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CAMPUS DE JOAÇABA
PRÓ-REITORIA DE ENSINO
ELEMENTOS
DE
MÁQUINAS III
Prof. Douglas Roberto Zaions, MSc.
CAMPUS DE JOAÇABA
PRÓ-REITORIA DE ENSINO
Disciplina de
Fevereiro de 2008
DOUGLAS ROBERTO ZAIONS
Engenheiro Mecânico formado pela Universidade Federal de Santa Maria em 1993. Em
1994 iniciou o curso de especialização em Engenharia Mecânica na Universidade Federal de
Santa Catarina obtendo o grau de Especialista em Engenharia Mecânica. Em 2003 concluiu o
curso de Mestrado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio Grande do
Sul na área de concentração de Gerência, desenvolvendo o trabalho intitulado Consolidação
da Metodologia da Manutenção Centrada em Confiabilidade em uma Planta de Celulose e
Papel. Atualmente é doutorando do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal
de Santa Catarina na área de concentração de Projeto de Sistemas Mecânicos.
Foi Coordenador do Curso de Engenharia de Produção Mecânica de março/2000 até
março/2006 e do Curso de Tecnologia em Processos Industriais – Modalidade Eletromecânica
de março/2000 até Junho/2002 da UNOESC – Joaçaba.
Conselheiro Estadual e membro da Câmara Especializada de Engenharia Industrial do
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de Santa Catarina,
CREA – SC no período de janeiro de 2001 até dezembro de 2003. Também foi Diretor do
CREA – SC no período de janeiro de 2002 até dezembro de 2002.
Doze anos de docência em cursos técnicos, tecnológicos, engenharia e especialização na
área mecânica.
Professor de várias disciplinas da área de projetos nos cursos Técnico em Mecânica e
Eletromecânica do SENAI – CET Joaçaba.
É Professor do curso de Engenharia de Produção Mecânica da UNOESC – Joaçaba onde
atua nas disciplinas de Resistência dos Materiais, Elementos de Máquinas, Mecanismos,
Processos de Usinagem e Comando Numérico, Pesquisa Operacional, Projeto de Máquinas e
Manutenção Mecânica. É também pesquisador nas áreas de Projeto e Manutenção Industrial.
Professor dos cursos de Especialização em Engenharia de Manutenção Industrial e Gestão
da Produção da Universidade do Oeste de Santa Catarina ministrando respectivamente a
disciplina de Manutenção de Elementos de Máquinas e Gestão da Manutenção. No curso de
Especialização em Projetos de Sistemas Mecânicos atua nas disciplinas de Metodologia de
Projeto de Sistemas Mecânicos e Projeto para a Confiabilidade e Mantenabilidade.
É perito técnico judicial, desenvolvendo trabalhos nas áreas automotiva e industrial na
busca de causa raiz de falhas.
Contato: Universidade do Oeste de Santa Catarina – Campus de Joaçaba
e-mail: douglas.zaions@unoesc.edu.br
Fone/Fax: (49) 3551 - 2035
ÍNDICE
A Figura 1.1 e Figura 1.2 ilustram alguns mecanismos de contato direto que serão
abordados nesta disciplina.
Figura 1.1 - Mecanismos de contato direto: (a) Came bidimencional; (b) Came tridimensional;
(c) Trem de Engrenagens
Para o mecanismo da Figura 1.3 o movimento entre a came e o seguidor será uma
combinação de rolamento e deslizamento. O rolamento puro somente poderá correr quando o
ponto de contato P cair sobre a linha de centros. Enquanto, o contato nesse ponto poderá não
ser possível devido as proporções do mecanismo. Não poderá ocorrer deslizamento puro entre
a came 2 e o seguidor 3. Para tal acontecer, um ponto de uma das peças, dentro dos limites de
seu curso, deve entrar em contato com todos os pontos sucessivos da superfície ativa da outra
peça.
PM 2 PM 3
ω2 = e ω3 =
O2 P O3 P
log o :
ω 3 PM 3 O2 P
= ⋅
ω 2 O3 P PM 2
PM 2 Pn
=
O 2 P O2 e
PM 3 Pn
=
O3 P O3 f
Assim,
ω3 Pn O2 e O2 e
= × =
ω 2 O3 f Pn O3 f
ω 3 O2 e O 2 K
= =
ω 2 O3 f O3 K
Assim, para um par de superfícies curvas em contato direto, as velocidades angulares são
inversamente proporcionais aos segmentos determinados na linha centros por sua interseção
com a normal comum. Conclui-se então que para uma razão de velocidades angulares
constante a normal comum deve cruzar a linha de centros em um ponto fixo.
2 CAMES
2.1 INTRODUÇÃO
A Figura 2.1 mostra uma came de disco com um seguidor radial de face plana. Quando a
came gira com velocidade angular constante na direção indicada, o seguidor se desloca para
cima de uma distância aproximadamente de 20 mm, de acordo com a escala marcada na haste,
durante meia volta da came. O movimento de retorno é o mesmo. A fim de determinar
graficamente o contorno da came, será necessário inverter o mecanismo e manter a came
estacionária enquanto o seguidor gira ao seu redor. Isto não afetará o movimento relativo
entre a came e o seguidor e o procedimento é o seguinte: (i) Girar o seguidor em torno do
centro da came no sentido oposto ao da rotação da came; (ii) Deslocar o seguidor radialmente
de acordo com o indicado na escala para cada ângulo de rotação; e (iii) Desenhar o contorno
da came tangente ao polígono formado pelas várias posições da face do seguidor.
Infelizmente, para este último passo, não há um processo gráfico para determinar o ponto
de contato entre a came e o seguidor. Este ponto deve ser determinado a olho empregando-se
a curva francesa. O comprimento da face do seguidor deve ser determinado por tentativas.
ocasionalmente pode ser escolhida uma escala de deslocamentos combinada com o raio
mínimo da came de modo a se obter um contorno com uma ponta ou aresta. Esta aresta pode
ser eliminada modificando-se a escala de deslocamento ou aumentando-se o raio mínimo da
came.
Figura 2.2 - Came de disco com seguidor Figura 2.3 - Came de disco com seguidor
radial de rolete. deslocado de rolete
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A Figura 2.2 mostra o mesmo tipo de came com um seguidor de rolete. Com este tipo de
seguidor o centro do rolete se deslocará com o movimento desejado. Os princípios de
construção são idênticos aos do seguidor de face plana com exceção de que o contorno da
came é tangente às várias posições do rolete. Na Figura 2.2 pode-se ver também, que a linha
de ação entre a came e o seguidor não pode estar ao longo do eixo do seguidor, exceto quando
este estiver em repouso (sem movimento de subida ou retorno). Isto produz uma força lateral
no seguidor e pode causar uma deflexão ou quebra de sua haste. O ângulo existente entre a
linha de ação e a linha de centros do seguidor é conhecido por ângulo de pressão e seu valor
máximo deve ser o menor possível, especialmente em mecanismos de pequeno porte.
Atualmente, esse valor máximo é de 30º. Embora seja possível medir o ângulo de pressão
máximo na construção gráfica de uma came, muitas vezes é difícil determiná-lo
analiticamente. Por esta razão será apresentado, mais adiante, um monograma para
determinação do ângulo de pressão máxima em projetos analíticos de cames. O ângulo de
pressão é constante para qualquer seguidor radial de face plana. O seguidor mostrado na
Figura 2.1 tem a face perpendicular ao eixo da haste, de modo que o ângulo de pressão é zero
e a força lateral exercida sobre o seguidor é desprezível comparada com a existente nos
seguidores com rolete. Pode-se reduzir o ângulo de pressão aumentando-se o raio mínimo da
came de modo que a trajetória do seguidor em relação à came seja para a mesma elevação.
Isto eqüivale a aumentar o comprimento de um plano inclinado para a mesma elevação, a fim
de reduzir o ângulo de inclinação do plano. Também, numa came com seguidor de rolete, o
raio de curvatura de superfície primitiva deve ser maior do que o raio do rolete senão a
superfície da came se tornará ponteaguda.
Às vezes, as hastes dos seguidores de face plana ou rolete são deslocados lateralmente ao
invés de serem radiais conforme mostrado nas Figura 2.1 e Figura 2.2 Isto é feito por razões
estruturais ou no caso do seguidor de rolete, com a finalidade de reduzir o ângulo de pressão
no curso de elevação. Pode-se notar, entretanto, que embora o ângulo de pressão seja reduzido
durante o curso de elevação, no curso de retorno ele será aumentado. A Figura 2.3 ilustra uma
came e um seguidor deslocado, com a mesma escala de deslocamento e o mesmo raio mínimo
usados na Figura 2.2. se a direção do movimento de um seguidor deslocado, de face plana for
paralela a uma linha radial de came, resultará a mesma came obtida com um seguidor radial.
Entretanto, o comprimento da face do seguidor deve ser aumentado devido ao deslocamento
haste.
Elementos de Máquinas III 16
A Figura 2.4 mostra uma came de disco com um seguidor de face plana, oscilante. Usando
o mesmo princípio de construção empregado para a came de com seguidor radial, gira-se o
seguidor em torno da came. Ao mesmo tempo o seguidor deve ser girado, em torno de seu
centro de rotação, segundo os deslocamentos angulares correspondentes à cada posição
indicada na escala. Há diversas maneiras de se girar o seguidor em torno de seu centro. O
método indicado na Figura 2.4 é usar a interseção de dois arcos de circunferência (por
exemplo, o ponto 3’) para determinar um ponto da face do seguidor em sua nova posição,
após girar em torno de seu centro e em torno da came. O primeiro desses dois arcos tem como
raio a distância do centro da came até a posição 3 da escala de deslocamento e como centro de
curvatura o centro de rotação da came. O segundo arco é traçado com o centro de curvatura
situado no centro de rotação do seguidor após ter girado até a posição 3 e usando para o raio a
distância do centro do seguidor até a escala de deslocamento. A interseção desses dois arcos
será o ponto 3’. Devido ao úmero infinito de retas que podem passar pelo ponto 3’, é
necessário ter-se uma informação adicional para determinar a posição correta da face do
seguidor correspondente ao ponto 3’. Conforme mostrado na figura , isto foi conseguido por
uma circunferência tangente ao prolongamento da face do seguidor na posição zero. Na
figura, houve coincidência dessa circunferência com o diâmetro externo do cubo do seguidor.
essa circunferência é, então, traçada em cada posição do centro do seguidor. Para se
determinar a posição 3 da face do seguidor traça-se uma reta que passa pelo ponto 3’ e é
tangente à circunferência do cubo do seguidor em sua posição 3. Repetindo-se este processo,
obtém-se um polígono formado por diversas posições da face do seguidor. A partir deste
polígono desenha-se o contorno da came.
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Este tipo de came pode também ser projetado empregando dois seguidores de rolete no
lugar dos seguidores de face plana. Se for necessário ter-se um movimento de retorno
independente do movimento de elevação, devem-se usar dois discos, um para a elevação e
outro para o retorno. Estas cames duplas podem ser usadas com seguidores de rolete ou de
face plana.
pescar. A Figura 2.7 mostra um desenho onde o cilindro gira em torno de seu eixo e aciona
um seguidor que é guiado por uma ranhura existente na superfície do cilindro.
movimento pode ser qualquer um dos movimentos comuns, por exemplo, parabólico
(aceleração e desaceleração constantes), parabólico com velocidade constante, harmônico
simples ou cicloidal.
O movimento parabólico possui a mais baixa aceleração teórica para valores determinados
de elevação do seguidor e rotação da came, dentre os movimentos citados e por esta razão tem
sido empregado em muitos contornos de cames. Entretanto, em trabalhos a baixas velocidades
isto tem pouco significado. O movimento parabólico pode ou não ter intervalos iguais de
aceleração e desaceleração, dependendo das exigências do problema. O movimento
parabólico também pode ser modificado para incluir um intervalo de velocidade constante
entre a aceleração e a desaceleração; este movimento é muitas vezes denominado de
velocidade constante modificada.
cada tipo de movimento. A Figura 2.9 indica uma construção gráfica para determinar os
pontos de inflexão A e B quando são dados os intervalos de tempo. A Figura 2.10 mostra a
1 2
construção para intervalos de deslocamento. Das relações S = At , V=At e S=Vt, é possível
2
provar a validade da construção mostrada na Figura 2.9 e Figura 2.10.
wr 180º
=
w ângulo derotação da came para elevação L do seguidor
Para cames de alta velocidade a seleção do movimento do seguidor deve ser baseada não
só nos deslocamentos mas também nas forças que atuam sobre o sistema como resultado do
movimento selecionado. Por muitos anos o projeto de cames dizias respeito somente ao
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Como um modo de evitar o “jerk” infinito e seu efeito prejudicial em cames, um sistema
de projeto de cames foi desenvolvido por Kloomok e Muffley que utiliza três funções
analíticas: (a) ciclóide (e meio ciclóide), (b) harmônico (e meio harmônico) e (c) polinômio
de oitavo grau. Os diagramas de deslocamento, velocidade e aceleração dessas funções estão
representados nas Figura 2.14, Figura 2.15 e Figura 2.16. As curvas têm derivadas contínuas
em todos os pontos intermediários. Portanto, a aceleração varia gradualmente e a segunda
aceleração é finita. Evita-se o “jerk” infinito nos extremos igualando-se as acelerações. Deve-
se notar que as velocidades são concordantes porque não podem aparecer descontinuidades na
Elementos de Máquinas III 24
curva de deslocamento em função do tempo. Como exemplo, quando após um repouso seguir
uma elevação, a aceleração nula no final do repouso é igualada selecionando-se uma curva
que tenha aceleração nula no início da elevação. A aceleração exigida no final da elevação é
determinada pela condição subsequente. Se imediatamente se segue um retorno, a aceleração
pode terminar com um valor moderadamente alto de desaceleração porque este valor pode ser
igualado exatamente por uma curva que tenha a mesma desaceleração no início do retorno.
