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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

FUNDAÇÃO CHRISTIANO OTTONI


ESCOLA DE ENGENHARIA DA UFMG

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO


TRABALHO

HIGIENE DO TRABALHO

Exposição Ocupacional às Temperaturas


Extremas

Prof. Moacir Tavares

CEEST – DEP – FCO – EEUFMG 2009


SUMÁRIO

Introdução....................................................................................................................03
1- Conceitos Gerais.....................................................................................................04
2- Elementos Básicos de Transferência de Calor.......................................................05
3- Ocorrências.............................................................................................................06
4- Fisiologia da Exposição ao Calor...........................................................................06
5- Doenças Causadas Pela Sobrecarga Térmica......................................................08
6- Instrumentos Utilizados para Avaliação da Exposição ao Calor............................09
7- Índices de Avaliação...............................................................................................10
8- Técnicas de Medição.............................................................................................11
9- Avaliação da Exposição Ocupacional ao Calor.....................................................12
10- Medidas de Controle...........................................................................................17
11- Conforto Térmico.................................................................................................19
Figuras e Ábacos................................................................................................20
12- Exposição ao Frio.................................................................................................24
13- Medidas de Controle.............................................................................................27
14- Exercícios..............................................................................................................28
15- Bibliografia............................................................................................................30

Moacir Tavares 2
INTRODUÇÃO

O calor vem sendo empregado ocupacionalmente desde época remotas quando o


homem descobriu que os metais poderiam ser fundidos para darem origem a outras
formas, ou para verem alteradas as suas propriedades físico-químicas, podendo
aqueles metais serem trabalhados e moldados mais facilmente.
Atualmente um grande número de processos industriais emprega calor como fonte de
energia; nesses processos o trabalhador é exposto a situações térmicas extremas,
com desgaste físico, que poderá se tornar irreparável se medidas de controle não
forem tomadas em tempo hábil. Cabe aos profissionais de Segurança do Trabalho
estudar as situações e tomar as providências em favor dos indivíduos expostos,
encaminhando ao serviço médico aqueles que evidenciarem, desgaste físico além do
normal, e adotar medidas para evitar o referido desgaste físico. È preciso que se tenha
o senso crítico valorizando a produção e a produtividade como a razão de ser da
empresa; todavia há que se ponderar de que com segurança e saúde se produzirá
mais e com menores perdas humanas e materiais.

O objetivo desta disciplina é transmitir aos futuros engenheiros de segurança os


métodos e as técnicas necessárias para avaliação do ambiente ocupacional no que
tange a exposição ao calor, e implantação de medidas adequadas de controle,
prevenindo-se as doenças profissionais e acidentes, conseqüentemente evitando-se
as perdas materiais, preservando-se a integridade física do trabalhador.

Moacir Tavares 3
1- CONCEITOS GERAIS
LEI DA CONSERVAÇÃO DA ENERGIA
A energia não pode ser criada nem destruída; ela pode ser transformada de uma
modalidade em outra; portanto, uma dada energia seja hidráulica ou térmica, já
existia de alguma outra forma, antes de ser empregada para produzir trabalho.
A energia térmica é amplamente utilizada na indústria em fornos, caldeiras, estufas e
motores de combustão interna, ou como geradores de outra energia, como as termo-
elétricas.

ESCALA DE TEMPERATURA
Um sistema composto de um sólido e um líquido de uma mesma substância, estão
em equilíbrio de fase, isto é o sólido e o líquido coexistem sem o líquido mudar em
sólido e sem o sólido se tornar líquido, apenas a uma temperatura definida à pressão
constante. Analogamente, um líquido permanecerá em equilíbrio de fase com seu
vapor apenas a uma temperatura definida, quando a pressão é mantida constante. A
temperatura em que sólido e líquido de uma mesma substância coexistem à pressão
atmosférica é chamada de ponto normal de fusão, PNF (em inglês NMP - NORMAL
MELTING POINT). Enquanto que para o líquido e seu vapor é denominado ponto
normal de ebulição; PNE, em inglês NBP “Normal Boiling Point”. Pode-se obter
algumas vezes o equilíbrio de fase entre um sólido e seu vapor a pressão
atmosférica. A temperatura em que este fenômeno ocorre é chamado de ponto
normal de sublimação PNS (em inglês NSP – NORMAL SUBLIMATION POINT). È
possível obter as três fases - sólida, líquida e vapor – coexistindo em equilíbrio mas
apenas à pressão e temperatura definidas; essa temperatura é conhecida como
tríplice PT (em inglês TP – TRIPLE POINT). A pressão do ponto tríplice da água é de
4,58 mm Hg.
Os pontos PNF, PNE, PNS e PT podem ser escolhidos como padrões para o
propósito de se estabelecer uma escala de temperatura. Antes de 1954 existiam dois
pontos padrões. O PNE da água e temperatura de equilíbrio do gelo puro e água
saturada de ar. Ambos foram abandonados; na moderna termometria há apenas um
ponto fixo padrão, que é o ponto tríplice da água, ao qual se atribui o número de
273,16 K (Kelvin) e a pressão de 4,58 mm Hg.

Para se obter o ponto tríplice, destila-se água da mais alta pureza, colocando–a em
um vaso, apropriado para o caso; depois de removido todo o ar fecha-se o vaso. É
colocada uma mistura congelante, que forma uma camada de gelo em volta do
reservatório. Quando a mistura é substituída por um termômetro, uma fina camada
de gelo derrete-se nas proximidades, havendo equilíbrio entre as fases líquida, sólida
e vapor estará configurado o ponto tríplice, sendo este o padrão para a moderna
termometria. As escalas mais usadas são: KELVIN, CELSIUS E FAHRENHEIT.

