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25/05/2019 Corpos Menores do Sistema Solar

Corpos Menores do Sistema Solar

Asteróides

Asteróides são um grupo numeroso de pequenos corpos (planetas menores) com órbitas situadas na grande maioria no Cinturão Principal de Asteróides,
entre as órbitas de Marte e Júpiter, a uma distância média da ordem de 2,8 unidades astronômicas (UA) do Sol. 781,692 asteróides e 3535 cometas já são
conhecidos. Cerca de 12000 asteróides têm órbitas bem determinadas. Eles orbitam o Sol aproximadamente na mesma direção dos planetas (de oeste
para leste) e a maioria no mesmo plano. A partir de 1992 foram descobertos vários asteróides além da órbita de Netuno, chamados objetos
transnetunianos. A maioria desses objetos têm órbitas alinhadas com a eclíptica, formando um anel em torno do Sol, a uma distância média de 40 UA,
chamado "Cinturão de Kuiper". Todos os asteróides são menores do que a Lua.

Asteróides do Cinturão Principal


O Cinturão de Asteróides principal contém asteróides com semi-eixo maior de 2,2 a 3,3 UA, correspondendo a períodos orbitais de 3,3 a 6 anos.
Provavelmente mais de 90% de todos os asteróides estão neste Cinturão. Os grandes asteróides têm densidade da ordem de 2,5 g/cm3.

O maior asteróide do Cinturão principal, e o primeiro asteróide conhecido é Ceres, descoberto em


1801 pelo italiano Giuseppe Piazzi (1746-1826), com massa de um centésimo da massa da Lua, e
diâmetro de 975 km. Nessa época os astrônomos estavam procurando insistentemente um planeta
que, de acordo com a lei de Titius-Bode, deveria existir entre as órbitas de Marte e Júpiter. Piazzi
achou que tinha encontrado tal planeta, mas em seguida as descobertas de novos "pequenos planetas"
nessa região se multiplicaram, e todos foram agrupados sob o nome de "asteróides". Pallas
(diâmetro=544 km) foi descoberto em 1802, por Heinrich Wilhelm Mattäus Olbers (1758-1840) e
Juno (diâmetro=233 km) em 1804 por Karl Ludwig Harding (1765-1834).

O asteróide Ida, com 54×24×15 km, foi fotografado em 1993 pela sonda Galileo e foi então descoberto que ele possui um satélite, Dactyl, de 1,5 km de
diâmetro, a 100 km de distância. Aproximadamente 10% dos asteróides têm satélites.

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Asteróides do Cinturão de Kuiper


Este cinturão foi predito pelos cálculos do astrônomo irlandês Kenneth Essex Edgeworth (1880-1972) em 1949 e do
holandês Gerard Peter Kuiper (1905-1973) em 1951. Esta teoria reapareceu no início dos anos 1970, quando simulações
numéricas provaram que os cometas de longo período, provenientes da Nuvem de Oort, não podem ser capturados pelos
planetas gigantes do sistema solar para transformarem-se em cometas de curto período. Desde a primeira descoberta de um
asteróide transnetuniano por David C. Jewitt (1958-) & Jane X. Luu (1963-) em 1992, foram descobertos mais de 1000
asteródes do Cinturão de Kuiper, a maioria com cerca de 100 km de diâmetro. Eris com 1163 km de raio, Plutão com 1187
km, Caronte com 606 km, Makemake (2005 FY9) com cerca de 717 km, Haumea (2003 EL61) com cerca de 620 km, Sedna
com cerca de 498 km, Orco (2004 DW) com cerca de 458 km, Quaoar, com 555 km de raio, Ixion, com 325 km, Varuna,
com 382 km de raio e 2002 AW197, com 384 km de raio, são alguns dos maiores asteróides do cinturão de Kuiper. Devem
existir mais de 70 000 asteróides com mais de 100 km de diâmetro no cinturão de Kuiper.