1. A ciclóide proporciona aceleração nula nos extremos dos trechos da curva. Portanto,
pode ser combinada com dois repousos em cada extremidade. Como a ângulo de pressão é
relativamente grande e sua aceleração retorna a zero desnecessariamente nos extremos, duas
ciclóides não devem ser usadas em seqüência;
CD: Use o meio harmônio H-2 que se ligará em C ao trecho de velocidade constante, com
aceleração nula e proporcionará um ângulo de pressão mínimo durante o resto da curva.
Nas discussões precedentes, imaginou-se que a came que estava sendo gerada seria usada
na aplicação final. Na produção de várias máquinas do mesmo modelo em que são necessárias
muitas cames iguais, em geral é mais prático fabricar o que se chama de came mestra e usá-la
em uma máquina copiadora. A came mestra é quase sempre, quanto às dimensões, uma
ampliação da came real.
Destas características, a primeira tem pouca aplicação prática, mas as outras duas dão
informações que possibilitam a produção da came. O desenvolvimento dessas características é
apresentado a seguir.
A Figura 2.18 mostra uma came com seguidor radial de face plana. A came gira com
velocidade angular constante. O ponto de contato entre a came e o seguidor tem coordenadas
x e y e esta a uma distância l da linha de centro do seguidor. O deslocamento do seguidor em
relação à origem é dado pela seguinte equação:
Equação 2.1 R = C + f (θ )
onde o raio mínimo da came é representado por C e f (θ ) representa o movimento
desejado para o seguidor como uma função do deslocamento angular da came.
l=
dR
=
d
[C + f (θ )]
dθ dθ
x = R cos θ − lsenθ
y = Rsenθ + l cos θ
Elementos de Máquinas III 32
Diferenciando as equações 5 e 6,
C + f (θ ) + f ′′(θ ) = 0
necessário desenhar o perfil da came em escala. Depois que o raio mínimo C tenha sido
determinado e os deslocamentos R tenham sido calculados, a came pode se confeccionada.
Para tal, o comprimento da fresa deve ser maior do que o dobro do valor máximo de l.
Durante a usinagem, o eixo da fresa deve estar paralelo ao plano da came.
⎡θ 1 2πθ ⎤
S = L⎢ −
β ⎥⎦
sen
⎣ β 2π
Deve-se mencionar, ao se escrever a relação S=f(θ), que valor S sempre deve ser medido a
partir do eixo das abscissas e o valor de θ a partir do eixo das ordenadas. Na equação
precedente, entretanto, θ é medido do ponto A e não do ponto 0. Portanto, reescrevendo a
equação usando θ‘ conforme mostrado na Figura 2.20,
⎡θ ′ 1 2πθ ′ ⎤
S AB = L ⎢ −
β ⎥⎦
sen
⎣ β 2π
π
θ′ =θ −
2
Portanto,
⎡⎛ π⎞ ⎛ π ⎞⎤
⎢ ⎜⎝θ − 2 ⎟⎠ 1 2π ⎜θ − ⎟ ⎥
⎝ 2⎠
S AB = L⎢ − sen ⎥
⎢ β 2π β ⎥
⎣ ⎦
75 ⎛ π ⎞ 75
S AB = ⎜θ − ⎟ − sen( 4θ − 2π )
π ⎝ 2 ⎠ 4π
⎡ θ ′′ 1 θ ′′ ⎤
SCD = L⎢1 − + sen 2π
⎣ β 2π β ⎥⎦
onde
3π π
θ ′′ = θ − L = 37,5 β=
2 2
Portanto,
75θ 75
SCD = 150 − + sen( 4θ − 6π )
π 4π
S = r ( 1 − cosθ r )
onde r é o raio girante e θr o ângulo girado pelo raio girante para obtenção do movimento
harmônico(ver Figura 2.12). Para os dados representados,
r = 25 mm θr = 2θ
Portanto,
Para se determinar o raio mínimo, a soma C + f (θ ) + f ′′(θ ) deve ser maior do que zero.
Substituindo-se os valores de f (θ ) e f ′′(θ ) e simplificado,
C + 25 + 75 cos 2θ > 0
π
A soma 25 + 75cos2θ será um mínimo para θ = ; logo
2
C + 25 − 75 > 0
ou
C > 50 mm
l = f ′( θ ) = 50 sen 2θ
l máx = 50mm
Equação 2.10 R = R0 + f (θ )
onde R0 é o raio mínimo da superfície primitiva da came f(θ) é o movimento radial do
seguidor em função do ângulo de rotação da came. Uma vez que se conhece o valor de R0 é
fácil determinar as coordenadas do centro do rolete a partir das quais a came pode ser
delineada.
Figura 2.21 - Came de disco com seguidor radial de rolete: posição do centro do rolete em
relação ao centro da came
Figura 2.22 - Came de disco com seguidor radial de rolete: raio de curvatura ρ da superfície
primitiva e o raio do rolete
Kloomok e Muffley desenvolveram um método para verificar a existência de pontas em
cames deste tipo, considerando o raio de curvatura ρ da superfície primitiva e o raio do rolete
Rr. Estes valores são mostrados na Figura 2.22 junto com o raio de curvatura ρc da superfície
da came. Se na Figura 2.22 ρ for mantido constante e for aumentado Rr, ρc irá decrescer.
Continuando-se a aumentar Rr até atingir o valor ρ, o raio de curvatura da superfície da came,
ρc, se reduzirá a um ponto e a came ficará ponteaguda, conforme indica a Erro! Fonte de
referência não encontrada.a. Aumentando-se ainda o raio Rr a superfície da came fica
rebaixada e o movimento realizado pelo seguidor será o desejado, conforme mostrado na
Figura 2.22b. Portanto, a fim de evitar o aparecimento de uma ponta ou um rebaixo no perfil
da came, o raio do rolete, Rr, deve ser menor do que ρmin, onde ρmin é o valor mínimo do raio
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3
⎡ 2 ⎛ dR ⎞ 2 ⎤ 2
⎢ R + ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥
⎣⎢ ⎝ dφ ⎠ ⎦⎥
ρ= 2
⎛ dR ⎞ ⎛ d 2R ⎞
R + 2⎜⎜
2
⎟⎟ − R⎜⎜ 2 ⎟⎟
⎝ dφ ⎠ ⎝ dφ ⎠
onde R = f (φ ) e as duas primeiras derivadas são contínuas. Pode-se usar esta equação
para determinar o raio de curvatura da superfície primitiva da came. Para este caso,
f (θ ) = f (φ ) . Da equação 10
d 2R
R = R0 + f (θ ) = f ′(θ ) = f ′′(θ )
dR
dθ dθ 2
Portanto,
{R }
3
+ [ f ′(θ )]
2 2 2
Equação 2.11 ρ=
R + 2[ f ′(θ )] − R[ f ′′(θ )]
2 2
A equação 11 pode ser calculada para determinar a expressão de ρ para um tipo particular
de movimento. Entretanto, a fim de evitar pontas e rebaixos no perfil da came, deve-se
determinar ρmin. Para se obter este valor mínimo, deve-se derivar a equação 11 com várias
Elementos de Máquinas III 38
funções, o que irá conduzir a equações transcedentais muito complexas. Por esta razão, são
apresentados três conjuntos de curvas que mostram os valores de ρmin/R0 em função de β para
as diversas relações de L/R0.
L 15
= = 0,40
R0 37,5
Será examinada apenas a elevação, devido ao seu ângulo β menor. Portanto, da figura 23,
L
para = 0,40 e β = 30º,
R0
ρ min
= 0,22 e ρ min = 0,22 × 37,5 = 8,25mm
R0
Para a came de disco e o seguidor radial de rolete mostrados na Figura 2.27, o ângulo de
pressão OCA é denominado α e o centro da came, O. Supõe-se que a came está preparada e o
seguidor gira no sentido horário da posição C até C ′ segundo um pequeno ângulo ∆θ. Da
figura abaixo tem-se:
C ′E
α ′ = tg −1
CE
⎛ 1 dR ⎞
lim α ′ = tg −1 ⎜ ⎟
∆θ → 0
⎝ R dθ ⎠
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⎛ 1 dR ⎞
Equação 2.12 α = tg −1 ⎜ ⎟
⎝ R dθ ⎠
Pode-se determinar uma expressão para α, em qualquer tipo de movimento, partindo-se da
equação 12. Entretanto, a determinação do ângulo de pressão máximo é quase sempre muito
difícil, porque leva a equações transcedentais complexas. Por isso, Kloomok e Muffley
empregam um nomograma desenvolvido por E. C. Varnun, apresentado na Figura 2.28; β e
L/R0 são parâmetros já definidos anteriormente. Determina-se, usando-se o monograma, o
valor máximo do ângulo de pressão para três tipos de movimento.
L
= 0,26 (da Figura 2.28)
R0
Portanto,
18,75
R0 = = 72mm
0,26
Se o espaço não permite tal valor de R0, β pode ser aumentado e a came deve girar mais
rápido para conservar o mesmo tempo de elevação.
Na Figura 2.29 vê-se o início do traçado de uma came de disco com seguidor oscilante de
rolete. O ângulo de elevação ψ é função do ângulo de rotação da came θ. Embora a came gire
de θ para o ângulo de elevação ψ, o raio R gira segundo o ângulo φ. Especificando-se valores
de R e φ, é possível obter-se o contorno da came.
S 2 + R02 − l 2
Equação 2.15 cos β =
2SR0
onde S, R0 e l têm dimensões fixas.
O ângulo Γ é função de R; sua equação pode ser obtida do triângulo OBO ′ como
S 2 + R2 − l 2
Equação 2.16 cos Γ =
2SR
Também pode-se escrever uma equação para R, a partir do triângulo OBO ′
l 2 + S 2 − R02
Equação 2.18 cos Σ =
2lS
e o ângulo ψ é o ângulo de elevação para um determinado ângulo de rotação da came θ.
Portanto, das equações precedentes, os valores de R e φ podem ser calculados a partir de
valores de θ e dos correspondentes ângulos de elevação ψ.
Equação 2.19 σ = σ 0 + f (θ )
onde f(θ) é a elevação angular desejada para o seguidor, a partir de um ângulo de
referência σ0 (não mostrado na figura). Da Figura 2.30, o ângulo de pressão α é dado por
π
α =σ − −γ
2
π
Equação 2.20 α = [σ 0 + f (θ )] − −γ
2
Elementos de Máquinas III 46
R = re′δ + ρe′γ
R = a + bi + le iσ
dδ dγ dσ
− rsenδ − ρsenγ = −lsenσ
dθ dθ dθ
dδ dγ dσ
r cos δ + ρ cos γ = l cos σ
dθ dθ dθ
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Para uma rotação infinitesimal da came, ρ pode ser considerado como constante. Assim, o
ponto D, o centro de curvatura da came no ponto de contato e r podem ser considerados como
fixos à came para um acréscimo de rotação dθ. Portanto, o valor de dδ é igual a dθ e como δ
diminui quando θ cresce, segue-se que dδ/dθ = -1. Também, dσ/dθ = f’(θ). Portanto,
dγ
Equação 2.25 rsenδ − ρsenγ = −lf ′(θ )senσ
dθ
dγ
Equação 2.26 − r cos δ + ρ cos γ = lf ′(θ ) cos σ
dθ
Eliminando-se dγ/dθ nas equações 25 e 26,
Os termos r cosδ e r senδ podem ser calculados das equações 23 e 24, dando
b + lsenσ [1 + f ′(θ )]
Equação 2.27 tgγ =
a + l cos σ [1 + f ′(θ )]
que, quando substituída na equação 20, dará i ângulo de pressão α. Para se determinar
αmax, será necessário o emprego de gráficos semelhantes aos dados por Kloomok e Muffley.
[C ]
3
+ D2 2 2
ρ= 2
Equação 2.28
( )
C + D 2 [1 + f ′(θ )] − (aC + bC ) f ′(θ ) + (asenσ − b cos σ )lf ′′(θ )
onde
C = a + l cos σ [1 + f ′(θ )]
D = b + lsenσ [1 + f ′(θ )]
Para evitar o rebaixo, ρ deve ser maior do que o raio do rolete. Portanto, é possível
determinar-se ρmin para cada posição do perfil da came. Para isso, é necessário o emprego de
gráficos semelhantes aos dados por Kloomok e Muffley.
Elementos de Máquinas III 48
2.6 EXERCÍCIOS
π
1 - Um seguidor se desloca com movimento harmônico H-1, elevando-se 25 mm em rad
4
de rotação da came. O seguidor então se eleva de mais 25 mm com movimento cicloidal C-
2, para completar o curso de elevação. O seguidor repousa e retorna 25 cm com movimento
π
cicloidal C-3 e os 25mm restantes com movimento harmônico H-4 em rad.
4
(b) Determine o comprimento máximo teórico da face do seguidor necessário para os dois
movimentos.