Moacir Tavares 4
2 – ELEMENTOS BÁSICOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR
2.1. CONDUÇÃO
É uma forma pela qual a energia de agitação molecular ou energia térmica é
transmitida de um meio a outro, quando existe contato direto, e diferença de
temperatura entre eles, podendo ser sólidos, líquidos ou gasosos. A condução nos
meios não sólidos é quase sempre combinada com a convecção e em alguns casos
também com a radiação. A energia interna desses corpos ou sistemas, depende de
energia cinética média das moléculas componentes do sistema, conforme o
enunciado da teoria cinética. A energia fluirá até ao equilíbrio térmico.
2.2. RADIAÇÃO
A radiação é um processo de transmissão de energia através de ondas
eletromagnéticas, de um corpo de temperatura alta, para outro de temperatura mais
baixa, estando-se estes corpos separados no espaço, mesmo que exista vácuo entre
eles. A energia radiante difere da luz visível e outros tipos de ondas eletromagnéticas
apenas no comprimento da onda. A energia radiante viaja com a velocidade da luz (3
x 10 8 m/s). O calor radiante é transmitido na forma de impulsos, ou “quanto” de
energia radiante no espaço é semelhante à propagação da luz, e pode ser descrita
pela teoria das ondas.
Quando as ondas de radiação encontram outro objeto, a sua energia é absorvida.
2.3. CONVECÇÃO
A convecção é um processo de transporte de energia pela ação combinada da
condução de calor, armazenamento de energia e movimento dos fluídos em função
da sua massa específica. O mecanismo de convecção se processa de forma
complexa, dependendo de vários fatores tais como: a forma da superfície do sólido
que esteja em contato com o fluído cuja diferença de temperatura provoca o seu
deslocamento, se é vertical ou horizontal, se é curva ou plana, dependendo ainda da
densidade, viscosidade, calor específico e condutividade térmica do fluído, e se este
é gás ou líquido. A energia total do sistema é a energia média das moléculas
componentes do referido sistema, isto é, quanto mais rápido elas se movem maior
será a sua energia térmica.
2.4. OUTROS FATORES QUE INFLUENCIAM NA EXPOSIÇÃO AO CALOR
UMIDADE DO AR
Influi na troca térmica que é realizada entre o organismo e o meio ambiente pelo
mecanismo da evaporação. Para que isso ocorra de maneira satisfatória é
necessário que haja uma determinada relação entre a temperatura e a umidade do
ar, como veremos adiante. A umidade dependendo da finalidade com que se quer
medir ou analisar; pode-se empregar diferentes maneiras de expressar:
- Umidade absoluta expressa em gramas de vapor d’água por centímetros cúbicos
de ar, é a quantidade de vapor d’água contida no ar.
- Umidade relativa é a quantidade de vapor d’água contida no ar em relação à
atmosfera saturada de vapor a mesma pressão e temperatura.
- Ponto de orvalho é a temperatura na qual o vapor d’água do ar chega ao ponto de
saturação.

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VELOCIDADE DO AR
A movimentação das massas de ar influenciam decisivamente nas trocas térmicas
entre o organismo e o ambiente, principalmente no mecanismo da convecção-
condução. Quando as camadas de ar próximas às superfícies do corpo são
movimentadas, acelera-se o fluxo de calor, da pele para o ar aumentando-se a
transferência de energia térmica.
TEMPERATURA DO AR
A temperatura do ar tem uma influência significativa nas avaliações ambientais
ocupacionais, devendo-se as medições serem preferencialmente executadas no
verão, pois o sentido do fluxo de calor do indivíduo para o meio ocorre da seguinte
maneira: quando a temperatura do ar estiver mais baixa que a superfície da pele, o
indivíduo perderá calor, cedendo-o ao ambiente; quando a temperatura do ar estiver
mais alta que a superfície da pele, o fluxo de calor será inverso, ou seja, o organismo
ganhará calor que se somará aquele gerado pelo metabolismo.

3. OCORRÊNCIAS
A exposição ocupacional ao calor ocorre na maioria dos ramos de atividades
industriais, desde a construção civil e atividades extrativas em suas formas primárias,
indústria mecânica, materiais refratários e cerâmicos, até a metalurgia onde a
siderurgia tem em nosso estado uma posição de destaque. As principais fontes de
calor ocupacional são a carga solar (para atividade a céu aberto), caldeiras e fornos,
fornos cerâmicos e de materiais refratários e estufas para diversas finalidades.

4. FISIOLOGIA DA EXPOSIÇÃO AO CALOR

O homem pertence a uma classe de seres vivos que possui a sua temperatura
interna constante; isto é, conseguido através de um centro termorregulador
localizado no hipotálamo, o qual é extremamente sensível à temperatura ambiente,
enviando constantes mensagens ao organismo adaptando-o às variações das
situações térmicas criadas por mudanças ambientais e atividades metabólicas.
Quando o indivíduo é submetido a uma sobrecarga térmica, é esse centro que
comanda as alterações fisiológicas necessárias para conseguir o equilíbrio
energético, preparando o organismo para aquela situação. Dentre estas reações
chamadas termorreguladoras, a vasodilatação periférica é uma das mais
importantes, e se caracteriza por dilatar os vasos periféricos do corpo, permitindo
uma maior irrigação sanguínea para transportar o calor aumentado pela atividade
celular intensa, (metabolismo), para ser dissipado ao nível da pele, através dos
mecanismos já citados, ou seja a radiação, condução e convecção, tendo este
último, importante papel na evaporação do suor. A vasodilatação periférica imporá ao
sistema cardiocirculatório um esforço adicional aumentando o fluxo sanguíneo. Outra
importante reação termorreguladora é a sudorese provocada pelas glândulas
sudoríparas, fazendo com que o corpo perca calor para o ambiente através da
evaporação do suor, facilitada pela convecção. Quando o trabalhador é submetido a
uma situação térmica em que recebe calor do ambiente em quantidade superior a
capacidade do seu mecanismo termorregulador, ou que sua carga metabólica
(energia) é dissipada sem tempo de reposição, o homem sofrerá danos a sua saúde,
bem como a falta de líquidos, perdidos pela evaporação poderá trazer danos
irreparáveis a sua integridade física.
O “Quadro do Equilíbrio Homeotérmico” colocado a seguir visa mostrar as varias
formas da equação do equilíbrio térmico, face às diversas situações ambientais.
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EQUILÍBRIO HOMEOTÉRMICO PARA VARIADAS SITUAÇÕES AMBIENTAIS

TEMPERATURA DO AR TEMPERATURA DO AR < TEMPERATURA DO AR >

CALOR RADIANTE TEMPERATURA DO TEMPERATURA DO


CORPO CORPO

SEM FONTES M=C+R+E M+C=R+E


APRECIÁVEIS DE CALOR
RADIANTE

COM FONTES M+R=C+E M+C+R=E


APRECIÁVEIS DE CALOR
RADIANTE
M = Calor metabólico ou carga metabólica
C = Calor ganho ou perdido por condução – convecção
R = Calor ganho ou perdido por radiação
E = Calor perdido por resfriamento pela evaporação

SÍNTESE
A carga ambiental é o resultado da interação do homem com o ambiente, isto é, do
calor proveniente da radiação e condução produzido por agentes ambientais,
equipamentos, etc., e, o calor gerado pelo próprio homem, que representa a sua
carga metabólica. A carga metabólica é o calor interno gerado pela atividade celular
resultante do metabolismo basal, somado à energia térmica provenientes das
atividades físicas. Para que o equilíbrio seja mantido, é necessária a troca entre o
organismo e o meio onde o calor interno é dissipado pela sudorese, através da
evaporação do suor, facilitada pela convecção-condução e a movimentação do ar.
Em equilíbrio térmico a equação toma a forma:
M=±C±R+E

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5. DOENÇAS CAUSADAS PELA SOBRECARGA TÉRMICA

SÍNCOPE PELO CALOR


È causada por deficiência do sistema circulatório em atender as necessidades
orgânicas e fornecer o sangue arterial para manter o metabolismo celular; os efeitos
são o desânimo, fadiga, anorexia, náusea e vômitos. O aspecto da pele é pálida e
úmida; os sintomas se caracterizam por tonturas, mal estar, dor de cabeça e
fraqueza, podendo levar à inconsciência. O aumento da circulação periférica sempre
acarreta uma diminuição do sangue aos órgãos internos, sendo esta uma das
causas.