O asteróide Quaoar foi descoberto em 2002 por Michael E. Brown e Chadwick Trujillo, do Caltech. Tem cerca de 1110 km
de diâmetro e está localizado a cerca de 1,6 bilhões de km além de Plutão, no cinturão de Kuiper. Seu nome oficial é 2002
LM60, mas os descobridores o chamaram de Quaoar, ''força de criação'' na língua da tribo Tongva, os primeiros habitantes da
bacia de Los Angeles. (2002 LM60 i=8.0° e=0.034 d=43.377UA)

O asteróide Sedna, com diâmetro de cerca de 996 km, com 3/4 do tamanho de Plutão, que tem 2374 km de diâmetro, estava a uma distância de 13
bilhões de km, além do cinturão de Kuiper, pois sua distância de periélio é de 76 UA. Seu nome oficial é 2003 VB12, descoberto por Michael E. Brown
do Caltech, Chad Trujillo do Gemini Observatory e David Rabinowitz, de Yale (K03V12B i=11.932° e=0.85059 a=509.10733UA).

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Eris (2003 UB313), um asteróide do cinturão de Kuiper (asteróide transnetuniano),


descoberto em 2005 por Michael E. Brown (1965-), Chadwick A. Trujillo (1973-)
e David Lincoln Rabinowitz (1960-), tem aproximadamente o mesmo tamanho que
Plutão, conforme as medidas feitas com o Telescópio Espacial Hubble em 9 e 10
de dezembro de 2005. Seu diâmetro foi estimado em 2398 ± 97 km, comparado
com 2374 km de Plutão. O asteróide Éris varia de distância ao Sol entre 38 UA e
98 UA (a=67,73 UA, P=557,44 anos), provavelmente foi deslocado de sua órbita
por Netuno, e tem um plano de órbita bem inclinado em relação ao dos planetas
(44°). O asteróide Éris (2003 UB313) tem um satélite, S/2005 (2003 UB313) 1,
fotografado pela primeira vez por Michael E. Brown com telescópio de 10m do
W.M. Keck Observatory. Éris é a deusa da discórdia na mitologia grega. Seu
satélite recebeu o nome Dysnomia, que na mitologia é o espírito demoníaco da
falta de lei. Pela órbita de Dysnomia se mede que Eris é 27% mais massivo que
Plutão.

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Até ago/2018 existiam 190 satélites, 781,692 asteróides e 3535 cometas catalogados.

Asteróides muito pequenos são chamados meteoróides.

Cores de 6612 asteróides imageados pelo Sloan Digital Sky Survey, dos 204 mil objetos com movimento detectados até 2004, de acordo com Zeljko
Ivezic, Mario Juric, Robert Lupton, Serge Tabachnik e Tom Quinn. No eixo vertical, sin(i) é o seno do ângulo de inclinação da órbita em relação a
eclíptica. As cores estão correlacionadas à composição química.

Planetas anões
Desde agosto de 2006 o sistema solar tem uma nova categoria de objetos, que são os planetas anões. Enquadram-se nessa categoria objetos que:

1. estão em órbita em torno do Sol (como os planetas);


2. têm forma determinada pela auto-gravidade, ou seja, são esféricos (como os planetas);
3. não tem tamanho significativamente maior do que os outros objetos em sua vizinhança (ao contrário dos planetas).

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Mosaico em falsa cor de Plutão obtidas pela sonda New Horizon em 2015, utilizando a técnica de análise de componente principal para ressaltar as
estruturas da superfície.
Até o momento, os planetas anões do sistema solar são Éris, Plutão, Ceres, Haumea e Makemake. Orco, Íxion, 2002 MS4,Salácia, Varuna, 2005
UQ513, Quaoar, 2007 OR10, 2007 UK126 e Sedna são candidatos a planetas anões, pois devem ter massa maior do que 5×1020 kg, como recomendado
pela proposta da União Astronômica Internacional de 2006.

Plutão tem 5 satélites. Imagens de maio de 2005 obtidas pelo Telescópio Espacial Hubble mostraram, além do
satélite Caronte descoberto em 1978, dois outros objetos menores orbitando Plutão. Em fevereiro de 2006 novas
observações confirmaram estes dois novos satélites, chamados de Hydra (monstro com corpo de serpente e nove
cabeças - S/2005 P1) e Nix (deusa da escuridão, S/2005 P2).

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Imagens dos 5 satélites de Plutão obtidas pela New Horizon em 2015.


