portuguesa.
PORTUGUESA
Artigo: termo que particulariza um substantivo.
Introdução Ex.: o, a, um, uma.

A parte inicial desse material se volta para a orienta- Adjetivo: termo que qualifica, caracteriza ou indica
ção a respeito de como estudar os conteúdos dessa dis- a origem de outro.
ciplina. É preciso que você faça todos os apontamentos Ex.: interessante, quadrado, alemão.
necessários, a fim de que sua estratégia de estudo seja
produtiva. Vamos ao trabalho! Advérbio: termo que imprime uma circunstância
Teoria: recomendo que você estude teoria em 30 % sobre verbo, adjetivo ou advérbio.
do seu tempo de estudo. Quer dizer: leia e decore as re- Ex.: mal, bem, velozmente.
gras gramaticais.
Prática: recomendo que você faça exercícios em Conjunção: termo de função conectiva que pode
40% do seu tempo de estudo. Quem quer passar tem que criar relações de sentido.
conhecer o inimigo, ou seja, a prova. Ex.: mas, que, embora.
Leitura: recomendo que você use os outros 30% para
a leitura de textos de natureza variada. Assim, não terá Interjeição: termo que indica um estado emotivo
problemas com interpretação na prova. momentâneo.
Ex.: Ai! Ufa! Eita!
Níveis de Análise da Língua:
Numeral: termo que indica quantidade, posição,
Fonético / Fonológico: parte da análise que estuda multiplicação ou fração.
os sons, sua emissão e articulação. Ex.: sete, quarto, décuplo, terço.
Morfológico: parte da análise que estuda a estrutu-
ra e a classificação das palavras. Preposição: termo de natureza conectiva que im-
Sintático: parte da análise que estuda a função das prime uma relação de regência.
palavras em uma sentença. Ex.: a, de, em, para.
Semântico: parte da análise que investiga o signifi-
cado dos termos. Pronome: termo que retoma ou substitui outro no 15
Pragmático: parte da análise que estuda o sentido texto.
que a expressões assumem em um contexto. Ex.: cujo, lhe, me, ele.

Substantivo: termo que nomeia seres, ações ou


Exemplos: anote os termos da conceitos da língua.
análise. Ex.: pedra, Jonas, fé, humanidade.
O aluno fez a prova.
Verbo: termo que indica ação, estado, mudança de
estado ou fenômeno natural e pode ser conjugado.
Morfologicamente falando, temos a se- Ex.: ler, parecer, ficar, esquentar.
guinte análise:
O = artigo. A partir de agora, estudaremos esses termos mais
pontualmente. Apesar disso, já posso antecipar que os
Aluno = substantivo.
conteúdos mais importantes e mais cobrados em concur-
Fez = verbo. sos são: advérbios, conjunções, preposições, pronomes e
A = artigo. verbos.
Prova = substantivo.
Artigo
Sintaticamente falando, temos a se-
Termo que define ou indefine um substantivo, par-
guinte análise: ticularizando-o de alguma forma. Trata-se da partícula
O aluno = sujeito. gramatical que precede um substantivo.
Fez a prova = predicado verbal.
A prova = objeto direto. Classificação:
• Definidos: o, a, os, as.
• Indefinidos: um, uma, uns, umas.

Morfologia: classes de palavras


Iniciemos o nosso estudo pela Morfologia. Assim, é
LÍNGUA PORTUGUESA

Emprego do Artigo: dica a origem de outro”. Vejamos os exemplos:

1 – Definição ou indefinição de termo. • Casa vermelha.


Ex.: Ontem, eu vi o aluno da Sandra. • Pessoa eficiente.
Ex.: Ontem, eu vi um aluno da Sandra. • Caneta alemã.

2 – Substantivação de termo: Veja que “vermelha” indica a característica da casa;


Ex.: O falar de Juliana é algo que me encanta. “eficiente” indica uma qualidade da pessoa; e “alemã”
indica a origem da caneta. No estudo dos adjetivos, o
3 – Generalização de termo (ausência do arti- mais importante é identificar seu sentido e sua classi-
go) ficação.
Ex.: O aluno gosta de estudar.
Ex.: Aluno gosta de estudar. Classificação Quanto ao Sentido
4 – Emprego com “todo”: Restritivo: adjetivo que exprime característica que
Ex.: O evento ocorreu em toda cidade. não faz parte do substantivo, portanto restringe o seu
Ex.: O evento ocorreu em toda a cidade. sentido.

5 – Como termo de realce:


Ex.: Aquela menina é “a” dentista. Exemplos: cachorro inteligente,
menina dedicada.
Observação: mudança de sentido pela flexão:
Ex.: O caixa / A caixa. Explicativo: adjetivo que exprime característica
Ex.: O cobra / A cobra. que já faz parte do substantivo, portanto explica o seu
sentido.

Questões Gabaritadas Exemplos: treva escura, animal


(IBFC) Veja as três palavras que seguem. Com- mortal.
plete as lacunas com o artigo.___ púbis;___cal;__
16
mascote. Em concordância com o gênero das pala-
vras apresentadas, assinale abaixo a alternativa Classificação Quanto à Expressão
que completa, correta e respectivamente, as lacu-
nas. Objetivo: indica caraterística, não depende da sub-
jetividade.
a. o/a/a
b. a/a/o.
c. o/o/a Exemplos: Roupa verde.
d. a/o/o

Resposta: A Subjetivo: indica qualidade, depende de uma aná-


lise subjetiva.
(MB) Assinale a opção em que a palavra desta-
cada é um artigo. Exemplos: Menina interessante.
a. Foi a pé para casa. Gentílico: indica origem
b. O aluno fez a prova a lápis.
c. Chegamos a São Paulo no inverno.
d. Convidaram a mãe para as férias. Exemplos: Comida francesa.
e. Não a deixaram de fora da festa.

Resposta: D
Adjetivo x Locução Adjetiva
2. MORFOLOGIA Essencialmente, a distinção entre um adjetivo e uma
locução adjetiva está na formação desses elementos. Um
Adjetivo adjetivo possui apenas um termo, ao passo que a locução
adjetiva possui mais de um termo. Veja a diferença:
Podemos tomar como definição de adjetivo a seguinte
sentença “termo que qualifica, caracteriza ou in- Ela fez a sua leitura do dia.
Ela fez a sua leitura diária.
CAPÍTULO 02 - Morfologia

ADJETIVO LOCUÇÃO ADJETIVA D


A dedo digital

abdômen abdominal diamante diamantino, adamantino

abelha apícola dinheiro pecuniário

abutre vulturino E
açúcar sacarino elefante elefantino

águia aquilino enxofre sulfúrico

alma anímico esmeralda esmeraldino

aluno discente esposos esponsal

anjo angelical estômago estomacal, gástrico

ano anual estrela estelar

arcebispo arquiepiscopal F
aranha aracnídeo fábrica fabril
asno asinino face facial
audição ótico, auditivo falcão falconídeo

B farinha farináceo

baço esplênico fera ferino

bispo episcopal ferro férreo

boca bucal, oral fígado figadal, hepático

bode hircino filho filial

boi bovino fogo ígneo 17


bronze brônzeo, êneo frente frontal

C G
cabeça cefálico gado pecuário

cabelo capilar gafanhoto acrídeo

cabra caprino garganta gutural

campo campestre, bucólico ou rural gato felino

cão canino gelo glacial

carneiro arietino gesso típseo

Carlos Magno carolíngio guerra bélico

cavalo cavalar, equino, equídeo ou hí- H


pico
homem viril, humano
chumbo plúmbeo
I
chuva pluvial
idade etário
cidade citadino, urbano
ilha insular
cinza cinéreo
irmão fraternal
coelho cunicular
intestino celíaco, entérico
cobra viperino, ofídico
inverno hibernal, invernal
cobre cúprico
irmão fraternal, fraterno
coração cardíaco, cordial
J
crânio craniano
junho junino
criança pueril, infantil
ECONOMIA E
DEMOGRAFIA
PARANAENSE
PROFESSOR
Tiago Zanolla
Professor multidisciplinar, Ética no Serviço Público,
Conhecimentos Bancários e Direito Regimental. For-
mado em Engenharia de Produção pela Universidade
Pan-Americana de Ensino. Técnico Judiciário Cumpri-
dor de Mandados no Tribunal de Justiça do Estado do
Paraná. Envolvido com concursos públicos desde 2009
é professor em diversos estados do Brasil
SUMÁRIO

SUMÁRIO
1. ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE..............................................................................................................................95
Indicadores Demográficos e Sociais..................................................................................................................................................................................................103
Questões Gabaritadas..............................................................................................................................................................................................................................121

93
CAPÍTULO 01 - Economia e Demografia Paranaense

1. ECONOMIA E DEMOGRAFIA tar as principais culturas no estado. São elas: a Cana de


Açúcar; Feijão; Mandioca; Milho; Soja e o Trigo.
PARANAENSE A grande e eficiente produção garante vários con-
tratos de exportação ao estado. Há inclusive um grande
A economia paranaense é baseada principalmente porto para escoar essa safra. É o porto de Paranaguá.
na agricultura, na indústria primária e no extrativismo O café, que foi a principal riqueza do Paraná,
vegetal. perdeu espaço para a soja . A soja se expandiu por
quase todo o Estado e é exportada para outros países
Agropecuária in natura, na forma de farelo de soja e também como
O Paraná é o maior produtor nacional de grãos, apre- óleo degomado.
sentando uma pauta agrícola diversificada. A utilização Já o trigo é a principal cultura de inverno. O Paraná
de avançadas técnicas agronômicas coloca o Estado em produz mais de 50% de todo o trigo produzido no
destaque em termos de produtividade. A cana-de-açú- Brasil.
car, o milho, a soja, a mandioca, o trigo e a batata-inglesa
sobressaem na estrutura produtiva da agricultura local, PECUÁRIA
observando-se, em paralelo, forte avanço de outras ativi- O estado é o maior avicultor do país. Da produção
dades, como a produção de frutas. de ovos ao frango de corte, a avicultura se especializou
Já na pecuária, destaca-se a avicultura, com 29,2% em todas as regiões do Paraná. Maior produtor nacional
do total de abates do País. Nos segmentos de bovinos da carne de ave, o estado concentra do cultivo de milho
e suínos, a participação do Estado atinge 4,2% e 19,1%, à fabricação de ração. Os centros de produção geram,
respectivamente. direta e indiretamente, cerca de 5% da empregabilidade
PRINCIPAIS PRODUTOS AGRÍCOLAS - PARANÁ - no estado.
2014 A produção industrial de frangos de corte distribui-se
PRODUTO QUANTIDADE Participação por todo o Estado, e concentra-se nas seguintes regiões:
(toneladas) Paraná/ 1. SUDOESTE (Francisco Beltrão e Pato Branco): 23,68%;
Brasil (%) 2. OESTE (Cascavel e Toledo): 34,32%; 3. CENTRO SUL
(Curitiba e Ponta Grossa): 13,47%; 4. NORTE (Apucarana,
Cana-de-açúcar 47.947.529 6,50 Jacarezinho, Londrina e Maringá): 22,51% e 5. NOROESTE
Milho 15.823.241 19,81 (Umuarama e Paranavaí): 6,02%
Segundo dados do DERAL/DEB (2011), no Paraná, as
Soja 14.913.173 17,19
regiões que se destacam na produção de ovos de gali- 95
Mandioca 3.958.798 17,03 nha para consumo, são: Apucarana (18,9%), Paranavaí
(14,49%), Maringá (13,6%), Cascavel (10,8%), Francisco Bel-
Trigo 3.816.201 60,94
trão (9,7%) e Curitiba (7,3%).
Batata-Inglesa 850.959 23,06 Tradicionalmente o Paraná é também um grande
produtor de suínos e bovinos, especialmente nas regiões
FONTE: IBGE - Produção Agrícola Municipal
oeste e sudoeste do Estado, onde estão localizados os
grandes frigoríficos voltados para a comercialização
ABATES DE ANIMAIS - PARANÁ - 2014 interna e para as exportações.
tipo de peso total participação O Brasil é o maior produtor de carne bovina do mun-
animal das carcaças paraná/brasil do. Dentro do país, o Paraná possui o 10º maior rebanho
(mil t) (%) comercial, participando com 4,3% do rebanho nacional.
A pecuária de corte é bastante desenvolvida tecno-
Aves 3.651.564 29,18
logicamente no estado, tem rebanhos de alto nível ge-
Suínos 611.183 19,14 nético e a maioria dos produtores é preocupado com a
sanidade nos animais.
Bovinos 336.996 4,18
O rebanho bovino paranaense divide-se entre várias
FONTE: IBGE - Pesquisa Trimestral do Abate de Animais
regiões do Estado, sendo que a maior parte está situado
no Norte e Noroeste (59%), e o restante distribui-se pelas
AGRICULTURA demais regiões.
O Paraná está localizado na Região Sul do Brasil, e Quanto ao rebanho de suínos, o paraná concentra
ocupa uma área de 199.324 quilômetros quadrados, o 16,9% da produção nacional. A produção está concentra-
que equivale a 2,3% do território brasileiro. da no núcleo regional de Toledo que representa 44,7%
A economia paranaense é fortemente dependente do do Valor Bruto da Produção. O núcleo regional de Cas-
setor primário, ou seja, o agronegócio é a principal ati- cavel corresponde a 16,4%, Ponta Grossa 12,9% e Fran-
vidade econômica do estado, gerando aproximadamente cisco Beltrão 6,2%. A suinocultura representa 6,2% do
1/3 do PIB estadual. Valor Bruto da Produção paranaense, correspondendo a
A agropecuária paranaense sofreu transformações R$ 4,4 bilhões. Comparativamente a 2013 a suinocultura
importantes ao longo dos últimos anos. Em um breve aumentou sua representatividade no VBP em 1,1 pontos
exame da agroindústria paranaense, é possível consta- percentuais, entretanto o Valor Bruto da produção teve
um incremento de 24,4%.
ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE

É no centro-sul que estão os melhores rebanhos toral, Paranaguá se destaca pelas atividades ligadas ao
brasileiros de gado leiteiro, onde se encontram animais Porto.
que produzem mais de 50 litros de leite por dia. A mais importante das áreas industrializadas do es-
São ainda significativos, no Paraná a produção de tado compreende de Curitiba até Ponta Grossa e é carac-
ovos, de casulos do bicho-da-seda, mel e cera de abelha. terizada pela produção diversificada: tecidos, produtos
Mas é na avicultura que o Estado vem se destacando químicos, metalúrgicos, gráficos, alimentícios, móveis,
nos últimos dez anos, graças à implantação de frigo- papel, indústria gráfica. O Norte do Paraná é a segunda
ríficos pela iniciativa privada e pelas cooperativas. Con- mais importante das áreas industrializadas do estado aí
siderando que existem no Paraná em torno de 135.000 são predominantes as agroindústrias de beneficiamento
produtores de suínos, estimamos que isto possa gerar de café, algodão, hortelã, cana-de-açúcar, além de amen-
em torno 200.000 empregos diretos e 300.000 indiretos. doim e girassol, que se utilizam no trabalho de fabricar
óleos vegetais.
Indústria As indústrias de transformação da madeira se distri-
buem pela totalidade do Paraná as serrarias que carac-
A indústria no Paraná que, de maneira tradicional, terizam a paisagem rural são deslocadas de acordo com
tem ligação ao trabalho de transformar produtos agríco- o início da falta de madeira.
las e florestais está em processo de modificação. Nota se O parque industrial do Paraná destina-se, de manei-
hoje a existência de indústrias eletrônicas, automobilís- ra principal, para atividades econômicas como agroin-
ticas, metalúrgicas, mecânicas, de adubos, além das em- dústria, extrativismo vegetal e mineral e, mais recente-
presas que fabricam cimento, de cerâmica e fios sinté- mente, indústria de bens de consumo.
ticos. As empresas industriais que mais fabricam papel A maioria das prefeituras estimulou para que fos-
na América Latina estão localizadas no Paraná. O setor sem instalados parques industriais em seus municípios
secundário é o segundo setor que tem mais relevância como a Cidade Industrial de Curitiba, Distrito Industrial
no papel econômico do estado, onde 27,28% das riquezas Botuquara em Ponta Grossa, Cidade Industrial de Ma-
produzidas provêm desse setor (IPARDES, 2011). ringá, Distrito Industrial de Londrina, Distrito Industrial
O Paraná ocupa posição de destaque no cenário bra- de Cascavel, Distrito Industrial de Guaratu em Guarapu-
sileiro. A indústria1 paranaense é a quarta do país em ava, Centro Industrial de Araucária, Centro Industrial de
número de empregos e estabelecimentos, sendo que Ali- Francisco Beltrão e outros.
mentos, Veículos & Carrocerias, Construção, Vestuário & O Paraná é o estado possuidor de uma diversidade
Acessórios são os setores mais relevantes nesse quesito. de tipologias industriais como produtos de base agrária;
96 O valor da transformação industrial do Paraná atin- transformação da madeira; transformação mineral; pe-
giu R$ 78 bilhões em 2013. Na estrutura da indústria de troquímica; produtos metalúrgicos e mecânicos; artigos
transformação, predominam os segmentos de alimentos, eletrodomésticos; produtos eletrônicos; têxtil e de vestu-
veículos automotores e refino de petróleo, responsáveis ário; artigos de cerâmica; artigos de couro, pele e lã.
por aproximadamente 55,4% . A atual configuração da indústria do Estado do Pa-
raná responde por sua expansão nos anos setenta, dada
pelo forte crescimento da sua base agroindustrial, em
linha com intenso crescimento agrícola, e pela implanta-
ção de ramos modernos, produtores de bens de capital e
insumos intermediários. A introdução dessas atividades
deveu-se, à época, às demandas do setor público estadu-
al nas áreas de energia e telecomunicações. Decorreu,
ainda, das necessidades de expansão do mercado nacio-
nal previstas no segundo Plano Nacional de Desenvolvi-
mento (II PND), do qual decidiu-se, para o Paraná, insta-
lação de grande planta para produção de combustíveis.
Além da força observada no mercado interno, a in- Resultou, por fim, da intervenção direta do governo esta-
dústria paranaense vem aumentando sua participação dual na atração de investimentos, com destaque a uma
nas exportações brasileiras. Atualmente, negocia com grande empresa de ônibus e caminhões. Pela relevância
diversos países, como China, Argentina, Holanda, Esta- e integração então adquiridas no cenário nacional, a in-
dos Unidos e Alemanha. dústria paranaense não deixou de sentir os reveses do
Em relação à dinâmica estadual, as economias dos baixo e irregular crescimento da economia brasileira nos
municípios da Região Metropolitana de Curitiba estão anos oitenta, apresentando taxas de crescimento igual-
entre as maiores do Paraná. Em razão do dinamismo da mente modestas. Entretanto, durante a década de no-
indústria, Curitiba, São José dos Pinhais e Araucária são venta, renovou e expandiu suas bases de operação, num
os municípios mais representativos no PIB do Paraná. ambiente nacional que mesclou relativa estabilização
No interior, Londrina e Maringá têm forte presença da econômica, ampliação das oportunidades no comércio
agroindústria e, em Foz do Iguaçu, sobressaem as ati- internacional, lenta recuperação da taxa de investimento
vidades ligadas à produção de energia elétrica. Já no li- e forte reestruturação produtiva, em virtude da abertura
de mercado e da redução da atuação estatal no esquema
1 FONTE: IPARDES
produtivo. Por tudo isso, a indústria paranaense mantém
CAPÍTULO 01 - Economia e Demografia Paranaense