PROSTAÇÃO TÉRMICA
Pode ocorrer por eliminação excessiva da água (desidratação), ou perdas sem
reposição de sais minerais, acontece com maior freqüência em indivíduos não
adaptados ao ambiente quente (trabalhadores novatos). Para evitá-la, as perdas de
água não deverão ser superiores a 1,5%, do peso do indivíduo, ao final da jornada
de trabalho. A água deve ser ingerida com adição de sais minerais, podendo ser o
cloreto de sódio.

CÂIMBRAS
São atribuídas às perdas de sais minerais e se apresentam como fortes dores
musculares, principalmente na coxa, nos músculos abdominais, e outros que tenham
sido mais solicitados no trabalho. Os indivíduos geralmente acometidos são aqueles
já aclimatados, e outros que ingerem água em abundância, porém sem o sal
necessário.

ENFERMIDADES DAS GLÂNDULAS SUDORÍPARAS


Ocorrem com maior freqüência em ambientes quentes e úmidos, em condições que
o indivíduo transpira, mas em que o suor não evapora em quantidade suficiente para
manter ativas as glândulas. Poderá ocasionar uma queda ou paralisação na
produção de suor em determinadas partes do corpo e surgir erupções cutâneas.

EDEMA PELO CALOR


Marca a evolução da doença o inchaço dos pés e tornozelos, e às vezes das mãos
também surge mais freqüentemente em trabalhadores ainda não devidamente
aclimatados. Neste caso poderão ocorrer duas situações: que os efeitos
desapareçam gradativamente, ou tendam a se agravar; no último caso será
aconselhável a remoção do indivíduo do local, remanejando-o para outras atividades.

CATARATAS
O calor radiante provoca ou predispõe o indivíduo à catarata, pela ação dos raios
infra-vermelhos sobre o cristalino dos olhos, fazendo com que uma doença
característica de pessoas idosas possa surgir precocemente em indivíduos
relativamente jovens.

INTERMAÇÃO OU INSOLAÇÃO
Causada por distúrbios no mecanismo termorregulador; o indivíduo acometido
apresenta a pele avermelhada quente e seca, os sintomas mais freqüentes são:
tonturas, tremores, convulsões e delírios podendo levar a morte ou deixar estigmas
irreversíveis. Tem as mesmas características da exposição excessiva ao sol de
verão, com desidratação e queimaduras da pele.
OBS.: Em todos os casos citados a assistência médica deve ser solicitada.

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6. INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO AO
CALOR

6.1. PARA DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE IBUTG (ÁRVORE DE TERMÔMETROS)


- Termômetro de bulbo úmido
Especificação: De 0 a 50°C, com subdivisão de 0,1 ou 0,2 °C
- Erlenmeyer de 125ml ou 150ml
Pavio de algodão de comprimento aproximado de 15 a 20cm.
- Termômetro de globo
De 0 a 100°C, subdivisões de 0,1 ou 0,2°C ou de 0 a 150°C subdiv. de 0,2°C.
- Globo de cobre de 150 mm de diâmetro pintado em preto fosco, oco, com
espessura de
1mm.
- Adaptador para instalar o termômetro no globo.
- Termômetro de bulbo seco
De 0 a 100°C, subdivisões de 0,1 ou 0,2°C

6.2. VELOCIDADE DO AR

- Anemômetro de palhetas
Capacidade de 0 a 30m/s

- Termoanemômetro
Capacidade de 0 a 30m/s.

6.3. UMIDADE *
- Psicrômetro de aspiração: termômetros, subdivisões em 0,5 ou 1,0°C
- Psicrômetro rotativo manual: termômetros subdivisões em 0,5 ou 1,0°C
- Higrômetro resolução 1%
(*) – Será necessário apenas um dos três tipos de instrumentos listados.

6.4. FIXAÇÃO DOS INSTRUMENTOS (ÁRVORE DOS TERMÔMETROS)


- Tripé com haste regulável alcançando 1,80cm de altura.
- Garras isoladas para fixação dos termômetros.

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7. ÍNDICES DE AVALIAÇÃO
7.1 TEMPERATURA EFETIVA – TE (CONFORTO TÉRMICO)
Consiste em se empregarem os termômetros bulbo úmido e bulbo seco para se
determinar a temperatura medindo-se a velocidade do ar com anemômetro ou
termoanemômetro. Entrando-se com esses valores no ábaco e ligando a temperatura
de bulbo seco à temperatura de bulbo úmido com auxílio de uma régua, passando
pela velocidade do ar medida, se encontrará a temperatura efetiva – TE.
Interpretação: o ambiente será considerado desconfortável se estiver fora dos
parâmetros: TE entre 20 e 23°C, UR ≥ 40% e Vel. Ar ≤ 0,75m/ s.
7.2. TEMPERATURA EFETIVA CORRIGIDA - TEC
Os procedimentos são os mesmos; porém empregando-se o valor de temperatura de
globo no lugar de bulbo seco, sendo indicada para locais onde existe o calor
radiante. A temperatura de bulbo úmido será corrigida antes de sua aplicação no
ábaco pelo seguinte procedimento: empregando-se uma carta psicrométrica, e
aplicando-se os valores de bulbo seco e bulbo úmido, determine-se a umidade
relativa: traçando a paralela à base do ábaco por este ponto, (umidade absoluta) até
encontrar a linha traçada pela temperatura de globo, (que também entrará na carta),
traçando-se por este ponto uma paralela às linhas de bulbo úmido, se encontrará o
valor de bulbo úmido corrigido. Finalmente entrando com a velocidade do ar
encontra-se o TEC. Estes métodos têm a desvantagem de não levar em
consideração as atividades exercidas.
7.3. TEMPERATURA DE GLOBO ÚMIDO
É obtido pelo emprego de um instrumento que combina o bulbo úmido com o globo.
Este instrumento tem a vantagem de em uma única leitura determinar o índice de
avaliação de sobrecarga.