O maior satélite de Plutão, Caronte, tem metade do tamanho de Plutão. Como a Lua, Caronte foi provavelmente foi formada por debris de um impacto
anterior em Plutão. Os dois satélites menores de Plutão, Nix e Hydra, estão cerca de duas a três vezes mais distantes do que Caronte. Eris, outro planeta
anão ainda mais distante do que Plutão, tem um satélite menor, Dysnomia. Haumea, outro planeta anão, tem dois satélites, Hi'iaka e Namaka.

Meteoros

Meteoros são o fenômeno luminoso quando pequenos asteróides (meteoróides) se chocam com a Terra. Ao penetrar na atmosfera da Terra geram calor
por atrito com a atmosfera, deixando um rastro brilhante facilmente visível a olho nu, chamados de estrelas cadentes. O termo vem do grego meteoron,
que significa fenômeno no céu. Existem aproximadamente 2000 asteróides com diâmetro maior de 1 km que se aproximam da Terra, colidindo com uma
taxa de aproximadamente 1 a cada 1 milhão de anos. 2 a 3 novos são descobertos por ano e suas órbitas são muitas vezes instáveis, devido a interações
gravitacionais com os vários corpos (planetas e asteróides) do Sistema Solar.

Chuvas de Meteoros
Quando a Terra cruza a órbita de um cometa, encontra poeira ejetada deste e uma chuva de meteoros ocorre.

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Meteoritos

Meteoritos são meteoróides que atravessam a atmosfera da Terra sem serem completamente vaporizados, caindo ao solo. Do estudo dos meteoritos se
pode aprender muito sobre o tipo de material a partir do qual se formaram os planetas interiores, uma vez que são fragmentos primitivos do sistema
solar.

Existem 3 tipos de meteoritos: os metálicos, os rochosos, e os metálico-rochosos. Os rochosos são os mais abundantes, compreendendo 90% de todos
meteoritos conhecidos. Um tipo de meteoritos rochosos são os condritos carbonáceos, que representam o tipo mais antigo de meteoritos, com
aproximadamente 4,5 bilhões de anos e parecem não ter sofrido qualquer alteração desde a época de sua formação. Os metálicos são compostos
principalmente de ferro e níquel. Na Terra caem aproximadamente 25 milhões por dia, a grande maioria com algumas microgramas.

Em agosto de 1996 cientistas da NASA revelaram evidências indiretas de possíveis fósseis microscópicos que poderiam ter se
desenvolvido em Marte 3,6 bilhões de anos atrás, no meteorito marciano ALH84001. Sua denominação vem do fato de ter sido o
meteorito número 001, colectado em 1984, na região chamada Allan Hills, na Antártica. Este meteorito, de 1,9 kilos, é um dos 30
meteoritos já coletados na Terra que acredita-se foram arrancados de Marte por colisões de asteróides. ALH84001 cristalizou-se no
magma de Marte 4,5 bilhões de anos atrás, foi arrancado de Marte 16 milhões de anos atrás e caiu na Antártica 13 mil anos atrás. Ele
mostra traços de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e depósitos minerais parecidos com os causados por nanobactérias na Terra e, portanto,
indicando que poderia ter havido vida em Marte no passado remoto. Esta é a primeira evidência da possível existência de vida fora da Terra e levanta a
questão de se a vida começou em outros pontos do Universo além da Terra, espontaneamente. Em outubro de 1996, cientistas ingleses descobriram
traços de carbono orgânico em outro meteorito marciano, ETA79001, novamente uma evidência circunstancial para a qual vida é somente uma das
possíveis interpretações. Entretanto muitos cientistas argumentam que os resíduos são na realidade partes de superfícies de cristais de piroxeno e
carbonatos e não nanofósseis. A sonda Sojourner, da missão Mars Pathfinder de julho a setembro de 1997, comprovou que a composição química das
rochas marcianas é de fato muito similar à composição dos meteoritos como o ALH84001.

Composição química de várias rochas e meteoritos. Scooby Doo, Yogi e Barnacle Bill são nomes de rochas de Marte estudadas pela sonda Pathfinder.

Impactos na Terra

A foto acima é da Meteor Crater, ou Cratera Barringer [Daniel Moreau Barringer (1860-1929), que demonstrou que a cratera era devido ao impacto de
um meteorito], no Arizona, tem 1,2 km de diâmetro e 50 mil anos.