posição destacada no cenário nacional, respondendo por ção de massas e biscoitos e bolachas. A indústria mais
cerca de 6% do PIB industrial do País e por 6% das expor- concentrada de farinha está localizado em Curitiba, que
tações nacionais de produtos industrializados em 2007. muito se conhece pelos seus produtos de qualidade. O
Sustenta essas estatísticas uma estrutura produtiva que, milho processado pela indústria é a matéria prima for-
apesar de concentrar em algumas atividades a geração necedora de fubá e de canjica e, juntamente com a soja,
de valor, não deixa de se diversificar de modo significa- é a produtora de ração para animais. A produção de lati-
tivo em várias outras atividades, conforme mostram os cínios é feita por cooperativas que estão localizadas em
dados de valor de transformação industrial. Carambeí, Castrolanda, Witmarsum, Londrina, Curitiba,
O Paraná responde atualmente por 6% do PIB nacio- Maringá e Oeste do Paraná. As usinas que produzem
nal. Dos R$ 256 bilhões gerados pelo estado em 2012, açúcar e álcool estão distribuídas por uma variedade
cerca de 25% eram de responsabilidade da indústria1 . locais como Bandeirantes, Porecatu, Jacarezinho, São
Apesar do expressivo posicionamento, a participação da Tomé, Cidade Gaúcha e muitas outras. As indústrias que
indústria no PIB paranaense vem apresentando sinais fabricam óleos e gorduras vegetais estão localizadas em
de reestruturação nos últimos anos: em 2006, a indús- Ponta Grossa, Maringá, Londrina e Cascavel.[3]
tria representava 29% do PIB estadual e, em 2012, passou A industrialização de derivados da carne, banha e
para 25%. Esse cenário pode ser fruto do baixo cresci- toucinho é feita por frigoríficos que se localizam no Ex-
mento do PIB industrial paranaense em relação à média tremo Oeste (Medianeira, Toledo e Cascavel) no Sudoeste
nacional: 6% entre 2006 e 2012, contra 15%. No entanto, Paranaense (Pato Branco, Francisco Beltrão), no Norte
o percentual apresentado pelo Paraná não foi observado e Noroeste do Paraná (Londrina, Maringá e Paranavaí),
de maneira uniforme em todo território, pois as mesor- Ponta Grossa e Curitiba.[3]
regiões Sudoeste e Noroeste apresentaram crescimento Quanto às bebidas merecem destaque a produção
substancialmente superior a dinâmica estadual: 55% e de aguardente em Morretes, a fabricação da cerveja em
46%, respectivamente, entre 2006 e 2012. Em relação ao Curitiba, Londrina e Ponta Grossa, a industrialização de
contexto interno, observa-se que as indústrias dos muni- malte em Entre Rios, a produção de vinho em Colom-
cípios da Região Metropolitana de Curitiba estão entre as bo, Campo Largo e Curitiba, as fábricas que beneficiam
maiores do estado. Juntos os municípios de Curitiba, São mate em Curitiba, a produção de refrigerantes em Curi-
José dos Pinhais e Araucária representam 35% do PIB tiba, Londrina, Maringá e Cascavel, a industrialização de
industrial paranaense. No interior do estado, Londrina, café solúvel em Londrina e Cornélio Procópio a produção
Maringá, Foz do Iguaçu e Ponta Grossa concentram ou- de água mineral em Campo Largo, Almirante Tamanda-
tros 18% e, no litoral, o município de Paranaguá também ré, Cornélio Procópio e Londrina.
se destaca em função das atividades portuárias O favorecimento de derivados de frutas é destinada 97
As vendas da indústria de transformação e extração1 à indústria produtora de geleia, sucos, compotas e doces
paranaense totalizaram R$ 181,8 bilhões em 2012. Esse em geral
montante representa 8,7% das vendas industriais brasi- Indústria de transformação da madeira
leiras e posiciona o Paraná em terceiro lugar no volu- A indústria de transformação da madeira dá propor-
me de vendas realizado em 2012. No que diz respeito ção ao trabalho de fabricar móveis, esquadrias (portas
ao volume produzido, verifica-se que o estado apresen- e janelas), compensados, caixas, chapas de aglomerado,
ta a quinta maior produção industrial, com R$ 168,1 bi- lambris, cabos de vassouras, fósforos, papel e papelão.
lhões em 2012, representando 7,8% do montante brasi- Os municípios de Telêmaco Borba, Jaguariaíva e Arapoti
leiro. Como pode ser observado, a produção industrial são os que mais fabricam papel e papelão no Paraná.
apresentou desempenho inferior ao volume de vendas, Indústria de transformação mineral
indicando que o estado trabalhou com estoques disponí- Os minerais metálicos são os produtos de maior in-
veis no ano de 2012. Já em relação ao valor adicionado, dustrialização no Paraná. Destacam-se o calcário, ma-
que corresponde à diferença entre produção e custos da téria prima que se emprega no trabalho de fabricar ci-
transformação industrial2 , verifica-se que, em 2012, o mento, cal e corretivos para os solos agrícolas. Muitas
Paraná gerou R$ 68,8 bilhões, ocupando a quarta coloca- indústrias que se derivam do calcário estão localizadas
ção nacional. O desempenho desses indicadores mostra no município de Colombo e principalmente no prolonga-
que a variação paranaense tanto do volume de vendas, mento da Rodovia dos Minérios no município de Almi-
como da produção e do valor adicionado foi superior à rante Tamandaré e Itaperuçu e Rio Branco do Sul.
dinâmica nacional entre 2010 e 2012. No entanto, a va- Indústria petroquímica
riação dos custos embutidos na produção paranaense foi A mais importante destilaria da Petrobras no Paraná
consideravelmente mais alta do que a dinâmica nacio- é a Refinaria Presidente Getúlio Vargas. A Refinaria Pre-
nal, colocando o grau de industrialização3 estadual em sidente Getúlio Vargas tem suas instalações encontradas
patamares inferiores ao desempenho médio da indústria em Araucária, município onde é feito o refinamento do
brasileira. petróleo. Em Araucária também é encontrada a Petro-
Indústria de produtos de base agrária fértil. A Petrofértil é uma unidade industrial que se des-
Dentre os produtos de base agrária incluem deriva- tina à fabricação de amônia e ureia.
dos da farinha, laticínios, açúcar e álcool, óleos e gor- Existe também uma outra unidade industrial da Pe-
duras vegetais, derivados da carne, banha e toicinho, trobras no Paraná: a Usina do Xisto. A Usina do Xisto
bebidas e frutas. teve sua construção em São Mateus do Sul e é hoje pro-
A farinha é a matéria prima destinada para fabrica- dutora de óleo, gás e enxofre.
ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE

empregados.
Indústria de produtos metalúrgicos e mecânicos Praticamente metade dos trabalhadores alocados na
A produção feita pelas indústrias metalúrgicas me- indústria paranaense possui entre 30 e 49 anos, Ensino
cânicas no Paraná reside no trabalho de fabricar veícu- Médio completo e ganham entre 1 e 2 salários mínimos.
los motorizados, máquinas agrícolas, máquinas para be- Em relação aos indicadores paranaenses de permanên-
neficiamento da madeira, motores, máquinas de costura, cia no emprego, verifica-se que tanto o percentual de
cofres, artigos de alumínio, trefilados, aços, ferros e cha- trabalhadores substituídos por outros (taxa de rotativi-
pas metálicas. Os meios de transporte como caminhões, dade) como o percentual de desligados (taxa de desli-
ônibus e automóveis são fabricados na Cidade Industrial gamento) são maiores que a média brasileira. No que
de Curitiba, destacando-se a fábrica da Volvo. A Cidade diz respeito aos acidentes de trabalho, constata-se que
Industrial de Ponta Grossa merece destaque no trabalho das mais de 300 mil ocorrências registradas em todos
de fabricar máquinas que se utilizam em setores indus- os estados brasileiros, o Paraná se posiciona em quarto
triais como o de beneficiamento da madeira. Na Ponta do lugar no ranking.
Poço em Pontal do Paraná são construídas plataformas
marítimas que se destinam às pesquisas petrolíferas. Exportações²
Indústria de produtos eletrônicos
O avanço tecnológico mais expressivamente eviden- O Paraná consolidou sua liderança na exportação de
te está no trabalho de fabricar de aparelhos e materiais frango no País com mais um recorde nos embarques em
que se destinam às comunicações. Na Cidade Industrial 2015. Foram 1,481 milhão de toneladas exportadas, volu-
de Curitiba nota-se a existência de empresas que fabri- me 15,17% maior do que em 2014, de acordo com dados
cam telefones, cabos eletrônicos, antenas, DVDs, blurays, da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministé-
etc. rio de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Indústria têxtil e de vestuário (MDIC). O Paraná representou 34% das exportações bra-
Nota se a existência do beneficiamento das fibras de sileiras, que somaram 4,304 milhões de toneladas no ano
rami e do algodão que se destinam para o trabalho de fa- passado.
bricar tecidos. O aparecimento do trabalho de confeccio- Impulsionada pelos investimentos das cooperativas
nar roupas se dá principalmente em Curitiba, Maringá, agropecuárias, pela integração com o produtor e o bom
Londrina, Cianorte, Imbituva, Guarapuava, Apucarana, resultado na exportação, a avicultura paranaense cresce
Ponta Grossa, Goioerê, Cascavel, Pato Branco e Francisco mesmo com a economia nacional encolhendo. “A avicul-
Beltrão tura paranaense atingiu um forte grau de especializa-
98 Nota se a existência no Paraná de empresas que ção, com a conquista de mercados exigentes e ainda tem
fabricam louças, azulejos, pisos, vasos, telhas e tijolos. espaço para expansão no Estado”, diz Francisco Carlos
Campo largo é o município de maior destaque na indús- Simioni, chefe do Departamento de Economia Rural (De-
tria cerâmica, onde é fabricada porcelana cuja qualida- ral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abaste-
de é dotada de fineza. cimento.
Indústria de artigos de couro O setor respondeu por 20% das exportações do agro-
A indústria de couro no Paraná é fabricante de ma- negócio do Paraná em 2015, de acordo com levantamen-
las, bolsas, cintos, carteiras, bolas, e outros artigos usados to realizado pela Federação da Agricultura do Paraná
pelas pessoas. A malas que se produzem em Curitiba são (Faep). Os principais mercados da carne de frango foram
mundialmente famosas pela qualidade apresentada por Arábia Saudita (22%), União Europeia (13%), China (11%),
elas. Os artigos de pele e lã se empregam principalmente Japão (9%) e Emirados Árabes (9%).
no trabalho de fabricar peças para o vestuário. A produ- A cadeia paranaense da avicultura abate cerca de 1,8
ção de produtos de couro e pele e lã é feita em Curitiba, bilhão de aves por ano e gera 60 mil empregos diretos
Apucarana, Londrina, Arapongas, Maringá e Guarapua- e cerca de 600 mil indiretos no Estado. Ao todo são 36
va. É possível que a maioria das indústrias se encontram frigoríficos, a maioria na região Oeste, com uma produ-
no Paraná tais como fabricantes de pianos, plásticos, bo- ção de 3,6 milhões de toneladas, de acordo com o Deral.
tões, cigarros, artigos esportivos, equipamentos médico- RECEITA - As exportações de carne de frango soma-
-hospitalares, artesanato de vime, etc. ram US$ 2,37 bilhões no ano passado, com uma varia-
A indústria paranaense atualmente conta 54 mil es- ção de 0,10% em relação a 2014. O crescimento menor
tabelecimentos, representando o quarto maior parque em faturamento, apesar do aumento do volume, ocorreu
industrial do país, considerando somente esse quesito. porque houve, em média, uma queda de 13% no preço do
Entre 2006 e 2013, o número de estabelecimentos cres- frango comercializado no Exterior, explica a economista
ceu cerca de 58% colocando o desempenho paranaense Tania Moreira, do departamento técnico e econômico da
em patamares superiores à média nacional. As mesorre- Faep.
giões que mais contribuíram para essa dinâmica foram A queda dos preços em dólar, no entanto, foi com-
a Sudoeste, com crescimento de 71,4% no período, e a pensada pela desvalorização do real, de acordo com Do-
Centro-Ocidental com 68%. A análise por porte dos esta- mingos Martins, presidente do Sindicato das Indústrias
belecimentos indica expressiva participação das micro- de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar). “Alguns
empresas2 (87%), seguidas por pequenas empresas (11%). cortes não tiveram aumento de preços, principalmente
A união desses dois extratos mostra que 98% dos esta-
1 FONTE: Governo do Estado do Paraná
belecimentos industriais paranaenses empregam até 99
INFORMÁTICA
PROFESSOR
Vitor Krewer

Graduado em Processos Gerenciais e graduando


em Tecnologia da Informação pela UniCesumar -
Centro Universitário de Maringá. Envolvido na
área de concursos públicos como escritor,
organizador e editor no Focus Concursos desde 2012.
SUMÁRIO

SUMÁRIO
1. HARDWARE.............................................................................................................................................................................................127
Hardware...................................................................................................................................................................................................................................................... 127
Tipos de Computadores e Dispositivos............................................................................................................................................................................................. 127
Conceito........................................................................................................................................................................................................................................................ 127
Tipos de Hardware................................................................................................................................................................................................................................... 128
BIOS e CMOS...............................................................................................................................................................................................................................................131

2. INTERNET E CORREIO ELETRÔNICO.........................................................................................................................................133


Internet Explorer 11................................................................................................................................................................................................................................. 133
Microsoft Outlook Express .................................................................................................................................................................................................................. 135
Outlook Express........................................................................................................................................................................................................................................ 136
Redes de Computadores......................................................................................................................................................................................................................... 137

3. SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO...................................................................................................................................................138
Melhores Práticas em Políticas de Segurança...............................................................................................................................................................................141
Identificação de Tipos de Códigos Maliciosos............................................................................................................................................................................... 143
Malware........................................................................................................................................................................................................................................................ 143
Vírus............................................................................................................................................................................................................................................................... 143
Cavalo de Tróia (Trojan)......................................................................................................................................................................................................................... 143
Worm.............................................................................................................................................................................................................................................................. 144
Bots................................................................................................................................................................................................................................................................. 144
Backdoors (Porta dos Fundos)............................................................................................................................................................................................................. 144
Spyware........................................................................................................................................................................................................................................................ 144
Ransomwares.............................................................................................................................................................................................................................................. 144
Adwares........................................................................................................................................................................................................................................................ 144
Spams............................................................................................................................................................................................................................................................. 144
Hoaxes........................................................................................................................................................................................................................................................... 144
Phishing........................................................................................................................................................................................................................................................ 145
Pharming...................................................................................................................................................................................................................................................... 145
Ataque de Senhas..................................................................................................................................................................................................................................... 145
Hijacker........................................................................................................................................................................................................................................................ 146
Rootkits......................................................................................................................................................................................................................................................... 146

4. LibreOffice Writer................................................................................................................................................................................146 125

5. Libreoffice Calc...................................................................................................................................................................................... 155


CAPÍTULO 01 - Hardware

1. HARDWARE. os desktops está no conceito de portabilidade dos, tendo


os notebooks hardwares como monitor, teclado, e caixas
Neste capítulo será abordado o tópico referente aos acústicas totalmente integrados, formando uma única
conceitos básicos e modos de utilização de tecnologias; peça. Outro ponto é o fato de possuírem autonomia elé-
ferramentas; aplicativos e procedimentos de informáti- trica por meio de uma bateria recarregável.
ca: tipos de computadores; conceitos de hardware e de Outro ponto importante é a presença de um dispo-
software; instalação de periféricos. O objetivo e expor o sitivo que substitui o mouse dos desktops chamado de
conteúdo relativo aos elementos básicos de hardware e touchpad; hardware constituído por uma superfície sen-
software recorrentes em provas e concursos. sível ao toque onde o usuário posiciona o ponteiro na tela
por meio de movimentos dos dedos. Sendo acompanhado
de dois botões com as mesmas funções dos botões do
Hardware mouse.
Todo computador é constituído de componentes e
peças que se conectam e se comunicam entre si, levan-
do instruções e devolvendo informações para o usuário.
Este elemento físico denominado de hardware é nosso
assunto a ser estudado.
Os dispositivos de hardware podem ser considerados
desde peças esparsas de componentes de um computa-
dor do tipo de desktop até notebooks e todos os dis-
positivos portáteis relacionados a ideia de computação
móvel, como é o caso de smartphones, tablets e smar-
twatches (relógios inteligentes). Conceito
Podemos conceituar hardware como componentes fí-
Tipos de Computadores e Dispositivos sicos que de um sistema computacional. Seu conjunto ou
agrupamento de unidades funcionais como Processador,
Os dispositivos relacionados a computação podem memória principal, unidades de armazenamento e dis-
ser do tipo: positivos de entrada e saída é chamado de computador,
Desktop: conceito desenvolvido para simbolizar a ou seja, tudo aquilo que você “pode tocar”.
ideia de “área de trabalho”, sendo um computador do A soma de todos os componentes de Hardware de 127
tipo desktop um microcomputador que se associa a um computador são conectados e trabalham conforme
ideia da utilização em uma mesa; é aquele computador uma arquitetura base, portanto, a forma como é feita co-
que possui um monitor, gabinete (com todos os compo- municação destes componentes segue um padrão, esse
nentes de hardware dentro), mouse, teclado e geralmen- padrão nos chamamos de arquitetura dos computadores.
te uma conexão com a rede. É muito utilizado em escri- Sua definição vem de encontro com outro elemento, o
tórios e casas, sendo os primeiros formatos associados a chamado software; enquanto o hardware é a parte física,
computação portátil desenvolvida pela Apple e IBM no ou software é o elemento lógico, ou seja, não podemos
início dos anos 1980; denominada de computação pes- tocar. São os programas do computador.
soal. Como mencionado, os computadores desktop são A utilização e interação dos computadores possui três
modulares e seus componentes podem ser facilmente elementos:
melhorados ou substituídos, os chamados upgrades de
hardware; estando disponíveis em gabinetes dos mais • Físico: Hardware
variados estilos. • Lógico/Abstrato: Software
Com o advento dos notebooks, os desktops tiveram • Operador: Peopleware ou usuário.
uma grande queda na compra e utilização, porém, com
o avanço e popularização dos denominados gamers, vol- Componentes físicos que somados possibilitam o pro-
taram com ao mercado devido a já mencionada versati- cessamento de dados, resultando em informações, tor-
lidade na complementação e melhoria dos componentes nando viável e a interação usuário/máquina.
de hardware. Os principais componentes de hardware são:
• Placa-mãe
• Processadores
• Memória Principal ou RAM
• Unidades de Armazenamento
• Periféricos de Entrada e Saída (Teclado,
Mouse e Monitor)
• Fonte de Energia

Organização dos Computadores


Notebook: a grande distinção entre os notebooks e
INFORMÁTICA

Embora os computadores sejam concebidos como Enfim, para prosseguirmos no estudo do hardware, é
algo “moderno”, sua história de desenvolvimento começa necessário compreender os principais componentes de
no início de século passado; sendo a forma de como são um computador. A partir dos próximos tópicos, começa-
organizados e estruturados, remonta aos anos 40. remos o estudo dos componentes mais relevantes.
A chamada Arquitetura dos computadores foi ela-
borada por John von Neumann (1903-1957), matemático Tipos de Hardware
húngaro, idealizador da arquitetura básica de funcio-
namento dos computadores. Mesmo sendo considerada O computador é composto por várias peças, tendo
historicamente como antiga, sua arquitetura continua cada uma delas sua função especifica no funcionamento
sendo a base para a criação dos mais modernos com- do computador. Pensando nisso, será abordado cada um
putadores atuais, incluindo tablets e smartphones, afinal dos elementos relacionados aos itens de hardware de um
de contas, sua capacidade de processamento se iguala a computador.
de muitos computadores do padrão Desktop e Notebook.

Placa Mãe
Von Neumann idealizou a comunicação dos compo- A placa-mãe é o componente responsável por conec-
nentes seguindo a seguintes estruturas: tar e interligar todos os outros componentes do compu-
Dispositivos de entrada, como teclado e mouse en- tador; possibilitando a comunicação entre processador
viaram instruções ao computador, dando início aos cha- com memória RAM, unidades de armazenamento, e
mados processos, sendo posteriormente devolvidos aos dispositivos de saída. Trata se de um circuito impresso
usuários como informação, resultados que serão exibi- responsável por interconectar os componentes.
dos pelos dispositivos de saída como monitores, e im- A conexão é realizada através de sockets (proces-
pressora. sador), slots (memória principal ou RAM) e Conectores
Uma CPU (Central Processing Unit, ou Unidade Cen- ou portas para demais componentes de armazenamento
128 tral de Processamento), o cérebro do sistema; constituída (HD) e entrada e saída (Teclado, Mouse e Monitores).
por uma ULA (Unidade Lógica e Aritmética), cuja função Socket: dispositivo mecânico destinado a conectar o
será a de realizar cálculos; e uma Unidade de Controle, processador (CPU) por meio de um componente elétrico
gerenciadora da comunicação da CPU com os compo- que realiza a comunicação por meio de uma placa de
nentes externos. Os dois elementos listados, ULA e UC circuito impresso; o chamado barramento.
são partes integrantes dos processadores, somados aos Slots: sua função é conectar as memórias principais
registradores, pequenas unidades de memória integra- ou memória RAM a placa mãe.
das cuja função é realizar seus cálculos internamente. Conectores e Portas: A placa-mãe possibilita inter-
Outro elemento importante é a unidade de memória, ligar novos dispositivos por meio de conectores e portas.
na qual dados e instruções utilizadas pelo processador Por elas podemos conectar dispositivos de armazena-
serão armazenados temporariamente. mento e dispositivos de entrada e saída.
Andrew Tanenbaum, criador de sistemas operacio- As portas que conectam novos dispositivos ao compu-
nais e grande perito em computação. Redesenhou a ar- tador, como portas USB, serial e paralelas, são chamadas
quitetura de von Neumann, demonstrando a presença de de Drive. Algumas bancas tentam confundir Drive (Har-
dois elementos: os registradores e o barramento. dware) com Driver (Software). O último tem a função de
fazer funcionar o primeiro; trata se de um software de
sistema (programa) que faz a comunicação entre a má-
quina e o sistema operacional.

Barramento

É o caminho utilizado para haver a comunicação


entre os dispositivos conectados a uma placa-mãe. Sua
transmissão é compartilhada ou exclusiva de determi-
nado componente. Em resumo, são vias de comunicação
para a transmissão de informação utilizando circuitos
A ilustração de Tanenbaum demonstra o barramento impressos na placa-mãe.
como canal de comunicação entre os dispositivos de um
computador, presente através de circuitos integrados das
placa-mãe.
CAPÍTULO 01 - Hardware

uma combinação sendo chamado de RCISC. Os proces-


sadores considerados RISC utilizam algumas instruções
complexas, bem como os processadores CISC utilizam
algumas instruções simples.
Vale mencionar que os processadores da Intel e AMD
(maiores fabricantes do mercado) utilizando o CISC.