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3 ENGRENAGENS
3.1 INTRODUÇÃO
A norma NBR 6174 define engrenagem como todo elemento mecânico denteado de forma
constante, destinado a transmitir, movimento e/ou receber movimento de um outro elemento
mecânico denteado também de forma constante, pela ação dos dentes em contato sucessivos.
As engrenagens são usadas para transmitir torque e velocidade angular em uma grande
variedade de aplicações mecânicas. Permitem a redução ou o aumento do torque com perdas
muito pequenas de energia, e aumento ou redução de velocidades angulares sem nenhuma
perda.
este inconveniente usa-se as rodas helicoidais duplas (Figura 3.1-e) ou espinha de peixe
(Figura 3.1-f).
transmitem esforços axiais aos eixos. Podem ser de dentes retos(Figura 3.2-a), dentes
helicoidais(Figura 3.2-b) ou dentes curvos(Figura 3.2-c) Para elevadas velocidade é
necessário o uso de dentes curvos. A Zerol é uma cônica de dentes curvos fabricada pela
Gleason. Rendimento de 98%. Segundo Niemann (1971), as engrenagens cônicas são
empregadas para relações de transmissão (multiplicação) até 6 e para relações de
multiplicação acima de 1,2, são em geral mais caras que as engrenagens cilíndricas.
As engrenagens cilíndricas com dentes helicoidais cruzados (Figura 3.3-a), são utilizadas
para eixos reversos para uma pequena distância entre eixos, para cargas pequenas e relações
de transmissão de 1 a 5 aproximadamente (NIEMANN, 1971).
Apesar destas vantagens, há uma série de desvantagens que fazem com que não sejam
mais utilizados.
A ciclóide é uma curva descrita pelo ponto de uma circunferência que rola sem
deslizamentos sobre uma reta. Seja a circunferência de centro em “O” e de raio “R” que rola
sem deslizamento sobre a reta “AB”, conforme Figura 3.5.
O1
P1 R1
S2 C1
I
S1 C2
P2
R2
O2
Nas engrenagens epicicloidais, a linha de ação (onde a força é transmitida) esta sobre os
arcos pertencentes aos círculos R1 e R2 e como apresenta uma forma curva e, uma vez que as
normais aos perfis devem passar por I, chegamos a conclusão que a orientação será variável.
Desta maneira, a força transmitida varia em direção e intensidade, resultando um
engrenamento com movimentos bruscos e sujeito a vibração.
Uma outra desvantagens dos dentes epicicloidais esta associado ao fato de que os perfis P1
e P2 são determinados com os dois círculos primitivos C1 e C2 bem definidos. A distância
entre centros deve ser rigorosamente igual à soma dos raios destes dois círculos, do contrário,
o engrenamento é defeituoso.
Elementos de Máquinas III 56
A grande maioria das engrenagens, salvo casos muito particulares, é confeccionada com
perfil evolvental. Comparando ao perfil cicloidal, essa curva apresenta as seguintes vantagens:
(i) Usinagem com ferramentas mais simples; (ii) A relação de velocidades angulares entre
duas rodas não varia com uma variação da distância entre centros; (iii) Facilidade da obtenção
de rodas corrigidas; (iv) A direção da força entre os dentes permanece invariável;
A evolvente é a curva gerada por um ponto de uma corda que se desenrola de um círculo.
O termo exato seria evolvente de círculo, conforme a Figura 3.9.
O1
B1
Ev2
P
Ev1
B2
O2
a) Circunferência de Base - É aquela circunferência sobre a qual rola a reta que contém o
ponto, geratriz da evolvente.
c) Reta Geratriz - É a reta que rola, sem deslizamento, sobre a circunferência de base e
contém o ponto P, gerador da evolvente.
e) Ângulo de Incidência, αp - É o ângulo formado pelo raio vetor e o raio que passa pelo
ponto de tangência da reta geratriz com a circunferência de base.
Elementos de Máquinas III 58
y
C
rb ρp
αp P
B
βp
O A x
A função evolvente pode ser deduzida a partir da Figura 3.11 onde pode-se escrever:
rb = rp ⋅ cos α p
∩ ∩ ∩
AB + BC = AC
∩ ∩ ∩
Pela propriedade (d), da evolvente: AC = CP o que resulta então: AB + BC = CP
∩ ∩
AB BC CP
Dividindo a última expressão acima por rb tem-se + = que resulta em:
rb rb rb
β p + α/ p = tan α p
β p = tan α p − α p = Evα p
Tem-se, então, βp como função de αp, e chamamos esta função de função evolvente, e ela
apresenta grande importância no estudo de engrenagens. Seu valor se acha tabelado em
grande parte dos livros que abordam engrenagens.
⎛π ⎛π
x = rb ⋅ cos(β p + α p ) + ρ p cos⎜ − α p − β p ⎟ e y = rb ⋅ sen(β p + α p ) + ρ p sen⎜ − α p − β p ⎟
⎞ ⎞
⎝2 ⎠ ⎝2 ⎠
A Figura 3.12 ilustra uma posição instantânea de um engrenamento. As peças giram nos
centros O1 e O2. Seja, ainda P, o ponto de contato dos dois perfis. A reta n corresponde a
normal comum as duas superfícies (reta de ação) Sabemos baseados no estudo das
ω1
velocidades angulares, que a relação de velocidades angulares depende da posição do
ω2
ponto K que é definido pelo encontro da reta normal comum NN´ com a linha de centros das
duas peças (Dúvidas consultar o anexo 1).
O1
T
r1
N
P
K
T´
r2 N´
O2
ω1 O2 K
=
ω 2 O1 K
onde O2K representa o raio primitivo r2 e O1K representa o raio primitivo r1 ou seja o raio
das circunferências que passam em K.
ω1
a) Existe uma relação de velocidade , inversamente proporcional aos segmentos que o
ω2
ponto K determina no segmento O1 e O2.
ω1 O2 K r2
= =
ω 2 O1 K r1
Consideremos os corpos da figura 26 , que engrenam com seus perfis evolvente e dispõem
de movimentos de rotação em torno de O1 e O2. Os círculos de base para as evolventes 1 e 2
são também centros em O1 e O2. Seja P o ponto de contato das duas evolventes. A normal
comum aos perfis de evolventes deve cortar a linha entre centros em um ponto fixo K.
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N
w2
w1
r2
rb2 T´ r1
α
O1
O2 K α
T rb1
N´
Logo é uma reta fixa e, é chamada “Reta de ação”. A reta de ação é o lugar geométrico
dos pontos de contato das duas superfícies.
V = ω1 ⋅ r1 = ω 2 ⋅ r2
Portanto, a força tem direção da reta de ação. Ao ângulo formado entre a normal ao
segmento que une os centros e a reta de ação, denomina-se “ângulo de pressão”.
V = ω1 ⋅ r1 = ω 2 ⋅ r2
Elementos de Máquinas III 62
w1 r2 rb 2 w
Assim, podemos também escrever que = = ou seja, a relação 1 depende dos
w2 r1 rb1 w2
raios de base, portanto, não se altera.
Para uma nova distância entre centros O1 O2, conforme Figura 3.14, tem-se um novo
ponto primitivo K’ e novos raios r1′ e r2′ , tais que:
rb1 rb1
O1 O1
r1 α r1w
a αw
r2 aw
r2w
rb2
O2
rb2
O2 rb2
aw > a
α > αw
Como:
(r1 + r2 ) = a e (r1w + r2 w ) = a w
Tem-se:
a
a cos α = a w cos α w e cos α w = cos α
aw
ou ainda igualando por meio de raios de base rb1 e rb2 pode-se escrever:
r1
cos α w = cos α
r1w
Conclui-se, assim que o ângulo de pressão e os raios primitivos não são constantes de um
engrenamento, uma vez que depende dos dois corpos em contato e da distância entre centros
de funcionamento.
C2
O2 w2 T
C1
α
rp2
rb2 r2 Reta de
ρ2 vn P ρ1 B1 ação
B2 C v1
vt1
rp1 rb1
v2 r1
αp1
vt2 α
w1 O1
e
T´
B1
B2 vt2
vt1
rb1
v n = v 1 ⋅ cos α v1 = ω1 ⋅ rp1 rp1 =
p1
cos α p1
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obtendo-se então:
v n = ω1 ⋅ rb1
Da mesma forma, obtem-se:
v n = ω 2 ⋅ rb 2
Para as velocidades tangenciais, podemos escrever, por semelhança de triângulos:
vt1 PB1
=
vn rb1
Analogamente: vt 2 = ω 2 ρ 2
Os valores de vt1 e vt2 estão representados na Figura 3.15 sendo valores lineares.
Para vt temos: vt = vt1 − vt 2 uma vez que é adotada a convenção de ser vt negativo,
enquanto se desloca de B1 até C.
Se orientarmos um segmento “e” que une o ponto C ao ponto P tal que sua orientação seja
oposta ao caminhamento do contato (B1 para B2) tem-se que CP = e
Ainda deve-se ter o cuidado de evitar que duas evolventes se toquem em regiões onde o
raio de curvatura é pequeno, em virtude da área de contato ser pequena e provocar assim
elevadas tensões, o que acarreta a fadiga do material na superfície. Assim deve-se manter a
vt
relação pequena.
ρ
vt
Da mesma maneira, pode-se também minimizar a relação δ p = sendo esta,
ρ ⋅ω
praticamente equivalente.
vt
Na relação δ p = temos que vt = e ⋅ (ω1 + ω 2 ) e ρ.ω será decomposto em duas
ρ ⋅ω
situações: ω1 ⋅ ρ1 e ω2 ⋅ ρ 2
Para ρ podemos escrever: ρ = rb ⋅ tan α p e, geralmente: ρ1 = rb1 ⋅ tan α p1 e
ρ 2 = rb 2 ⋅ tan α p 2
e ⋅ (ω1 + ω 2 ) e ⋅ (ω1 + ω 2 )
δ1p = e δ2p =
rb1 ⋅ ω1 ⋅ tan α p1 rb 2 ⋅ ω 2 ⋅ tan α p 2
A partir das deduções acima determinou-se os valores do deslizamento específico em três
pontos:
CB1 ⋅ (ω1 + ω 2 )
Ponto B1 δ 1 =∝ δ2 =
B1 B2 ⋅ ω 2
Ponto C: δ1 = 0 δ2 = 0
CB2 ⋅ (ω1 + ω 2 )
Ponto B2: δ1 = δ 2 =∝
B1 B2 ⋅ ω1
Problema sobre deslizamento específico
1) Um conjunto de engrenagem cilíndrica de dentes retos apresenta módulo m = 2,5 mm.
A engrenagem menor (pinhão) possui z1 = 20 dentes e a engrenagem maior apresenta z2 = 60
dentes. O ângulo de pressão α = 20o. A velocidade angular da roda 1 é w1 = 1500 rpm.
Determinar o deslizamento específico.
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O primeiro problema que surge ao projetar uma engrenagem é o de encontrar um par que
seja capaz de transmitir potência requerida. As engrenagens devem ser: grandes o suficiente,
resistentes e muito precisas para realizar o trabalho a que se destinam.
4.1 INTRODUÇÃO
evolvente 2 pela circunferência que passa em B1 e tem centro em O2. Por razões práticas
limita-se o engrenamento a um ponto anterior a B1, como veremos adiante.
Analogamente, a peça 1 pode ser limitado pela circunferência que passa em B2 ou outra
menor.
O1
Círculo de w1 rb1
base 1
B1
B2
rb2
w2
Círculo de
base 2
O2
Figura 4.1 - Engrenamento de duas evolventes
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 69
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O1
Círculo de w1 rb1
base 1
B1
F G
A1
A2
D
B2 E
rb2
w2 Círculo de
base 2
O2
Figura 4.2 - Engrenamento de duas evolventes
Durante um engrenamento, conforme a Figura 4.2, o perfil da evolvente da peça 2 inicia o
contato quando sua origem esta em “D”, indo se colocar em “E” no fim de engrenamento.
Neste mesmo tempo a evolvente 1 passou de “F” para “G”.
DE FG
⋅ z2 = ⋅ z1 = 2 ⋅ π
rb 2 rb1
donde:
rb 2 ω1 z 2
= =
rb1 ω 2 z1
Portanto, o número de evolventes (número de dentes) é inversamente proporcional às
respectivas velocidade angulares.
A fim de que as peças representados na Figura 4.2 possam transmitir movimentos também
em sentido contrário, devemos prever uma nova família de evolvente, usando-se todas as
considerações feita. Desta maneira chega-se à forma da Figura 4.3.
Elementos de Máquinas III 70
Largura do dente
Flanco
Flanco do pé
do dente
Cilindro de cabeça
Cilindro primitivo ha h
Cilindro de base Perfil
hf Flanco de
df cabeça
Cilindro de pé
d
da
Com base no que já foi estudado no capítulo anterior pode-se escrever que a distância
entre centros de referência corresponde a soma dos raios de referência da engrenagem maior e
menor, ou seja:
a = r1 + r2
rb 2 ω1 n1 z 2 d 2 r2
i= = = = = =
rb1 ω 2 n 2 z1 d1 r1
a
Substituindo-se r2 = i ⋅ r1 na expressão a = r1 + r2 teremos que r1 = ou
1+ i
2⋅a 2⋅a ⋅i
d1 = . Da mesma forma encontra-se d 2 = .