Duas vezes no século XX grandes objetos colidiram com a Terra. Em 30 de junho de 1908, um asteróide ou cometa de aproximadamente 100 mil
toneladas explodiu na atmosfera perto do Rio Tunguska, na Sibéria, derrubando milhares de de árvores e matando muitos animais.

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Foto a 20 km do centro da explosão na região do Rio Tunguska, no centro-norte da Sibéria, tirada em 1927 (20 anos depois da explosão).
O asteróide, rochoso, explodiu no ar e somente pequenos pedaços, encrustados nas árvores, foram encontrados. Simulações indicam que o asteróide
deveria ter 30 a 60 metros de diâmetro e energia equivalente de 5 a 15 Mton TNT, uma bomba de hidrogênio (a primeira bomba de hidrogênio, chamada
Bravo, foi testada em 1 de março de 1954, pelos americanos, no Atol de Bikini, e tinha 15 Mton TNT. A bomba de hidrogênio mais poderosa foi testada
pelos russos e atingiu 50 Mton TNT). Várias testemunhas viram quando o meteorito/meteoro explodiu no ar.

O segundo impacto ocorreu em 12 de fevereiro de 1947, na cadeia de montanhas Sikhote-Alin, perto de Vladivostok, também na Sibéria. O impacto,
causado por um asteróide de ferro-níquel de aproximadamente 100 toneladas que se rompeu no ar, foi visto por centenas de pessoas e deixou mais de
106 crateras, com tamanhos de até 28 m de diâmetro e 6 metros de profundidade. Mais de 28 toneladas em 9000 meteoritos metálicos foram
recuperados. O maior pedaço pesa 1745 kilos.

Esta foto mostra a recuperação do maior pedaço do meteorito de Sikhote-Alin, de 1745 kg, sendo tirado de sua cratera por um caminhão. Mais de 9000
pedaços, compondo 28 toneladas foram recuperados.
Em 18 de janeiro de 2000, um meteoro explodiu sobre o território de Yukon, no Canadá, gerando uma bola de fogo brilhante detectada por satélites de
defesa e também por sismógrafos. A energia liberada foi da ordem de 2 a 3 kton TNT. Denominado Tagish Lake, em referência ao local da queda, foram
recuperados alguns pedaços, 850 g, do meteoro que deve ter tido 200 toneladas e 5 m de diâmetro.

A cada dia a Terra é atingida por corpos interplanetários, a maioria deles microscópicos, com uma massa acumulada de 10 000 toneladas.

A extinção dos dinossauros, 65 milhões de anos atrás, é consistente com um impacto de um asteróide ou cometa de mais de
10 km de diâmetro, que abriu uma cratera de 200 km de diâmetro perto de Chicxulub, na península de Yucatan, no México. O
impacto liberou uma energia equivalente a 5 bilhões de bombas atômicas como a usada sobre Hiroshima em 1945. A imagem
mostra as variações gravimétricas do local, já que parte está sob o oceano. Outras crateras com a mesma idade têm sido
descobertas, como a cratera Boltysh, de 24 km de largura na Ucrânia e a cratera Silverpit, no fundo do Mar do Norte na costa da
Inglaterra, com 19 km de largura. A proposta de que a grande extinção de organismos terrestres e marinhos, vertebrados e
invertebrados que ocorreu há 65 milhões de anos (transição do período Cretáceo para o Terciário) tem origem num grande

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impacto é do físico americano Luis Walter Alvarez (1911-1988), ganhador do prêmio Nobel em 1968 por seus estudos de partículas sub-atômicas, e seu
filho Walter L. Alvarez (1940-), geólogo americano, que notaram que a extinção se deu por alterações climáticas que atingiram toda a Terra, com
um esfriamento na superfície e pela existência de uma fina camada de argila com uma alta taxa de irídio (um metal raro, similar à platina), com
uma concentração 30 vezes maior do que a média de 0,3 partes por bilhão, em mais de cem partes do globo nesta época, consistente com uma grande
nuvem de pó que se espalhou por todo o planeta, cobrindo a luz do Sol. Com a queda da fotossíntese, as plantas morreriam e os dinossauros
morreriam por falta de alimentos. Um evento similar poderia ser uma grande explosão vulcânica, mas isto não explicaria a deposição de irídio, nem a
existência da cratera de Chicxulub. Irídio é encontrado no interior da Terra, mas os asteróides são mais ricos em irídio do que a crosta da Terra.