Processadores de 32 Bits e 64 Bits

É comum lermos nas especificações de vários pro-


Processador gramas o indicativo 32 bits e 64 bits. Os computadores
podem possuir processadores que trabalhavam com “pa-
O processador é o componente que recebe os dados lavras” de 32 ou 64 bits. Para o termo “Palavra”, podemos
da memória RAM e processa por meio de instruções da- definir como o tamanho máximo de bits que o processa-
das pelo sistema. Após o processamento dos dados, os dor pode operar de uma vez só, sendo indiferente o tipo
mesmos são devolvidos em forma de informação. Sua de operação que será executado; se de soma, subtração,
função é ser o “cérebro do computador”. Também pode etc. Por exemplo: um processador de 32 bits tem capaci-
ser chamado de CPU, termo em inglês que significa Uni- dade de lidar com “pacotes” que armazenam até 32 bits.
dade Central de Processamento. É responsável por reali- Para se comunicar com a memória RAM, o processador
zar os cálculos necessários. utilizará essa “palavra” para determinar os caminhos
Sua principal função é controlar e executar instru- de memória e, fazendo uso de uma “palavra” de 32 bits,
ções contidas na memória principal através de opera- levando em consideração que o computador opera em
ções básicas como somar, subtrair, comparar e movi- binário (0 ou 1), implica em ler memórias de até 4GB
mentar dados. É basicamente composto por Unidade de (Gigabytes) de RAM.
Controle, Unidade Lógica e Aritmética, e registradores. Os computadores modernos, com seu contínuo avan-
ço, evidenciaram o fato de ser insustentável operar so-
mente com a “palavra” de 32bits, sendo assim, foi de-
senvolvida a arquitetura x64, com palavras de 64bits,
resolvendo o problema de memória, permitindo com até
16TB (Terabytes) de memória RAM.
No momento da compra de um computador, é im- 129
portante analisar qual arquitetura do processador, sendo
fator relevante ao desempenho e da versão do sistema
operacional.
Os processadores que utilizam a arquitetura de har-
Processadores Risc e Cisc dware de 64 bits são compatíveis com software de 32
bits, porém, o inverso não é verdadeiro; o mesmo se apli-
Todos os dados enviados para processamento são ca aos softwares do tipo aplicativo em relação ao sistema
trabalhados dentro da ULA do processador, através do operacional.
auxílio dos registradores, porém, indiferente da comple- Sobre a velocidade de processamento, é importante
xidade do software, todo processador opera um conjunto salientar que não é apenas a velocidade do processador
limitado de instruções. Com base nisso, os fabricantes que determina o desempenho da máquina, sendo refe-
desenvolvem processadores com mais núcleos (cores) e rência a velocidade utilizada para efetuar cálculos in-
com maior capacidade. ternos.
As instruções são trabalhadas pela ótica de duas ar- São fatores determinantes na velocidade e desempe-
quiteturas dos processadores: a RISC e a CISC. nho dos processadores:
Os processadores RISC, sigla que significa Reduced
Instruction Set Computer, temo característica operar • O clock da memória, velocidade na troca da-
com um conjunto muito menor de instruções, sendo as- dos com a memória RAM;
sim, os programadores têm a missão de desenvolver os • Capacidade de armazenamento da memória
seus programas com o foco na combinação de instruções cache;
simples para operar tarefas complexas. • Capacidade de armazenamento da RAM, ve-
Em contrapartida, os processadores do tipo CISC, si- locidade do disco rígido;
gla que significa Complex Instruction Set Computer, ope- • Software utilizado; cada sistema operacional
ram um conjunto complexo (maior) de instruções, tendo pode apresentar performance diferente, portanto,
o programador maior facilidade na construção de pro- temos o fator lógico como influência.
gramas que exigem tarefas complexas, pois é presente
neste tipo de processador, instruções mais complexas Considerando condições iguais, podemos dizer que:
para operar algumas tarefas.
Atualmente os processadores são “mistos”, ou seja, há • Maior o clock do processador, mais rápida é;
INFORMÁTICA

• Mais núcleos (core) presentes no processa- memória somente leitura, são do tipo não volátil, ou seja,
dor, melhor é a performance; ao contrário da memória RAM, não é possível gravar no-
• Maior for a Capacidade de armazenamento vos dados, apenas o processador realizará a leitura dos
da memória cache, mais rápido será o processa- dados contidos permanentemente nela. Os dados conti-
dor. dos neste tipo de memória não são perdidos quando o
computador é desligado, podendo ser acessadas toda vez
Processadores ARM que o sistema for iniciado.
O principal exemplo de memória ROM é a chamada
Atualmente os dispositivos móveis como smartpho- BIOS, sigla para Basic Input Output System ou Sistema
nes e tablets tem ganhado a preferências dos usuários, Básico de Entrada e Saída. Consiste num pequeno chip
fato devido ao fato de ser portáteis e realizarem a maio- que contém um software responsável por controlar o uso
ria das tarefas que um computador do tipo desktop ou dos dispositivos e manter informações de data e hora.
notebook faria. Estes dispositivos são construídos com a Sua fonte de energia é uma pequena bateria conectada
mesma arquitetura dos computadores, porém, com ele- na placa-mãe.
mentos mais compactos. Esses processadores não possu-
am a mesma performance dos x86 ou x64, porém, tam-
Dica Focus: A maioria das ban-
bém podem ser multicore.
cas gosta de utilizar os temos volátil e não
Memórias volátil para definir a forma como os dados
são carregados pelo computador. Portanto,
Dispositivos que armazenam dados ou instruções, não esqueça: Volátil é leitura/gravação e
com o objetivo de transmiti-las ao processador (no caso
da memória RAM) ou armazenar permanentemente não volátil apenas leitura.
dados. As memórias são classificadas como principal e
secundária; o primeiro tipo é composto pelas memórias
de acesso rápido e o segundo tipo são as chamadas uni- Memória Cache: considerada como uma área de
dades de armazenamento. armazenamento temporário, este tipo de memória tem a
Há vários tipos de memórias, cuja variação é deter- função de acelerara transferência de dados. É tida como
minada por fatores como proximidade e comunicação ultrarrápida e consiste no armazenamento de dados
com o processador, capacidade de armazenamento. mais utilizados pelo processador.
130 Memória principal: RAM sigla para Random Ac- Memória Virtual: é uma forma de utilização de
cess Memory ou memória de acesso randômico ou alea- unidades de armazenamento (memórias secundárias) no
tória. É volátil possibilitando a leitura e escrita de dados, caso HD’s, cartão de memória e pen drives, como socorro
sendo considerada uma memória de acesso rápido. Os no caso de as memórias principais terem chegado no seu
dados contidos neste tipo de memória são perdidos após limite de armazenamento.
o desligamento do computador. Registradores: memórias de altíssima velocidade,
Este tipo de memória carrega as instruções e as integradas ao processador. Utilizada para a realização
transmite ao processador por meio de um barramento interna de cálculos pela ULA (Unidade Lógica Aritmé-
e o processador, por sua vez, as devolve em forma de tica). A capacidade de armazenamento varia de acordo
informação. Os sistemas operacionais são carregados di- com cada processador, sendo sua ordem de medição es-
retamente na memória RAM. tar na casa dos bytes. Este tipo de memória é de alto
curso.
Levando em consideração aos apontamentos feitos
Dica Focus: Muita atenção! Al- sobre cada memória, é notório que existem diversos ní-
gumas bancas gostam de fazer perguntas veis de memória, sendo fatores classificatórios, elemen-
tos como proximidade e comunicação com o processa-
indicando que os sistemas e programas de
dor, capacidade de armazenamento e custo.
um computador são carregados no HD ou
disco rígido. Como veremos, as unidades
de armazenamento são consideradas me-
mórias secundárias e de acesso lento, não
sendo necessárias para a execução de um
programa (software). Qualquer programa,
seja de qualquer tipo, sempre são carrega-
dos na memória RAM ou Memória Prin-
cipal.

Memória ROM: sigla para Read Only Memory ou


RACIOCÍNIO
LÓGICO
PROFESSOR
Altevir Rossi

Formado em Matemática pela Universidade Esta-


dual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Especialista em
Ensino da Matemática pela Universidade Paranaense
– UNIPAR. Mestrando em Educação pela Universidade
Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE Professor
de Matemática, Matemática Financeira, Estatística e
Raciocínio Lógico, atua desde 1998 em cursos prepara-
tórios para concursos e pré-vestibulares
SUMÁRIO

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................................................................................................167

2. O QUE É LÓGICA..................................................................................................................................................................................167

3. ARGUMENTOS......................................................................................................................................................................................167
Validade De Um Argumento................................................................................................................................................................................................................. 167
Argumentos Dedutivos........................................................................................................................................................................................................................... 168
Argumentos Indutivos............................................................................................................................................................................................................................ 168

4. ARGUMENTOS E DIAGRAMAS LÓGICOS..................................................................................................................................168

5. VERDADES E MENTIRAS..................................................................................................................................................................169

6. PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E PROBABILIDADE.................................................................................................................170


Fatorial.......................................................................................................................................................................................................................................................... 170
Arranjos Simples....................................................................................................................................................................................................................................... 170
Permutações Simples...............................................................................................................................................................................................................................171
Combinação Simples................................................................................................................................................................................................................................171
Teoria das Probabilidades......................................................................................................................................................................................................................171

165
CAPÍTULO 01 - Introdução

1. INTRODUÇÃO b)
• Todos os brasileiros são humanos.
Em geral, as pessoas pretendem raciocinar e agir “lo- • Todos os paranaenses são brasileiros.
gicamente”, no dia-a-dia, nos estudos, no trabalho, falan- • Conclusão: Todos os paranaenses são huma-
do de política, de futebol, de seus projetos, do futuro da nos.
humanidade, etc.
Entretanto, a lógica que fundamenta os raciocínios e c)
as ações raramente é explicitada ou submetida a críticas. • Se o Brasil ganhar o jogo, todos os jogadores
Ela é incorporada de forma inconsciente a partir, sobre- receberão o prêmio.
tudo, do aprendizado da língua natural e parece tão bem • Se o Brasil não ganhar o jogo, todos os joga-
partilhada por todos que poucos se julgam carentes de dores receberão o prêmio.
lógica ou consideram necessário estudá-la. • Conclusão: Todos os jogadores receberão o
Por outro lado, é muito frequente ouvirmos dizer prêmio.
que estudar matemática desenvolve o raciocínio lógico.
Apesar de esta relação não ser direta e nem imediata, d)
a percepção da estreita relação entre a matemática e a Premissa: Todos so sais de sódio são substâncias so-
lógica, entre a lógica e a linguagem, entre a linguagem lúveis em água.
e o pensamento contribui bastante para esclarecer mitas Premissa: Todo sabão é um sal de sódio.
das razões pelas quais estudamos certos assuntos, sobre- Conclusão: Todo sabão é uma substância solúvel em
tudo a matemática. água.

2. O QUE É LÓGICA Validade De Um Argumento


De acordo com o que já estudamos anteriormente,
De maneira simples, podemos dizer que a lógica é
sabemos que uma proposição pode ser verdadeira ou
uma ciência do raciocínio. Segundo Irving Copi, a sua
falsa. No caso de um argumento, diremos que ele é vali-
ideia está ligada ao processo de raciocínio correto
do ou não válido.
e incorreto que depende da estrutura dos argu-
A validade é uma propriedade dos argumentos dedu-
mentos envolvidos nele.
tívos que depende da estrutura lógica das suas proposi-
A lógica estuda as formas ou estruturas do pensa-
ções (premissas e conclusão) e não do conteúdo de cada
mento, isto é, seu propósito é estudar e estabelecer as 167
uma delas.
propriedades das relações formais entre as proposições.
Sendo assim, podemos ter as seguintes combinações
Edmundo D. Nascimento afirma que a lógica investiga o
para os argumentos válidos dedutivos:
pensamento não como ele é, mas como deve ser.
Premissas verdadeiras e conclusão verdadei-
ra.
3. ARGUMENTOS Exemplo:
• Premissas:
Um argumento é um conjunto de proposições (p₁, p₂, – Todos os apartamentos são pequenos. (V)
p₃, ..., pn) com uma estrutura lógica que tem como conse- – Todos os apartamentos são residências. (V)
quência uma outra proposição (q). • Conclusão:
As proposições p₁, p₂, p₃, ..., pn são chamadas premis- – Algumas residências são pequenas. (V)
sas do argumento, e a proposição q é chamada conclusão
do argumento. Algumas ou todas as premissas falsas e uma
De um modo geral, os argumentos são escritos na conclusão verdadeira.
forma Exemplo:
• Premissas:
p₁ – Todos os peixes têm asas. (F)
p₂ – Todos os peixes são pássaros. (F)
p₃ • Conclusão:
: – Todos os pássaros têm asas. (V)
pn
_______ Algumas ou todas as premissas falsas e uma
∴q conclusão falsa.
Exemplo:
Exemplos: • Premissas:
a) – Todos os peixes têm asas. (F)
p₁: Se eu passar no concurso, então irei trabalhar. – Todos os cães são peixes. (F)
p₂: Passei no concurso. • Conclusão:
q: Irei trabalhar. – Nem todos os cães têm asas. (F)
RACIOCÍNIO LÓGICO

Todos os argumentos vistos são válidos, pois se suas – O Cruzeiro é um bom time de futebol.
premissas fossem verdadeiras, então as conclusões tam- • Conclusão:
bém seriam. – Todos os times brasileiros de futebol são
Um argumento é válido se, quando todas as suas bons.
premissas forem verdadeiras, a sua conclusão também
será verdadeira. Nos argumentos indutivos a conclusão possui infor-
Um argumento é não válido se existir a possibilida- mações que ultrapassam as fornecidas nas premissas.
de de suas premissas serem verdadeiras e sua conclusão Não se aplica, então, a definição de argumentos váli-
ser falsa. dos ou não válidos para argumentos indutivos.
A validade do argumento depende apenas da estru- Assim, é importante destacar, sobre os argumentos
tura dos enunciados. dedutivos válidos:
Exemplo: 1. A noção de argumentos válidos ou não válidos apli-
• Premissas: ca-se apenas aos argumentos dedutivos.
– Todas as mulheres são bonitas. 2. A validade depende apenas da forma do argumen-
– Todas as princesas são mulheres. to, e não dos respectivos valores lógicos das premissas.
• Conclusão: 3. Não podemos ter um argumento válido com pre-
– Todas as princesas são bonitas. missas verdadeiras e conclusão falsa.

Não precisamos de nenhum conhecimento aprofun- Duas Formas Importantes De Argumentos De-
dado sobre o assunto para concluir que o argumento aci- dutivos Válidos
ma é válido. • Afirmação do antecedente (modus ponens)
Para concluir que o argumento anterior é válido, va- Este argumento é evidentemente válido e sua forma
mos substituir mulheres, bonitas e princesas por A, B e pode ser escrita da seguinte maneira:
C respectivamente e teremos: • Premissas:
• Premissas: – Se p então q.
– Todos os A são B. –p
– Todos os C são A. • Conclusão:
• Conclusão: –q
– Todos os C são B. Exemplo:
• Premissas:
168 O que importa é a forma do argumento e não o co- – Se Rui for reprovado no concurso, então será
nhecimento sobre mulheres, bonitas e princesas. A vali- demitido do serviço.
dade é conseqüência da forma do argumento. – Rui foi reprovado no concurso.
Os argumentos são divididos em dois grupos: dedu- • Conclusão:
tivos e indutivos. – Rui será demitido do serviço.

Argumentos Dedutivos • Negação do consequente (modus tollens)


Este argumento tem sua validade garantida pela
O argumento será dedutivo quando suas premissas equivalência contrapositiva da proposição condicional.
fornecerem uma prova conclusiva da veracidade da con- Sua forma pode ser escrita da seguinte maneira:
clusão. • Premissas:
O argumento é dedutivo quando a conclusão é com- – Se p então q.
pletamente derivada das premissas. – ~q
Exemplo: • Conclusão:
• Premissa: – ~p
– Todo ser humano têm mãe. Exemplo:
– Todos os homens são humanos. • Premissas:
• Conclusão: – Se ela me ama, então casa comigo.
– Todos os homens têm mãe. – Ela não casa comigo.
• Conclusão:
– Ela não me ama.
Argumentos Indutivos
O argumento será indutivo quando suas premissas 4. ARGUMENTOS E DIAGRAMAS
não fornecerem o apoio completo para ratificar as con- LÓGICOS
clusões.
Exemplo: Haverá momentos que a Lógica Proposicional sofre-
• Premissas: rá algumas limitações. Quando certos tipos de questões
– O Flamengo é um bom time de futebol. incluírem em seus enunciados alguns quantificadores
– O Palmeiras é um bom time de futebol. como todo, nenhum etc. (quantificador universal), ou
– O Vasco é um bom time de futebol. existe um, existe algum, para algum etc. (quantifica-
CAPÍTULO 05 - Verdades e Mentiras

dor existencial) não poderemos aplicar a Lógica das Analisando cada item:
proposições. a) todo responsável é artista
Estaremos, pois, diante dos denominados predicados ERRADO. Os elementos que estão na área escura
(ou sentenças abertas) que é uma expressão P(x) tal que não são artistas.
P(a) é verdadeira (V) ou falsa (F) para todo elemento a b) todo responsável é filósofo ou poeta
pertencente ao conjunto A, ou seja, para todo a perten- ERRADO. Pode ser trabalhador.
cente ao conjunto A. c) todo artista é responsável
Não estaremos aqui preocupados com demonstra- CERTO. Pois o artista ou é filósofo, ou poeta, ou tra-
ções matemáticas das sentenças abertas. Simplificare- balhador, e estes conjuntos estão todos contidos no con-
mos nosso estudo, adotando um recurso gráfico bastante junto dos responsáveis.
interessante chamado Driagrama de Venn. É uma forma d) algum filósofo é poeta
mais didática e fácil de ser usada na resolução de ques- ERRADO. Não necessariamente, pois, pelos diagra-
tões de concursos, pois muitas declarações verbais po- mas, podemos ter nenhum filósofo sendo poeta.
dem ser traduzidas em proposições equivalentes sobre e) algum trabalhador é filósofo
conjuntos. Usaremos tais diagramas para determinar a ERRADO. Não necessariamente, pois, pelos diagra-
validade ou não de um argumento. mas, podemos ter nenhum trabalhador sendo filósofo.
Sendo essa a nossa opção, nos resta elucidar sua apli-
cação através de um exemplo.
Exemplo:
5. VERDADES E MENTIRAS
(AFC/TCU) Em uma comunidade, todo trabalhador é
Uma forma particular de argumento que é bastan-
responsável. Todo artista, se não for filósofo, ou é traba-
te cobrada em certames públicos são os problemas que
lhador ou é poeta. Ora, não há filósofo e não há poeta
envolvem Verdades e Mentiras. São geralmente decla-
que não seja responsável. Portanto, tem-se que, neces-
rações, que podem ser verdadeiras ou falsas, atri-
sariamente,
buídas a determinadas pessoas, onde podemos deduzir
a. todo responsável é artista
uma conclusão válida de quem está mentindo ou não.
b. todo responsável é filósofo ou poeta
Aqui, não se tem nada a acrescentar no tocante a con-
c. todo artista é responsável
teúdo de Lógica. Será necessário apenas o conhecimento
d. algum filósofo é poeta
de alguns conceitos já estudados em aulas anteriores,
e. algum trabalhador é filósofo
como as operações lógicas fundamentais e o princípio da
Não-contradição, por exemplo.
Para cada declaração, desenharemos o respectivo 169
Cabe só destacar que as principais bancas examina-
Diagrama:
doras do país adotam como objeto de avaliação esse tipo
“todo trabalhador é responsável”
de problema.
Vamos ver, através de um exemplo, como se opera-
cionaliza a resolução desse tipo de problema.
Exemplo:
(AFC/CGU) Três homens são levados à presença de
um jovem lógico. Sabe-se que um deles é um honesto
marceneiro, que sempre diz a verdade. Sabe-se, tam-
bém, que um outro é um pedreiro, igualmente honesto e
“não há filósofo e não há poeta que não seja respon- trabalhador, mas que tem o estranho costume de sempre
sável” mentir, de jamais dizer a verdade. Sabe-se, ainda, que
o restante é um vulgar ladrão que ora mente, ora diz a
verdade. O problema é que não se sabe quem, entre eles,
é quem. À frente do jovem lógico, esses três homens fa-
zem, ordenadamente, as seguintes declarações:
O primeiro diz: “Eu sou o ladrão.”
O segundo diz: “É verdade; ele, o que acabou de falar,
“todo artista, se não for filósofo, ou é trabalhador ou é o ladrão.”
é poeta” O terceiro diz: “Eu sou o ladrão.”
Com base nestas informações, o jovem lógico pode,
então, concluir corretamente que:
a. O ladrão é o primeiro e o marceneiro é o
terceiro.
b. O ladrão é o primeiro e o marceneiro é o
segundo.
c. O pedreiro é o primeiro e o ladrão é o se-
gundo.
d. O pedreiro é o primeiro e o ladrão é o ter-
ceiro.
NOÇÕES
DO ESTATUTO
DA PC-PR
PROFESSOR
Tiago Zanolla

Professor de Ética no Serviço Público, Co-nheci-


mentos Bancários e Direito Regimental. Formado em
Engenharia de Produção pela Universidade Pan-A-
mericana de Ensino. Técnico Judiciário Cumpridor de
Mandados no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.
Envolvido com concursos públicos desde 2009 é pro-
fessor em diversos estados do Brasil.
SUMÁRIO

SUMÁRIO
1. COMO ESTUDAR O ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL............................................................................................................... 177
INTRODUÇÃO..............................................................................................................................................................................................................................................177

2. ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL DO PARANÁ............................................................................................................................ 177


Título I da Organização da Polícia Civil...........................................................................................................................................................................................177
Título II das Carreiras e do Provimento.......................................................................................................................................................................................... 179
Título III dos Direitos, Prerrogativas e Vantagens...................................................................................................................................................................... 185
Título IV da Vacância dos Cargos....................................................................................................................................................................................................... 196
Título V do Direito de Petição.............................................................................................................................................................................................................. 196
Título VI do Impedimento, Suspeição e Hierarquia Funcional............................................................................................................................................. 197
Título VII do Regime Disciplinar........................................................................................................................................................................................................ 198
Título VIII das Disposições Gerais.....................................................................................................................................................................................................207
Questões Propostas..................................................................................................................................................................................................................................208

175
CAPÍTULO 01 - Como Estudar o Estatuto da Polícia Civil

1. COMO ESTUDAR O ESTATUTO judiciária. A primeira atua na prevenção de crimes e a


segunda na repressão. Assim, a polícia administrativa
DA POLÍCIA CIVIL teria como objetivo impedir a conduta antissocial ao pas-
so que a judiciária apurar os fatos já ocorridos.
INTRODUÇÃO A função policial, por suas características e finalida-
des, fundamenta-se nos princípios da hierarquia e da
A cobrança de Estatutos em provas, por serem nor- disciplina. Toda e qualquer organização necessita de
mas restritas ao órgão, tem sido cobrado abordando o hierarquia e disciplina para seu funcionamento.
“texto de lei” e suas interpretações. Assim, ao vencermos Para fixar:
os tópicos da ementa teremos grande êxito DISCIPLINA Ordenação progressiva de auto-
O Estatuto, nada mais é que a lei que organiza e ridade, é necessária para fixar
regulamenta todas as competências internas da funções e responsabilidades.
Polícia Civil do Paraná e traz de forma mais deta- HIERARQUIA Obediência às funções que se
lhada suas atribuições administrativas e jurisdicionais – deve desempenhar, é funda-
que partem da Constituição Federal –, a fim de organizar mental para o desenvolvimento
das atividades
e sistematizar esse rol de atribuições dos membros da
instituição.
Via de regra a incidência de estatutos em provas gira São servidores policiais civis os integrantes das car-
em torno de 5 a 10% da pontuação total possível. O estudo reiras previstas no Quadro de Pessoal da Polícia Civil
com afinco pode render pontos preciosos na classifica- (QPPC). A saber:
ção. Portanto, estude muito o Estatuto da Polícia Civil! • Delegado
Para que haja uma internalização eficiente, é indica- • Investigador de Polícia
do ler ao menos três vezes o conteúdo. Ademais, são dis- • Escrivão de Polícia
ciplinas que fogem à regra das disciplinas tradicionais • Papiloscopista
incidentes em provas, por isso o entendimento torna-se • Agente de Operações Policiais
mais complexo. • Comissário de Polícia (em extinção)

Capítulo II das Unidades da Polícia Civil


2. ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL
DO PARANÁ Unidades da Polícia Civil
177
Em linhas gerais, um estatuto serve para orientar os Ao nível de Direção a) Departamento da Polícia Ci-
vil;
servidores do órgão com uma série de regras de conduta
e o relacionamento profissional dentro da ética desejável b) Conselho da Polícia Civil.
na instituição.
c) Corregedoria Geral da Polícia
Civil.
Título I da Organização da Polícia Civil
Ao nível de assessora- a) Secretaria Executiva;
mento
Capítulo I Disposições Preliminares b) Assessoria Técnica.