1+ i 1+ i
p
π ⋅ d = 2 ⋅π ⋅ r = p ⋅ z e d= ⋅z
π
p d
A relação = define-se ser igual a m (módulo). É usado nos paises que utilizam o
π z
sistema métrico sendo seu valor medido em milímetros:
p d
m= =
π z
Para países cuja unidade é a polegada, usam-se em lugar do módulo, o “passo diametral”
- DP do inglês Diametral pitch. O passo diametral ou Diametral pitch corresponde ao número
de dentes dividido pelo diâmetro de referência (primitivo) medido em polegadas:
z
DP =
d ′′
O passo diametral pode ser relacionado com o módulo pela seguinte expressão:
m ⋅ DP = 25,4
A fim de mostrar ao estudante de engenharia o tamanho dos módulos, a Figura 4.4 ilustra
os dentes em tamanho aproximado ao natural para módulo entre 1 a 12.
Elementos de Máquinas III 72
Tabela 4.4 – Símbolos básicos adotados em engrenagens cilíndricas de dentes retos e relação
geométrica
Fonte principal: SB-21
Símbolo Nomenclatura Relação geométrica
Rw Grau de recobrimento para uma distância ra21 − rb21 + ra22 − rb22 − aw ⋅ senα w
Rw =
entre centros imposta p ⋅ cos α
⎛ S ⎞
S M = 2 ⋅ rM ⋅ ⎜ + Evα − Evα M ⎟
⎝ 2⋅r ⎠
rM ⋅ cos α M = r ⋅ cos α = rb
Elementos de Máquinas III 76
Sa
Sm
S
Sb
rm
ra
rp
r
rb
Ev αM - Ev α
Por outro lado, se não houver folga a perigo de engripamento dos dentes com desgastes
acentuados e aquecimento dos mesmos.
A folga é necessária para compensar erros de fabricação, folgas nos mancais, efeitos de
temperaturas e deformações elásticas.
Reta de
ação
O2 t2
t 2´
∆a
Reta de ação α
Ev1
Esta é a circunferência de
referência (primitiva). Como
ela esta ampliada parece uma c
reta K ∆J1
d
J1
∆J2 J2
M e C
α
Ev2
b
O1
Chama-se de Folga normal J1 a distância entre duas evolventes medida sobre a reta de
ação e seu valor é obtido por meio de lâminas calibradoras.
J 2 = e 2 − S1
J 1 = KC e J 2 = MC
∆a
∆J1 c
α
∆J 2 e
c d e
= =
∆a ∆J 1 ∆J 2
∆J 1 = ∆a ⋅ senα ∆J 2 = ∆a ⋅ tan α
As folgas reais são diferentes das de projeto devido a erros de fabricação, montagem,
dilatação, etc.
1) Determinar a distância entre centros de funcionamento para uma folga circular ∆J2 =
0,14 mm dados: m = 5; z1 = 17 dentes; i ≅ 2,7; α = 20o; dente normal.
Elementos de Máquinas III 80
As evolventes das engrenagens são limitadas por uma circunferência de cabeça. Na Figura
4.9, representa-se duas engrenagens em uma situação de engrenamento.
O2
α rb2
Reta de ação
ra2 rA2
C. base 2 r2
C. referência 2 B2
C. cabeça 2 A2
A1 K
C. cabeça 1
B1
r1 C. referência 1
C. base 1
rA1 ra1
rb1
α
O1
Como:
(r ) (r ) − (r )
2
2 ⎛ 2 2 ⎞
Tem-se que: rA1 = b1 + ⎜ a ⋅ senα − a2 b2 ⎟
⎝ ⎠
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(r ) (r ) − (r )
2
2 ⎛ 2 2 ⎞
Analogamente: rA 2 = b2 + ⎜ a ⋅ senα − a1 b1 ⎟
⎝ ⎠
Devido seu pequeno raio o arco KI da evolvente não é utilizado, e por esta razão
abandona-se o perfil do dente segundo a curva “1” a fim de melhorar a resistência do dente.
Pode-se também, adotar a curva “2”, produzindo um adelgaçamento no pé do dente
melhorando desta forma suas características para interferência, podendo-se então ter
engrenagnes com menor número de dentes.
Para casos de altas cargas e velocidades, freqüentemente, adota-se o perfil conforme curva
“3”. A variação do perfil é muito pequena e o valor de TT´ é da ordem da deformação elástica
do dente. O segmento TT´´ é da ordem de 0,4m, onde “m” é o módulo da engrenagem.
máx 0,02
0,4.m T
3 T´ C. C1
T´´
C. referência 1
K
1
I 2 C. C2
C. fundo
4.6 CREMALHEIRA
Na Figura 4.11 tem-se um pinhão e cremalheiras. Baseados no fato de que a reta de ação é
mantida tangente ao círculo de base e perpendicular ao perfil da cremalheira.
r=∞ Cremalheira
O I Y
α
Reta de ação
Engrenagem r1 = finito
O ângulo de pressão da cremalheira, para ser perpendicular ao perfil deve ser também α.
Podemos escrever: p = S + e = S m + em = 2 ⋅ em = 2 ⋅ S m
S x = S m + 2 ⋅ l ⋅ tan α
ha Sx
l h p
Sm em
hf
α
A fim de conseguir curvas “1”, “2”, “3” referidas na figura 9, usa-se perfis adequados da
cremalheira ferramenta.
p = 3,1416m
20o
Cremalheira ferramenta
1m
2,25m
Linha de referência
1,25m
0,4m 1m
e = 1,5708m S = 1,5708m
Cremalheira ferramenta
4.7 INTERFERÊNCIA
A reta rolando sobre ambos os círculos de base representados durante o engrenamento vai
gerar a evolvente 1, a contra-evolvente 1 no pinhão 1 e a evolvente 2 na roda 2. Sejam B1 e B2
respectivamente os pontos de tangência da reta de ação. desta maneira o ponto P gerou as
evolventes e contra-evolventes fora do segmento B1 B2 .
O flanco do dente que corresponde ao perfil da evolvente 2 deve engrenar com o flanco da
evolvente 1.
Ev2
O2 A
P
B2
CEv2
C
Ev1
B1
Ev1
O1
C Cabeça 2
B1 C base 2
rb1 α ra2
π
α r1 2 r2
O1 C O2
α
ra1
rb2
C base 1 B2
⎝2 ⎠
sendo: ra 2 = r2 + ha 2 ≤ B1O2
então:
ou
Assim, para cada z1 obteremos um valor z2 para que não haja interferência. Substituindo
os valores em função de z2.
z12 ⋅ sen 2α − 4
z2 ≤
4 − 2 ⋅ z1 ⋅ sen 2α
Elementos de Máquinas III 86
z1
Na Tabela 4.5 apresenta-se a relação limite para α = 15 e 20o.
z2
Pode-se usinar uma engrenagem com o emprego de uma ferramenta dentada como por
exemplo com uma cremalheira, provida de gumes de corte e dotadas de movimentos
z12 ⋅ sen 2α − 4
especiais. Para a cremalheira o valor r2 da z 2 ≤ é infinito, ou seja:
4 − 2 ⋅ z1 ⋅ sen 2α
ha 2
r2 = ∞ então 2 ⋅ ha 2 − 2 ⋅ r1 ⋅ sen 2α = 0 ou r1 =
sen 2α
1+1=2
v n = ω1 ⋅ rb1 = ω 2 ⋅ rb 2 = ω1 ⋅ r1 ⋅ cos α
A1 A2
t1 =
vn
Elementos de Máquinas III 88
O tempo entre dois inícios de engrenamentos sucessivos pode ser determinado pela
seguinte expressão:
p
t2 =
vt
Escreve-se:
A1 A2
v A1 A2 ⋅ r1 A1 A2
R= n = →R=
p ω1 ⋅ r1 ⋅ cos α ⋅ p p ⋅ cos α
vt
O2
B2 α
A2
P1 C
P2
A1
B1
ra1
α
O1
Figura 4.17 – Engrenamento de duas engrenagens com elementos para determinar o grau de
recobrimento
A partir da Figura 4.17, pode-se escrever:
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 89
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A1 A2 = B1 A2 + B2 A1 − B1 B2
Tem-se assim
Logo, o grau de recobrimento para funcionamento em uma distância entre centros “a” é
determinado pela seguinte expressão:
p ⋅ cos α = p w ⋅ cos α w
2 ⋅ aw
mw =
( z1 + z 2 )
O grau de recobrimento não pode ser menor que 1 afim de garantir a continuidade do
movimento. A medida que o grau de recobrimento existe e aumenta, há maior suavidade de
movimento, com menos vibrações e ruídos. Na prática, usa-se 1,2 ≤ R ≤ 1,4 .
1 - Uma engrenagem cilíndrica de dentes retos normal deve engrenar com um pinhão de 20
dentes, módulo de 4 mm e ângulo de pressão 20o. A relação de transmissão deve ser igual a
2. Determinar a distância entre centros e o grau de recobrimento.
2 - Para o problema anterior determinar o máxima distância entre centros de funcionamento
(aw) possível de ser utilizada.
A correção de engrenagens pode ser aplicada para: (i) Para Compatibilizar distâncias entre
centros de funcionamento e projeto; (ii) Evitar a interferência de fabricação; e (iii) Otimização
do deslizamento específico.
p = 3,1416m
o
20
Cremalheira ferramenta
1m
2,25m
Linha de referência
1,25m
e = 1,5708m S = 1,5708m
Cremalheira ferramenta
A linha de referência ou reta média é aquela sobre a qual a espessura do dente é igual ao
vão. Ela serve de referência para definir as demais dimensões.
A Figura 4.19 representa a usinagem de uma roda de “z” dentes a partir da cremalheira
ferramenta. Chama-se: (i) -Diâmetro primitivo de usinagem da roda; e (ii) -Linha primitiva de
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 91
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usinagem da cremalheira, aos elementos que rolam sem deslizamento, um sobre o outro,
durante a usinagem. Logo, o passo primitivo “p” da roda é igual ao passo “p” da cremalheira.
Por outro lado, a linha de ação de usinagem é normal ao perfil da cremalheira e tangente
ao círculo de base da roda usinada.
Isto significa que o diâmetro do círculo de base da roda é igual ao diâmetro primitivo de
usinagem multiplicado pelo cosseno do ângulo de pressão “α” da cremalheira.
Círculo de referência da
engrenagem
(primitiva)
z.m.cosα
z.m
Círculo de base
α
Linha de primitiva de
geração
α
Reta de ação
O círculo rola sem p = π.m
deslizamento Cremalheira geratriz
Figura 4.19 - Usinagem de roda com “z” dentes a partir de cremalheira ferramenta
Uma engrenagem apresenta dente normalizado se pode ser gerada a partir da cremalheira
ferramenta normalizada.
Na Figura 4.20 temos uma roda de dentes corrigidos, uma vez que a linha primitiva de
usinagem da cremalheira não coincide com a linha de referência.
Linha de referência
x.m I Linha de geração
(+) ha S 1,25.m
h
hf ⎛π ⎞
h = 2,25 ⋅ m S = m ⋅ ⎜ + 2 ⋅ x ⋅ tgα ⎟
h f = m ⋅ (1,25 − x ) ⎝2 ⎠
ha = m ⋅ (1 + x )
d = z⋅m x.(+)
Figura 4.20 - Usinagem de roda com dentes corrigidos por correção positiva
A correção se chama positiva se a linha de referência é exterior ao círculo primitivo de
usinagem. A correção se chama negativa se a linha de referência corta o círculo primitivo de
usinagem.
x⋅m
x=
m
Na Figura 4.20 vê-se uma roda dentada com correção positiva e na Figura 4.21 pode-se
ver tanto a correção positiva como a correção negativa. Observe-se que a correção positiva
torna o dente aguçado na ponta e a correção negativa adelgaça o dente em sua raiz.
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 93
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Figura 4.21 - Diversos tipos de Correção a) Correção positiva x=+1,00 b) Correção Positiva x
= +0,50 c) Sem correção x= 0,00 d) Correção negativa x = -0,50
A expressão geral da espessura do dente da cremalheira é:
⎛π ⎞
S = mo ⋅ ⎜ + 2 ⋅ l ⋅ tan α o ⎟
⎝2 ⎠
onde, “l”, é considerado com seu valor algébrico positivo ou negativo. A expressão geral
da espessura dos dentes da roda é:
⎛s ⎞
S F = 2 ⋅ rF ⋅ ⎜ + Evα − Evα F ⎟
⎝d ⎠
fazendo:
⎛π ⎞
s = mo ⋅ ⎜ + 2 ⋅ x ⋅ tan α o ⎟ = espessura do dente sobre a circunferência primitiva
⎝2 ⎠
de usinagem;
d F cos α o
Utilizando ainda a expressão: =
d cos α F
Elementos de Máquinas III 94
A espessura da cabeça do dente não deve, para engrenagens cementadas ser inferior a
0,4m . Para engrenagens comuns deve ser maior ou igual a 0,2m.
Os dentes aguçados são empregados quando se deseja rodas com reduzido número de
dentes.
Dedendo h f = (1,25 + x2 ) ⋅ m
Altura do dente h = 2,25 ⋅ m
Consideramos uma roda e um pinhão usinados com uma mesma cremalheira ferramenta
com módulo mo e ângulo de pressão α. Consideremos ainda que durante a usinagem a linha
primitiva de usinagem da cremalheira coincidiu com a linha de referência. Desta maneira
teremos usinado uma roda e um pinhão normais.