Outros grandes impactos sobre a Terra podem ter causado o rompimento do grande supercontinente, Pangea, 250 milhões de anos atrás, e outro há 13
mil anos, cerca de 10 mil a.C., no fim do último período glacial, quando os mamutes desapareceram.

Satélites

Em geral, o número de satélites de um planeta está associado à sua massa. O maior satélite do sistema solar é Ganimedes, um dos quatro satélites
galileanos de Júpiter, com raio de 2631 Km. O segundo é Titan, de Saturno, com 2575 Km de raio (5150 Km de diâmetro). Ambos são maiores do que o
planeta Mercúrio, que tem 2439 km de raio (4878 km de diâmetro). Note que a Lua, com 3475 km de diâmetro, é maior do que Plutão, que tem 2374 km
de diâmetro.

Nome Diâmetro Massa Densidade


(km) (Lua=1) (g/cm3)
Ganimedes 5280 2,0 1,9
Titan 5150 1,9 1,9
Calisto 4820 1,5 1,9
Io 3640 1,2 3,5
Lua 3475 1,0 3,3
Europa 3130 0,7 3,0
Tritão 2710 0,3 2,1

Os três maiores satélites têm a mesma densidade e aproximadamente o mesmo tamanho e, portanto, devem ter a mesma composição química;
provavelmente têm um interior estratificado, com um núcleo rochoso do tamanho da Lua cercado por uma camada espessa de gelo ou possivelmente
água. Titan apresenta a notável característica de possuir uma atmosfera densa, rica em compostos de
carbono e metano. Titan, como Vênus, é cercado por uma camada opaca de nuvens.

A maioria dos satélites revolve em torno do respectivo planeta no sentido de oeste para leste e a maioria tem órbita aproximadamente no plano
equatorial de seu planeta.

Satélites pastoreiros do anél F de Saturno, Prometeu (o interno, 145×85×62 km) e Pandora (114×84×62 km), descobertos em
1980 pela sonda Voyager. O mecanismo de "pastoreamento", em linhas gerais, funciona assim: a lua pastoreira mais interna
tem velocidade orbital maior do que a das partículas do anel, e a luz pastoreira mais externa tem velocidade orbital menor
(movimento kepleriano). Quando a lua mais interna ultrapassa as partículas em um determinado ponto do anel, lhes tranfere
momentum angular, fazendo com que elas espiralem para uma órbita mais externa. Por outro lado, as partículas do anel
externo, ao ultrapassarem a lua pastoreira externa, transferem para ela parte de seu momentum angular, indo para uma órbita
mais interna. Dessa maneira as partículas ficam confinadas em um anel estreito e bem definido.

Anéis

Os quatro planetas jovianos apresentam um sistema de anéis, constituídos por bilhões de pequenas partículas orbitando muito próximo de seu planeta.
Nos quatro planetas, os anéis estão dentro do limite de Roche e devem ter se formado pela quebra de um satélite ou a partir de material que nunca se
aglomerou para formar um satélite. Saturno é, de longe, o que possui anéis mais espetaculares. Eles são constituídos principalmente por pequenas
partículas de gelo, que refletem muito bem a luz. Já os anéis de Urano, Netuno e Júpiter (nesta ordem de massa constituinte), são feitos de partículas

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escuras, sendo invisíveis da Terra. A massa total dos anéis de Saturno é menor do que 3 milionésimos da massa de Saturno. Já em 1857, James Clerk
Maxwell (1831-1879) demonstrou que os anéis só poderiam permanecer em órbitas estáveis se fossem constituídos de pequenas partículas.

Anéis de Saturno. As divisões dos anéis de Saturno são causadas por ressonâncias com os satélites. Por exemplo, a maior divisão é causada por uma
ressonância 2:1 com Mimes.

Anéis de poeira em torno de Júpiter e Urano.

Cometas

Os cometas constituem outro conjunto de pequenos corpos orbitando o Sistema Solar. Suas órbitas, quando periódicas, são elipses muito alongadas. Eles
são muito pequenos e fracos para serem vistos mesmo com um telescópio, a não ser quando se aproximam do Sol. Nessas ocasiões eles desenvolvem
caudas brilhantes que algumas vezes podem ser vistas mesmo a olho nu.