7.4. IBUTG (ÍNDICE DE BULBO ÚMIDO TERMÔMETRO DE GLOBO)


7.4.1. EQUAÇÃO FUNDAMENTAL
IBUTG = 0,7 Tbn + 0,3[(Tg – Tbs) K + Tbs]
Onde: Tbn = Temperatura de bulbo úmido natural
Tg = Temperatura de globo
Tbs = Temperatura de bulbo seco

VALORES DE K

K VESTIMENTA/ PELE

0,75 Roupa verde/ cinza


0,65 Uniforme militar cáqui
0,45 Batas brancas limpas
0,82 Trabalhador sem camisa-pele escura
0,60 Trabalhador sem camisa-pele clara

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7.4.2. EQUAÇÃO SIMPLIFICADA
Posteriormente foi proposta uma simplificação da equação anterior por MINARD a
qual foi adotada pela ACGIH*, cuja metodologia também foi aceita pela nossa
legislação. A equação simplificada não leva em consideração o tipo de vestimenta do
trabalhador, e a cor da sua pele, sendo esses valores considerados desprezíveis.
IBUTG = 0,7 Tbn + 0,2 Tg + 0,1 Tbs (com carga solar no ambiente)
IBUTG = 0,7 Tbn + 0,3 Tg (sem carga solar)
Neste último caso pode-se dispensar o termômetro do bulbo seco, a não ser que se
pretenda determinar a umidade relativa do local
* AMERICAN CONFERENCE OF GOVERNMENTAL INDUSTRIAL HYGIENISTS

8- TÉCNICAS DE MEDIÇÃO
É recomendado que a árvore de termômetros seja montada em local limpo, nivelado
o mais próximo possível do posto de trabalho a ser avaliado e transportado com todo
o cuidado para o local de medição. As medidas deverão ser efetuadas no local onde
atua o trabalhador, porém isso nem sempre é possível; neste caso desloca-se a
árvore radialmente em relação à fonte térmica mantendo-se o mesmo comprimento
de raio equivalente à distância do trabalhador à fonte. O conjunto dos termômetros
deve ser posicionado a altura da parte do corpo mais atingida pelo calor; geralmente
isso ocorre com o globo à aproximadamente de 1,0 a 1,2 metros de altura em
relação ao piso para indivíduos trabalhando em pé.

8.1. ÍNDICE DE IBUTG


1º)- Para locais onde haja carga solar, deve-se empregar os três termômetros
para a avaliação; (Tbn, Tg, Tbs), neste caso posicioná-los a 90°C, (figura
2), de distribuição de forma que o de globo e bulbo úmido estejam voltados
para o lado principal da fonte de calor. Em locais sem carga solar o Tbs é
dispensável.
2º)- Os bulbos dos termômetros deverão ser montados ao mesmo plano
paralelo ao piso, portanto à mesma altura.
3º)- O bulbo do termômetro de globo deve estar no centro do globo, porque se
concentra neste ponto o calor radiante.
4º)- O bulbo do termômetro de bulbo úmido natural (Tbn) deverá ser posicionado à
distância de 2,5cm da boca do Erlenmeyer, com o pavio de algodão cobrindo
o bulbo.
5º)- O tempo de estabilização exigido por norma é de 25 a 30 minutos após o
qual se faz à leitura.
6º)- Deverão ser efetuados três ou mais leituras em cada termômetro até que
a diferença entre estas não exceda de 0,1 a 0,2°C. A leitura final deverá
ser a média das três últimas leituras.
7º)- A árvore de termômetros deverá estar posicionada de maneira a evitar que
obstáculos ou barreiras se interponham entre os termômetros e a fonte de
calor.
8º)- As escalas devem se voltadas para uma posição que facilite a leitura sem
que se tenha que tocar nos termômetros.
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9º)- As atividades e o seu tempo de duração, bem como a temperatura
correspondente deverão ser cuidadosamente anotados.
10º)- O metabolismo de cada atividade deverá ser estudado, atribuindo o gasto
da energia que seja representativo da atividade desenvolvida.
8.2. VELOCIDADE DO AR.
Pode-se utilizar um anemômetro de palhetas com leitura direta da velocidade do ar
em m/ s, ou um termoanemômetro. O mais preciso é o termoanemômetro cuja
sensibilidade está em um filamento que é aquecido sendo a velocidade do ar
determinada pela variação da temperatura do filamento, a qual produz variações de
condutividade elétrica cujos impulsos são transformados em valores mensuráveis. A
vantagem deste instrumento é que consegue medir pequena movimentação não
direcional do ar.
Observar a figura 2 – Árvore dos Termômetros.

8.3. UMIDADE RELATIVA


A umidade relativa do ar pode ser medida com higrômetro de boa qualidade, com
psicrômetro manual ou de aspiração, ou ainda com os termômetros de bulbo úmido e
de bulbo seco, montados na árvore de termômetros, aplicando-se os seus
respectivos valores, (temperatura de bulbo úmido e bulbo seco) em carta
psicrométrica (veja figura 3).

9. AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO CALOR


A legislação brasileira específica através da Portaria 3214/78 NR 15, Anexo nº 3,
adotou IBUTG para avaliação da exposição ao calor, estabelecendo os limites de
tolerância , considerando duas situações distintas:
a) – Quando o trabalho é contínuo, ou com períodos de descanso no próprio local de
prestação de serviços.
b)- Quando existe local específico para descanso, com situação mais amena.

9.1. CÁLCULOS DO IBUTG E DO M


a) – Quando o trabalho é intermitente com variações de temperaturas ou de
atividades ou ambas: é feito o acompanhamento das situações térmicas
e cronometrados os seus períodos de duração; as situações térmicas são
caracterizadas por mudanças na temperatura, e as condições metabólicas pelas
variações de atividade, conforme já descritos no item 8, “Técnica de Medição”.
O IBUTG da situação térmica é calculada pelas equações:
IBUTG = 0,7 Tbn + 0,3 Tg (sem carga solar)
IBUTG = 0,7 Tbn + 0,2 Tg + 0,1 Tbs (com carga solar)

Onde:
Tbn = termômetro de bulbo natural
Tg = termômetro de globo
Tbs = termômetro de bulbo seco

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O IBUTG (média ponderada) é calculado pela seguinte equação:

IBUTG = (IBUTGt x Tt) + (IBUTGd x Td)


60
IBUTGt = Situação térmica do trabalho
IBUTGd = Situação térmica de descanso
Tt = Tempo de trabalho
Td = Tempo de descanso

b) - Quando o trabalho é intermitente, com descanso em outro local calcula- se a


média ponderada do índice de IBUTG, e também a taxa metabólica, M, das
situações térmicas cronometradas. O resultado é confrontado com a tabela de
limites de tolerância.
Da mesma maneira o M, (metabolismo em média ponderada) é calculado pela
equação :
M = (Mt x Tt) + (Md x Td)
60
Mt = Metabolismo da situação de trabalho
Tt = Tempo de duração da situação de trabalho
Md = Metabolismo da situação de descanso
Td = Tempo de duração do descanso
9.2. TAXAS DE METABOLISMO
O metabolismo das situações de trabalho e descanso são interpretadas a partir da
tabela “Taxas de Metabolismo por Tipo de Atividade”, onde após analisarmos a
situação, arbitraremos o valor metabólico da atividade equivalente ao caso em
questão. Os tempos correspondentes são obtidos pela cronometragem da atividade.
Com estes dados calcula-se o M.
9.3. ANÁLISE DOS RESULTADOS
De posse dos valores de IBUTG ou IBUTG, para descanso no próprio local de
prestação de serviços, compara-se com a tabela do Quadro nº 1 compilado da Portaria
3214/78, NR 15, anexo nº 3.
Para o caso de haver local para descanso (fora do local de trabalho) ou diferenças de
atividades ou temperatura o limite de tolerância será verificado no Quadro nº 2,
também compilado da lei citada: Limites de Tolerância para Descanso em Outro Local.