Tabela 4.8 - distância entre centros normal para engrenagens com dentes externos e internos
Dentes externos Dentes Internos
Engrenagens d + d1 d − d1
cilíndricas de dentes retos a= 2 a= 2
2 2
Elementos de Máquinas III 96
R=
1
p ⋅ cos α
⋅ [r 2
a1 ]
− rb21 ± ra22 − rb22 m a ⋅ senα
O número mínimo de dentes sem adelgaçamento do pé do dente pode ser obtido a partir da
expressão geral do limite de interferência ou adelgaçamento já visto:
mo ⋅ Z 1 mo ⋅ Z 2
r1 = r2 = ha 2 = m o α = αo
2 2
desta maneira, a cada z1 obtemos um valor de z2 para que não haja interferência. A Tabela
4.9 relaciona alguns valores:
Tem-se que:
z12 ⋅ sen 2α − 4
Equação 4.2 z2 ≤
4 − 2 ⋅ z1 ⋅ sen 2α
A partir desta expressão podemos determinar o número mínimo de dentes z1 para engrenar
com a cremalheira sem haver interferência. Neste caso limite temos Z2=∝, logo.
4 − 2 ⋅ Z 1 ⋅ sen 2α = 0
2
Equação 4.3 z1 =
sen 2α
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 97
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Onde substituindo pelo ângulo de pressão de usinagem, temos o valor procurado para
z1. Abaixo na Tabela 4.10 temos alguns valores:
Como desvantagens, um pinhão gerado por Ferramenta Fellows só pode engrenar com
outro de mesmo ou menor número de dentes, a fim de evitar interferência. Um pinhão gerado
por cremalheira pode engrenar com qualquer número de dentes sem haver problemas de
interferência.
Com ângulo de pressão de 30o, podemos obter um pinhão de 7 dentes com ferramenta
Fellows de 17 dentes e um pinhão de 8 dentes com cremalheira ferramenta, sem haver
adelgaçamento do pé do dente.
Ao engrenamento obtido com um pinhão com correção x1 e uma roda com correção x2, e
que trabalhem de tal maneira que as circunferências primitivas de funcionamento sejam as de
usinagem, denomina-se engrenamento V0.
Chamando-se:
Sendo:
Equação 4.5 S1 = e2 e S 2 = e1
Substituindo a Equação 4.4 em Equação 4.5 obtem-se
Equação 4.6 p o = π ⋅ mo = s1 + s 2
que é a condição fundamental para que a distância entre centros de funcionamento aw
coincida com a normal a.
x2 - correção da roda
⎛π ⎞ ⎛π ⎞
Equação 4.7 S1 = m ⋅ ⎜ + 2 ⋅ x1 ⋅ tan α ⎟ e S 2 = m ⋅ ⎜ + 2 ⋅ x2 ⋅ tan α ⎟
⎝2 ⎠ ⎝2 ⎠
Substituindo-se a Equação 4.7 em Equação 4.6 teremos:
⎛π ⎞ ⎛π ⎞
s1 + s 2 = mo ⋅ ⎜ + 2 ⋅ x1 ⋅ tan α o ⎟ + mo ⋅ ⎜ + 2 ⋅ x 2 ⋅ tan α o ⎟ = π ⋅ mo
⎝2 ⎠ ⎝2 ⎠
Simplificando teremos:
2 ⋅ x1 ⋅ tan α o + 2 ⋅ x 2 ⋅ tan α o = 0
Logo:
x1 = − x2
Equação 4.8 x1 + x 2 = 0 ou
x2 = − x1
Assim, como foi visto as engrenagens cilíndricas de dentes retos externos apresentam:
x1 + x 2 = π ⋅ mo
x1 = − x 2
x1 + x 2 = 0 ou
x 2 = − x1
⎛ z − z1 ⎞
A distância entre centros normal é: a = m⋅⎜ 2 ⎟
⎝ 2 ⎠
Deve-se ter: S1 + S 2 = π ⋅ m
Usando as Tabela 4.6 e Tabela 4.7, uma vez que a roda é interna e o pinhão é externo:
⎛π ⎞ ⎛π ⎞
S1 = m ⋅ ⎜ + 2 ⋅ x1 ⋅ tan α ⎟ e S 2 = mo ⋅ ⎜ − 2 ⋅ x2 ⋅ tan α o ⎟
⎝2 ⎠ ⎝2 ⎠
x1 = x 2 ou x1 − x 2 = 0
Veremos que em certos casos somos obrigados a abandonar a distância entre centros
normal a. Podemos assim ser conduzidos a adotar s coeficientes de correção x1 para o pinhão
e x2 para a roda tais que sua soma sejam diferente de zero. (a aw).
Isto geralmente acontece quando temos várias engrenagens no mesmo eixo, como no caso
de redutores, e caixas de câmbio, ou estamos em presença de uma substituição de um par de
engrenagens por outro de diferente relação de transmissão em um mecanismo.
Elementos de Máquinas III 100
Se: x1 + x 2 p 0
Façamos a usinagem do pinhão e da roda com coeficientes de correção x1 e x2, tais que
x1 + x 2 ≠ 0 , e o engrenamento de tal maneira que não haja folga no flanco.
Adendo ha1 = (1 + x1 ) ⋅ m ha 2 = (1 + x 2 ) ⋅ m
Dedendo h f 1 = (1,25 − x1 ) ⋅ m h f 2 = (1,25 − x 2 ) ⋅ m
Ao ser feito o engrenamento, afastamos as rodas (ou aproximamos) até uma distância
entre centros aw na qual não há folga nos dentes.
d 1w + d 2 w
Teremos então: aw =
2
d 2w
sendo: = i = relação de transmissão
d 1w
Podemos escrever:
d 2 w d 1w cos α
= =
d2 d1 cos α w
A fim de satisfazermos a condição de que não deve haver folga no flanco, devemos ter:
Equação 4.11 S 1w + S 2 w = p w
sendo: p = π ⋅ mo e p w = π ⋅ mw
logo:
mw
Equação 4.12 pw = p ⋅
m
d = mo ⋅ Z d w = mw ⋅ z
logo:
dw m
Equação 4.13 =
d m
Podemos obter S1w e S2w a partir da expressão geral:
Elementos de Máquinas III 102
⎛S ⎞
Equação 4.14 s F = 2 ⋅ rF ⋅ ⎜⎜ E + Evα E − Evα F ⎟⎟
⎝ dE ⎠
Substituindo pelos elementos de funcionamento e usinagem
⎛S ⎞
Equação 4.15 S1a = d 1a ⋅ ⎜⎜ 1 + Evα − Evα w ⎟⎟
⎝ d1 ⎠
⎛S ⎞
Equação 4.16 S 2 w = d 2 w ⋅ ⎜⎜ 2 + Evα o − Evα w ⎟⎟
⎝ d2 ⎠
Substituindo a Equação 4.15 e Equação 4.16 na Equação 4.11 obtemos:
d 1w d
Equação 4.17 p w = S 1w + S 2 w = ⋅ S1 + 2 w ⋅ S 2 + (d1w + d 2 w ) ⋅ (Evα − Evα w )
d1 d2
Introduzindo a Equação 4.12 e Equação 4.13 na Equação 4.17 obtém-se:
mw mw m
p⋅ = ⋅ s1 + w ⋅ s 2 + m w ⋅ (z1 + z 2 ) ⋅ (Evα − Evα w )
m m m
cos α
Equação 4.19 a = a⋅
cos α
d 2 w − d 1w d 2w
Equação 4.20 aw = =i
2 d 1w
A fim de satisfazermos a condição de não haver folga no flanco do dente devemos ter:
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 103
Prof. Douglas Roberto Zaions
Equação 4.23 S 1w + S 2 w = p w
Podemos ainda escrever da mesma maneira para as engrenagens cilíndricas de dentes
retos. Sendo:
mw
Equação 4.24 pw = p ⋅
m
d w mw
Equação 4.25 =
d m
⎛S ⎞
Equação 4.26 S 1w = d 1w ⋅ ⎜⎜ 1 + Evα − Evα w ⎟⎟
⎝ d1 ⎠
⎛S ⎞
Equação 4.27 S 2 w = d 2 w ⋅ ⎜⎜ 2 − Evα o + Evα w ⎟⎟
⎝ d2 ⎠
⎛π ⎞ ⎛π ⎞
S1 = m ⋅ ⎜ + 2 ⋅ x1 ⋅ tan α ⎟ e S 2 = m ⋅ ⎜ + 2 ⋅ x 2 ⋅ tan α ⎟
⎝2 ⎠ ⎝2 ⎠
(z 2 − z1 ) ⋅ (Evα w − Evα )
Equação 4.28 x 2 − x1 =
2 ⋅ tan α
Equação 4.30 j f = h f 1w − ha 2 w
A altura do adendo e dedendo de funcionamento são:
Elementos de Máquinas III 104
ha 2 w = ra 2 − r2 w = r2 + ha 2 − r2 w
h f 1w = r1w − r f 1 = r1w − (r1 − h f 1 )
Equação 4.31
sendo:
h f 1 = m ⋅ (1,25 − x1 )
Equação 4.32
ha 2 = m ⋅ (1 + x 2 )
Substituindo as Equação 4.32 e Equação 4.31 e Equação 4.30 em Equação 4.29, obtém-se:
j f = r1w − r1 + h f 1 − r2 − ha 2 + r2 w
j f = r2 w + r1w − (r2 + r1 ) + h f 1 − ha 2
j f = a w − a + m ⋅ (1,25 − x1 − 1 − x 2 )
j f = a w − a + 0,25 ⋅ m − ( x1 − x 2 ) ⋅ mo
j f = a w − a + 0,25 ⋅ m − ( x1 − x 2 ) ⋅ m ≥ 0,25 ⋅ m
Equação 4.33 a w − a ≥ ( x1 − x 2 ) ⋅ m
que é a condição de não haver rebaixamento na altura do dente. Caso contrário devemos
reduzir os adendos de um valor “k.m”. Assim devemos ter:
a w − a − mo ⋅ ( x1 + x 2 − k ) = 0
Logo:
aw − a
Equação 4.35 k = x1 + x 2 −
m
que exprime o valor do coeficiente de rebaixamento da altura do dente. Desta maneira a roda
que sofrer um rebaixamento “km” terá seu diâmetro externo diminuído, devendo ser
considerado na verificação do recobrimento e interferência.
Para o limite de interferência entre o pinhão de z1 dentes e a roda de z2 dentes, com ângulo
de pressão de usinagem α, já vimos que podemos usar a Equação 4.1 do item anterior com
algumas substituições, tendo-se:
z12 ⋅ sen 2α + 2 ⋅ z1 ⋅ z 2 − 4 ⋅ ( z 2 + 1) = 0
z2 + 1
Equação 4.36 z1 = − z 2 + z12 + 4 ⋅
sen 2α
Com ângulo de pressão de 20o, teremos no limite de interferência teórico engrenamento de
uma roda de 50 dentes com um pinhão de 15, por exemplo. (Valor exato 15,15).
Se engrenarmos com o referido pinhão de 15 dentes uma roda com mais de 50 dentes,
haverá interferência.
z´− z
Equação 4.37 x= (3)
z´
onde z´ exprime o número de dentes obtidos pela Equação 4.3 do item anterior.
Este método, desenvolvido por G. Henriot pode ser dividido no que diz respeito de haver
ou não distância entre centros imposta.
a) z1 + z2 ≥ 60 Engrenamento “VO”
z2
A partir do i = e z1 podemos ler o valor da correção necessária da seguinte maneira
z1
usando o Ábaco ilustrado na Figura 4.24
Entra-se com o valor de z1 na reta graduada horizontal que contém o segmento OB com
z2
i= . Determina-se então x1 se for feita a projeção da interseção sobre o eixo das correções
z1
x, colocado a esquerda.
Aplicação
Se z1 = 20 e z2 = 60 teremos i = 3
b) z1 + z2 p 60 Engrenamento “V”
Teremos neste caso o valor de x1 dado pela curva AB, a partir de z1.
z2
O valor de x2 é obtido na interseção com a curva correspondente i = no interior do
z1
triângulo ABA´.
Aplicação:
z1 + z2 p 60
O valor de x1 = 0,23.
Para o valor de x2, teremos a interseção da curva i com z1 e teremos então o valor de
x2=0,17.
Elementos de Máquinas III 108
z2 − z1 z i −1 1
x1 = λ ⋅ + ∑x⋅ 1 ou x1 = λ ⋅ + ∑x⋅
z2 + z1 z2 + z1 i +1 i +1
z2
Com ∑x = x1 + x2 e i=
z1
Aplicação:
com λ = 0,75
40 − 20 20
x1 = 0,75 ⋅ + 0,32 ⋅ = 0,36
40 + 20 40 + 20
x 2 = 0,32 − 0,36 = −0,04
com λ = 0,50
40 − 20 20
x1 = 0,50 ⋅ + 0,32 ⋅ = 0,27
40 + 20 40 + 20
x 2 = 0,32 − 0,27 = +0,05
0,36 + 0,27
Valor médio de x1 = = 0,32 (valor escolhido)
2
Antes de abordar o estudo da dentado helicoidal, é necessário estudar a curva que lhe
serve de definição. A curva helicoidal é uma curva que resulta do enrolamento de uma reta em
torno de um cilindro.
A distância constante que separa os pontos consecutivos da hélice situados sobre uma
mesma geratriz do cilindro se chama “passo helicoidal”.