Imagens do cometa periódico Borrelly (19P) obtidas pela sonda Deep Space 1. A foto do núcleo foi obtida quando a nave passou a 3417 km dele. O
cometa tem um período de 6,8 anos e um núcleo com 8 km. Lançada em outubro de 1998, a Deep Space 1 completou seu projeto principal de estudar a
propulsão iônica antes de fotografar o cometa.
Os cometas são feitos de uma mistura de gelo e poeira, como uma bola de gelo sujo, segundo o modelo proposto por Fred Lawrence Whipple (1906-
2004) em 1950. À medida que eles se aproximam do Sol, parte do gelo derrete, formando uma grande nuvem de gás e poeira ao redor do cometa,
chamada coma, com diâmetro da ordem de 100 mil km. A parte sólida e gelada no interior é o núcleo e normalmente tem 1 a 10 km de diâmetro. O
calor e o vento solar proveniente do Sol sopram o gás e a poeira da coma formando a cauda. Essa cauda sempre aponta na direção oposta à do Sol e
pode estender-se até 1 UA de comprimento.

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Normalmente podem ser observadas duas caudas, uma cauda de gás e uma cauda de poeira. A cauda de poeira é mais larga, curva e amarela porque
brilha devido à reflexão da luz solar na poeira. A poeira segue a órbita kepleriana, isto é, quanto mais distante do Sol mais devagar andam as partículas.
A cauda de gás é reta e azul, pois brilha devido à emissão do monóxido de carbono ionizado (plasma), que fica em . O gás expelido do
cometa é ionizado pela radiação solar e segue as partículas ionizadas expelidas pelo Sol, chamadas de vento solar. A cauda de hidrogênio, somente
visível em ondas de rádio, é a mais extensa; por ser composta das partículas mais leves, é a mais afetada pela pressão de radiação.

Algumas vezes é observada também uma anti-cauda, isto é, uma cauda na direção do Sol. Essa cauda é um efeito de perspectiva, causado por partículas
grandes (0,1 a 1 mm de diâmetro), ejetadas do núcleo, que não são arrastadas pela pressão de radiação do Sol, permanecendo na órbita.

Foto do núcleo irregular do Cometa Halley obtida pela nave européia Giotto a 1000 km do núcleo do cometa, que tem 13 por 8 km, densidade próxima a
1,0 g/cm3 e massa de 6 × 1014 kg.

Edmund Halley (1656-1742), astrônomo britânico amigo de Isaac Newton, foi o primeiro a mostrar que os cometas vistos em
1531, 1607 e 1682 eram na verdade o mesmo cometa e, portanto, periódico, que é desde então chamado de Cometa Halley.

Se um corpo pequeno apresenta uma atmosfera volátil visível, chama-se cometa. Se não, chama-se asteróide.

Em julho de 1994 o cometa Shoemaker-Levy 9, descoberto por Carolyn Jean Spellmann Shoemaker (1929-), Eugene Merle Shoemaker (1928-1997) e
David H. Levy (1948-) em 24 de março de 1993, e que tinha se fragmentado em mais de 21 pedaços, os maiores de até 1 km, colidiu com Júpiter,
explodindo nas nuvens de amômia da atmosfera de Júpiter. A mancha mais brilhante, no canto superior direito da imagem infra-vermelha de Júpiter, é
do satélite Io. As manchas na parte inferior foram causadas pelos impactos. Outro impacto em Júpiter em 17 de março de 2016, mostrado neste video.

O cometa McNaugth (C/2006 P1) foi o mais brilhante dos últimos 40 anos, atingindo magnitude aparente de -5 (Venus chega a -4). Ele foi descoberto
pelo astronônomo Robert H. McNaught em 7 de agosto de 2006, a partir do Siding Spring Observatory, na Austrália. Foto tirada por Maria de Fátima

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Oliveira Saraiva em Porto Alegre, no dia 18/01/2007, ao anoitecer.

No início de 1997, o Cometa Hale-Bopp foi visível a olho nu em quase todo o planeta.