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QUADRO N.º 1 – LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA DESCANSO NO POSTO DE
TRABALHO
REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE COM TIPO DE ATIVIDADE
DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL DE TRABALHO (POR
HORA) LEVE MODERADA PESADA

TRABALHO CONTÍNUO ATÉ 30.0 ATÉ 26.7 ATÉ 25.0

45 MINUTOS TRABALHO 30.1 a 30.6 26.8 a 28.0 25.1 a 25.9


15 MINUTOS DESCANSO

30 MINUTOS TRABALHO 30.7 a 31.4 28.1 a 29.4 26.0 a 27.9


30 MINUTOS DESCANSO

15 MINUTOS TRABALHO 31.5 a 32.2 29.5 a 31.1 28.0 a 30.0


45 MINUTOS DESCANSO

NÃO É PERMITIDO O TRABALHO, SEM A ADOÇÃO DE ACIMA DE 32.2 ACIMA DE 31.1 ACIMA DE
MEDIDAS ADEQUADAS DE CONTROLE 30.0

QUADRO N.º 2 (DESCANSO EM OUTRO LOCAL)

M (Kcal/ h ) MÁXIMO
IBUTG
175 30.5
200 30.0
250 28.5
300 27.5
350 26.5
400 26.0
450 25.5
500 25.0

QUADRO N.º 3 - TAXA DE METABOLISMO POR TIPO DE ATIVIDADE

TIPOS DE ATIVIDADES Kcal/ h

Sentado em repouso 100


Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (Ex.: 125
TRABALHO

datilografia)
LEVE

Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (Ex.:


150
dirigir)
De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada,
principalmente com os braços. 150
Sentado, movimentos vigoroso com braços e pernas 180
TRABALHO
MODRADO

De pé, trabalho leve em máquina ou bancada com alguma


175
movimentação
De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com
alguma movimentação 220
Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar
300

Moacir Tavares 14
Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar 440

TRABALHO
pesos(ex.: remoção com pá)

PESADO
Trabalho fadigante
550

CONCLUSÃO

1º) Caso – Descanso no próprio local


Leia-se o IBUTG calculado no Quadro nº 1 na coluna Leve, Moderada ou Pesada
conforme o caso, e verifica-se, se está dentro das condições permissíveis; ou sejam
nos limites de tolerância. Em caso destes serem ultrapassados a situação será
considerada insalubre devendo-se tomar providências para controle da situação.

2º) Caso – Descanso em Outro Local


Calcular o metabolismo, média ponderada, M após consultar o Quadro nº 3, usando os
tempos de duração de trabalho e de descanso. Após determinar o IBUTG de descanso
e o IBUTG de trabalho, calcular a média ponderada e levar o resultado à tabela do
Quadro nº 3. Se para o metabolismo, M, calculado o IBUTG, for igual ou menor ao da
tabela, a situação está dentro dos limites permissíveis; se ultrapassar o IBUTG da
tabela, a situação será considerada insalubre devendo-se tomar as providências
cabíveis. (veja medidas de controle).

PROBLEMA RESOLVIDO
1)- Calcular o M e o IBUTG de um operador de forno de tratamento térmico que, a
cada hora abre o forno retira as peças de aço aquecidas, coloca-as no tanque de óleo
e carrega o forno com outras peças, levando para isso 10 minutos; o restante do
tempo permanece sentado fazendo anotações; o local não tem incidência de carga
solar.

TRABALHO DESCANSO

Tg = 60,0°C Tg = 30,0°C

Tbn = 25,0ºC Tbn = 22,0°C

SOLUÇÃO:
Cálculo do IBUTG
Trabalho :
IBUTGT = (0,7 x 25,0) + (0,3 x 60,0) = 35,5
Descanso :
Moacir Tavares 15
IBUTGD = (0,7 x 22,0) + (0,3 x 30,0) = 24,4

IBUTG = (35,5 x 10) + (24,4 x 50) = 26,25


60

Cálculo do M

O tipo de trabalho é moderado, em pé (não chega a ser pesado) veja o quadro nº 3


“Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar” esta atividade produz
300Kcal/ h; já a situação de descanso é considerada leve, sentado, movimentos
moderados com os braços e tronco.
Anotações = 125 Kcal/ h

M = (Mt x Tt) + (Md x Td) = (300 x 10) + (125 x 50) = 154,2 Kcal/h
60 60

Levando os valores de IBUTG e M ao Quadro nº 2 teremos: o valor de M mais


próximo (acima) é 175Kcal/ h para este valor o IBUTG máximo é de 30,5, portanto a
atividade não é insalubre, mantendo-se as condições analisadas pois o IBUTG
calculado está abaixo do LT.
Obs.: Quando existe carga solar usa-se o termômetro de bulbo seco e a equação
torna-se:
IBUTG = 0,7 Tbn + 0,2 Tg + 0,1 Tbs

PROBLEMA PROPOSTO
Um operador de alto forno de lingotamento contínuo, trabalha na corrida, durante 15
minutos e descansa durante 45 minutos, repetindo o ciclo durante cada hora, durante
as corridas de ferro gusa nas operações de abertura do canal e tamponamento após a
corrida, havendo incidência de carga solar à tarde quando foi efetuada a medição,
(somente no local de trabalho).
Dados
TRABALHO DESCANSO
Tbn = 28,0 Tbn = 24,0
Tg = 52,0 Tg = 40,0
Tbs = 40,0 -

A atividade é pesada com trabalho intermitente de levantar e empurrar.


Na situação de descanso o trabalhador permanece sentado sem nenhuma atividade.
Pede-se:
Verificar se as condições de trabalho estão dentro dos limites permissíveis, ou se o
trabalho é insalubre.

Moacir Tavares 16
10. MEDIDAS DE CONTROLE
As medidas de controle da exposição ocupacional ao calor são de duas classes
principais:
a) Controle no Homem
b) Controle do ambiente
Estrategicamente iniciaremos pelo controle no homem, quando sabemos que as
soluções mais aceitáveis e definitivas são aquelas que corrigem o equipamento;
entretanto notamos na prática que enquanto se discutem os projetos de controle a
serem executados a médio ou a longo prazo passando pelas áreas técnicas e
burocráticas o trabalhador permanece exposto a situações que poderão comprometer
de forma irreversível a sua saúde; por isso resolvemos inverter a ordem de proteção
ao trabalhador, sem contudo deixar de dar prioridade necessária ao controle no
equipamento.

10.1. CONTROLE NO HOMEM


A avaliação ambiental é direcionada para quantificar os agentes de risco em seus
limites máximos permissíveis, não sendo levada em consideração a susceptibilidade
dos indivíduos que os levam a ter reações fisiológicas diferentes diante de um mesmo
estímulo. Para atender a estes casos específicos a seção que discorre sobre o
conforto térmico busca fornecer os parâmetros necessários.