A nível instrumental a) Divisão de Infraestrutura;


A Polícia Civil é a unidade de execução progra-
mática da Secretaria de Estado da Segurança Pública b) Coordenação de Informática;
- SESP, com vínculo de subordinação hierárquica ao c) Escola Superior de Polícia
respectivo Secretário de Estado. Civil;
Dizer que há subordinação hierárquica, é dizer que d) Grupos Auxiliares.
os policiais membros da Polícia Civil devem obedecer às
ordens emanadas pelo Secretário de Segurança Pública. Ao nível de execução a) Divisões Policiais;

b) Centro de Operações Policiais


Especiais;

c) Instituto Médico Legal;

d) Instituto de Criminalística;

e) Instituto de Identificação;
São incumbências da Polícia Civil, em todo território
f) Subdivisões Policiais;
estadual, a preservação da ordem pública e o exer-
cício da Polícia Judiciária, Administrativa e de Se- g) Delegacias Regionais;
gurança, com a prevenção, repressão e apuração das h) Delegacias de Polícia;
infrações penais e atos antissociais, na forma estabeleci-
da pela legislação em vigor. i) Outras unidades policiais ci-
vis auxiliares.
Cabe diferenciar polícia administrativa de polícia
ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL DO PARANÁ

O Conselho da Polícia Civil é órgão consultivo, nor- l) deliberar sobre a promoção por merecimento do po-
mativo e deliberativo. licial, por ato de bravura e post mortem e para proposição
de comendas previstas em lei, conforme dispuser o regula-
Consultivo Os membros da corporação mento;
pode tirar dúvidas (fazer con- m) deliberar, conclusivamente, sobre a indenização, pro-
sultas) sobre assuntos pertinen- moção ou pensão especial decorrente de enfermidade ou
tes a este estatuto. morte em virtude de serviço ou do exercício da função;
n) exercer outras atribuições previstas em lei.
Normativo O Conselho irá baixar o regu-
lamento sobre assuntos de sua
alçada.
O Regulamento da Polícia Civil estabelecerá a es-
Deliberativo Cabe ao Conselho decidir sobre trutura e o funcionamento das unidades, bem como,
assuntos postos em pauta.
as atribuições dos respectivos servidores policiais
civis, observado o disposto nesta lei.
Importante: O Conselho tem es-
sas atribuições para fins de controle do
Capítulo III Das Autoridades Policiais, Seus
ingresso, ascensão funcional, hierarquia e
Agentes e Auxiliares
regime disciplinar das carreiras policiais
civis. São autoridades policiais:

O Conselho é integrado pelos seguintes membros:

178
Os agentes e auxiliares são subordinados diretamen-
te às autoridades policiais perante as quais servirem, ob-
servado o disposto no § 3º., do art. 209.

Os servidores da Polícia Científica, no interior do


Ao Conselho da Polícia Civil do Estado do Paraná Estado, subordinam-se administrativamente à auto-
compete: ridade policial competente, exceto os dos Institutos
Médico Legal e de Criminalística, quando houver
a) deliberar sobre as questões que lhe forem submetidas
pelo de-legado geral de Polícia Civil;
Secção Técnica em funcionamento, com a respectiva
b) zelar pela observância dos princípios e funções da chefia preenchida.
Polícia Civil do Estado do Paraná; A polícia científica é a responsável por reconsti-
c) aprovar regimentos internos das unidades policiais tuir a materialidade do delito, ou, em palavras mais
civis e ou-tros atos normativos que definam a atuação da
Instituição;
simples, descobrir a verdade sobre como o crime
d) propor medidas de aprimoramento técnico-profissio- aconteceu, orientando a investigação policial e o pro-
nal, visando ao desenvolvimento e a eficiência da organiza- cesso criminal. É a prova pericial que demonstra-
ção policial civil; rá, por exemplo, se o acusado por um determinado
e) pronunciar-se sobre matéria relevante, concernente a
funções, princípios e condutas funcionais ou particulares do
crime realmente o praticou ou não, ou se agiu em
policial civil que resultem em reflexos à Instituição; legítima defesa.
f) examinar e avaliar as propostas das unidades admi- Em decorrência da Emenda Constitucional Esta-
nistrativas da Polícia Civil do Estado do Paraná, em função dual nº 10, de 24 de outubro de 2001, desvincula-
dos planos e programas de trabalhos previstos para cada
exercício financeiro;
ram-se do Departamento da Polícia Civil, passando
g) analisar e avaliar programas e projetos atinentes à a constituir a Polícia Científica do Estado do Paraná.
expansão de recursos humanos; Trata-se de uma unidade administrativa, técnica e
h) proceder ao julgamento, como instância originária, financeiramente autônoma, subordinada à Secreta-
dos pro-cessos disciplinares instaurados contra autoridades
policiais civis;
ria de Estado de Segurança Pública do Paraná.
i) deliberar sobre a remoção de delegados de polícia, no
interesse do serviço policial, observadas as disposições desta Mas olha só: Quando do desempenho de serviços
lei; policiais em equipe, os servidores policiais civis espe-
j) deliberar sobre proposta de criação e extinção de car-
gos e de unidades administrativas no âmbito da Polícia Civil
cializados, técnicos, científicos e administrativos, serão
do Estado do Paraná; dirigidos pela autoridade policial competente.
CAPÍTULO 02 - Estatuto da Polícia Civil do Paraná

Veja como é cobrado em provas: V - Papiloscopista;


VI - Agente em Operações Policiais
(UFPR – 2007 – Polícia Civil-PR)
De acordo com a Lei complementar nº 98/2003, O que faz cada um?
que alterou dispositivos do Estatuto da Polícia Civil DELEGADO - São policiais civis responsáveis pe-
do Estado do Paraná (Lei Complementar nº 14/82), o las delegacias e por todas as ocorrências policiais
Conselho da Polícia Civil é integrado, dentre outros registradas em sua área de competência;
membros: COMISSÁRIO DE POLÍCIA – era o cargo mais
a. pelo Secretário de Estado da Segurança Pú- elevado das carreiras de agente das policias civis.
blica, como presidente e membro nato. Perdeu suas atribuições com a criação do cargo de
b. por 5 (cinco) delegados de polícia estáveis, Delegado;
indicados pelo Delegado Geral da Polícia Civil. INVESTIGADOR DE POLÍCIA - investigar indí-
c. pelo Delegado Geral da Polícia Civil, como cios e provas subjetivas e objetivas para esclarecer
membro nato e presidente do Conselho. a autoria de crime e todas as pessoas relacionadas
d. por 1 (um) representante da Secretaria de a ele;
Estado da Justiça e da Cidadania, de notório saber ESCRIVÃO DE POLÍCIA – Responsável pelo tra-
jurídico e experiência administrativa, indicado balho burocrático. Documenta e acompanha o de-
pelo respectivo Secretário de Estado. senvolvimento de processos policiais;
e. por 1 (um) representante da Procuradoria AGENTE EM OPERAÇÕES POLICIAIS – exercem
do Município da Capital do Estado do Paraná, in- atividades congêneres a dos Investigadores, reali-
dicado pelo Procurador Geral do Município. zando demais atribuições da polícia judiciária, como
efetuar prisões, buscas, atender ocorrências poli-
Comentários ciais, entregar intimações etc.
PAPILOSCOPISTA – profissional especializado
O Conselho da Polícia Civil, nos termos do artigo 47, em identificação humana.
§ 2º, da Constituição do Estado do Paraná, é órgão con- Os que trabalham externamente realizam seu
sultivo, normativo e deliberativo, para fins de controle do serviço na área do crime, que pode ser desde algo
ingresso, ascensão funcional, hierarquia e regime disci- leve como um arrombamento, até um assassinato.
plinar das carreiras policiais civis, sendo integrado pelos Já os que trabalham internamente fazem o servi-
seguintes membros: ço em Institutos de Identificação, onde normalmen-
I. o delegado geral da Polícia Civil, como te encontra-se um Laboratório de Papiloscopia, que 179
presidente e membro nato; possui equipamentos para realizar a identificação.
II. o delegado geral adjunto da Polícia Ci-
vil, como vice-presidente e membro nato; Capítulo II do Concurso
III. pelo corregedor-geral da Polícia Civil;
IV. por dois representantes do Ministério As classes iniciais das carreiras policiais civis se-
Público, indicados pelo Procurador-Geral de Jus- rão providas mediante concurso público regionalizado,
tiça; de provas, ou de provas e títulos, para o provimento de
V. por dois Delegados de Polícia estáveis, in- cargos que exijam formação de nível superior, realizada
dicados pelo Governador do Estado do Paraná; através das seguintes fases, todas eliminatórias:
VI. por um representante da Secretaria de I - Prova preambular de conhecimentos gerais;
Estado da Segurança Pública, de reconhecido sa- II - Prova de conhecimento específicos;
ber jurídico e experiência administrativa, indica- III - Exame de Investigação de conduta;
do pelo respectivo Secretário; IV - Exame de Higidez Física;
VII. por um representante da Procuradoria- V - Exame de Aptidão Física.
-Geral do Estado, indicado pelo Procurador-Geral
do Estado; Observe que só será aplicada a modalidade provas e
títulos para cargos que exijam graduação superior. Além
Portanto a única assertiva correta é a letra C. disso, tem algumas regrinhas básicas. Vejamos:
GABARITO: Letra “C”.
§ 1º. O provimento de cargo na carreira de Delegado de
Policia é privativo de bacharel em Direito.
Título II das Carreiras e do Provimento § 2º. Para os cargos da carreira de Perito Criminal será
exigida formação de nível superior nos cursos de Química,
Capítulo I das Carreiras Policiais Física, Enge-nharia e Arquitetura, Ciências Contábeis, Ge-
ologia, Farmácia e Bioquímica, Ciências da Computação e
Informática, e Direito, observada sempre a correspondência
Art. 13. São Carreiras Policiais: da função policial com a respectiva área de habilitação pro-
I - Delegado de Polícia; fissional.
II - Comissário de Polícia (em extinção); § 3º. O exercício pleno da atividade policial civil depen-
derá da conclusão e aprovação nos cursos de formação téc-
III - Investigador de Polícia; nico-profissional específicos.
IV - Escrivão de Polícia; § 4º. O número de cargos a serem preenchidos será
DIREITO PENAL
PROFESSOR
Antônio Pequeno

Professor de Direito Penal e Legislação Es-


pecial Servidor público federal desde 2009. Fis-
cal de controle urbano da Prefeitura do Municí-
pio do Rio de Janeiro de 2007 a 2009. Aprovado no
concurso para o cargo de Oficial de Cartório da
Polícia Civil do Rio de Janeiro em 2009. Aprovado para
o cargo de técnico administrativo da Anvisa.
SUMÁRIO

SUMÁRIO
1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL..............................................................................................................................................................215
Princípios da Legalidade e da Anterioridade................................................................................................................................................................................ 215
Medidas provisórias: Nº 253 (2005), 379, 390, 394 (2007) e 417 (2008).............................................................................................................................. 215
Lei Penal no Tempo.................................................................................................................................................................................................................................. 216
Sucessão de Leis no Tempo................................................................................................................................................................................................................... 216
Tempo e Lugar do Crime....................................................................................................................................................................................................................... 217
Lei Excepcional e Temporária............................................................................................................................................................................................................. 217
Territorialidade e Extraterritorialidade.......................................................................................................................................................................................... 218
Formas de Extraterritorialidade: ...................................................................................................................................................................................................... 219
Pena Cumprida no Estrangeiro........................................................................................................................................................................................................... 219
Eficácia de Sentença Estrangeira....................................................................................................................................................................................................... 219
Contagem do Prazo................................................................................................................................................................................................................................. 220
Frações não Computáveis na Pena................................................................................................................................................................................................... 220
Interpretação da Lei Penal................................................................................................................................................................................................................... 220
Analogia........................................................................................................................................................................................................................................................ 221
Irretroatividade da Lei Penal............................................................................................................................................................................................................... 221
Conflito Aparente de Normas.............................................................................................................................................................................................................. 221
Infração Penal............................................................................................................................................................................................................................................222
A Teoria Adotada pela Doutrina é a Finalista Tripartida........................................................................................................................................................223

2. O FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS......................................................................................................................................... 223


Conduta.........................................................................................................................................................................................................................................................223
Resultado......................................................................................................................................................................................................................................................224
Espécies de Causas...................................................................................................................................................................................................................................225
Crimes Consumados e Tentados.........................................................................................................................................................................................................226
Pena de Tentativa..................................................................................................................................................................................................................................... 230
Concurso de Crimes................................................................................................................................................................................................................................ 230
Crime Continuado.....................................................................................................................................................................................................................................233
Ilicitude e Causas de Exclusão e Punibilidade.............................................................................................................................................................................235
Ilicitude.........................................................................................................................................................................................................................................................235
Estado de Necessidade ..........................................................................................................................................................................................................................236
Legítima Defesa.........................................................................................................................................................................................................................................236
Ofendículo....................................................................................................................................................................................................................................................237
Excesso Punível.........................................................................................................................................................................................................................................238
Culpabilidade (Elementos e Causas de Exclusão) e Imputabilidade Penal......................................................................................................................238 213
Imputabilidade ..........................................................................................................................................................................................................................................238
Potencial Consciência da Ilicitude.................................................................................................................................................................................................... 240

3. DOS CRIMES CONTRA A HONRA.................................................................................................................................................241


Calúnia.......................................................................................................................................................................................................................................................... 241
Disposições Comuns...............................................................................................................................................................................................................................245

4. DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL........................................................................................................... 246


I - Dos Crimes Contra a Liberdade Pessoal....................................................................................................................................................................................246
Causas de Aumento de Pena ...............................................................................................................................................................................................................246
Seção II - Dos Crimes contra a Inviolabilidade do Domicílio.................................................................................................................................................249
Seção III - Dos Crimes contra a Inviolabilidade de Correspondência................................................................................................................................ 251
Seção IV - Dos Crimes contra a Inviolabilidade dos Segredos...............................................................................................................................................253

5. DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO..................................................................................................................................... 255


Capítulo I - Do Furto................................................................................................................................................................................................................................255
Capítulo II - Do Roubo e da Extorsão...............................................................................................................................................................................................258
Capítulo III - Da Usurpação..................................................................................................................................................................................................................264
Capítulo IV - Do Dano.............................................................................................................................................................................................................................264
Capítulo V - Da Apropriação Indébita..............................................................................................................................................................................................265
Capítulo VI - Do Estelionato e outras Fraudes.............................................................................................................................................................................267
Capítulo VII - Da Receptação............................................................................................................................................................................................................... 271
Capítulo VIII - Disposições Gerais.....................................................................................................................................................................................................274

6. DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA...................................................................................................................................... 274


Capítulo I - Da Moeda Falsa..................................................................................................................................................................................................................274
Capítulo II - Da Falsidade de Títulos e Outros Papéis Públicos.............................................................................................................................................277
Capítulo IV - De Outras Falsidades...................................................................................................................................................................................................283
Capítulo V (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) - Das Fraudes em Certames de Interesse Público (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) ��285

7. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA....................................................................................................... 286


Capítulo I - Dos Crimes Praticados por Funcionário Público contra a Administração em Geral...........................................................................286
Capítulo II - Dos Crimes Praticados por Particular contra a Administração em Geral............................................................................................. 290
Capítulo II - A (Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002) - Dos Crimes Praticados por Particular Contra a Administração Pública
Estrangeira..................................................................................................................................................................................................................................................295
SUMÁRIO

Capítulo III - Dos Crimes contra a Administração da Justiça................................................................................................................................................295


Capítulo IV - Dos Crimes Contra as Finanças Públicas............................................................................................................................................................298
Concurso de Pessoas................................................................................................................................................................................................................................299

214
CAPÍTULO 01 - Aplicação da Lei Penal

1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL Medidas provisórias: Nº 253 (2005), 379,


390, 394 (2007) e 417 (2008)
Princípios da Legalidade e da
(LEI 10826/2003) Art. 30. Os possuidores e pro-
Anterioridade
prietários de arma de fogo de uso permitido ainda não
registrada deverão solicitar seu registro até o dia 31 de
Princípio da Legalidade e seus dois desdobramentos:
dezembro de 2008, mediante apresentação de documen-
princípio da reserva legal e da anterioridade
to de identificação pessoal e comprovante de residência
Art.5º,II, CRFB/88 – “ninguém será obrigado a fazer ou fixa, acompanhados de nota fiscal de compra ou com-
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” provação da origem lícita da posse, pelos meios de pro-
va admitidos em direito, ou declaração firmada na qual
constem as características da arma e a sua condição de
proprietário, ficando este dispensado do pagamento de
taxas e do cumprimento das demais exigências cons-
tantes dos incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) (Prorrogação
Art.5º, XXXIX, CRFB/88 - não há crime sem lei anterior
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
de prazo)
Art. 1º do Código Penal - Não há crime sem lei anterior LEI (10826/2003) Art. 32. Os possuidores e proprie-
que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. (Re- tários de arma de fogo poderão entregá-la, espontane-
dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) amente, mediante recibo, e, presumindo-se de boa-fé,
serão indenizados, na forma do regulamento, ficando
extinta a punibilidade de eventual posse irregular da re-
Princípio da reserva legal ou da estrita legali- ferida arma. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
dade - O art.5º, inc.XXXIX, da Constituição Federal e o O STF também entende que a medida provisó-
art. 1º supracitado tratam do princípio da reserva legal ria pode tratar sobre Direito Penal não incrimi-
ou estrita legalidade. Preceitua, basicamente, a exclusi- nador, conforme o julgado abaixo:
vidade da lei para a criação de delitos (e contravenções (STF – Segunda Turma – HC 88594 – Rela Min.
penais) e cominação de penas, possuindo indiscutível Eros Graus – DJ 02/06/2008)
dimensão democrática, pois representa a aceitação pelo *** Lei delegada pode tratar sobre Direito Pe-
povo, representado pelo Congresso Nacional, da opção nal???
legislativa no âmbito criminal. De fato, não há crime 215
R.: A lei delegada não pode tratar sobre
sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia co- Direito Penal, conforme o artigo 68, §1º,
minação legal (nullum crimen nulla poena sine lege). É C.F/88.
vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria
relativo a direito penal (Constituição Federal, art.62, inc.I, Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Pre-
alínea B). sidente da República, que deverá solicitar a delegação ao
Congresso Nacional.
§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de compe-
***Medida Provisória pode tratar sobre Direito tência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência
Penal Incriminador? E quanto ao Direito Penal não privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal,
incriminador ou uma norma permissiva? a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação
sobre:

Em hipótese alguma uma medida provisória poderá


tratar sobre direito penal incriminador, conforme o arti- Princípio da anterioridade da lei penal – Decor-
go 62, §1ª, I, b, da C.F/88. re também do art.5º, inc.XXXIX, da Constituição Federal,
e do artigo 1º do Código Penal, quando estabelecem que
Art. 62. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias o crime e a pena devem estar definidos em lei prévia ao
sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, fato cuja punição se pretende.
de 2001) A lei penal produz efeitos a partir de sua entrada em
I – relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº
32, de 2001)
vigor. Não pode retroagir, salvo para beneficiar o réu.
b) direito penal, processual penal e processual civil; (In- É proibida a aplicação da lei penal inclusive aos fa-
cluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) tos praticados durante seu período de vacatio. Embora
já publicada e vigente, a lei ainda, não estará em vigor
Respondendo a segunda indagação, a medi- e não alcançará as condutas praticadas em tal período.
da provisória poderá tratar de Direito Penal não
incriminador ou uma norma permissiva. Abaixo Vacatio Legis

temos exemplos de medida provisória tratando Publicação da Lei Entrada em Vigor


de Direito Penal não incriminador.
Exemplo de aplicação do princípio da anteriorida-
de foi o caso da cola eletrônica. Antes do advento da lei
12550/2011 quem fraudava concurso público, avaliação
DIREITO PENAL

ou exames públicos, processo seletivo para ingresso de a tipificação dessa conduta prevista no artigo 311-A do
ensino superior ou exame ou processo previsto em lei, Código Penal:
segundo o STF a conduta do agente era considerada atí-
pica. Hoje, temos a tipificação dessa conduta prevista no Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o
fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a
artigo 311-A do Código Penal: credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: (Incluído
pela Lei 12.550. de 2011)
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o I - concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei
credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: (Incluído 12.550. de 2011)
pela Lei 12.550. de 2011) III - processo seletivo para ingresso no ensino superior;
I - concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) ou (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (In-
12.550. de 2011) cluído pela Lei 12.550. de 2011)
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
ou (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (In-
cluído pela Lei 12.550. de 2011)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
(Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Lei Penal Nova Mais Grave ou “Novatio Legis In
Pejus”

Lei Penal no Tempo


É a lei posterior que traz uma gravidade para o
“Tempus Regit Actum” (o Tempo Rege o Ato) agente. Pode ser através de uma pena mais grave,
mudança no tipo de ação penal, mudança no prazo
A regra geral é a da prevalência da lei que se en- prescricional do crime, são exemplos que vão preju-
contrava em vigor quando da prática do fato, vale dizer, dicar o réu.
aplica-se vigente quando da prática da conduta (tempus
regit actum). Dessa forma, resguarda-se a reserva legal, Ela não poderá retroagir. Nesse caso será aplicado o
bem como a anterioridade da lei penal, em cumprimento efeito ultra-ativo para que lei antiga, mesmo depois de
às diretrizes do texto constitucional. revogada ou cessado os seus efeitos, seja aplicada, para
que a lei posterior não prejudique o réu.
216 ***Princípio da irretroatividade: “ ART.5º, XL
- a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar Qual lei deverá ser aplicada se no decorrer da
o réu; conduta de crime permanente e crime continua-
do vier surgir uma lei mais grave?
Extra-atividade - A exceção é a extra-atividade, ou De acordo com a súm. 711 do STF, será aplicada a lei
seja, a possibilidade de aplicação de uma lei a fatos ocor- mais grave no caso de crime permanente e continuado,
ridos fora do âmbito de sua vigência. O fenômeno da ex- por uma questão de lógica! Ex.: Mário sequestro Maria
tratividade, no campo penal, realiza-se em dois ângulos: sob a vigência da lei A (que trazia a pena do crime de
sequestro de reclusão de 2 a 3 anos), a conduta do sujei-
a. Retroatividade - Abre-se exceção à vedação to se prolongou pelo período de 3 meses, nesse período
à irretroatividade quando se trata de lei penal be- surge a lei B que traz a conduta de forma mais grave
néfica. Esta pode voltar no tempo para favorecer (pena do crime passa a ser reclusão de 2 a 5 anos). Por
o agente, ainda que o fato tenha sido decidido por uma questão lógica, a conduta de Mário só veio a cessar
sentença condenatória com trânsito em julgado depois do advento da lei mais grave, então essa que de-
(art. 5.º, XL, CF; art. 2.º, parágrafo único, CP). verá ser aplicada.
b. Ultra-atividade - Significa a aplicação da lei
“Art.5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para bene-
penal benéfica, já revogada, a fato ocorrido após o ficiar o réu”;
período da sua vigência.
“Abolitio Criminis” (Abolição do Crime)
Sucessão de Leis no Tempo
É a nova lei que exclui do âmbito do Direito Penal
Sucessão de Lei Incriminadora um fato até então considerado criminoso. Encontra pre-
(Neocriminalização) visão legal no art. 2º, caput, do CP. Alcança a execução e
os efeitos penais da sentença condenatória, não servin-
Exemplo de neocriminalização foi o caso da cola do como pressuposto da reincidência, nem configurando
eletrônica. Antes do advento da lei 12550/2011 quem maus antecedentes. Sobrevivem, entretanto, os efeitos ci-
fraudava concurso público, avaliação ou exames públi- vis de eventual condenação, isto é, a obrigação de repa-
cos, processo seletivo para ingresso de ensino superior rar o dano provocado pela infração penal e a constituição
ou exame ou processo previsto em lei, segundo o STF a de título executivo judicial.
conduta do agente era considerada atípica. Hoje, temos
CAPÍTULO 01 - Aplicação da Lei Penal