Acredita-se que os cometas são corpos primitivos, presumivelmente sobras da formação do sistema solar, que se deu pelo colapso de uma nuvem
molecular gigante.

Jan Hendrik Oort (1900-1989)

Esses corpos formariam uma vasta nuvem circundando o Sistema Solar, em órbitas com afélios a uma distância de 50
000 UA do Sol: a "Nuvem de Oort". Haveria 100 bilhões de núcleos cometários nessa nuvem. Eventualmente, a
interação gravitacional com uma estrela próxima perturbaria a órbita de algum cometa, fazendo com que ele fosse
lançado para as partes mais internas do sistema solar. Uma vez que o cometa é desviado para o interior do sistema solar,
ele não sobrevive mais do que 1000 passagens periélicas antes de perder todos os seus elementos voláteis.

Um outro cinturão de restos gelados é chamado de Cinturão de Kuiper e, ao contrário da Nuvem de Oort, está no plano do sistema solar, de 30 a 50
UA do Sol, portanto logo após a órbita de Netuno.

Luz Zodiacal
A reflexão da luz solar na poeira cometária, concentrada na região do zodíaco perto do Sol, pode ser vista em locais muito escuros, algumas horas após o
pôr do Sol, e antes do nascer.

Asteróides Próximos à Terra


Os asteróides próximos à Terra (Near Earth Asteroides) são aqueles que têm órbitas que os aproximam da Terra e portanto têm maior chance de colidir
com a Terra. A maioria têm uma probabilidade de 0,5% de colidir com a Terra no próximo um milhão de anos. O número total de asteróides maiores que
um km é da ordem de 1000 a 2000, que corresponde a uma probabilidade de 1% de colisão no próximo milênio.

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A atmosfera da Terra não oferece proteção para objetos maiores que 100 m de diâmetro. Corpos maiores que 1 km causam efeitos globais na Terra.
Mesmo que caiam nos oceanos, as ondas gigantescas que causariam destruiriam as cidades costeiras.

Número de asteróides que passam próximos à Terra em relação a seu diâmetro, conforme cálculos de David Rabinowitz et al. (2000), Nature, 403, 165.
Os círculos abertos mostram as observações. Os quadrados e triângulos mostram a amostra corrigida pela dificuldade de observar os mais fracos.

Efeito Yarkovsky
Além das alterações nas órbitas dos asteróides e cometas causadas por interações gravitacionais entre eles e com os planetas, o Efeito Yarkovsky,
proposto em 1900 pelo engenheiro russo Ivan Osipovich Yarkovsky (1844-1902) e observado no asteróide 6489 Golevka por Steven R. Chesley, Steven
J. Ostro, David Vokrouhlický, David Capek, Jon D. Giorgini, Michael C. Nolan, Jean-Luc Margot; Alice A. Hine, Lance A. M. Benner e Alan B.
Chamberlin, ["Direct Detection of the Yarkovsky Effect via Radar Ranging to Asteroid 6489 Golevka", Science 302, 1739-1742 (2003)], explica o
deslocamento gradual pela reemissão assimétrica (maior no lado não iluminado) da luz absorvida do Sol. Outra fonte de deslocamento é a emissão de
jatos nos cometas.

Lixo Espacial

astro.if.ufrgs.br/comast/index.htm 13/15
25/05/2019 Corpos Menores do Sistema Solar

Foto do asteróide Bendegó, o maior encontrado no Brasil, dem 1888, na Bahia, com 5360 kg, no Museu Nacional, depois do incêndio em set/2018.
Solex - programa para cálculo das órbitas Orbit Fit
Catálogo de asteróides
Dinâmica de Asteróides
Lista dos Asteróides que passam perto da Terra
Lista dos Asteróides por Descobrimento
Gráfico com posição dos asteróides
Simulador de Impactos sobre a Terra

Hildas e Trojanos num sistema de referência corrotando com Júpiter

astro.if.ufrgs.br/comast/index.htm 14/15
25/05/2019 Corpos Menores do Sistema Solar

Auto-teste de Corpos menores do Sistema Solar

O Sol - Nossa Estrela

Astronomia e Astrofísica

© Kepler de Souza Oliveira Filho & Maria de Fátima Oliveira Saraiva


Modificada em 4 set 2018

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