10.1.1. CONTROLE MÉDICO


Se inicia com exame de aptidão para se realizar trabalho em ambientes com fontes
térmicas. O controle médico deve ser efetuado, (NR 7 da Portaria 3214/78), sendo
admissionais periódicos e demissionais. O exame admissional objetiva detectar
possíveis distúrbios ou doenças que mesmo incipientes, poderiam de alguma forma,
se agravarem expondo o indivíduo situações indesejáveis, além de selecionar
indivíduos aptos para o trabalho com exposição ao calor conforme o seu tipo físico
característico.
Os exames periódicos visam prevenir possíveis estados patológicos em suas formas
ainda latentes evitando a ocorrência de doenças e desgastes físicos irrecuperáveis. O
engenheiro de segurança deverá cobrar da empresa estas providências, e fazer sua
parte, estudando a exposição do trabalhador e propondo medidas de controle.

10.1. 2. ACLIMATAÇÃO
Os indivíduos iniciantes em atividades que o exponham ao calor devem passar por
treinamento prévio e adaptação gradativa; no início trabalhando no máximo 80% na
jornada de trabalho, levando em média duas semanas para completa adaptação.

10.1.3. INGESTÃO DE ÁGUA E SAL


Os líquidos perdidos pela sudorese deverão ser repostos, bem como os sais minerais
perdidos, empregando-se o cloreto de sódio, evitando a desidratação e câimbras. O
homem chega a perder quantidades superiores a 2 litros por hora* de água, podendo
chegar ao colapso físico se não se compensarem as perdas. O cloreto de sódio
poderá ser adicionado à água na proporção de 0,1% ou seja 1 grama por litro de
acordo com ASTRAND & RODAHL devendo ingerir aproximadamente 150ml a cada

Moacir Tavares 17
20 minutos desse líquido à temperatura de 15°C. Caso não tolere a presença do sal na
água, pode-se usar o tablete de sal deixando-o dissolver-se na boca. Sendo 1 tablete
de sal para cada copo d’água para ingerir.
Outra alternativa é a ingestão de suco de frutas, natural ou artificial, desde que se
adicione além de açúcar , o sal na proporção citada.

*A QUANTIDADE MÁXIMA PERMISSÍVEL DE PERDA É 1 LITRO/ HORA MESMO COM


REPOSIÇÃO.

10.1.4. LIMITAÇÃO DO TEMPO DE EXPOSIÇÃO

De acordo com a análise de sobrecarga térmica quando se constata insalubridade,


deverão ser estudados tempos de descanso, alternados com tempos de trabalho,
devendo o local de descanso possuir cabine isolada do calor radiante e ser ventilada.
Esta medida não exclui as anteriores. Após esta providência deverão ser efetuadas
novas medições para se verificar a eficácia desta solução.

10.1.5. EDUCAÇÃO SANITÁRIA

Os trabalhadores deverão ser orientados quanto à higiene pessoal, de como a limpeza


de pele e dos poros é importante para a saúde e particularmente no caso de
exposição à sobrecarga térmica. Más condições de higiene, poderão predispor o
organismo à aquisição de moléstias originadas na debilidade orgânica, pois condições
precárias de higiene criam ambiente propício à proliferação de microorganismos. Para
tanto é necessário que a empresa forneça ao empregado todas as condições de
limpeza com instalações higienizadas para banhos após os turnos, também devem ser
orientados de como o uso de fumo e álcool debilitam o organismo e o predispõem para
doenças e acidentes.

10.1.6. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

Para cada caso deve ser especificado o conjunto de EPI mais apropriado tais como
óculos e protetores faciais contra a radiação térmica, luvas, aventais, ou blusão
antichama, capacetes de celeron, calçados de segurança resistentes ao calor e
perneiras e vestimentas aluminizadas 9para exposições severas).

10.2. CONTROLE NO AMBIENTE

10.2.1 BARREIRAS TÉRMICAS

As barreiras poderão ser confeccionadas em alumínio polido, ou aço inoxidável no


lado voltado para a fonte térmica, e no lado oposto pode-se revestir a chapa de metal
com material isolante térmico, fibras de lã de rocha, lã de vidro, completando com
outra chapa ou até mesmo madeira pois se bem projetada a proteção, o lado oposto à
fonte não deverá se aquecer muito acima da temperatura ambiente; se necessária à
visibilidade através da barreira pode-se utilizar vidro apropriado tipo “ray-ban” e
guarnecido com tela metálica como proteção e auxiliar na dissipação do calor radiante.
Esta forma de isolamento pode ser empregada em fornos e alto fornos servindo a
barreira como uma blindagem para que o trabalhador possa executar as operações
tais como abertura de canal de vazamento dos metais e efetuar o tamponamento após
a corrida.
Moacir Tavares 18
10.2.2 VENTILAÇÃO

Outra forma de controle é a ventilação, quando o calor se transmite por condução-


convecção, insuflando ar fresco no ambiente aquecido ou exaurindo o ar aquecido: o
processo mais eficiente é a combinação insuflação/ exaustão, devendo-se no projeto
dosar os volumes de ar a serem movimentados e levar em consideração a densidade
deste, para empregar suas propriedades naturais usando principalmente o efeito
chaminé. O ar quente deverá ser removido pela parte superior do prédio ou galpão por
meio de exaustores ou lanternins.
10.2.3. USO DE CORRENTES
Em casos de emissão de intensa radiação infra-vermelha, tais como os fornos de
aciaria, ligas metálicas, etc. pode-se utilizar cortinas de correntes fixas ou rotativas,
reduzindo a passagem das ondas de calor radiante (radiação infra-vermelha).
Também poderão ser utilizadas, embora com rendimento inferior aos das correntes, a
telas e chapas expandidas como barreiras protetoras dependendo, é claro, da
intensidade do calor que se deseja dissipar.

11. CONFORTO TÉRMICO


Em variadas situações de trabalho, embora o tipo de atividade não provoque desgaste
físico, a incidência de calor no ambiente causa desconforto e mal estar. A temperatura
do ambiente não deve ser estudada isoladamente, pois a sua influência sobre o
trabalhador depende do grau de umidade do ar. No caso de calor excessivo, a s
perdas de calor pela evaporação será dificultada em virtude da umidade do ar
consequentemente, entende-se que quanto menor a umidade maior será a dissipação
do calor, devendo-se conhecer até que ponto , a umidade é desejável. Estudos foram
desenvolvidos resultando no quadro a seguir, onde se procura estabelecer os valores
ideais de umidade relativa em função da temperatura. Veja Quadro nº 4.
QUADRO Nº 4