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei pos- admite a combinação de leis penais. O Superior
terior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a Tribunal de Justiça, de seu turno, editou a Súmula 501,
execução e os efeitos penais da sentença condenatória. (Re-
dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). igualmente contrária à combinação de leis penais: “É
cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/2006, desde
A natureza jurídica do “Abolitio Criminis” é ser uma que o resultado da incidência das suas disposições, na
causa de extinção da punibilidade, conforme o artigo íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da
107, III, C.P. Exemplo de abolição do crime foi o que ocor- aplicação da Lei 6.368/1976, sendo vedada a combinação
reu com o crime de adultério (art.240 do C.P), extirpado de leis”
do ordenamento jurídico pela lei 11106/2005.
Princípio da Continuidade Normativo-Típica
Novatio Legis In Mellius (Lei Nova Mais
Benéfica) O princípio da continuidade normativa, tam-
bém conhecido como princípio da continuidade tí-
Por vezes, o legislador prefere alterar determinado pico-normativa, pois o fato subsiste criminoso, embora
tipo penal incriminador, variando a descrição da condu- disciplinado em tipo penal diverso.
ta, de forma a excluir certas maneiras de execução, bem Exemplo da aplicação desse princípio foi o que ocor-
como modificando a sanção penal, conferindo-lhe abran- reu com o tipo penal do art.214, atentado violento ao pu-
damento ou concedendo-lhe benefícios penais antes ine- dor. Este não foi abolido, e sim, migrou do artigo 214 para
xistentes. Assim, mantém-se a figura delitiva, embora o artigo 213 do C.P. O que era atentado violento ao pudor,
com outra face. Quando isso acontece, não se trata de hoje é estupro depois do advento da lei 12105/2009.
abolição do crime, mas apenas de modificação benéfica
da lei penal. Tempo e Lugar do Crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da
Exemplo: foi o que aconteceu com ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resulta-
do.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
o artigo 28 da lei de Drogas (11343/2006),
que veio trazendo uma despenaliza-
ção comparando com o artigo 16 da lei
Importante: O Código Penal ado-
6368/1976 (antiga lei de entorpecentes). Os
tou a teoria da atividade: considera-se o 217
dois crimes supracitados tratam do por-
crime praticado no momento da conduta
te para consumo próprio, sendo que a lei
omissiva ou comissiva
6368/1976 foi revogada totalmente pela lei
11343/2006.
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em
Previsão da “ NOVATIO LEGIS IN MELLIUS” está no que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
artigo 2ª, § único do C.P, conforme abaixo: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

Art.2º, Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer


modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ain- O Código Penal adotou a teoria da ubiquidade:
da que decididos por sentença condenatória transitada em Nos termos do art. 6º do Código Penal “considera-se pra-
julgado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). ticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omis-
são, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou
Para beneficiar o réu, admite-se combinação de leis? deveria produzir-se o resultado”. Foi, portanto, adotada a
teoria da ubiquidade, segundo a qual o lugar do crime é
tanto o da conduta quanto o do resultado
Lei A Lei B Lei A + Lei B
Pena: 1 a 3 Pena: 2 a 6 Pena: 1 a 3
Multa Sem multa Sem multa
Lei Excepcional e Temporária
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decor-
Pode ocorrer o conflito entre duas leis penais suces- rido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias
sivas no tempo, cada qual com partes favoráveis e des- que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
favoráveis ao réu. A discussão reside na possibilidade ou vigência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
não de o juiz, na determinação da lei penal mais branda,
acolher os preceitos favoráveis da primitiva e, ao mesmo Lei Excepcional é aquela feita para vigorar em épo-
tempo, os da posterior, combinando-os para utilizá-los cas especiais, como guerra, calamidade etc. É aprovada
no caso concreto, de modo a extrair o máximo benefício para vigorar enquanto perdurar o período excepcional.
resultante da aplicação conjunta dos aspectos mais inte- Lei Temporária é aquela feita para vigorar por de-
ressantes ao réu. terminado tempo, estabelecido previamente na própria
Atualmente, o Supremo Tribunal Federal não lei. Assim, a lei traz em seu texto a data de cessação de
sua vigência.
DIREITO PENAL

Nessas hipóteses, determina o art. 3º do Código Penal “É também aplicável a lei brasileira aos crimes pra-
que, embora cessadas as circunstâncias que a determi- ticados a bordo de aeronaves ou embarcações estran-
naram (lei excepcional) ou decorrido o período de sua geiras de propriedade privada, achando-se aquelas em
duração (lei temporária), aplicam-se elas aos fatos prati- pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo
cados durante sua vigência. São, portanto, leis ultra-ati- correspondente, e estas em porto ou mar territorial do
vas, pois regulam atos praticados durante sua vigência, Brasil” (§ 2º).
mesmo após sua revogação.
Extraterritorialidade
Territorialidade e Extraterritorialidade
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometi-
dos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
Territorialidade I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de con- a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repú-
venções, tratados e regras de direito internacional, ao crime blica; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Dis-
7.209, de 1984) trito Federal, de Estado, de Território, de Município, de em-
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como ex- presa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou
tensão do território nacional as embarcações e aeronaves fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo bra- 7.209, de 1984)
sileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves c) contra a administração pública, por quem está a seu
e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domi-
correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº ciliado no Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
7.209, de 1984) II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes pra- 11.7.1984)
ticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspon- b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209,
dente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação de 1984)
dada pela Lei nº 7.209, de 1984) c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, quando em territó-
rio estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº
Há várias teorias para fixar o âmbito de aplicação da 7.209, de 1984)
norma penal a fatos cometidos no Brasil: § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a
218 lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estran-
a. Princípio da territorialidade. A lei pe- geiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
nal só tem aplicação no território do Estado que a depende do concurso das seguintes condições: (Incluído pela
editou, pouco importando a nacionalidade do su- Lei nº 7.209, de 1984)
jeito ativo ou passivo. a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela
b. Princípio da territorialidade absoluta. Lei nº 7.209, de 1984)
b) ser o fato punível também no país em que foi pratica-
Só a lei nacional é aplicável a fatos cometidos em do; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
seu território; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei
c. Princípio da territorialidade tempera- brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209,
da. A lei nacional se aplica aos fatos praticados de 1984)
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não
em seu território, mas, excepcionalmente, permi- ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
te-se a aplicação da lei estrangeira, quando assim e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por
estabelecer algum tratado ou convenção interna- outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei
cional. Foi este o princípio adotado pelo art. 5º do mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime come-
Código Penal: Aplica-se a lei brasileira, sem pre- tido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reu-
juízo de convenções, tratados e regras de direi- nidas as condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído
to internacional, ao crime cometido no território pela Lei nº 7.209, de 1984)
nacional. a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído
pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela
O Território Nacional abrange todo o espaço em que Lei nº 7.209, de 1984)
o Estado exerce sua soberania: o solo, rios, lagos, mares
interiores, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa Comentários sobre a Extraterritorialidade
(12 milhas) e espaço aéreo. Os § 1º e 2º do art. 5º do Código
Penal esclarecem ainda que: Extraterritorialidade Incondicionada: art. 7º, CP
“Para os efeitos penais, consideram-se como exten- Princípio da Extraterritorialidade: consiste na
são do território nacional as embarcações e aeronaves aplicação da lei brasileira aos crimes cometidos fora do
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo Brasil.
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as ae- Em respeito ao princípio da soberania, um país não
ronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de pode impor regras jurisdicionais a outro.
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no O direito internacional concede ampla liberdade aos
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar” (§ 1º). Estados para julgar, dentro de seus limites territoriais,
NOÇÕES DE
DIREITO CONSTITUCIONAL
PROFESSOR
Willian Prates
Professor de Direito Constitucional, Administrativo,
Tributário e Processo Civil em diversos preparatórios
para concursos públicos. Foi coordenador pedagógico
de diversos preparatórios para concursos. Palestrante
sobre planejamento e técnicas de estudos. Palestran-
te motivacional. Foi Cadete do Curso de Formação de
Oficiais da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais
– aprovado no concurso aos 17 anos de idade. Apro-
vado em mais de 13 concursos públicos e vestibulares
de universidades públicas, entre os quais: Ministério
Público da União, Banco Central do Brasil, Corpo de
Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais e Polícia
Civil do Estado de Minas Gerais.
SUMÁRIO

SUMÁRIO
Apresentação do Material.....................................................................................................................................................................................................................309

1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS....................................................................................................................................................... 309


Análise dos Artigos 1º-4º........................................................................................................................................................................................................................309
Formas de Governo..................................................................................................................................................................................................................................309
Formas de Estado......................................................................................................................................................................................................................................310
Regime Político...........................................................................................................................................................................................................................................311
Regime ou Sistema de Governo...........................................................................................................................................................................................................311
Fundamentos da República Federativa Brasil.............................................................................................................................................................................. 312
Tripartição dos Poderes.......................................................................................................................................................................................................................... 312
Objetivos Fundamentais........................................................................................................................................................................................................................ 313
Princípios das Relações Internacionais........................................................................................................................................................................................... 313
Objetivos Internacionais........................................................................................................................................................................................................................ 313
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 314

2. EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS........................................................................................................................315


Tipos de Eficácia........................................................................................................................................................................................................................................ 315
Espécies de Normas de Eficácia Limitada...................................................................................................................................................................................... 316
Definidoras de Princípios Programáticos....................................................................................................................................................................................... 316
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 316

3. DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS...................................................................................................................317


Diferença entre Direitos e Garantias................................................................................................................................................................................................ 317
Titularidade dos Direitos e Garantias Fundamentais................................................................................................................................................................ 317
Gerações ou Dimensões de Direitos Fundamentais................................................................................................................................................................... 317
Características dos Direitos Fundamentais................................................................................................................................................................................... 318
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos............................................................................................................................................................................ 319
Direito à Igualdade................................................................................................................................................................................................................................... 319
Origem...........................................................................................................................................................................................................................................................335
Possíveis Nomes........................................................................................................................................................................................................................................335
Remédios Constitucionais.....................................................................................................................................................................................................................339
Questão Gabaritada.................................................................................................................................................................................................................................344

4. DIREITOS SOCIAIS............................................................................................................................................................................. 345 307


Direitos Sociais em Espécie..................................................................................................................................................................................................................345
Direito Individual do Trabalho............................................................................................................................................................................................................346
Direitos Coletivo do Trabalho – Direito Sindical..........................................................................................................................................................................350

5. DIREITOS DA NACIONALIDADE.................................................................................................................................................. 352


Nacionalidade Primária ou Originária............................................................................................................................................................................................353
Nacionalidade Secundária ou Adquirida........................................................................................................................................................................................353
Distinções entre Brasileiro Nato e Naturalizado.........................................................................................................................................................................354
Hipóteses de Perda da Nacionalidade..............................................................................................................................................................................................354
Idioma e Símbolos Nacionais...............................................................................................................................................................................................................355
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................355

6. DIREITOS POLÍTICOS........................................................................................................................................................................ 356


O Voto Como Forma de Democracia Indireta................................................................................................................................................................................356
Instrumentos de Democracia Direta.................................................................................................................................................................................................357
Capacidade Eleitoral Ativa....................................................................................................................................................................................................................357
Capacidade Eleitoral Passiva...............................................................................................................................................................................................................357
Direitos Políticos Negativos..................................................................................................................................................................................................................358
Princípio da Anualidade da Lei Eleitoral........................................................................................................................................................................................ 361
Partidos Políticos....................................................................................................................................................................................................................................... 361
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................362

7. PODER LEGISLATIVO........................................................................................................................................................................ 363


Considerações Gerais..............................................................................................................................................................................................................................363
Estrutura e Funcionamento do Poder Legislativo.......................................................................................................................................................................363
Atribuições do Poder Legislativo........................................................................................................................................................................................................366
Estatuto dos Congressistas...................................................................................................................................................................................................................366
Incompatibilidades dos Parlamentares...........................................................................................................................................................................................368
Perda do Mandato.....................................................................................................................................................................................................................................368

8. PODER EXECUTIVO........................................................................................................................................................................... 369


Atribuições do Presidente da República.........................................................................................................................................................................................369
Responsabilidade do Presidente da República.............................................................................................................................................................................370
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 371
SUMÁRIO

9. DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA................................................................................................................................... 373


Ministério Público....................................................................................................................................................................................................................................373
Advocacia Pública.....................................................................................................................................................................................................................................374
Defensoria Pública...................................................................................................................................................................................................................................375
Advocacia Privada....................................................................................................................................................................................................................................376
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................376

10. ORDEM SOCIAL..................................................................................................................................................................................377


Seguridade Social.....................................................................................................................................................................................................................................377
Meio-Ambiente..........................................................................................................................................................................................................................................383
Educação.......................................................................................................................................................................................................................................................383
Cultura...........................................................................................................................................................................................................................................................385
Desporto........................................................................................................................................................................................................................................................386
Família, Criança, Adolescente, Jovem e Idoso...............................................................................................................................................................................386
Ciência e Tecnologia................................................................................................................................................................................................................................388
Comunicação Social.................................................................................................................................................................................................................................388
Índios.............................................................................................................................................................................................................................................................389
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................389

11. DIREITOS HUMANOS...................................................................................................................................................................... 390


Generalidades e Conceito......................................................................................................................................................................................................................390
Gerações ou Dimensões de Direitos Fundamentais................................................................................................................................................................... 391
Características dos Direitos Humanos............................................................................................................................................................................................. 391
Evolução Histórica....................................................................................................................................................................................................................................392
Objetivos, Princípios e Principais Características da Carta de São Francisco...............................................................................................................392
Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948 (DUDH)................................................................................................................................................393
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................398

308
CAPÍTULO 01 - Princípios Fundamentais

Apresentação do Material Republicana

A presente obras foi elaborada na medida certa para República vem do latim “res”, que significa coisa, e
aqueles que estão se preparando para concursos públi- pública, que significa algo que é público, do povo.
cos (nível médio ou superior) – tribunais, carreiras admi- Desse modo, a coisa, que é o poder, é do povo, que o
nistrativas, carreira policial, carreira fiscal etc. exerce diretamente ou por meio de representantes elei-
Os temas são abordados na profundidade necessária, tos (art. 1º, parágrafo único, CF/88).
em sintonia com o entendimento doutrinário majoritário Na república, os governantes chegam ao poder atra-
e jurisprudência dos tribunais superiores (notadamente vés das eleições, cujo mandato é exercido por prazo de-
o Supremo Tribunal Federal), bem como o entendimento terminado, e, ainda, devem prestar contas aos governa-
das principais bancas organizadoras de concursos públi- dos, de modo que na república há a responsabilidade do
cos do Brasil. governante.
Obra indicada para aqueles que estão no início dos Na Forma de Governo Republicana os governantes
estudos, bem como para aqueles que desejam aprofun- chegam ao Poder através de eleições, exercem manda-
dar os conhecimentos em alguns temas do Direito Cons- to por prazo determinado, devendo ainda prestar contas
titucional. aos governados, ou seja, na República temos a responsa-
bilidade do Governante.

1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Exemplo: Brasil – O Presidente
Os princípios fundamentais são tratados na Consti- da República chega ao poder através de
tuição Federal de 1988 (CF/88) entre os artigos 1º e 4º.
eleição, para exercer mandato por 4 anos,
É tema que se relaciona com a parte estrutural do Es-
tado, onde são abordados fundamentos, objetivos, prin- representando os anseios do povo. Caso co-
cípios que regerem as relações internacionais do Brasil, menta algum crime de responsabilidade,
bem como os objetivos internacionais. será processado e julgado por tal crime,
cuja condenação gera a perda do cargo,
Análise dos Artigos 1º-4º suspensão de direitos políticos etc.
309
Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Fe- A forma de governo republicano possui as seguintes
deral, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem características:
como fundamentos: [...].
• Eletividade;
Do dispositivo acima é possível extrair: • Temporalidade;
• Representatividade popular, pois os gover-
• Forma de governo (república); nantes são eleitos para representar o povo;
• Forma de Estado (federado); • Responsabilidade do governante.
• Regime político (democrático).
Monarquia
Implicitamente também é possível extrair o regime
ou sistema de governo adotado pelo Brasil, que é o pre- Na monarquia, o poder é exercido por uma única
sidencialismo. pessoa – o rei e sua família real. O povo não é titular do
poder.
Formas de Governo Na forma de governo monárquico, o governante che-
ga ao poder pelo fato de pertencer à família real, e o
A forma de governo trata da relação governante-go- exercício do poder se dá de forma vitalícia (não há elei-
vernado, notadamente no que se relaciona ao exercício ções “reais”), de modo que não há representatividade po-
do poder. no que tange ao exercício do poder. Analisar pular. O governante é irresponsável, pois não há presta-
forma de governo é analisar fonte do poder. ção de contas de seus atos.
A monarquia possui as seguintes características:
Como os governantes adquirem o poder?
O exercício do poder é de forma temporária ou • Hereditariedade;
vitalícia? • Vitaliciedade;
Há responsabilidade dos governantes perante • Não representatividade popular, pois o rei
os governados? não é eleito pelo povo (cidadãos);
• Irresponsabilidade do governante, pois este
não presta conta dos seus atos.
DIREITO CONSTITUCIONAL

vimento centrífugo), pois inicialmente o Brasil era um


Estado unitário (Brasil Império), e, posteriormente, sur-
República Monarquia
giram entes dotados de autonomia (Estados-membros,
Eletividade Hereditariedade Distrito Federal e Municípios).
Temporalidade Vitaliciedade
Estado Federado: é formado por vários entes po-
líticos dotados de autonomia. Porém, tais entes, não são
Representatividade popular Não-representatividade dotados de poder de secessão (separação). Em regra, são
popular
organizados por uma Constituição Federal.
Responsabilidade do Governan- Irresponsabilidade do gover-
te – deve prestar contas nante – Não prestação de contas

Prosseguindo com os desdobramentos do caput do Exemplo: Brasil – É formado pela


art. 1º, temos que o Brasil é uma República Federativa, União, Estados, Distrito Federal e Municí-
e isso diz respeito à Forma de Estado adotada pelo Brasil. pios, que são entes dotados de capacidade
política, ou seja, podem legislar, se organi-
Formas de Estado zarem administrativamente etc.

A forma de estado diz respeito à distribuição espacial


do poder, ou seja, como o poder é geograficamente distri- Estado Confederado: é formado por vários entes
buído dentro do território. soberanos, e, geralmente, são organizados por meio de
tratados e acordos internacionais.
Estado Unitário

No Estado unitário existe apenas um ente com


capacidade política no território, o que não impede Exemplo: União Europeia – é for-
a realização de descentralizações administrativas. mada por vários países que se juntaram
Assim, é possível a existência de governos regionais, para constituir um Estado Confederado,
frutos de descentralização administrativa. No entanto,
um bloco econômico. A organização é fei-
estes governos não possuem poderes políticos (mas sim,
administrativos), de modo que não são dotados de auto- ta por meio de um tratado internacional,
310
nomia. e cada ente (país) que compõe o Estado
confederado pode deixá-lo quando bem
entenderem.
Exemplo: Portugal é um Estado
unitário, pois o país não é dividido em en-
Quadro Comparativo
tes federados. O que existe é descentrali-
zação administrativa, onde são formadas
Estado Composto Estado Composto
as províncias, mas qualquer obra, por me- Federado Confederado
nor que seja, é feita pelo governo central,
Organizado por uma consti- Organizados através de um tra-
pois os administradores das províncias tuição. tado internacional
não possuem nenhuma capacidade políti- Não possuem poder de seces- Possuem poder de secessão.
ca, não possuem autonomia. A divisão em são.

províncias é simplesmente para facilitar Os entes são dotados de Auto- Os entes são dotados de Sobe-
nomia. rania.
a constatação e solução de problemas. As
decisões nacionais, regionais e locais
partem de um único centro de poder. Prosseguindo com os desdobramento do caput do art.
1º da CF/88, constata-se que a República Federativa do
Brasil é formada pela união indissolúvel dos Esta-
Estado Composto dos, Municípios e DF.
A referida indissolubilidade é consequência do mo-
Já no Estado composto há a presença de vários delo federado de Estado adotado pelo Brasil, pois os en-
entes políticos, ou seja, vários são os entes dotados de tes federados não possuem poder de secessão.
capacidade política (descentralização). Assim, os Estados-membros, Municípios e DF que
Dependendo da composição do Estado, este poderá compõem a República Federativa do Brasil não podem
ser federado (entes autônomos) ou confederado (entes abandonar a mesma para formar um novo Estado fede-
soberanos). Importante ressaltar que o modelo de Esta- rado, ou seja, um novo país.
do federal brasileiro é do tipo segregador (fruto de mo-
DIREITO
ADMINISTRATIVO
PROFESSOR
Robson Fachini

Experiência em concursos públicos desde 1999, ten-


do sido aprovado nos cargos de agente administrativo
da prefeitura de Rancharia – SP, recenciador do IBGE,
agente de escolta e vigilância penitenciária – SP, agen-
te de segurança penitenciária – SP, agente penitenciá-
rio – PR, agente penitenciário federal – MJ, analista do
tribunal de contas do DF e atualmente aprovado para
o cargo de auditor de controle externo do tribunal de
contas dos municípios do estado de Goiás. Formado em
tecnologia em gestão pública pelo instituto tecnológico
da Universidade Federal do Paraná e pós graduando
em MBA em gestão pública. Professor de direito ad-
ministrativo em cursos preparatórios para concursos
desde 2010.
SUMÁRIO

SUMÁRIO
1. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO, ESTADO E GOVERNO ............................................................................. 405
Conceito de Direito...................................................................................................................................................................................................................................405
Ramos do Direito.......................................................................................................................................................................................................................................405
Conceito de Direito Administrativo..................................................................................................................................................................................................405
Objeto do Direito Administrativo.......................................................................................................................................................................................................405
Fontes do Direito Administrativo...................................................................................................................................................................................................... 406
Sistemas Administrativos.................................................................................................................................................................................................................... 406
Noções de Estado......................................................................................................................................................................................................................................407
Formas de Estado......................................................................................................................................................................................................................................407
Poderes do Estado.................................................................................................................................................................................................................................... 408
Noções de Governo.................................................................................................................................................................................................................................. 408
Sistemas de Governo.............................................................................................................................................................................................................................. 409
Formas de Governo................................................................................................................................................................................................................................. 409
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................410

2. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E TÉCNICAS ADMINISTRATIVAS............................................................410


Conceito de Administração Pública..................................................................................................................................................................................................410
Classificação da Administração Pública..........................................................................................................................................................................................411
Comparação entre Governo e Administração Pública...............................................................................................................................................................411
Administração Pública Direta............................................................................................................................................................................................................. 412
Administração Pública Indireta......................................................................................................................................................................................................... 412
Organização Administrativa da União............................................................................................................................................................................................. 413
Técnicas Administrativas...................................................................................................................................................................................................................... 414
Criação dos Entes da Administração Indireta.............................................................................................................................................................................. 416
Autarquia..................................................................................................................................................................................................................................................... 416
Fundação Pública...................................................................................................................................................................................................................................... 417
Empresas Estatais (Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista)............................................................................................................................ 418
Empresa Pública....................................................................................................................................................................................................................................... 418
Sociedade de Economia Mista............................................................................................................................................................................................................. 419
Entidades Paraestatais........................................................................................................................................................................................................................... 420
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................422

3. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.423


Regime Jurídico Administrativo.........................................................................................................................................................................................................423
403
Princípios Fundamentais da Administração Pública................................................................................................................................................................423

4. ÓRGÃOS PÚBLICOS E AGENTES PÚBLICOS........................................................................................................................... 428


Órgão Público.............................................................................................................................................................................................................................................428
Agentes Públicos...................................................................................................................................................................................................................................... 430
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................432

5. PODERES ADMINISTRATIVOS...................................................................................................................................................... 433


Poder Hierárquico....................................................................................................................................................................................................................................433
Poder Disciplinar......................................................................................................................................................................................................................................434
Poder de Polícia.........................................................................................................................................................................................................................................434
Poder Regulamentar................................................................................................................................................................................................................................437
Abuso de Poder..........................................................................................................................................................................................................................................437
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................438

6. CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.......................................................................................................................... 439


Classificação do Controle da Administração Pública................................................................................................................................................................439
Espécies de Controle da Administração Pública......................................................................................................................................................................... 441

7. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO................................................................................................................................. 445


Responsabilidade Civil (Direito Civil)..............................................................................................................................................................................................445
Classificação da Responsabilidade Civil........................................................................................................................................................................................ 446
Responsabilidade Civil do Estado em Decorrência da Atuação da Administração Pública.................................................................................... 446
Responsabilidade Civil do Estado em Decorrência de Atos Legislativos..........................................................................................................................449
Responsabilidade Civil do Estado em Decorrência de Atos Judiciais................................................................................................................................449
Ação de Reparação de Danos...............................................................................................................................................................................................................450
Ação Regressiva.........................................................................................................................................................................................................................................450

8. SERVIÇOS PÚBLICOS........................................................................................................................................................................ 450


Conceito Amplo de Serviço Público.................................................................................................................................................................................................. 451
Conceito Estrito de Serviço Público.................................................................................................................................................................................................. 451
Classificações de Serviço Público......................................................................................................................................................................................................452
Distribuição Constitucional de Competência para Prestar Serviços Públicos...............................................................................................................453
Formas de Prestação dos Serviços Públicos..................................................................................................................................................................................454
Controle da Prestação dos Serviços Públicos................................................................................................................................................................................455
SUMÁRIO

Serviço Público Adequado....................................................................................................................................................................................................................455


Delegação de Serviços Públicos..........................................................................................................................................................................................................455

9. LEI 8.112/90 – ESTATUTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DA UNIÃO.............................................................. 459


Título I – Das Disposições Preliminares..........................................................................................................................................................................................459
Título II - Do Provimento, Vacância, Remoção, Reditribuição e Substituição................................................................................................................ 461
Título III – Dos Direitos e Vantagens.................................................................................................................................................................................................467
Título IV – Do Regime Disciplinar.....................................................................................................................................................................................................476
Processo Administrativo Disciplinar................................................................................................................................................................................................ 481
Da Seguridade Social do Servidor......................................................................................................................................................................................................486
Questões Gabaritadas............................................................................................................................................................................................................................. 491

404
CAPÍTULO 01 - Noções de Direito Administrativo, Estado e Governo

1. NOÇÕES DE DIREITO de conflitos que envolvam tais interesses contra os inte-


resses dos particulares. Nestes casos, em um dos lados
ADMINISTRATIVO, ESTADO E do conflito está o Estado, representante dos interesses da
GOVERNO coletividade, e do outro lado da disputa tem-se o particu-
lar (tanto faz esse particular ser pessoa física ou pessoa
O direito administrativo é o conjunto de regras que jurídica), representando os seus próprios interesses.
orientam a atuação da administração pública e o exercí- No direito público, o Estado tem um tratamento pri-
cio das atividades administrativas do Estado. vilegiado diante do particular, ou seja, as normas que
Sendo assim, o direito administrativo é a espécie de regulam o direito público conferem prerrogativas espe-
direito que tem por objetivo definir as regras que orien- ciais ao Estado diante do particular, o que impede um
tam a atuação do Estado como administrador da coisa tratamento igualitário entre as partes.
pública. A característica marcante do direito público é a
Sendo o direito administrativo uma espécie de direi- relação jurídica de desigualdade estabelecida entre
to, para o bom entendimento da matéria, neste bloco ire- os polos. Assim sendo, no direito público as partes são
mos conhecer o conceito de direito, os ramos do direito, tratadas com distinção de direitos, obrigações e respon-
o conceito e objetos do direito administrativo, as fontes sabilidades. Essa relação jurídica de desigualdade tam-
do direito administrativo e os sistemas administrativos. bém é chamada de relação jurídica vertical.
O fundamento dessa relação jurídica vertical entre
o Estado e o particular, arbitrada pelo direito público é
Conceito de Direito encontrado no princípio da supremacia do interesse
público, tal princípio preconiza que os interesses pú-
Para uma boa compreensão do conceito de direito blicos (da coletividade) se sobrepõem aos interesses pri-
administrativo, ou seja, do que é o direito administrativo, vados, e sendo o Estado o procurador dos interesses da
e também qual a finalidade do direito administrativo, é sociedade, a ele são conferidos poderes especiais para
importante, em primeiro, plano compreender de forma conseguir defender o interesse da coletividade.
objetiva o que é o direito. O direito administrativo faz parte do ramo do direi-
Direito é um conjunto de normas impostas coativa- to público, e como outros exemplos do direito público
mente pelo Estado, que vão regular a vida em sociedade, temos o direito constitucional, penal, processual penal,
possibilitando a coexistência pacífica das pessoas. tributário, dentre outras searas do direito.

Ramos do Direito Conceito de Direito Administrativo 405

O direito é dividido em dois ramos distintos, são eles: O professor Hely Lopes Meirelles conceitua o direi-
o direito privado e o direito público. to administrativo como sendo “o conjunto harmônico de
princípios jurídicos que regem órgãos, agentes e ativi-
Direito Privado dades públicas que tendem a realizar concreta, direta e
imediatamente os fins desejados pelo Estado”.
O direito privado é caracterizado pela regulamen- A professora Maria Sylvia Di Pietro define o Direi-
tação de interesses PRIVADOS. Neste ramo do direito, to Administrativo como “o ramo do direito público que
existe um conflito entre particulares, ou seja, em um dos tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas ad-
lados da disputa tem um particular, seja este uma pessoa ministrativas que integram a Administração Pública, a
física, ou uma pessoa jurídica, e do outro lado tem-se ou- atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens
tro particular, tanto faz se ele é pessoa física ou pessoa de que se utiliza para a consecução de seus fins, de na-
jurídica. tureza política.”
Em regra, o direito privado não regula relações entre
particulares e o Estado. Eventualmente o Estado pode
integrar um dos polos regulados pelo direito privado, Objeto do Direito Administrativo
conforme veremos logo adiante.
Característica marcante do direito privado é a O direito administrativo tem dois objetos, a adminis-
relação jurídica de igualdade estabelecida entre tração pública e o exercício das atividades administra-
as partes. Essa relação jurídica de igualdade também é tivas do Estado.
chamada de relação jurídica horizontal. O direito administrativo tem por objetivo regular as
O direito administrativo não faz parte do ramo do di- relações da administração pública, sejam estas relações
reito privado, e como exemplos desse ramo do direito de natureza interna entre as entidades que a compõe,
tem-se o direito civil o direito empresarial, dente outros. seus órgãos e agentes; ou relações de natureza externa
entre a administração e os administrados.
Além de ter por objeto a administração pública, tam-
Direito Público
bém é foco do direito administrativo o desempenho das
atividades públicas, tanto exercidas pelo próprio estado,
O direito público é caracterizado pela regulamenta-
por meio da administração pública, ou exercidas por al-
ção dos interesses públicos e o seu objetivo é a resolução
gum particular, como no caso das concessões, permis-
DIREITO ADMINISTRATIVO

sões e autorizações de serviços públicos. deral (STF) depois de reiteradas decisões num mesmo
Resumidamente, pode-se dizer que o direito adminis- sentido e seu conteúdo vincula a administração pública
trativo tem por objeto a administração pública e também dos poderes legislativo, executivo e judiciário da União,
as atividades administrativas, independente de quem as Estados, DF e municípios.
exerça.
Doutrina
Fontes do Direito Administrativo
A doutrina é o resultado do trabalho dos estudiosos
O termo fonte dá ideia do lugar onde algo começa a do direito administrativo. São livros que têm a finalida-
surgir. Sendo assim, por fontes do direito administrativo, de de tentar sistematizar e melhor explicar o conteúdo
deve-se entender os lugares onde encontramos as suas das normas de direito administrativo, os quais podem
regras. ser utilizados como critério de interpretação de normas,
Todavia o direito administrativo não é codificado, bem como auxiliar a produção normativa.
dessa forma, não é possível encontrarmos um código A doutrina não vincula a atuação da administração
que contemple as normas de direito administrativo como pública, ela é só uma fonte de orientação.
acontece com o direito penal, civil, processual penal, Devido ao fato de a doutrina representar o entendi-
dentre outros. Para encontrarmos as normas de direito mento do seu autor sobre as regras do direito adminis-
administrativo temos que recorrer a diversas fontes. trativo, essa fonte do direito apresenta várias contradi-
São fontes do direito administrativo a lei, a jurispru- ções, pois é comum que em alguns pontos os autores
dência, a doutrina e os costumes (praxe administrativa). tenham entendimentos distintos de um ou outro instituto
Veja a seguir as características de cada uma das fontes. jurídico.

Lei Costumes Administrativos (Praxe


Administrativa)
Em decorrência do princípio fundamental da legali-
dade, que orienta todo o direito administrativo, a lei é a Os costumes são práticas reiteradas observadas pelos
fonte primária e principal do direito administrativo. A agentes administrativos diante de determinada situação
lei vincula a atuação da administração pública dos três quando há lacuna da norma.
poderes e de todas as esferas da federação. Os costumes somente podem ser utilizados para
No entanto, para entendermos melhor o significado orientar a atuação da administração pública na falta de
406
do termo lei e da sua finalidade, é importante classificá- lei determinando o que deve ser feito. Sendo assim, o
-la em dois tipos: Lei em sentido estrito e Lei em sentido costume não pode substituir a lei, mas somente pode ser
amplo. utilizado para tampar uma lacuna deixada na lei pelo
Lei em sentido estrito são os atos legislativos que ino- legislador.
vam o ordenamento jurídico, tais como as leis comple-
mentares, ordinárias e delegadas. Sistemas Administrativos
Lei em sentido amplo é um termo mais amplo que
inclui qualquer tipo de norma aplicada à administração São os regimes que dispõe o Estado para realizar o
pública, independente do órgão estatal que a produziu. controle de legalidade dos seus atos administrativos. E
Neste caso, entende-se por lei a própria Constituição estes podem ser classificados em sistema francês ou in-
Federal, as leis ordinárias, complementares, delegadas, glês. Veja a seguir.
medidas provisórias, decretos, resoluções, portarias e
qualquer outro ato que seja de obediência obrigatória Sistema Francês / Dualidade da Jurisdição /
pela administração pública. Contencioso Administrativo
O direito administrativo adota como fonte principal a
lei em seu sentido amplo. Pelo sistema francês, o poder judiciário não tem com-
petência para fazer controle de legalidade dos atos da
Jurisprudência administração pública.
Neste caso existe duas justiças, uma justiça comum
A jurisprudência é o resultado de vários julgados para julgar os particulares e uma justiça administrativa
realizados pelo poder judiciário sobre determinada ma- que tem a competência de julgar os atos da administra-
téria que caminham num mesmo sentido, serve como ção pública.
paradigma para o julgamento de novas ações judiciais Neste sistema, os atos praticados pela administração
referentes aos mesmos temas. pública não podem ser anulados pelo poder judiciário.
Em regra, a jurisprudência não vincula a atuação da Existem tribunais de natureza administrativa que têm
administração pública, somente serve como ponto de a competência de realizar o controle de legalidade dos
orientação, mas como exceção tem-se as súmulas vincu- atos administrativos e caso seja necessário, anulá-los.
lantes que foram introduzidas no ordenamento jurídico As decisões desses tribunais administrativos têm
brasileiro pela emenda constitucional nº 45. As súmulas efeito de coisa julgada, pois não podem ser revistas pelo
vinculantes são publicadas pelo Supremo Tribunal Fe- poder judiciário, haja vista o fato de o poder judiciário
CAPÍTULO 01 - Noções de Direito Administrativo, Estado e Governo

não realizar controle de legalidade dos atos da adminis- guir:


tração pública.
O sistema administrativo francês não é o sistema • Pessoa: capacidade para contrair direitos e
administrativo para controle de legalidade dos atos da obrigações.
administração pública. • Jurídica: É a pessoa constituída através de
uma formalidade documental (de uma convenção
Sistema Inglês / Jurisdição Única / Sistema não entre pessoas físicas), seu contraponto é a pessoa
Contencioso física ou humana.
• Territorial soberana: quer dizer que
Pelo sistema inglês, o poder judiciário tem competên- dentro do território do Estado, este detém a so-
cia para fazer controle de legalidade dos atos da admi- berania, ou seja, sua vontade prevalece ante a das
nistração pública. demais pessoas (sejam elas físicas ou jurídicas).
Neste caso, existe uma única justiça, representada Podemos definir soberania da seguinte forma, sobe-
pelo poder judiciário e este tem competência para julgar rania representa independência na ordem internacional
tanto processos que envolvam particulares como tam- (lá fora ninguém manda no Estado) e supremacia na or-
bém processos que envolvam a administração pública. dem interna (aqui dentro quem manda é o Estado).
Todos os conflitos entre a administração e o adminis-
trado e ainda entre a administração e os seus agentes, Elementos do Estado
podem ser levados até o poder judiciário, e só este tem
o poder de decidir com força de coisa julgada. É impor- Os elementos que compõe o Estado são três: o territó-
tante observar que neste sistema, a administração pode rio, o povo e o governo soberano.
julgar conflitos, todavia mesmo que ela já tenha julgado
ou esteja julgando um conflito, o particular pode acionar • Território: é a base fixa do Estado (solo,
o poder judiciário e este poderá desfazer o resultado do subsolo, mar, espaço aéreo).
julgamento feito pela administração pública, pois as de- • Povo: é o componente humano do Estado.
cisões da administração pública não tem força de coisa • Governo Soberano: é o responsável pela
julgada. condução política do Estado, por ser tal governo
Esse é o modelo de sistema administrativo adotado soberano, temos que este não se submete a ne-
pelo Brasil. nhuma vontade externa, pois, relembrando, lá
Ainda que as decisões da administração pública não fora o Estado é independente e aqui dentro sua
tenham força de coisa julgada, isso não impede que a vontade é suprema. 407
administração pública julgue conflitos. Todavia, estes
conflitos podem ser levados para solução perante o po-
Observação: A palavra povo não
der judiciário e é este quem tem o poder de dizer qual é
o direito aplicável ao caso. pode ser substituída por população, cida-
Para entender melhor o assunto, basta comparar dão, nem por nenhuma outra similar.
o sistema inglês com o francês, enquanto no primeiro
existe uma justiça com competência para julgar poder
público e particulares, no sistema francês existe uma Formas de Estado
justiça para julgar o poder público e outra para julgar
o particular. Existem duas formas de Estado: Estado unitário e Es-
tado federado.
Noções de Estado
Estado Unitário
Neste tópico nós iremos estudar o Estado. Abordare-
mos o conceito de Estado, os elementos que o integram, Estado unitário é o termo utilizado para se referir
seus poderes e suas funções. aos países caracterizados pela centralização política.
Neste tipo de país existe um poder político central que
Conceito de Estado emana sua vontade por todo o território nacional.
Em um Estado unitário, existe relação de hierarquia
O termo Estado pode ter várias interpretações, por e subordinação entre o poder político central e os po-
exemplo, tal termo é geralmente utilizado para nos re- deres políticos regionais e locais, ou seja, Estados-mem-
ferirmos aos Estados-membros, entes que compõe a bros e municípios em regra não existem e quando exis-
República Federativa do Brasil (ex. São Paulo, Paraná, tem não são dotados de competências políticas, pois as
Santa Catarina, Mato Grosso, Sergipe etc.). No entanto, competências políticas são exclusivas do poder político
neste tópico, devemos associar a palavra Estado à ideia central. Neste caso, Estados-membros e municípios são
de país. Neste sentido, podemos conceituar Estado como subordinados a vontade do poder político central.
sendo a pessoa jurídica territorial soberana. O Brasil não é um Estado unitário.
Analisando o conceito de Estado, encontramos alguns Um exemplo de Estado unitário é o Uruguai.
elementos que devem ser bem compreendidos, veja a se-
DIREITO ADMINISTRATIVO

Estado Federado Poder Judiciário Inovar o ordena-


Julgar conflitos mento jurídico e
Estado federado é termo utilizado para se referir aos administrar
países caracterizados pela descentralização política, Poder Legislativo Inovar o ordena-
ou seja, existem diferentes entidades políticas autôno- mento jurídico e Administrar e jul-
mas que são distribuídas regionalmente e cada uma fiscalizar a admi- gar conflitos
exerce o poder político dentro de sua área de compe- nistração pública
tência.
Em um Estado federado não existe relação de hie- Relacionando a análise feita sobre os poderes e suas
rarquia e subordinação entre o poder político central e funções com os entes que compõe a República Federati-
os poderes políticos regionais e locais, ou seja, Estados- va do Brasil, verifica-se que não existe poder judiciário
-membros e municípios são dotados de competências municipal.
políticas, dessa forma, as competências políticas não são
exclusivas do poder político central. Neste caso, Estados- Noções de Governo
-membros e municípios não são subordinados à vontade
do poder político central e também não são subordina- Neste tópico nós iremos estudar o governo. Aborda-
dos uns aos outros. remos o conceito de governo, suas classificações, seus
O Brasil é um Estado federado. sistemas e suas formas.

Poderes do Estado Conceito de Governo

Os poderes do Estado são três: o Poder Legislativo, Governar está relacionado com a função política do
Poder Executivo e Poder Judiciário. Estado, a função de comando, de coordenar, de direcio-
nar e fixar planos e diretrizes de atuação do Estado. O
Art. 2º da CF: São Poderes da União, independentes e governo é o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
responsáveis pela função política do Estado.
O governo está diretamente ligado às decisões toma-
Observe que a Constituição Federal trata os poderes das pelo Estado e exerce a direção suprema e geral do
como independentes e harmônicos, isso significa que en- Estado. Considerando o Estado uma pessoa e fazendo
tre os poderes não existe relação de subordinação e nem uma analogia com o corpo humano, podemos dizer que
408 de hierarquia, nenhum poder é mais importante do que o governo é o cérebro do Estado.
o outro. A doutrina classifica o governo como uma ativida-
Cada poder tem a sua função principal e eles devem de política, discricionária e independente, sendo assim,
exercer essas funções de forma harmônica. governar é uma atividade política, pois é exercida por
políticos e tem o poder de inovar o ordenamento jurídi-
Funções dos Poderes co, além de ser, também, uma atividade discricionária e
independente porque se subordina somente aos manda-
As funções dos poderes, em regra, são a de criar leis mentos da Constituição Federal, não havendo hierarquia
(inovar o ordenamento jurídico), de administrar e de jul- e subordinação entre os responsáveis pelo exercício do
gar conflitos. Cada poder é responsável pelo exercício governo.
de uma dessas funções, mas é errado pensar que cada
poder somente desempenha uma dessas funções. Classificação de Governo
Cada poder desempenha uma das funções do Estado
de forma principal e também desempenha as outras fun- A doutrina classifica o conceito de governo em um
ções do Estado de forma acessória. Em razão do fato de sentido formal/subjetivo e em um sentido material/ob-
cada poder desempenhar, além da sua função principal, jetivo.
algumas funções acessórias, a doutrina classifica a sepa-
ração dos poderes como flexível. Governo em Sentido Formal ou Subjetivo
Sendo assim, como a classificação da separação dos
poderes é flexível, ela não é absoluta ou rígida. A se- Em sentido formal ou subjetivo, governo é o conjun-
paração seria absoluta caso cada poder desempenhasse to de poderes e órgãos responsáveis pela atividade de
somente a sua função principal, não podendo desempe- governar. Neste caso, associa-se a palavra governo com
nhar funções acessórias, o que não é o caso do Brasil. as instituições públicas responsáveis pelo comando, co-
A função principal de cada poder é aquela função ordenação, direção e fixação de planos e diretrizes de
que realmente justifica sua existência. atuação do Estado.
Poder Função Típica Ou Função Atípica
Principal Ou Acessória Governo em Sentido Material ou Objetivo
Poder Executivo Inovar o ordena-
Administrar mento jurídico e Em sentido material ou objetivo, governo é a ativida-
julgar conflitos de de governar, independentemente da instituição pú-
DIREITO
PROCESSUAL PENAL
PROFESSOR
Marcelo Adriano
Professor para concursos públicos desde 2009. Sou ex-
militar de carreira das Forças Armadas (minha pri-meira
aprovação aos 18 anos de idade) e atualmente servidor
Público Federal, sendo aprovado em vários concursos, como
Polícia Federal (2x), Polícia Civil do Distrito Federal, DEPEN,
dentre outros. Autor do livro Série Provas & Concursos,
lançado pela editora Abril Educação - Alfacon, te auxiliarei
em seu grande obje-tivo que é a aprovação para o tão
sonhado cargo público. Formado pela UEFS (Universidade
Estadual de Feira de Santana) ministro aulas em grandes
cursos para concursos públicos online e presenciais em pra-
ticamente todo o Brasil (Brasília, Curitiba, Cascavel,
Fortaleza). Também sou professor da ANP (Academia
Nacional de Polícia) e instrutor nas matérias de Tiro, Uso
Progressivo da Força e Técnicas e Tecnologias não Letais.
SUMÁRIO