O ângulo de inclinação da hélice é o ângulo constante β, que forma a curva com relação ao
eixo. Desenvolvendo a hélice em um plano temos a Figura 5.1 onde a hélice se torna uma reta
XZ, inclinada de β com relação ao eixo.
π ⋅d
Equação 5.1 PZ =
tan β
A hélice pode ser a direita ou à esquerda, do mesmo modo que um parafuso.
Elementos de Máquinas III 110
Para facilitar a compreensão das propriedades das engrenagens paralelas com dentado
helicoidal é interessante estudas primeiro um tipo de engrenagem que já não se usa hoje em
dia, e que se conheceu com a designação de “Engrenagem Escalonada”.
A figura 2 apresenta um dente de pinhão de tal engrenagem com vista superior e de frente.
A figura 3 representa o mesmo dente em perspectiva.
Uma roda ou dentado escalonado pode ser considerado como a justaposição de discos de
dentado reto todos idênticos, de espessura igual a X, deslocados em relação ao outro contíguo
segundo valores angulares Y. Os perfis P1´ , P1´´, P1´´´ do pinhão possuem idênticas
evolventes, pois tem o mesmo cilindro base, de raio rb1.
Temos linhas de ação idênticas para todas as engrenagens elementares do dentado reto,
que se projetam na vista de frente da figura 2, seguindo a tangente T ao círculo de base do
pinhão, e, que passam pelo ponto de tangência I dos círculos primitivos. O ponto sobre o
dente completo de perfil P1 está em “a” e o contato sobre o dente completo do perfil P1 se
estabelece ao longo do pequeno segmento aa´ de comprimento X paralelo ao eixo, etc. Assim
o contato entre o dente completo do pinhão e o dente conjugado da roda se produz sobre o
conjunto de segmentos aa´, bb´... hh´. (conforme figura 3).
Os pontos onde os perfis P1 , P1´ , P1´´... etc., encontram o cilindro base estão todos
situados sobre uma mesma hélice Hb1. Os pontos a,b,c,...h, ... se acham todos situados sobre
uma mesma reta G, a qual é tangente ao círculo-base. Também podemos dizer que está
situada no plano tangente ao círculo base do pinhão ( e ao círculo base da roda como é fácil
verificar ) passando pela geratriz de contato dos dois cilindros primitivos.
A reta G traçada sobre o mesmo dentado e tangente em “a” a hélice base do pinhão, é a
geratriz retilínea de contato dos dois dentados em um instante considerado.
O contato entre dois perfis conjugados com dentado helicoidal se dá segundo uma reta,
análoga à reta G da Figura 5.3. Durante o engrenamento a reta G se desloca ao longo dos
dentes.
Chama-se hélice primitiva de uma roda, a hélice traçada sobre o cilindro primitivo, sua
inclinação com relação ao eixo se chama ângulo de hélice β.
Durante o rolamento sem deslizamento desses cilindros, importa que as hélices primitivas
conjugadas permaneçam constantemente tangentes. Isto implica em duas condições:
π ⋅ d1 π ⋅ d2
Equação 5.2 tan β = =
pz pz
p z1 d 1
Como: = tem-se que
pz2 d 2
π ⋅ d1 π ⋅ d2
Equação 5.3 p z1 = e pz2 =
tan β tan β
Elementos de Máquinas III 114
p
z p
z
βb
β
πd
b
πd
Figura 5.6 - Desenvolvimento da superfície lateral dos cilindros primitivos e de base à roda
Para βb (ângulo de hélices de base) temos, lembrando que todas as hélices traçadas sobre
um mesmo dentado tem o mesmo passo helicoidal ( Figura 5.6).
π ⋅ db
tan β b = sendo d b = d ⋅ cos α t
pz
π ⋅ d ⋅ cos α t
Equação 5.4 tan β b = e tan β b = tan β ⋅ cos α t
pz
Tem-se:
px - Passo axial;
pn - Passo normal;
pt - passo circunferêncial
sendo:
mt - módulo circunferencial
pt d mn
Equação 5.8 mt = = e mt =
π z cos β
mn - módulo normal
pn
Equação 5.9 mn = m n = mt ⋅ cos β
π
O passo axial px está medido paralelamente ao eixo da roda
pt p
Equação 5.10 px = =
tan β senβ
É fácil ver-se que se pode escrever:
Obtém-se a relação entre αn e αt por meio dos triângulos ABF e DEF, que tem em comum
h = DF = AC .
BC EF
tan α t = e tan α n =
h h
EF = BC ⋅ cos β
donde:
Tabela 5.2 – Proporções do dentado normal das engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais
Símbolo Designação Fórmula
Elementos de Máquinas III 118
Se for colocado sobre um plano normal a hélice primitiva um plano secante, o cilindro de
raio r ficará secionado segundo uma elipse. A elipse terá em I o seu raio menor, cujo raio é
r
. Neste plano temos mn = mt ⋅ cos β e o ângulo de pressão é o ângulo de pressão
cos 2 β
norma αn.
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 119
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mn - módulo normal;
αn - ângulo de pressão normal;
r
- raio primitivo
cos 2 β
O Número de dentes imaginários pode ser determinado por:
2⋅r 1 2⋅r 1
Zn = ⋅ ou Zn = ⋅
cos β mn
2
mt ⋅ cos β cos 2 β
Z
Equação 5.17 Zn = (18)
cos 3 β
Uma aplicação prática interessante para o número de dentes imaginários é a escolha da
fresa-módulo para a execução do dentado helicoidal entre o jogo de fresas para dentados de
rodas retas.
5.9 INTERFERÊNCIA
Podemos dada a sua generalidade, substituir α por αt . Para uma engrenagem normal,
temos:
Elementos de Máquinas III 120
mn ⋅ Z1 mn ⋅ Z 2
Equação 5.18 r1 = r2 = h a = mn α = α t (19)
2 ⋅ cos β 2 ⋅ cos β
Substituindo a equação 19 na equação 18 do item anterior (Engrenagem cilíndrica de
dentes retos), obtemos a seguinte expressão:
Z 12 ⋅ sen 2α t − cos 2 β
Equação 5.19 Z2 ≤ (20)
2 ⋅ cos β − Z 1 ⋅ sen 2α t
Para o caso limite de engrenamento com cremalheira, temos que , donde:
2 ⋅ cos β − Z 1 ⋅ sen 2α t = 0
2 ⋅ cos β
Equação 5.20 Z1 = (21)
sen 2α t
Podemos escrever:
b ⋅ tan β
Equação 5.23
pt
A expressão geral para o grau de recobrimento nas engrenagens helicoidais, será então:
Adendo ha 2 = (1 − x ) ⋅ m
Dedendo hF 2 = (1,25 + x 2 ) ⋅ m
Altura do dente h2 = 2,25 ⋅ m
mo
s t1 + s t 2 = π ⋅ mto = π ⋅
cos β
⎛ π ⎞ ⎛ π ⎞
s t1 = mo ⋅ ⎜⎜ + 2 ⋅ x1 ⋅ tan α to ⎟⎟ s t 2 = mo ⋅ ⎜⎜ + 2 ⋅ x 2 ⋅ tan α to ⎟⎟
⎝ 2 ⋅ cos β ⎠ ⎝ 2 ⋅ cos β ⎠
x1 = − x 2
x1 + x 2 = 0 ou
x 2 = − x1
m o ⋅ (Z 2 − Z 1 )
a=
2 ⋅ cos β
mo
s t1 + s t 2 = π ⋅ mto = π ⋅
cos β
Pela Tabela 5.3 e Tabela 5.5 , uma vez que a roda é interna e o pinhão é externo:
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⎛ π ⎞ ⎛ π ⎞
st1 = mo ⋅ ⎜⎜ + 2 ⋅ x1 ⋅ tanαt ⎟⎟ s t 2 = m ⋅ ⎜⎜ − 2 ⋅ x 2 ⋅ tan α t ⎟⎟
⎝ 2 ⋅ cosβ ⎠ ⎝ 2 ⋅ cos β ⎠
x1 = x 2 ou x1 − x 2 = 0
d 1w + d 2 w d 2w
Equação 5.26 aw = = i = relação de transmissão
2 d 1w
Podemos escrever:
donde:
d 2 w d 1w cos α t
Equação 5.27 = =
d2 d1 cos α tw
A fim de satisfazermos a condição de não haver folga no flanco do dente devemos ter:
Equação 5.28 s t 1w = e t 2 w s t 2 w = e t 1w
logo:
⎛S ⎞
Equação 5.32 s1w = d 1w ⋅ ⎜⎜ t1 + Evα t − Evα tw ⎟⎟
⎝ d1 ⎠
⎛S ⎞
Equação 5.33 s 2 w = d 2 w ⋅ ⎜⎜ t 2 + Evα t − Evα tw ⎟⎟
⎝ d2 ⎠
Elementos de Máquinas III 124
Substituindo na Equação 5.29 os valores das Equação 5.30, Equação 5.32 e Equação 5.41
e lembrando a relação da Equação 5.31e simplificando:
mt
p t = st1 + st 2 + (d1w + d 2 w ) ⋅ (Evα t − Evα tw ) ⋅
mtw
d 1w + d 2 w
= ( z1 + z 2 )
′
mtw
d 1w + d 2 w d 2w
Equação 5.35 aw = =i
2 d w1
A fim de satisfazermos a condição de não haver folga no flanco do dente devemos ter:
Equação 5.36 s t 1w = e t 2 w s t 2 w = e t 1w
como:
mtw
Equação 5.39 ptw = pt ⋅
mt
d m
Equação 5.40 = t
d w mtw
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Substituindo a
⎛S ⎞
Equação 5.41 s1w = d 1w ⋅ ⎜⎜ t1 + Evα t − Evα tw ⎟⎟
⎝ d1 ⎠
⎛S ⎞
st 2 w = d 2 w ⋅ ⎜⎜ t 2 − Evα t + Evα tw ⎟⎟ e st1 = mo ⋅ ⎛⎜ π + 2 ⋅ x1 ⋅ tan α t ⎞⎟ e st 2 = m ⋅ ⎛⎜ π − 2 ⋅ x 2 ⋅ tan α t ⎞⎟
⎝ d2 ⎠ ⎝2 ⎠ ⎝2 ⎠
(z 2 − z1 ) ⋅ (Evα tw − Evα t )
Equação 5.42 x 2 − x1 =
2 ⋅ tan α t
Equação 5.43 a w − a ≥ ( x1 + x 2 ) ⋅ m
a −a
Equação 5.44 k = x1 + x 2 − w
m
O problema deve ser tratado como nas engrenagens cilíndricas de dentes retos, para tal,
em vez do módulo real usaremos o módulo circunferêncial ou aparente.
Teremos então:
2 ⋅ cos β
Equação 5.45 z´=
sen 2α t
O valor do coeficiente de correção pode ser expresso por:
z´− z
Equação 5.46 x=
z´
Exercício sobre interferência de fabricação
Este método, desenvolvido por G. Henriot pode ser dividido no que diz respeito de haver
ou não distância entre centros imposta.
z1 z2
z v1 = zv2 =
cos 3 β cos 3 β
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Zv1 + Zv2 = 60
Zv1
Fi
gura 5.12 – Ábaco para determinação da correção.
a) z v1 + z v 2 ≥ 60 Engrenamento “VO”
Elementos de Máquinas III 128
z2
A partir do i = e z1 podemos ler o valor da correção necessária da seguinte maneira
z1
usando o Ábaco ilustrado na Figura 4.24
Entra-se com o valor de zv1 na reta graduada horizontal que contém o segmento OB com
z2
i= . Determina-se então x1 se for feita a projeção da interseção sobre o eixo das correções
z1
x, colocado a esquerda.
Aplicação:
Se Z1 = 20 dentes e i = 3 β= 20o
20
z v1 =
cos 3 20
e teremos:
x1 = 0,27 e x2 = - 0,27
b) z v1 + z v 2 p 60 Engrenamento “V”
Teremos neste caso o valor de x1 dado pela curva AB, a partir de z1.
z2
O valor de x2 é obtido na interseção com a curva correspondente i = no interior do
z1
triângulo ABA´.
z2 − z1 z i −1 1
x1 = λ ⋅ + ∑x⋅ 1 ou x1 = λ ⋅ + ∑x⋅
z2 + z1 z2 + z1 i +1 i +1
com
z2
∑x = x 1 + x2 e i=
z1
6 TRENS DE ENGRENAGENS
6.1 GENERALIDADES
Aqui será feito um estudo introdutório dos trens de engrenagens, em virtude da extensão
dos mesmos. Para o caso de maiores necessidades, recomenda-se obras especializadas como
“Traité Théorique et Practice de s Engrenages” de G. Henriot.
A Figura 6.1 e Figura 6.2 mostram um pinhão comandando uma engrenagem cilíndrica
externa de dentes retos e uma interna respectivamente. Temos as velocidades angulares
inversamente proporcionais aos números de dentes. O sentido de rotação é tal que na Figura
6.1 as duas tem sentidos opostos e na Figura 6.2 são do mesmo sentido.
ω 4 Z1 ⋅ Z 3
=
ω1 Z 2 ⋅ Z 4
Expressão esta que pode ser comprovada se forem usadas as expressões para cada par de
engrenagem.
Num trem de engrenagens, a relação global de transmissão é igual ao produto das relações
de transmissão das sucessivas rodas conjugadas.