TEMPERATURA °C UMIDADE RELATIVA % SITUAÇÃO RESULTANTE

20 a 25 40 Conforto

26 a 31 20 Conforto

26 a 31 65 Mal estar

26 a 31 80 Necessidade de repouso

26 a 31 85 Conforto no repouso e fadiga


no trabalho

32 80 Limite de tolerância mesmo


no repouso

Moacir Tavares 19
FIGURAS E ÁBACOS

Moacir Tavares 20
Moacir Tavares 21
Moacir Tavares 22
Moacir Tavares 23
12. EXPOSIÇÃO AO FRIO
12.1. FISIOLOGIA DA EXPOSIÇÃO AO FRIO
Como se sabe, em baixas temperaturas o corpo humano perde calor para o ambiente
baixando a temperatura da pele e das extremidades; entretanto, o mecanismo
termorregular atua de maneira a manter o equilíbrio homeotérmico do corpo. Se as
perdas de calor forem superiores ao calor produzido pelo metabolismo, haverá a
vasoconstrição periférica na tentativa de evitar as perdas em excesso; o fluxo
sanguíneo é reduzido em razão direta da queda da temperatura, buscando o
equilíbrio. Se no entanto a temperatura do interior do corpo baixar de 35°C, ocorrerá
uma redução das atividades fisiológicas haverá diminuição da taxa metabólica, queda
da pressão arterial e conseqüentemente da freqüência do pulso, entrando na fase do
“tiritar”: tremor incontrolável que busca através da atividade muscular, (contrações
musculares), a produção de calor para encontrar novamente o equilíbrio. Se a
produção de calor for insuficiente, a temperatura do núcleo do corpo continuará a
baixar, podendo o mecanismo termorregular perder a sua capacidade, o que ocorrerá
abaixo de 29°C; as células cerebrais entrarão em depressão decrescendo as
atividades do sistema nervoso central, este fenômeno é denominado hipotermia e tem
conseqüências graves podendo chegar ao estado de sonolência, coma e
posteriormente a morte.

12.2. OCORRÊNCIAS
A exposição ocupacional ao frio é comum nas indústrias alimentícias, produtos
farmacológicos, indústrias bioquímicas, frigoríficos com atividades freqüentes em
câmaras frias. As atividades que expõem o trabalhador às intempéries tais como as
minerações a céu aberto, os trabalhos de manutenção de serviços de transmissão de
energia elétrica e telecomunicações geralmente executados em elevadas altitudes, e
mesmo as atividades nas cidades ou no campo onde o trabalhador se expõe ao frio no
inverno em regiões de clima temperado como por exemplo no Sudeste e Sul do Brasil.

12.3. DOENÇAS CAUSADAS PELO FRIO


- Ulceração do frio
Feridas, bolhas, rachaduras e necrose dos tecidos superficiais é uma das mais
comuns reações do organismo à exposição ao frio excessivo.
- Enregelamento dos membros (Frostbite)
Poderá chegar ao extremo de gangrena e amputação dos membros.
- Pés de imersão
Ocorre quando trabalhadores permanecem em longos períodos com os pés imersos
em água fria.
- Outras enfermidades
A exposição ao frio intenso pode propiciar o desenvolvimento de outras doenças tais
como as reumáticas, respiratórias e ataques cardíacos.

Moacir Tavares 24
12.4. ACIDENTES
Consta que temperaturas inferiores a 18°C, segundo estudos desenvolvidos em outros
países, aumentam a estatística de acidentes pois a tremedeira, o tiritar, diminuem a
destreza em operar os equipamentos e manejar as ferramentas. Por outro lado o uso
de luvas grossas e vestimentas pesadas contribuem para diminuir a eficiência no
trabalho, e a própria sensibilidade aos comandos dos equipamentos podendo também
aumentar a ocorrência de acidentes.

12.5. AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO AO FRIO


Não existe na literatura brasileira informações precisas e objetivas em relação à
exposição ao frio, entretanto segundo Giampaoli, o organismo humano chega a perder
8 kilocalorias por hora a 20ºC e que a -10°C este valor é duplicado. Segundo o mesmo
pesquisador os efeitos da exposição ap frio, não obedecem à função linear em relação
à velocidade do ar, mas sim em função quadrática em relação a esta. Podemos
afirmar que a temperatura de 0°C com 6m/ s de velocidade do ar, equivale a -10°C a
uma velocidade do ar igual a zero. Assim sendo torna-se fundamental, que se meça a
velocidade do ar em ambientes frios. O quadro abaixo nos fornece os eitos da
exposição ao frio, mesmo que as pessoas estejam protegidas por vestimentas
apropriadas: evidentemente para quem não esteja adequadamente protegida a
exposição, mesmo a temperatura consideravelmente mais elevadas seria
inadmissível.

TEMPERATURAS MOVIMENTAÇÃO AR EFEITOS FÍSICOS

Até -30 Fraca Não apresenta riscos signific.

De -30 a -50 Fraca Riscos de danos físicos ao homem

Menor que -50 Fraca Risco de vida

12.6. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO


Deverão ser empregados termômetros de bulbo seco (Tbs) que tenham escalas que
atendam a faixa de temperatura do local a ser medido exemplo de -50 a +50°C, com
subdivisão de 0,1°C. O termômetro deverá ser afixado no tripé a altura da parte do
corpo mais afetada pelo frio.

Moacir Tavares 25
QUADRO Nº 5 – EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO FRIO (CÂMARAS FRIAS)

FAIXA DE TEMPERATURA MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL PARA


DE BULBO SECO °C PESSOAS ADEQUADAMENTE VESTIDAS PARA
EXPOSIÇÃO AO FRIO

Tempo total de trabalho no ambiente frio de 6 (seis)


15,0 a -17,9 *
horas e 40 (quarenta) minutos, sendo quatro períodos
de 1 (uma) hora e 40 (quarenta) minutos, alternados
12,0 a -17,9 ** com 20 (vinte) minutos de repouso e recuperação
térmica fora do ambiente frio.
10,0 a -17,9 ***

Tempo total de trabalho no ambiente frio de 4 (quatro)


-18,0 a -33,9 horas, alternando-se uma hora de trabalho com uma
hora para recuperação térmica fora do ambiente .

Tempo total de trabalho no ambiente frio de uma hora,


sendo dois períodos de trinta minutos com separação
-34,0 a -56,9
mínima de (4) quatro horas para recuperação térmica
fora do ambiente frio.

Tempo total de trabalho no ambiente frio de 5 (cinco)


-57,0 a -73,0 minutos, sendo o restante da jornada de trabalho
cumprida obrigatoriamente fora do ambiente frio.

Abaixo de -73,0 Não é permitida a exposição ao ambiente frio, seja qual


for à vestimenta utilizada

* - Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática quente,


de acordo com o mapa oficial do IBGE.

** - Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática sub-quente de


acordo com o mapa oficial do IBGE.

***- Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática mesotérmica,


de acordo com o mapa oficial do IBGE.

FONTE: GIAMPAOLI, Eduardo – Riscos Físicos - FUNDACENTRO

Moacir Tavares 26
13. MEDIDAS DE CONTROLE

- VESTIMENTAS APROPRIADAS

A vestimenta protetora visa evitar ou controlar a perda de calor do indivíduo para o


meio, isto é, quanto maior for à diferença de temperatura entre a pele e o ambiente,
maior deverá ser o coeficiente de isolamento térmico da roupa. A roupa quando bem
projetada, permitirá a saída do excesso de calor provocado pelo metabolismo das
atividades, retendo-se o necessário para manter uma temperatura de equilíbrio. A
vestimenta inclui proteção total para os membros , as extremidades com capuz e
proteção para orelhas, etc., completando com meias de lã e botas para proteção de
umidade e frio.