SUMÁRIO
1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS E PRINCÍPIOS........................................................................................................................ 497
Papel do Estado..........................................................................................................................................................................................................................................497
Direito Penal...............................................................................................................................................................................................................................................497
Jus Puniendi................................................................................................................................................................................................................................................499
Persecução Penal (Persecutio Criminis)..........................................................................................................................................................................................499
Direito Processual Penal....................................................................................................................................................................................................................... 500
Lei Processual no Espaço...................................................................................................................................................................................................................... 500
Lei Processual no Tempo....................................................................................................................................................................................................................... 501
Interpretação da Lei Processual Penal.............................................................................................................................................................................................502

2. PRINCÍPIOS APLICADOS AO DIREITO PROCESSUAL PENAL - DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICADA


AO PROCESSO PENAL........................................................................................................................................................................... 503
Princípio do Devido Processo Legal..................................................................................................................................................................................................503
Princípio da Inocência ou Presunção de Inocência ou da não Culpabilidade.................................................................................................................503
Princípio da Ampla Defesa (art. 5º, LV, CF) ...................................................................................................................................................................................504
Princípio do Contraditório ou da Bilateralidade da Audiência (art. 5º, LV, CF) .............................................................................................................505
Princípio da Plenitude da Defesa.......................................................................................................................................................................................................505
Princípio da Publicidade ......................................................................................................................................................................................................................505
Vedação das Provas Ilícitas...................................................................................................................................................................................................................506
Princípio do Juiz Natural ......................................................................................................................................................................................................................506
Princípio da Legalidade da Prisão.....................................................................................................................................................................................................506
Princípios da Economia Processual, Celeridade Processual e Duração Razoável do Processo (art. 5º, LXXVIII, CF)....................................507
Princípio da Prevalência do Interesse do Réu ou Favor Rei, Favor Libertatis, In Dubio Pro Reo , Favor Inocente (art. 5º, LVII, CF).......507
Não Obrigatoriedade de Produção de Prova Contra Si.............................................................................................................................................................507
Princípio do Juiz Imparcial ..................................................................................................................................................................................................................508
Inércia Judicial...........................................................................................................................................................................................................................................508
Princípio da Verdade Real.....................................................................................................................................................................................................................508
Princípio do Livre Convencimento Motivado................................................................................................................................................................................509
Princípio da Legalidade..........................................................................................................................................................................................................................509

3. AÇÃO PENAL......................................................................................................................................................................................... 509


Conceito de Ação Penal.......................................................................................................................................................................................................................... 510
Fundamentos do Direito de Ação....................................................................................................................................................................................................... 510
Características do Direito de Ação.................................................................................................................................................................................................... 510 495
Classificação das Ações/espécies de Ação - (Titular do Direito) .......................................................................................................................................... 510
Início da Ação Penal................................................................................................................................................................................................................................ 512
Identificação da Espécie de Ação Penal que se Aplica a Cada Crime................................................................................................................................. 513
Condições da Ação Penal....................................................................................................................................................................................................................... 514
Pressupostos Processuais...................................................................................................................................................................................................................... 516
Ação Penal Pública....................................................................................................................................................................................................................................517
Princípios Da Ação Pública Incondicionada.................................................................................................................................................................................. 518
Ação Penal Privada..................................................................................................................................................................................................................................523
Princípios da Ação Penal Privada......................................................................................................................................................................................................525
Pontos a Serem Destacados.................................................................................................................................................................................................................528
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................529

4. RESTRIÇÕES CAUTELARES DE DIREITO..................................................................................................................................531


Espécies De Medidas Cautelares........................................................................................................................................................................................................533
Prisões Cautelares....................................................................................................................................................................................................................................533
Prisões Especiais......................................................................................................................................................................................................................................537
Prisão em Flagrante.................................................................................................................................................................................................................................539
Prisão Preventiva......................................................................................................................................................................................................................................548
Da Prisão Domiciliar................................................................................................................................................................................................................................551
Prisão Temporária (Lei Nº 7.960/89).................................................................................................................................................................................................552
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................554

5. PROVAS - TEORIA GERAL................................................................................................................................................................555


Conceito........................................................................................................................................................................................................................................................ 555
Elementos de Informação x Prova.....................................................................................................................................................................................................556
Princípio da Busca pela Verdade Real.............................................................................................................................................................................................556
Provas Em Espécies - Perícias (Considerações Gerais).............................................................................................................................................................559
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................572
CAPÍTULO 01 - Conceitos Introdutórios

1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS E se possa viabilizar sua existência, sem que haja domi-
nação, abuso e violações por parte de outros indivíduos,
PRINCÍPIOS em um sistema democrático, as pessoas se sujeitam ao
poder do Estado para que ele possa garantir o bem-estar
O Direito Processual Penal é uma matéria muito re- de todos. Para tanto, os integrantes contribuem abrindo
corrente em concursos de área policial, isso quer dizer mão de parcela de sua liberdade e entregando recursos
que aprendê-la é essencial para você que deseja ser um financeiros em prol da viabilidade desse ente público
operacional e integrante de uma das carreiras relaciona- para que ele possa zelar pela paz social, sendo assim
das à segurança pública. seu guardião. Quando o Estado é efetivamente democrá-
Especialmente para Agente e Escrivão de Polícia Fe- tico, ou seja, com existências de liberdades individuais e
deral, as questões vêm embasadas no texto de lei, na coletivas, respeito à dignidade da pessoa humana, per-
doutrina e, não raro, em jurisprudência. mitindo o acesso ao poder e existindo para promover o
A despeito de boa parte das questões serem res- bem-estar da maioria, as regras a serem obedecidas são
pondidas com a “letra” da lei e muitas vezes não serem elaboradas e aprovadas por representantes do povo.
diretamente cobradas em edital, alguns conhecimentos Visando a obtenção e manutenção da paz social, es-
introdutórios, como conceitos gerais e princípios aplica- ses representantes aprovam leis que definem todos os
dos ao Direito Processual Penal (cuja uma das principais aspectos relevantes para a vida em sociedade, dentre
fontes é a Constituição Federal) devem ser conhecidos e eles quais condutas são consideradas inaceitáveis, ou
estudados, pois algumas questões requerem uma certa seja, quais não são socialmente aceitas. Dentre elas, es-
interdisciplinaridade. pecial atenção é dada à proteção de bens jurídicos mais
Por exemplo: relevantes que, quando agredidos, geram profundos pre-
juízos físicos, emocionais e patrimoniais, sendo, em boa
Questão Comentada parte das vezes, irreparáveis.
Para que seja efetivada essa “proteção”, o Estado
(CESPE /2013/Escrivão da Polícia Federal) deve promover o cumprimento dessas leis, utilizando
O valor probatório do inquérito policial, como regra, ferramentas como instituições especializadas na inves-
é considerado relativo, entretanto, nada obsta que o juiz tigação, acusação, julgamento e, sendo o caso, aplicação
absolva o réu por decisão fundamentada exclusivamente da pena que visem à proteção daquilo que a sociedade
em elementos informativos colhidos na investigação. considera mais relevante, mais caro.

Gabarito: Certo Direito Penal 497

Comentário: CPP É o ramo do direito público que tem por função sele-
cionar os bens mais relevantes para a sociedade, descre-
Art. 155. O juiz formará sua convicção
ver as condutas consideradas agressões insuportáveis a
pela livre apreciação da prova produzida esses bens jurídicos (crimes e contravenções) juntamen-
em contraditório judicial, não podendo te com as diversas circunstâncias que possam influen-
fundamentar sua decisão exclusivamente ciar de alguma forma algum aspecto relevante, além de
estabelecer as sanções para aqueles que incorrerem na
nos elementos informativos colhidos na
prática das infrações penais.
investigação, ressalvadas as provas caute- Assim, as regras penais (princípios, Constituição,
lares, não repetíveis e antecipadas. leis,) têm por função:
Apesar da redação da lei dizer que o
01. Definir quais bens jurídicos são considera-
juiz não deve decidir com base nos ele-
dos mais caros, ou seja, aqueles que devem ser
mentos exclusivos do inquérito policial, o protegidos com mais vigor: vida, incolumidade
entendimento doutrinário e jurispruden- física, honra, liberdade, patrimônio, dignidade se-
cial é que o juiz não pode condenar exclu- xual etc.
02. Descrever as condutas consideradas agres-
sivamente com base nessas provas, pois
sões insuportáveis aos bens jurídicos caros. Essas
não foram submetidas ao contraditório e a agressões são classificadas com infrações penais
ampla defesa, mas ele pode absolver com (crimes e contravenções) e, por consequência, pu-
base nesses mesmos elementos. nidas com maior rigor. Seguem alguns exemplos:

Bem jurídico protegido: vida


Exemplos de condutas consideradas, segundo o or-
Papel do Estado denamento jurídico vigente, agressões insuportáveis à
vida:
O Estado é o produto da soma da vontade de todos
“Matar alguém” (homicídio, art. 121);
os que vivem sob sua jurisdição. O ser humano é um ser
Fique atento, pois a ocorrência do resultado não de-
gregário, que necessita viver em comunidade. Para que
DIREITO PROCESSUAL PENAL

fini a existência de uma infração penal. Quando não se IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação
age com dolo ou culpa, mesmo matando alguém, por ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa
do ofendido;
exemplo, não existirá o crime de homicídio. V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunida-
Serve de exemplo alguém que, pretendendo suicidar- de ou vantagem de outro crime:
-se, atire-se na frente de um automóvel de um condutor
que dirigia dentro dos limites de velocidade e tomando Estabelecimento de punições específicas para aque-
as devidas cautelas, mas que, pela surpresa da conduta, les que incorrerem nas condutas descritas, agredindo
não consegue parar a tempo. bens jurídicos protegidos:
“Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar- Para fazer valer a vontade social, inibindo a prática
-lhe auxílio para que o faça”; dessas condutas, os representantes do povo por meio de
leis atribuem punições a quem às práticas, que no Bra-
Bem jurídico protegido: liberdade sil, em tempo de paz, podem chegar à restrição total do
Exemplo de conduta considerada agressão liberdade: direito de ir e vir, a pena de prisão.
“Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro
ou cárcere privado”; Art. 32 - As penas são:
I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
Bem jurídico protegido: patrimônio III - de multa.
Exemplo de conduta considerada agressão ao patri-
mônio: Definição dos diversos elementos necessários ao
“Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”. direito penal, como por exemplo a definição técnica de
Descrição de todos os outros fatores que podem tor- crime.
nar “pior” ou “melhor” juridicamente essa conduta, como Segundo doutrina majoritária, pode-se definir crime
atenuantes, agravantes, causas de redução e aumento como fato típico, antijurídico e culpável:
de pena, ou ainda, situações que venham a justificar a
agressão, desqualificando-a como crime ou excluindo a Fato Típico
pena. Servem de exemplo alguns institutos previstos em
nosso código penal abaixo relacionados: Como primeiro elemento do crime, segundo a maio-
ria da doutrina, para que um fato seja considerado crime
Excludentes de Ilicitude: ele deve:
498
• Ser uma conduta (omissiva ou comissiva)
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade; humana;
II - em legítima defesa; • Produzir um resultado e que se ajusta for-
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exer- mal e materialmente ao direito penal;
cício regular de direito. • Existência de nexo causal entre a conduta e
o resultado;
Excludente de Culpabilidade • Enquadramento perfeito à descrição legal,
ou seja, deve conter tipicidade.
É isento de pena o agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, Antijuridicidade
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se Ilicitude ou antijuridicidade é a afronta da conduta
de acordo com esse entendimento. ao ordenamento jurídico, às normas legalmente estabe-
lecidas. É de se imaginar que toda agressão humana a
Caso de Diminuição de Pena um bem jurídico caro possa ser considerado um crime,
pois afrontaria o ordenamento jurídico. Porém, existindo
Se o agente comete o crime impelido por motivo de a agressão, se essa conduta ocorrer em razão de situa-
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de vio- ções definidas pela norma, ela passa a ser tolerada pela
lenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da sociedade, o que lhe retira o caráter criminoso.
vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um No Brasil, segundo o Art. 23 do código penal, não há
terço. crime quando o agente pratica o fato:

Qualificadora • Em estado de necessidade;


• Em legítima defesa;
• Em estrito cumprimento de dever legal ou
Se o homicídio é cometido: • No exercício regular de direito
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por
outro motivo torpe;
II - por motivo fútil; Culpabilidade
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
Culpabilidade é pressuposto para aplicação da pena,
resultar perigo comum;
CAPÍTULO 01 - Conceitos Introdutórios

é definida como o juízo de reprovação da conduta típica responsabilidade por aplicar a lei penal quando infra-
e antijurídica praticada. É o juízo de censura social. ções penais são cometidas. Assim, cometido o ilícito pe-
Segundo corrente majoritária (teoria normativa pura nal, surge para o Estado o Jus Puniendi Estatal, o direito
da culpabilidade, que se relaciona coma teoria finalista de punir a pessoa que cometeu o crime. Em realidade é
da ação), a culpabilidade possui o seguinte elementos: um poder dever, já que não há facultatividade no desen-
volvimento dessa atividade, ou seja, comprovada exis-
Imputabilidade tência da infração penal é obrigação do Estado punir.
O direito de punir (jus puniendi) concentra-se na fi-
São condições pessoais do agente para que o mesmo gura do Estado, como consequência do monopólio juris-
seja considerado capaz. Essas condições tornam possível dicional Penal, manifestando-se de maneira abstrata ou
que lhes seja imputado o fato punível. concreta.
Considera-se imputável o agente com capacidade
mental plena, desenvolvida, capaz de entender o cará- 01. Poder dever de punir em abstrato
ter ilícito do fato e determinar-se de acordo com esse É representado pela previsão legal do tipo penal de
entendimento. crime, que se aplica a todas as pessoas dentro de deter-
O art. 26 do Código Penal estabelece as causas de minado espaço.
exclusão da imputabilidade:
02. O poder dever de punir em concreto
I -Doença mental (art. 26, caput ); O direito de punir em concreto é representado pela
II -Desenvolvimento mental incompleto (art. 26, caput); persecução penal exercida em face da pessoa que come-
III-Desenvolvimento mental retardado (art. 26, caput);
IV -Embriaguez completa, proveniente de caso fortuito te qualquer fato definido como crime.
ou força maior (art. 28, § 1º).
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
Persecução Penal (Persecutio Criminis)
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de Persecução Penal é o conjunto de atividades estatais
acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº destinadas a propiciar ao Estado o exercício do Jus Pu-
7.209, de 11.7.1984)
Redução de pena
niendi, ou seja, fazer cumprir em concreto a lei penal.
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a Diante da impossibilidade de o Estado “adivinhar”
dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde todos os elementos necessários para aplicação da pena
mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou re- (existência da infração penal, autoria, culpa, dolo, cir-
tardado não era inteiramente capaz de entender o caráter 499
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse enten-
cunstâncias etc.), sendo o estado Democrático, ou seja,
dimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) com direitos e garantias individuais, é necessário que
Menores de dezoito anos se elucide todos os acontecimentos relacionados ao fato
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmen- para que, em primeiro lugar, se chegue a duas conclu-
te inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas
na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
sões:
11.7.1984)
01. Existe prova da existência da infração pe-
Potencial Consciência da Ilicitude da Conduta nal;
02. Existem, ao menos, indícios suficientes de
Potencial conhecimento de que a conduta afronta autoria
ao ordenamento jurídico, de que conduta é um crime. 03. Quais foram as circunstâncias em que o
É uma condição intelectual e também denominada erro fato aconteceu
de proibição.
Segundo o art. 21 do CPP, o desconhecimento da lei Em um segundo momento, processar os acusados e
é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevi- aplicar a pena aquele que comete conduta criminosa
tável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de levando em consideração todas as circunstâncias rela-
um sexto a um terço. Considera-se evitável o erro se o cionadas.
agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do Deve-se, ainda, ter em mente as implicações da exis-
fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou tência de um Estado Democrático, cujos objetivos prin-
atingir essa consciência. cipais são os de:

Exigibilidade de Conduta Diversa • Aplicar a lei penal;


• Manter a paz social; e
É considerada inexigível a conduta quando não é • Preservar a dignidade da pessoa humana.
possível para autor agir de forma diversa, restando-lhe
cometer o fato típico e antijurídico. Pode-se entender a persecução penal em duas partes
distintas:

Jus Puniendi 01. Pré-processual, investigativa (extrajudi-


cial).
Como guardião da paz social, ao estado é deferida a
DIREITO PROCESSUAL PENAL

A persecução penal extrajudicial ocorre através da 04. Definir os limites da atuação estatal.
Investigação criminal. Por isso, é que se pode afirmar
que a persecução penal extrajudicial é uma atividade Conceito de Direito Processual Penal
preparatória da ação Penal, de caráter preliminar e in-
formativo. É o ramo do Direito Público formado por um con-
junto de princípios, normas e procedimentos que tem
02. Processo, a Ação Penal (judicial) por finalidade disciplinar a persecução penal, desde os
A persecução penal judicial ocorre por intermédio procedimentos investigatórios (Inquérito Policial), o seu
da ação penal, do exercício do direito de ação deferi- processo (Ação Penal), até a aplicação da pena, visando a
do ao cidadão e exercido, em regra por intermédio do solução das lides de natureza penal.
ministério público, titular da ação penal pública. O juiz, Também pode ser definido como o conjunto de prin-
representante do Estado, com base nas provas colhidas cípios, normas e procedimentos legais que regulam a
em contraditório judicial, julga o caso decidindo sobre a aplicação jurisdicional do Direito Penal, cuja finalidade
culpabilidade ou inocência do acusado. é determinar o modo, meio; e responsáveis pela perse-
cução penal.
Direito Processual Penal Segundo Isaías, Direito Processual Penal é conjunto
de princípios e normas que regula a aplicação jurisdicio-
É certo que é praticamente impossível conhecer to- nal do Direito Penal, bem como a atividade persecutória
das as circunstâncias que envolvam a ocorrência de uma da Polícia Judiciária.
infração penal. Diante dessa certeza e para que a apli-
cação da lei penal seja justa, é necessário que o Estado Fontes do Direito Processual Penal
busque elucidar tudo que for relevante para a definição
das responsabilidades penais e para a consequente apli- As principais fontes do Direito Processual penal Bra-
cação da pena. Para tanto, é necessário também que o sileiro são:
Estado providencie para que todas as informações sejam A constituição Federal de 1988;
produzidas, subsidiando o julgador (juiz) na definição da
sentença. • O decreto 3.689/41, CPP (Código de Processo
Porém, sob o argumento da necessidade de elucidação Penal);
da infração penal, não pode o estado produzir informa- • Principal regramento processual penal bra-
ções a qualquer custo. No desempenho dessa atividade, sileiro.
500 • Leis específicas que regulam parte de pro-
é necessário que se tome todas as cautelas possíveis para
que nenhum direito seja indevidamente violado. Em um cedimentos específicos;
país democrático, a persecução penal deve primar pela • Outros regramentos.
garantia ao exercício dos direitos humanos, individuais
e coletivos, balizada por normas, preferencialmente de Lei Processual no Espaço
ordem legal, que sejam previa e democraticamente esta-
belecidas e que e garantam: O princípio que rege a aplicação da lei processual
penal brasileira é o da Territorialidade, é a expressão da
01. Aplicação efetiva da lei penal aos culpa- soberania nacional.
dos pelo cometimento de um crime, contribuindo Levando em consideração o crime (viés penal) , a ado-
para a manutenção da paz social; ção desse princípio determina que a todo delito ocorri-
02. Garantia a todos os acusados de um devido do em território brasileiro será aplicada a lei processual
processo legal, ou seja, um processo justo, onde penal brasileira. Levando em consideração o processo,
se poderá exercer o contraditório e a ampla de- esse princípio determina que a todo processo penal que
fesa em sua plenitude, sem distinções, balizado venha a ser realizado dentro de nosso território deverá
por normas constitucionais e legais previamente ser aplicada a lei processual penal brasileira (CPP).
estabelecidas. Resumindo, o estudo da aplicação da lei processual
03. Culminação de uma pena previamente es- penal no espaço define:
tabelecida e compatível com a conduta criminosa
e com todas as circunstâncias que a envolveram. • Define em que local a legislação processual
penal brasileira será aplicada no processo
Para que se possa atingir esses objetivos, é necessá- • Princípio da territorialidade (lócus rigit ac-
rio, dentre outros: tum): Expressão da soberania nacional;

01. Definir regras para obtenção da informa- Exceções:


ção; O regramento base processual penal Brasileiro é o
02. Definir regras e procedimentos para que decreto 3689/41 CPP (Código de Processo Penal), que
se possa processar o acusado; traz a base da legislação processual penal brasileira e
03. Definir atribuições (quem investiga, quem sendo aplicado, em regra, a todos os crimes cometidos
acusa, quem julga, quem aplica a pena); em território nacional.
LEGISLAÇÃO
ESPECIAL
PROFESSOR PROFESSOR
Antônio Pequeno Tiago Zanolla
Professor de Direito Penal e Legislação Es- Professor de Ética no Serviço Público, Co-nheci-
pecial Servidor público federal desde 2009. Fis- mentos Bancários e Direito Regimental. Formado em
cal de controle urbano da Prefeitura do Municí- Engenharia de Produção pela Universidade Pan-A-
pio do Rio de Janeiro de 2007 a 2009. Aprovado no mericana de Ensino. Técnico Judiciário Cumpridor de
concurso para o cargo de Oficial de Cartório da Mandados no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.
Polícia Civil do Rio de Janeiro em 2009. Aprovado para Envolvido com concursos públicos desde 2009 é pro-
o cargo de técnico administrativo da Anvisa. fessor em diversos estados do Brasil.
SUMÁRIO