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 131
Prof. Douglas Roberto Zaions
Essas relações parciais podem ser escolhidas pelo projetista com uma certa liberdade,
porém com a finalidade de evitar que as últimas rodas resultem de diâmetro exagerado, torna-
se aconselhável escolher, para os redutores, relações de transmissão que aumentem passando
do primeiro ao último par, sendo conveniente adotar a norma contrária para os
multiplicadores.
Nos redutores, o módulo m dos dentes aumenta passando do primeiro par de rodas ao
último.
Se a relação de transmissão do último par for pequena, resulta para a roda conduzida um
grande número de dentes e, freqüentemente, um diâmetro excessivo.
i = i1 ⋅ i2 ⋅ i3 ⋅ ⋅ ⋅ in
como sendo a relação global de transmissão.
in+1 = 3 (in )
2
Assim por exemplo, se, para um determinado problema, pudessem ser consideradas
satisfatóriamente, tanto a relação i=3 como i=31/10, adotando a relação i=3, cada dente do
pinhão entra em contato sucessivamente somente com 3 dentes da roda maior enquanto que
com a relação 31/10 cada dente do pinhão entra em contato com 31 dentes diferentes da roda
maior.
Elementos de Máquinas III 132
As engrenagens apresentam tipicamente dois modos de falha: (i) fratura por fadiga devido
as tensões de flexão dinâmicas na raiz do dente; e (ii) fadiga superficial (cratateração) das
superfícies dos dentes.
A falha por flexão poderá ocorrer quando as tensões desenvolvidas nos dentes forem
iguais ou superiores as tensões de resistência ao escoamento ou ao limite de resistência a
fadiga.
A falha superficial poderá ocorrer quando as tensões de contato desenvolvidas nos dentes
forem iguais ou superiores às tensões de resistência a fadiga superficial.
Em 1892 Wilfred Lewis desenvolveu uma equação para estimar a tensão de flexão em
dentes de engrenagens onde a forma dos dentes entrava na formulação. Lewis reconheceu que
o dente de uma engrenagem podia ser comparado com uma viga em balanço e então deduziu
uma equação agora chamada de Equação de Lewis.
Para entender a formulação da Equação de Lewis, observe inicialmente a Figura 7.1a que
ilustra uma viga em balanço com as dimensões da secção transversal b e t, submetida a uma
carga FT (uniformemente distribuída ao longo da largura da face b) e localizada a uma
distância l do engaste. A tensão de flexão no engaste é determinada a partir da expressão
MF ⋅c b ⋅t3 t
σ= sendo que I = , c= ,e M F = FT ⋅ l . Desta forma tem-se que:
I 12 2
6 ⋅ FT ⋅ l
Equação 7.1 σ=
b⋅t2
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 133
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FR
FN
FT
l
FT
b
rf
a
t x
l t
(a) (b)
Figura 7.1 – Analogia de uma viga em balanço com o dente de uma engrenagem
Na Figura 7.1b observa-se a terminologia utilizada, sendo que FT representa a força
tangencial e FR a força radial sobre o dente da engrenagem. Analisando agora a Figura 7.1b,
assume-se que a máxima tensão de um dente ocorre no ponto a. Por similaridade entre
triângulos, pode-se escrever que:
t
2= l t2
Equação 7.2 ou x=
x t 4⋅l
2
Rearranjando a Equação 7.1 tem-se que:
6 ⋅ FT ⋅ l FT 1 F 1 1
Equação 7.3 σ= = ⋅ 2 = T ⋅ 2 ⋅
b⋅t 2
b t b t 4
6⋅l 4⋅l 6
Substituindo-se x da Equação 7.2 na Equação 7.3, e multiplicando o numerador e o
denominador pelo passo circular p, determina-se:
FT ⋅ p
Equação 7.4 σ=
b ⋅ ( 23 ) ⋅ x ⋅ p
Escrevendo-se y=2x/3p, resulta a equação original elaborada por Lewis:
FT
Equação 7.5 σ=
b⋅ p⋅ y
O fator y é conhecido como fator de forma de Lewis e pode ser determinado graficamente
a partir de um desenho do dente da engrenagem ou via métodos matemáticos.
Elementos de Máquinas III 134
Segundo Shigley et al (2005), a maioria dos engenheiros prefere utilizar o passo diametral
ao determinar as tensões. Isso é feito substituindo-se P = π p e Y = π ⋅ y na Equação 7.5,
resultando em:
FT ⋅ P
Equação 7.6 σ= (US)
b ⋅Y
FT
Equação 7.7 σ= (SI)
b ⋅ m ⋅Y
onde
2⋅ x⋅ P
Equação 7.8 Y=
3
O uso dessa equação para determinar Y significa que somente a flexão do dente é
considerada e que a compressão, causada pela componente radial da força é desconsiderada
nos cálculos. Alguns valores de Y encontram-se indicados na Tabela 7.1.
O emprego da Equação 7.8 implica em supor que os dentes não compartilham a carga com
outros pares de dentes em engrenamento e que a força máxima é exercida na ponta do dente.
engrenagens falham com forças menores quando a velocidade aumenta. Em outras palavras,
quanto maior a velocidade, menor é a força tangencial que provoca a falha da engrenagem.
No século XIX, Carl G. Barth expressou pela primeira vez, os fatores de velocidade, e, em
termos das normas atuais da AGMA que são representados por (SHIGLEY et al, 2005):
3,05 + V
Equação 7.9 Kv = (Ferro fundido, perfil fundido – SI)
3,05
6,1 + V
Equação 7.10 Kv = (Perfil usinado ou fresado – SI)
6,1
3,56 + V
Equação 7.11 Kv = (Perfil usinado por fresa caracol ou moldado – SI)
3,56
5,56 + V
Equação 7.12 Kv = (Perfil rebarbado ou retificado – SI)
5,56
Onde V esta em metros por segundo (m/s).
K v ⋅ FT
Equação 7.13 σ= (SI)
b ⋅ m ⋅Y
Onde:
Kv – fator de velocidade
FT – força tangencial [N];
b – largura do dente [mm];
m – módulo [mm];
Y – fator de forma de Lewis.
σ - tensão [MPa]
Laminado com Sut = 380 MPA e Sy = 206 MPa. Utilize um fator de segurança N = 3 e calcule
a capacidade em potência na saída da engrenagem movida correspondente a uma velocidade
de 1200 rpm, considerando aplicações moderadas.
A falha por fadiga superficial é causada por cargas cíclicas que provocam tensões elevadas
de contato. Outras formas de falha superficial incluem o escoreamento que constitui-se em
falha de lubrificação, e a abrasão, que corresponde ao desgaste decorrente da presença de um
material estranho.
2⋅ F
Equação 7.14 p max =
π ⋅b⋅l
Onde:
pmax – máxima pressão superficial;
F – força que comprime um cilindro contra o outro;
l – comprimento dos cilindros
B – semilargura determinada a partir da expressão que segue;
( ) (
⎡ 1 − υ12 ⎤ ⎡ 1 − υ 22 ⎤ )
⎢ ⎥+⎢ ⎥
2 ⋅ F ⎣ E1 ⎦ ⎣ E 2 ⎦
Equação 7.15 B= ⋅
π ⋅l ⎛ 1 ⎞ ⎛ 1 ⎞
⎜⎜ ⎟⎟ + ⎜⎜ ⎟⎟
⎝ d C1 ⎠ ⎝ d C 2 ⎠
Onde:
ν1 – Coeficiente de Poisson do cilindro 1
ν2 – Coeficiente de Poisson do cilindro 2;
E1 – Módulo de elasticidade longitudinal do material do cilindro 1;
E2 – Módulo de elasticidade longitudinal do material do cilindro 2;
dC1 – Diâmetro do cilindro 1;
dC2 – Diâmetro do cilindro 2;
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 137
Prof. Douglas Roberto Zaions
⎛ 1 ⎞ ⎛ 1 ⎞
⎜⎜ ⎟⎟ + ⎜⎜ ⎟⎟
σ C2 =
F t
⋅ ⎝ rC 1 ⎠ ⎝ rC 2 ⎠
( ) ( )
Equação 7.16
π ⋅ b ⋅ cos α ⎡ 1 − υ1 ⎤ ⎡ 1 − υ 22 ⎤
2
⎢ ⎥+⎢ ⎥
⎣ E1 ⎦ ⎣ E 2 ⎦
Onde rC1 e rC2 são os valores instantâneos dos raios de curvatura nos perfis do dente do
pinhão e da engrenagem respectivamente, no ponto de contato. A expressão acima leva em
consideração que há somente rolamento puro durante o engrenamento. Ela não leva em
consideração o deslizamento que ocorre fora da linha primitiva.
d 1 ⋅ senα d 2 ⋅ senα
Equação 7.17 rC1 = rC 2 =
2 2
Onde d1 e d2 são os diâmetros primitivos da engrenagem pinhão e coroa respectivamente.
1
Cp =
( ) + (1 − υ )⎤
Equação 7.18
⎡ 1−υ 2 2
π ⋅⎢ 1 2
⎥
⎣ E1 E2 ⎦
Com essa simplificação e com a adição do fator velocidade Kv, a Equação 7.16 pode ser
escrita como:
1/ 2
⎡ K ⋅F ⎛ 1 1 ⎞⎤
Equação 7.19 σ C = −C p ⋅ ⎢ v t ⋅ ⎜⎜ + ⎟⎟⎥
⎣ b ⋅ cos α ⎝ rC1 rC 2 ⎠⎦
observando que o sinal negativo representa uma tensão de compressão.
Elementos de Máquinas III 138
As tensões desenvolvidas nos dentes das engrenagens devidas a flexão, são calculadas a
partir da seguinte equação:
1 KH ⋅ KB
Equação 7.20 σ = FT ⋅ K o ⋅ K v ⋅ K S ⋅
b ⋅ mt YJ
Onde:
Os valores de tensão de resistência à flexão sugeridos pela AGMA são, com efeito, valores
parcialmente corretos da resistência à fadiga mesmo que tenham sido gerados com peças
apropriadamente dimensionadas, tendo a mesma geometria, acabamento superficial, etc.
YN
Equação 7.21 S fb = ⋅ S fb ´
Yθ ⋅ YZ
Onde:
Sfb – Resistência a fadiga corrigida (MPa);
Sfb´ – Resistência a fadiga de flexão publicada pela AGMA (MPa);
YN – (KL) Fator vida;
Yθ - (KT) Fator temperatura;
YZ – (KR) Fator confiabilidade.
A Tabela 7.2 apresenta a resistência à fadiga por flexão Sfb´ da AGMA para alguns
materiais.
Norton (2004) apresenta um gráfico para determinar Sfb´ extraído da Norma 2001 – B88
da AGMA para aços como uma função de sua dureza Brinell. A Figura 7.2 ilustra o referido
gráfico.
Figura 7.2 – Resistências a fadiga por flexão Sfb´da AGMA para aços (geral). Fonte: Norton
(2004)
Shigley et al (2005) apresenta as seguintes expressões para especificar a resistência à
fadiga por flexão Sfb´ para o aço AISI 4140 e 4340 endurecido completamente por
nitretação, conforme especificação da Norma ANSI/AGMA 2001-C95 e 2101-C95:
Elementos de Máquinas III 140
Equação 7.22 S fb ´= 0,568 ⋅ HB + 83,8MPa (grau 1) Dureza entre 270 a 345 HB)
Equação 7.23 S fb ´= 0,749 ⋅ HB + 110MPa (grau 2) Dureza entre 270 a 345 HB)
Equação 7.24 S fb ´= 0,594 ⋅ HB + 87,76MPa (grau 1) Dureza entre 270 a 345 HB)
Equação 7.25 S fb ´= 0,784 ⋅ HB + 114,81MPa (grau 2) Dureza entre 274 a 345 HB)
Equação 7.26 S fb ´= 0,7255 ⋅ HB + 63,89MPa (grau 1) Dureza entre 300 a 345 HB)
Equação 7.27 S fb ´= 0,7255 ⋅ HB + 153,63MPa (grau 2) Dureza entre 300 a 345 HB)
Equação 7.28 S fb ´= 0,7255 ⋅ HB + 201,91MPa (grau 3) Dureza entre 300 a 345 HB)
S fb
Equação 7.29 σ adm =
N
Onde:
σadm – Tensão admissível (MPa);
Sfb – Resistência a fadiga corrigida (MPa);
N – Coeficiente de segurança.
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Prof. Douglas Roberto Zaions
Figura 7.3 – Fator de Vida YN para resistência por flexão, carga repetida. Fonte: Shigley et al
(2005)
⎛ 9 ⎞
460 + ⎜ T ⋅ + 32 ⎟
Equação 7.30 Yθ = ⎝ 5 ⎠
620
Onde T é a temperatura em graus Celsius (oC).
confiabilidade de 99%. A Tabela 7.3 apresenta alguns valores do Fator YZ (KR) para algumas
confiabilidades.
Norton (2004) apresenta algumas tabelas para determinar o fator geométrico YJ (J), para
ângulos de pressão de 20o e 25o, para dentes normais e corrigidos, considerando ainda
carregamento na ponta e para o ponto mais alto de contato em um único dente.
Shigley et al (2005) apresenta um gráfico para determinar o fator geométrico YJ (J) para
engrenagens cilíndricas de dentes retos com altura normal e ângulo de pressão de 20o. Tal
gráfico é reproduzido na Figura 7.4.