- EXAMES MÉDICOS PERIÓDICOS

Objetiva-se estes exames detectar possíveis doenças que acometem os trabalhadores


em câmaras frias, tais como vasculopatias periféricas, ulcerações, dores articulares,
perda da sensibilidade tátil e infecções das vias respiratórias superiores,tais como
amigdalite, rinites. Faringites, sinusites ou outros demonstram sinais de
susceptibilidade deverão ser transferidos para outras atividades.

- ACLIMATAÇÃO

A adaptação gradativa do indivíduo ao frio fará com que o seu organismo ,através da
reação termorreguladora, se torne mais tolerante à sensação de frio conseguindo
trabalhar com eficácia nos ambientes cujas atividades sem o devido “treino” seria
impraticável. A aclimatação ao trabalho fará com que as extremidades do corpo do
indivíduo exposto seja irrigada normalmente de sangue mantendo-se aquecida, sem o
desconforto, que de outra maneira poderia ocorrer.

- LIMITAÇÃO DOS TEMPOS DE EXPOSIÇÃO

Os limites de tolerância pra exposição ao frio poderão ser obtidos conforme o Quadro
nº 5.

Moacir Tavares 27
14- EXERCÍCIOS PROPOSTOS

IBUTG – ÍNDICE DE BULBO ÚMIDO TERMÔMETRO DE GLOBO (NR-15 –


INSALUBRIDADE)

14.1- EXPOSIÇÃO AO CALOR

Um forneiro (operador de Alto Forno), executa o ciclo de trabalho nas condições em


foram avaliadas:

a) Preparando a calha para corrida, de pé, trabalho moderado com alguma


movimentação: tempo = 20 min; TBN= 24,5 oC; TG= 40,8 oC
b) Abrindo o canal de vazamento, trabalho pesado de empurrar: tempo = 5 min,
TBN=29,8 oC; TG= 49,9 oC
c) Removendo a escória, trabalho pesado de puxar e empurrar: tempo = 8 min,
TBN= 28,5 oC; TG= 55,0 oC
d) Executando o tamponamento do canal, trabalho pesado de empurrar: tempo =
5min; TBN= 26,2 oC; TG= 50,5 oC
e) Descansando, sentado em repouso: tempo = 22min; TBN=22,5 oC; TG= 32,0 oC

Pede-se verificar se o ciclo de trabalho realizado está dentro do limite de tolerância


e caso contrário qual o grau de insalubridade e quais medidas de controle mais
viáveis.

1) Foram efetuadas medições na exposição ao calor em uma fábrica de biscoitos


na operação de forno contínuo, onde a operadora prestava serviços, sem sair do
local de trabalho executando atividade leve, nas seguintes condições térmicas:
TBN= 22,0 oC; TG= 40,0 oC E TBS= 28 oC. Pede-se verificar se existe insalubridade
na função avaliada.

2) Um cozinheiro industrial ao se desligar da empresa, reclamou os seus direitos


na justiça por exposição ao calor, alegando que sua pior atividade era grelhas bifes
na chapa durante o horário de almoço, onde permanecia por duas horas.Foram
efetuadas medições com os seguintes dados: TBN=25 oC; TG=45 oC atividade
leve. Pede-se analisar a situação e verificar se existe ou não a insalubridade.
Interpretar a situação no aspecto legal e da saúde ocupacional.

3) O ciclo de trabalho na operação de uma caldeira a lenha tem as seguintes


fases:
a) Alimentando a fornalha trabalho pesado de levantar e empurrar, tempo =
10minutos; TBN= 24,5 oC; TG= 60,5 oC.

b) Inspecionar os manômetros, atividade leve de pé, tempo= 5min, TBN=24,5 oC e


TG= 42,8 oC.
c) Transportando lenha do pátio em carrinho de mão para perto da caldeira durante
20 min, trabalho pesado de empurrar. TBN=21,6 oC; TG= 38,2 oC e TBS= 35,5 oC.
d) Sentado fazendo anotações o restante do tempo: TBN=20,6 oC; TG= 38,2 oC

Interpretar a situação no aspecto legal.

Moacir Tavares 28
14.2- EXPOSIÇÃO AO FRIO (CÂMARAS FRIAS)

Em uma indústria de pescados são colocados em câmara fria a -12 oC fardos


contendo peixes; cada fardo obriga o empregado a permanecer 2,5 minutos dentro da
câmara. Determinar o número máximo de fardos que o trabalhador poderá colocar
dentro da câmara, na jornada de 8 horas de trabalho, conforme o quadro no 5 da
apostila. O empregado está adequadamente vestido para a exposição ao frio.

14.3- TE – TEMPERATURA EFETIVA (NR-17) – CONFORTO

a) Em um CPD de um banco foram efetuados medições para conforto térmico para


adequação à NR 17, encontraram-se no centro da sala, os seguintes calores:
TBN= 22,0 oC; TBS = 26 oC, velocidade de ar = zero. A regulagem do ar
condicionado se encontra no limite inferior (menor temperatura).

Fórmula: oF = 9/5 C + 32; oC = 5/9 (f-32); Velocidade ar: pés/ min = 196,8 m/s

Sugestão: fazer uso do ábaco da temperatura efetiva e da carta psicrométrica.

b) Em um laboratório químico foram efetuadas medições para conforto térmico


conforme a NR-17, encontrando-se os seguintes dados: TBN=19,5 oC; TBS =
26,4oC; velocidade do ar = 130 pés/ minuto.

Pede-se analisar estas condições cujos dados foram arquivados.

c) Posteriormente foi instalada no laboratório do problema anterior uma estufa para


secagem de amostras, a qual se tornou alvo de reclamações dos técnicos do
laboratório. Foram efetuadas novas medições, cujos resultados estão
apresentados a seguir:
TBN=20,5 oC; TBS=27 oC e TG= 27,0 oC a velocidade do ar passou para 100
pes/min. Pede-se determinar a temperatura efetiva corrigida “TEC” e verificar se as
recomendações são procedentes e propor medidas de controle se necessário.

Moacir Tavares 29
15- BIBLIOGRAFIA

MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS – SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO

KREITH, Frank – Princípios de Transmissão de Calor – Editora Edgard Blucher.

GIAMPAOLI, Eduardo – riscos Físicos - Fundacentro

GOELZER, Berenice – Avaliação da Sobrecarga Térmica no Ambiente de Trabalho –


Editora ABPA .

COX, Joe W. – Temperaturas Extremas – Curso de Engenharia do Trabalho –


Fundacentro – Volume 2

ACGIH – American Conference OF Governmental Industrial Hygienists

ARAÚJO COUTO, Hudson – Fisiologia do Trabalho Aplicada.

JISHA – JAPAN INDUSTRIAL SAFETY AND HEALTH ASSOCIATION – Occupational


Heat Exposure.

MESQUITA, GUIMARÃES E NEFUSSI – ENGENHARIA DE VENTILAÇÃO


INDUSTRIAL - CETESB

Moacir Tavares 30

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