SUMÁRIO
1. LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006................................................................................................................................579
Título I - Disposições Preliminares...................................................................................................................................................................................................579
Princípios do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas..................................................................................................................................579
Objetivos do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas...................................................................................................................................580
Capítulo III - Dos Crimes e das Penas..............................................................................................................................................................................................580
Título IV - Da Repressão à Produção não Autorizada e ao Tráfico Ilícito de Drogas................................................................................................... 581
Concurso de Crimes.................................................................................................................................................................................................................................583
Cessão Gratuita de Droga para Consumo Conjunto...................................................................................................................................................................584
Tráfico Privilegiado..................................................................................................................................................................................................................................584
Tráfico de Drogas ou Matéria-Prima................................................................................................................................................................................................585
Agente Primário e de Bons Antecedentes......................................................................................................................................................................................585
Associação para o Tráfico......................................................................................................................................................................................................................585
Causas de Aumento de Pena................................................................................................................................................................................................................587
Colaboração Premiada............................................................................................................................................................................................................................587
Consequências para Quem Praticar os Crimes Previstos nos Arts.33, Caput, e §1º, e 34 a 37 da Lei de Drogas..............................................588
Inimputabilidade.......................................................................................................................................................................................................................................588
Semi-Imputabilidade...............................................................................................................................................................................................................................588
Capítulo III - Do Procedimento Penal...............................................................................................................................................................................................588
Capítulo IV - Da Apreensão, Arrecadação e Destinação de Bens do Acusado................................................................................................................590
Título V - Da Cooperação Internacional.......................................................................................................................................................................................... 591
Título VI - Disposições Finais e Transitórias................................................................................................................................................................................ 591
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................592

2. CRIMES HEDIONDOS (LEI 8072/1990)....................................................................................................................................... 592


Previsão Constitucional - XLIII...........................................................................................................................................................................................................592
Crimes Hediondos....................................................................................................................................................................................................................................592
Rol dos Crimes Hediondos....................................................................................................................................................................................................................593
Crimes Equiparados ou Assemelhados a Hediondos.................................................................................................................................................................593
Regime Inicial de Cumprimento de Pena.......................................................................................................................................................................................593
Progressão no Regime nos Crimes Hediondos e Equiparados..............................................................................................................................................594
Possibilidade de Apelar em Liberdade em Caso de Condenação por Crime Hediondo ou Equiparado...............................................................594
Prisão Temporária nos Crimes Hediondos e Equiparados......................................................................................................................................................594
Previsão da Manutenção pela União de Estabelecimentos Penais de Segurança Máxima.......................................................................................595
Livramento Condicional nos Crimes Hediondos e Equiparados...........................................................................................................................................595
Qualificadora na Hipótese da Prática do Crime do 288 do C.p, Quando se Tratar de Crimes Hediondos e Equiparados............................595 577
Delação Premiada.....................................................................................................................................................................................................................................595
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................595

3. CRIMES DE PRECONCEITO DE RAÇA OU DE COR (LEI Nº 7716 DE 5 DE JANEIRO DE 1989)............................ 596


Efeito da Condenação..............................................................................................................................................................................................................................599
Discriminação Relacionada ao Nazismo........................................................................................................................................................................................ 600

4. LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE Nº 4.898/1965 ..................................................................................................................600


Sujeitos do Crime de Abuso de Autoridade.................................................................................................................................................................................. 600
Consumação e Tentativa dos Crimes de Abuso de Autoridade.............................................................................................................................................601
Espécie de Ação Penal............................................................................................................................................................................................................................601
Competência...............................................................................................................................................................................................................................................601
Crimes de Abuso de Autoridade (Arts. 3 e 4 da Lei 4898/1965)........................................................................................................................................... 602
Concurso de Crimes.................................................................................................................................................................................................................................605
Sanções Penais...........................................................................................................................................................................................................................................605
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................607

5. LEI 9455/1997 – LEI DE TORTURA............................................................................................................................................... 608


Tortura (imprescritibilidade).............................................................................................................................................................................................................. 608
Art. 1, inc.I, da lei 9455/97.................................................................................................................................................................................................................... 608
Art. 1 Inc.II, da Lei 9455/97.................................................................................................................................................................................................................. 609
Art. 1, parágrafo primeiro, da lei 9455/97..................................................................................................................................................................................... 609
Art.1, Parágrafo Segundo, da Lei 9455/97 (Omissão Perante a Tortura ou Tortura Omissiva).................................................................................610
Tortura Omissão Própria.......................................................................................................................................................................................................................610
Art.1, Parágrafo Quarto, da Lei 9455/97...........................................................................................................................................................................................611
Art.1, Parágrafo 6º, L. 9455/1997..........................................................................................................................................................................................................611
Art.1ª, § 7º, L.9455/1997............................................................................................................................................................................................................................611
Questões Gabaritadas..............................................................................................................................................................................................................................611

6. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - LEI N.° 8.069/1990...........................................................................612


Dos Crimes Previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente...........................................................................................................................................637

7. LEI 10.826/13 - ESTATUTO DO DESARMAMENTO................................................................................................................ 644


Capítulo I - Do Sistema Nacional de Armas................................................................................................................................................................................. 644
Competência.............................................................................................................................................................................................................................................. 644
SUMÁRIO

Capítulo II - Do Registro........................................................................................................................................................................................................................645
Capítulo III - Do Porte.............................................................................................................................................................................................................................645
Porte Civil.....................................................................................................................................................................................................................................................647
Omissão de cautela...................................................................................................................................................................................................................................648
Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Permitido..........................................................................................................................................................................649
Disparo de Arma de Fogo...................................................................................................................................................................................................................... 651
Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Restrito...........................................................................................................................................................652
Comércio Ilegal de Arma de Fogo......................................................................................................................................................................................................653
Tráfico internacional de arma de fogo.............................................................................................................................................................................................653
Capítulo V - Disposições Gerais..........................................................................................................................................................................................................653
Capítulo VI - Disposições Finais.........................................................................................................................................................................................................654
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................655

8. LEI DE CRIMES AMBIENTAIS (9.605/98).................................................................................................................................. 658


Capítulo I - Disposições Gerais...........................................................................................................................................................................................................659
Capítulo II - Da Aplicação da Pena....................................................................................................................................................................................................662
Capítulo III - Da Apreensão do Produto e do Instrumento de Infração.............................................................................................................................670
Capítulo IV - Da Ação e do Processo Penal....................................................................................................................................................................................670
Capítulo V - Dos Crimes contra o Meio Ambiente......................................................................................................................................................................672

9. LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995........................................................................................................................... 688

10. CRIMES PREVISTOS NO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO - LEI 9503/1997.................................................. 693

11. INTRODUÇÃO AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR........................................................................................... 699


Princípios Fundamentais do CDC .....................................................................................................................................................................................................702
Relação Jurídica de Consumo..............................................................................................................................................................................................................706
Política Nacional das Relações de Consumo................................................................................................................................................................................. 714
Princípio da Garantia de Adequação................................................................................................................................................................................................ 716
Direitos Básicos do Consumidor......................................................................................................................................................................................................... 718
Da Proteção à Saúde e Segurança ....................................................................................................................................................................................................722
Defeito............................................................................................................................................................................................................................................................724
Das Práticas Comerciais........................................................................................................................................................................................................................730
Da Proteção Contratual...........................................................................................................................................................................................................................735
Sanções Administrativas.......................................................................................................................................................................................................................740
Crimes Contra o Consumidor............................................................................................................................................................................................................ 741
578 Da Defesa do Consumidor em Juízo..................................................................................................................................................................................................743
Do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor..........................................................................................................................................................................744
Questões Gabaritadas.............................................................................................................................................................................................................................746
CAPÍTULO 01 - Lei Nº 11.343, de 23 de Agosto de 2006

1. LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO rana.


Segue abaixo o artigo segundo da lei 11343/2006:
DE 2006.
Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, as
Mensagem de veto Regulamento drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a explora-
ção de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas
ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização
Institui o Sistema Nacional de Políticas Pú- legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Con-
blicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas venção de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psi-
para prevenção do uso indevido, atenção e rein- cotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente
ritualístico-religioso.
serção social de usuários e dependentes de dro- Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cul-
gas; estabelece normas para repressão à produ- tura e a colheita dos vegetais referidos no caput deste artigo,
ção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em local
define crimes e dá outras providências. e prazo predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas
as ressalvas supramencionadas.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço sa-
ber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
Comentário: o Artigo terceiro traz as finalidades
ciono a seguinte Lei:
do Sisnad (sistema nacional de políticas públicas
sobre droga). Lembrando que o artigo 4º traz os prin-
Título I - Disposições Preliminares cípios e o artigo quinto os objetivos. Tome cuidado para
você não cair em algum tipo de pegadinha envolvendo
Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políti-
cas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para
esses artigos, o examinador pode trocar a função de cada
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de um deles.
usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para
repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de Art. 3º O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar,
drogas e define crimes. organizar e coordenar as atividades relacionadas com:
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção
como drogas as substâncias ou os produtos capazes de cau- social de usuários e dependentes de drogas;
sar dependência, assim especificados em lei ou relacionados II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico
em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo ilícito de drogas.
da União.

Comentário: A lei de drogas é uma norma penal em


branco, ou seja, ela necessita de um complemento que
Princípios do Sistema Nacional de 579
traga a definição do que são drogas. Essa complementa- Políticas Públicas sobre Drogas
ção e a portaria SVS/MS de nº 344 de 12 de maio de 1998,
que traz os princípios ativos das substâncias que pode-
Art. 4º São princípios do Sisnad:
rão ser enquadradas como drogas e consequentemente I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa huma-
a tipificação da conduta do agente nos crimes elencados na, especialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade;
nesta lei. A previsão legal de que a lei 11343/2006 é uma II - o respeito à diversidade e às especificidades popu-
norma penal em branco heterogênea é o artigo 1º, pa- lacionais existentes;
III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cida-
rágrafo único, c/c art. 66 do diploma legal mencionado. dania do povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores de
Abaixo segue o art. 66 da lei de drogas: proteção para o uso indevido de drogas e outros comporta-
mentos correlacionados;
Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do art. IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla par-
1º desta Lei, até que seja atualizada a terminologia da lista ticipação social, para o estabelecimento dos fundamentos e
mencionada no preceito, denominam-se drogas substâncias estratégias do Sisnad;
entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob con- V - a promoção da responsabilidade compartilhada en-
trole especial, da Portaria SVS/MS no 344, de 12 de maio tre Estado e Sociedade, reconhecendo a importância da par-
de 1998. ticipação social nas atividades do Sisnad;
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores
correlacionados com o uso indevido de drogas, com a sua
Comentário: Consoante o artigo segundo da lei produção não autorizada e o seu tráfico ilícito;
11343/2006, as substâncias psicotrópicas derivadas das VII - a integração das estratégias nacionais e interna-
plantas de uso estritamente ritualístico-religioso são cionais de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção
ressalvas, para que ocorra o enquadramento do agen- social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à
sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito;
te nos crimes previstos nesta lei, quando for utilizadas VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Público
para essa finalidade. Exemplos de plantas, com substân- e dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à cooperação
cias psicotrópicas, sendo usadas para o ritual religioso: mútua nas atividades do Sisnad;
Ayahuasca[ (do quíchua aya, que significa ‘morto, defun- IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que reco-
nheça a interdependência e a natureza complementar das
to, espírito’, e waska, ‘cipó’, podendo ser traduzido como atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinser-
“cipó do morto” ou “cipó do espírito”), também conhecida ção social de usuários e dependentes de drogas, repressão
como hoasca, daime, iagê , santo-daime, vegetal e mariri[ da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas;
é uma bebida psicodélica produzida a partir da combi- X - a observância do equilíbrio entre as atividades de
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de
nação da videira Banisteriopsis caapicom várias plantas, usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua pro-
em particular a Psychotria viridis e a Diplopterys cabre- dução não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a ga-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

rantir a estabilidade e o bem-estar social; b. A expressão reincidência não é exclusiva de


XI - a observância às orientações e normas emanadas do crime presentes também nas infrações adminis-
Conselho Nacional Antidrogas - Conad.
trativas, disciplinares;
c. Prescrição também não é exclusiva de cri-
Objetivos do Sistema Nacional de mes , cabendo nos ilícitos civis, atos infracionais,
Políticas Públicas sobre Drogas etc...
d. A lei de introdução ao código penal fala em
reclusão e detenção para crimes e prisão simples
Art. 5º O Sisnad tem os seguintes objetivos: para contravenção. Não tendo o art.28 qualquer
I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando dessas penas, caracteriza infração penal “sui ge-
a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de
risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e ou- neris”;
tros comportamentos correlacionados; e. O art.48, §2º, da lei 11343/2006, determina
II - promover a construção e a socialização do conheci- que o ususário seja levado ao juiz e não à dele-
mento sobre drogas no país; gacia.
III - promover a integração entre as políticas de preven-
ção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários
e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não
autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas públicas setoriais Observação: é o mesmo trata-
dos órgãos do Poder Executivo da União, Distrito Federal, mento dado para o menor infrator.
Estados e Municípios;
IV - assegurar as condições para a coordenação, a in- A corrente supracitada é adotada por
tegração e a articulação das atividades de que trata o art. Luiz Flávio Gomes.
3º desta Lei.

Capítulo III - Dos Crimes e das Penas 3ª corrente – O art.28 não configura infração penal,
mas fato atípico sujeito das medidas educativas.
Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser
aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substi-
Fundamentos
tuídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o
defensor. a. A lei 11343/2006 ao invés de punir prefere
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, falar em medidas educativas para o usuário;
transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, dro-
gas sem autorização ou em desacordo com determinação
b. O não cumprimento das medidas não gera
580
legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: consequência penal. Ex.: Se o condenado não
• Tem o preceito primário (conteúdo criminoso) cumprir, o juiz pode dobrar e se o delinquente
• Tem o preceito secundário (consequência jurídica) continuar descumprindo o máximo que o magis-
trado pode fazer é impor multa cominatória por
Importante: caso de pena alter- dia de trabalho faltado;
c. Princípio da intervenção mínima;
nativa e não substitutiva
d. A saúde individual é um bem jurídico dis-
ponível.
1ª corrente – O art.28 tem natureza jurídica de cri-
me.
Observação: Corrente adotada
Fundamentos por Alice Bianchini.
O STF está analisando um caso con-
a. O comportamento do usuário está inserido
no capítulo III intitulado “dos crimes”. creto envolvendo um detento condenado
b. O art. 28, §4º, fala em reincidência. por porte de 3 gramas de maconha em
c. O art.30 fala em prescrição criminal. cela. Dependendo da decisão a ser tomada
d. O art.5º, XLVI, CRFB/1988, prevê outras pe- pelo guardião da Constituição pode ocor-
nas, além das de reclusão e detenção.
rer uma mudança no entendimento sobre
2ª corrente – A natureza jurídica do art.28 é de in- a incriminação do porte ilegal de drogas
fração penal “sui generis”. para consumo próprio, previsto no artigo
Fundamentos 28 da lei 11343/2006 (que hoje é conside-
rado crime).
a. O fato de o comportamento está no capí-
tulo 3, intitulado dos crimes não significa que é
crime, pois não raras vezes o legislador intitula
Bem jurídico tutelado ou objetividade jurídica
como crime infrações diversas ( por exemplo dec.
- A Saúde Pública colocada em risco pelo comportamen-
lei 201/1967, chama de crime infrações política –
to do usuário. Não se pune o porte da droga para o uso
administrativas);
próprio, em função da proteção à saúde do agente, mas
CAPÍTULO 01 - Lei Nº 11.343, de 23 de Agosto de 2006

em razão do mal potencial que pode gerar a coletividade. saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento es-
Sujeito ativo – Aquele que pratica a conduta previs- pecializado.
Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se
ta como crime. Pode ser qualquer pessoa, ou seja, crime refere o inciso II do § 6º do art. 28, o juiz, atendendo à repro-
comum. vabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa, em
Sujeito passivo – Aquele sofre a conduta prevista quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior a
como crime. É a coletividade, ou seja, crime vago. 100 (cem), atribuindo depois a cada um, segundo a capacida-
de econômica do agente, o valor de um trinta avos até 3 (três)
Conceito de crime vago - Crime vago: é aquele vezes o valor do maior salário mínimo.
que tem por sujeito passivo uma entidade destituída de
personalidade jurídica, como a sociedade, o público, a
família etc. Prescrição
Uso pretérito – Não se pune o agente se for sur-
preendido usando ou logo depois de usar a droga, sem Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a
possibilidade de se usar a droga em seu poder. execução das penas, observado, no tocante à interrupção do
Elemento subjetivo - O crime é punido a título de prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal.
dolo mais fim especial (consumo próprio).
Consumação - Consuma-se com prática de qual-
quer um dos núcleos: quem adquirir, guardar, tiver em Título IV - Da Repressão à Produção não
depósito, transportar ou trouxer consigo. Autorizada e ao Tráfico Ilícito de Drogas
Crime de Perigo Abstrato Capítulo I - Disposições Gerais
Para a maioria o crime é de perigo abstrato (crime
absolutamente previsto em lei). Art. 31. É indispensável a licença prévia da autoridade
O eminente jurista, Guilherme de Souza Nucci, rotu- competente para produzir, extrair, fabricar, transformar, pre-
la o art.28 da lei 11343/2006 como de “ínfimo potencial parar, possuir, manter em depósito, importar, exportar, ree-
xportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender, com-
ofensivo”, tendo em vista que, mesmo sendo inviável no prar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas ou
caso concreto a transação penal, ainda que reincidente matéria-prima destinada à sua preparação, observadas as
o agente e com maus antecedentes ou péssima conduta demais exigências legais.
social, jamais será aplicada a pena privativa liberdade,
mas penas alternativas com medidas assecuratórias de Comentário: A previsão legal da destruição das
cumprimento. plantações ilícitas está no artigo 32 e da destruição das 581
drogas ilícitas no artigo 50, todos da lei 11343/2006.
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, Abaixo montei uma tabela trazendo as diferenças e a
transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, dro- literalidade dos artigos mencionados.
gas sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas; Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente
II - prestação de serviços à comunidade; destruídas pelo delegado de polícia na forma do art. 50-A,
III - medida educativa de comparecimento a programa que recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de
ou curso educativo. tudo lavrando auto de levantamento das condições encontra-
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu das, com a delimitação do local, asseguradas as medidas ne-
consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destina- cessárias para a preservação da prova. (Redação dada pela
das à preparação de pequena quantidade de substância ou Lei nº 12.961, de 2014)
produto capaz de causar dependência física ou psíquica.
§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consu-
mo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da
substância apreendida, ao local e às condições em que se Plantações Ilícitas Drogas Ilícitas
desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem
como à conduta e aos antecedentes do agente. Quem poderá destruir? Quem poderá destruir?
§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste
artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. R.: Delegado de polícia R.: Delegado de polícia
§ 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos in-
Precisa-se de autorização judi- Precisa-se de autorização ju-
cisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo
cial? dicial?
máximo de 10 (dez) meses.
R.: Sim
§ 5º A prestação de serviços à comunidade será cumpri-
R.: Não
da em programas comunitários, entidades educacionais ou
assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públi-
cos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, prefe- Quando que ocorrerá a destrui- Quando que ocorrerá a des-
rencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação ção? truição?
de usuários e dependentes de drogas.
§ 6º Para garantia do cumprimento das medidas edu- R.: Imediatamente R.: Depois da determinação
cativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que judicial a autoridade policial
injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz subme- tem um prazo de 15 dias para
tê-lo, sucessivamente a: destruir a droga na presença
I - admoestação verbal; do ministério público e da au-
II - multa. toridade sanitária.
§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque
à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de


polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz Art.33 da lei 11343/2006 Art.243 do ECA (lei
competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual 8069/1990
será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte
e quatro) horas. Por exemplo: maconha Por exemplo: cola de
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em fla- sapateiro, thiner, etc...
grante e estabelecimento da materialidade do delito, é su-
ficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade Vai incidir a majorante
da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por
do art.40, inc.VIII, da lei
pessoa idônea.
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 11343/2006
1º deste artigo não ficará impedido de participar da elabora-
ção do laudo definitivo. Conduta - O artigo 33 da lei 11343/2006 possui 18
§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o
juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade condutas, sendo considerado pela doutrina como crime
formal do laudo de constatação e determinará a destruição de ação múltipla ou conteúdo variado e também crime
das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária plurinuclear.
à realização do laudo definitivo. (Incluído pela Lei nº 12.961,
de 2014)
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo de- Importante: Mesmo que o agen-
legado de polícia competente no prazo de 15 (quinze) dias
na presença do Ministério Público e da autoridade sanitária. te pratique, no mesmo contexto fático e
(Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada
sucessivamente, mais de uma ação típica
a destruição das drogas referida no § 3º, sendo lavrado auto (Ex.: importa, guarda e vende), por força
circunstanciado pelo delegado de polícia, certificando-se
neste a destruição total delas. (Incluído pela Lei nº 12.961, do princípio da alternatividade responde-
de 2014) rá por crime único. O juiz deve conside-
Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a
ocorrência de prisão em flagrante será feita por incineração, rar a pluralidade de núcleos na fixação da
no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado da data da apre- pena).
ensão, guardando-se amostra necessária à realização do lau-
do definitivo, aplicando-se, no que couber, o procedimento
dos §§ 3º a 5º do art. 50. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
§ 3º Em caso de ser utilizada a queimada para destruir
a plantação, observar-se-á, além das cautelas necessárias à Dica Focus: Faltando proximida-
proteção ao meio ambiente, o disposto no Decreto no 2.661, de comportamental entre as várias condu-
de 8 de julho de 1998, no que couber, dispensada a autori-
582 zação prévia do órgão próprio do Sistema Nacional do Meio tas haverá concurso de crimes.
Ambiente - Sisnama.
§ 4º As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão
expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da Constitui-
ção Federal, de acordo com a legislação em vigor. Observação: Equivale à ausência
de autorização o desvio de autorização,
Capítulo II - Dos Crimes ainda que regularmente concedida.

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir,


fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em Jurisprudência
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com deter- Dificuldade de subsistência por meios lícitos decor-
minação legal ou regulamentar: rentes de doença, embora grave, não justifica apelo ao
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e paga- recurso ilícito, morlmente reprovável e socialmente pe-
mento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-
-multa.
rigoso, de se entregar o agente ao comércio de drogas.

Bem jurídico tutelado ou objetividade jurídica Circunstâncias Indicativas do Tráfico


- Saúde pública (tutela imediata); saúde individual das
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta
pessoas que integram a sociedade (tutela imediata). Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do
Sujeito ativo – Qualquer pessoa (crime comum). inquérito ao juízo:
Sujeito passivo – A coletividade (crime vago) I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, jus-
Vender substância geradora de dependência tificando as razões que a levaram à classificação do delito,
indicando a quantidade e natureza da substância ou do pro-
para criança ou adolescente duto apreendido, o local e as condições em que se desenvol-
veu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta,
a qualificação e os antecedentes do agente;
1ª hipótese 2ª hipótese
Substância prevista na Substância não previs- a. Quantidade e natureza da subsistência
portaria 344 SVS/MS ta na portaria 344 SVS/ b. Local e as condições e em que se desenvolva
MS a ação criminosa
c. Circunstâncias da prisão

Você também pode gostar