Elementos de Máquinas III 144
YJ
O fator dinâmico Kv tenta levar em conta as cargas de vibração geradas pelos impactos dos
dentes devido ao engrenamento não conjugado. Essas cargas de vibração são chamadas erros
de transmissão e serão maiores em engrenagens de baixa precisão. Na ausência de dados
experimentais que definam o nível de erro da transmissão a ser esperado em um projeto de
engrenagem, o projetista deve estimar o fator dinâmico. A AGMA provê curvas empíricas
para Kv como uma função da velocidade Vt na circunferência primitiva (NORTON, 2004).
Segundo Shigley et al (2005), alguns efeitos que provocam tais erros são: (i) Imprecisões
durante a geração do perfil do dente; (ii) vibração do dente durante o engrenamento, devido a
rigidez do mesmo; (iii) intensidade da velocidade no diâmetro primitivo; (iv)
desbalanceamento dinâmico dos membros rotativos; (v) desgaste e deformação permanente
das partes em contato dos dentes, (vi) desalinhamento do eixo de engrenagens e deflexão
linear do eixo; (vii) atrito entre os dentes.
Equação 7.32 A = 50 + 56 ⋅ (1 − B )
B = 0,25 ⋅ (12 − Qv ) 3 (para 6 ≤ Qv ≤ 11 )
2
Equação 7.33
e
Vt – velocidade tangencial (m/s);
Qv – Índice de qualidade da engrenagem de menor qualidade no engrenamento.
A Figura 7.5 ilustra uma família de curvas que variam com o índice de qualidade Qv.
Norton (2004) apresenta uma tabela com os fatores de sobrecarga. A Tabela 7.4 indica os
fatores de sobrecarga recomendados por Norton (2004).
A AGMA ainda não estabeleceu normas para os fatores de tamanho e recomenda que Ks
seja igualado a 1, a menos que o projetista deseje aumentar seu valor para levar em conta
situações particulares, tais como dentes muito grandes. Um valor de 1,25 a 1,5 seria uma
hipótese conservadora em tais casos.
Shigley et al (2005) apresenta na página 704 uma expressão para calcular o fator de
tamanho Ks.
meia distância” entre mancais, em uma posição de inclinação nula quando a carga é aplicada.
Contudo, isso nem sempre é possível. O procedimento que será exposto a seguir é aplicável
quando: (i) razão da largura líquida de face para o diâmetro do pinhão F/d ≤ 2; (ii)
engrenagens montadas entre mancais; (iii) largura de face até 1016 mm; e (iv) contato, quando
carregado, ao longo da largura total do membro mais estreito.
Equação 7.35 K H = 1 + C mc ⋅ (C pf ⋅ C pm + C ma ⋅ C e )
Onde:
b
Equação 7.38 C pf = − 0,025 b ≤ 25,4mm
10 ⋅ d
b b
Equação 7.39 C pf = − 0,0375 + 0,0125 ⋅ 25,5 p b ≤ 438,1mm
10 ⋅ d 25,4
2
b b ⎛ b ⎞
Equação 7.40 C pf = − 0,1109 + 0,0207 ⋅ − 0,000228 ⋅ ⎜ ⎟ 438,1 p b ≤ 1016mm
10 ⋅ d 25,4 ⎝ 25,4 ⎠
b
Para valores de ≤ 0,05 são utilizadas as seguintes expressões para calcular Cpm:
10 ⋅ d
Equação 7.41 C pm = 1,0 (Para pinhão montado entre mancais com S1/S<0,175)
Equação 7.42 C pm = 1,1 (Para pinhão montado entre mancais com S1/S≥0,175)
Quando a espessura da borda não é suficiente para proporcionar suporte completo à raiz
do dente, a localização da falha por fadiga à flexão pode ocorrer ao longo da borda da
engrenagem, e não no filete do dente. Em tais casos, o uso de um fator modificador de tensão
KB é recomendado. O fator de espessura de borda KB ajusta a tensão de flexão estimada para
engrenagens de borda fina. Trata-se de uma função da razão auxiliar mB:
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Prof. Douglas Roberto Zaions
tR
Equação 7.46 mB =
ht
Onde:
tr – Espessura da borda abaixo do dente (mm);
h - Altura do dente (mm).
O fator de espessura de borda KB é determinado por:
2,242
Equação 7.47 K B = 1,6 ⋅ ln quando mB<1,2
mB
Equação 7.48 K B = 1 quando mB ≥ 1,2
A Figura 7.8 apresenta também o valor KB graficamente.
Para facilitar o desenvolvimento dos cálculos, serão repetidos nesta seção alguns dos
fatores apresentados no item anterior associado ao dimensionamento de engrenagens pelo
critério da resistência.
Elementos de Máquinas III 150
As tensões de contato desenvolvidas nos dentes das engrenagens, são calculadas a partir
da seguinte equação:
KH ZR
Equação 7.49 σ C = Z E ⋅ FT ⋅ K o ⋅ K v ⋅ K S ⋅ ⋅
d1 ⋅ b Z I
Onde:
ZE – Coeficiente Elástico ( N mm 2 );
Ko – Fator de sobrecarga;
Kv – Fator de dinâmico;
Ks – Fator de tamanho;
b – Largura da engrenagem (mm);
d1 – Diâmetro primitivo do pinhão (mm);
KH – Fator de distribuição de carga;
ZR – Fator de condição superficial;
ZI – Fator geométrico para resistência à formação de cavidades;
Nos itens a seguir serão apresentados cada um dos fatores acima mencionados.
Z N ⋅ ZW
Equação 7.50 S fc = ⋅ S fc ´
Yθ ⋅ YZ
Onde:
Sfc – Resistência à fadiga de superfície corrigida (MPa);
Sfc´ – Resistência à fadiga de superfície publicada pela AGMA (MPa);
ZW (CH) – Fator de razão de dureza para resistência a formação de cavidades (Só é levado
em consideração para a coroa);
ZN – Fator vida;
Yθ (KT) - Fator temperatura;
YZ (KR) - Fator confiabilidade.
A Tabela 7.6 apresenta a resistência à fadiga de superfície Sfc´ da AGMA para alguns
materiais.
Norton (2004) apresenta um gráfico para determinar Sfc´ extraído da Norma 2001 – B88 da
AGMA para aços como uma função de sua dureza Brinell. A Figura 7.9 ilustra o referido
gráfico.
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 151
Prof. Douglas Roberto Zaions
Figura 7.9 – Resistências à fadiga de superfície Sfc´da AGMA para aços (geral). Fonte:
Norton (2004)
S fc
Equação 7.51 σ adm =
N
Onde:
σc adm – Tensão de contato admissível (MPa);
Sfc – Resistência a fadiga de superfície corrigida (MPa);
Nc – Coeficiente de segurança.
Elementos de Máquinas III 152
Figura 7.10 – Fator de Vida ZN para resistência a formação de crateras. Fonte: Shigley et al
(2005)
Este fator é uma função da relação de transmissão (i) e da dureza relativa do pinhão e
engrenagem. Este fator atua no sentido de aumentar a resistência aparente da engrenagem
(movida/coroa). Ele leva em conta situações nas quais os dentes do pinhão são mais duros que
os dentes da engrenagem e, assim, atuam para endurecer as superfícies do dente da
engrenagem quando em funcionamento. O fator ZW é levado em consideração somente
para determinar a resistência do dente da engrenagem (movida/coroa) e não do pinhão
(motora). Duas fórmulas para seu cálculo são sugeridas pela Norma 2001-B88 da AGMA
dependendo da dureza relativa dos dentes do pinhão e da engrenagem.
Equação 7.52 Z W = 1 + A ⋅ (i − 1)
Onde “i” é a relação de transmissão e A é encontrado a partir das seguintes relações:
HB p
Equação 7.53 A=0 (quando p 1,2 )
HB g
HB p HB p
Equação 7.54 A = 0,00898 ⋅ − 0,00829 (quando 1,2 ≤ ≤ 1,7 )
HB g HB g
HB p
Equação 7.55 A = 0,00698 (quando f 1,7 )
HB g
Os termos HBp e HBg representam as durezas Brinell (esfera de 10 mm sob carga de 3000
kg) do pinhão e da engrenagem (coroa) respectivamente.
⎛ 9 ⎞
460 + ⎜ T ⋅ + 32 ⎟
Equação 7.59 Yθ = ⎝ 5 ⎠
620
Onde T é a temperatura em graus Celsius (oC).
confiabilidade de 99%. A Tabela 7.3 apresenta alguns valores do Fator YZ (KR) para algumas
confiabilidades.
O fator dinâmico Kv tenta levar em conta as cargas de vibração geradas pelos impactos
dos dentes devido ao engrenamento não conjugado. Essas cargas de vibração são chamadas
erros de transmissão e serão maiores em engrenagens de baixa precisão. Na ausência de dados
experimentais que definam o nível de erro da transmissão a ser esperado em um projeto de
engrenagem, o projetista deve estimar o fator dinâmico. A AGMA provê curvas empíricas
para Kv como uma função da velocidade Vt da linha de passo (NORTON, 2004).
Segundo Shigley et al (2005), alguns efeitos que provocam tais erros são: (i) Imprecisões
durante a geração do perfil do dente; (ii) vibração do dente durante o engrenamento, devido a
rigidez do mesmo; (iii) intensidade da velocidade no diâmetro primitivo; (iv)
desbalanceamento dinâmico dos membros rotativos; (v) desgaste e deformação permanente
das partes em contato dos dentes, (vi) desalinhamento do eixo de engrenagens e deflexão
linear do eix; (vii) atrito entre os dentes.
Equação 7.61 A = 50 + 56 ⋅ (1 − B )
Elementos de Máquinas III 156
200
aplicação. Shigley e Mischke (1996) apresentam no capítulo 29 páginas 29.5 e 29.6 uma lista
de fatores de serviço.
Norton (2004) apresenta uma tabela com os fatores de sobrecarga. A Tabela 7.8 indica os
fatores de sobrecarga recomendados por Norton (2004).
A AGMA ainda não estabeleceu normas para os fatores de tamanho e recomenda que Ks
seja igualado a 1, a menos que o projetista deseje aumentar seu valor para levar em conta
situações particulares, tais como dentes muito grandes. Um valor de 1,25 a 1,5 seria uma
hipótese conservadora em tais casos.
Shigley et al (2005) apresenta na página 704 uma expressão para calcular o fator de
tamanho Ks.
Equação 7.64 K H = 1 + C mc ⋅ (C pf ⋅ C pm + C ma ⋅ C e )
Onde:
Elementos de Máquinas III 158
Equação 7.70 C pm = 1,0 (Para pinhão montado entre mancais com S1/S<0,175)
Equação 7.71 C pm = 1,1 (Para pinhão montado entre mancais com S1/S≥0,175)
Os valores de Cma são calculados por:
2
⎛ b ⎞ ⎛ b ⎞
Equação 7.72 C ma = A + B ⋅⎜ ⎟ + C ⋅⎜ ⎟
⎝ 25,4 ⎠ ⎝ 25,4 ⎠
Onde b é dado em mm e as constantes A, B e C são obtidas a partir da Tabela 7.5.
cos α
Equação 7.75 ZI =
⎛ 1 1 ⎞
⎜⎜ ± ⎟⎟ ⋅ d1
⎝ ρ1 ρ 2 ⎠
2
⎛ 1 + x1 ⎞ π
Equação 7.76 ρ1 = ⎜⎜ r1 + ⎟⎟ − (r1 cos α )2 − ⋅ cos α
⎝ p d ⎠ p d
1
Equação 7.78 ZE =
⎡⎛ 1 − ν 12 ⎞ ⎛ 1 − ν 22 ⎞⎤
π ⋅ ⎢⎜⎜ ⎟⎟ + ⎜⎜ ⎟⎟⎥
⎣⎢⎝ E1 ⎠ ⎝ E2 ⎠⎦⎥
Onde:
ZE – Coeficiente Elástico [MPa0,5]
ν1 – Coeficiente de Poisson da engrenagem motora (pinhão);
ν2 – Coeficiente de Poisson da engrenagem movida (coroa);
E1 – Módulo de elasticidade longitudinal do material da engrenagem motora (pinhão)
[N/mm2];
E2 – Módulo de elasticidade longitudinal do material da engrenagem movida (coroa)
[N/mm2];
A Tabela 7.10 ilustra vários valores para ZE (Cp) para diversas combinações de materiais
comuns de engrenagens e pinhão baseados em um valor hipotético de ν = 0,3.
Nodular
Ferro 1,5E5 174 168 166 163 154 149
Fundido
Alumínio 1,2E5 162 158 156 154 145 141
Bronze
Estanho 1,1E5 158 154 152 149 141 137
Bronze
Obs.: Os valores de E1 nesta tabela são aproximados e ν = 0,3 foi usado como um coeficiente
de Poisson aproximado para todos os materiais. Se números mais precisos de E1 e ν estiverem
disponíveis, utilizar a equação para determinar ZE.
Fatores de Serviço
Elementos de Máquinas III 162
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FINZI, Dario. Engrenagens. Rio de Janeiro: Ao livro Técnico S.A. Dunod., 1963. 233 p.
NORTON, Robert L. – Projeto de Máquinas, São Paulo: ARTMED Editora S.A., 2004. 931
p.
HALL, Allen S., HOLOWENKO, Alfred R., LAUGHLIN, Herman G. - Machine Design
Schaum's Outline Series, New York: - McGRAW - Hill Book Company, Inc, 1961. 344 p.