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BR/PODER/FOLHAJUS)
14.ago.2020 às 13h32
Atualizado: 14.ago.2020 às 23h21
O clique no sistema de uma simpatizante do presidente Jair Bolsonaro fez com que
RIO DE JANEIRO
o Ministério Público do Rio de Janeiro perdesse o prazo para recorrer
(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/08/tj-decide-que-ministerio-publico-perdeu-prazo-para-recorrer-contra-foro-a-flavio-bolsonaro.shtml)
O caso ocorrido no gabinete da procuradora Soraya Gaya, defensora de foro especial em favor
de Flávio (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/06/entenda-a-decisao-que-concedeu-foro-especial-a-flavio-bolsonaro-e-suas-
consequencias.shtml),
levou o procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem, a abrir uma
sindicância nesta sexta (14).
Soraya, que já elogiou Bolsonaro nas redes sociais, negou a ele ter sido a responsável pelo clique,
que antecipou em três dias a contagem de prazo para que o Ministério Público recorresse contra
a decisão de foro especial ao primogênito do presidente.
O acesso do gabinete dela ao sistema ocorreu em uma quinta-feira, 2 de julho, para ver
intimação que informava ao MP-RJ a remessa do caso de Flávio para o Órgão Especial do
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
O clique lançou o registro de que o MP-RJ tinha tomado oficialmente ciência da decisão, dando
início ao que a Justiça
Utilizamos chama
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ENTENDA
Em junho, a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio concedeu foro especial a Flávio.
Pela decisão, o processo que investiga a prática de "rachadinha" no gabinete dele na Assembleia
Legislativa do Rio saiu das mãos do juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal, e passou para o
Órgão Especial do TJ, colegiado formados por 25 desembargadores.
O MP-RJ tentou um recurso à decisão, mas o Tribunal de Justiça alegou a perda de prazo e o
rejeitou (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/08/tj-decide-que-ministerio-publico-perdeu-prazo-para-recorrer-contra-foro-a-flavio-
bolsonaro.shtml).
O ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, deixa a residência em Jacarepaguá (RJ) - Saulo Angelo/Futura
Press/Folhapress
A Folha apurou que era essa a estratégia dos promotores que, por terem acessado o sistema na
sexta-feira, 3 de julho, agiram como se esse fosse o pontapé inicial para apresentação de
recurso.
(https://login.folha.com.br/newsletter)
( https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/03/folha-oferece-assinatura-digital-gratis-por-
seis-meses-a-advogados-e-lanca-newsletter-juridica.shtml)
(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/03/folha-lanca-newsletter-para-temas-juridicos-
saiba-como-recebe-la.shtml)
Pelas regras, a Justiça lança uma decisão no sistema. O Ministério Público tem até dez dias para
tomar ciência de uma decisão, o que dá início à contagem, que é de 15 dias corridos. Ao acionar
o sistema no dia 2, Soraya fez com que o prazo expirasse em 17 de julho.
A Folha apurou que os promotores não se deram conta do acesso de Soraya e trabalharam como
se a contagem tivesse sido iniciada na segunda-feira (6). Por esse cronograma, o prazo expiraria
no dia 20 de julho, exatamente o dia em que o MP-RJ apresentou o recurso e acabou perdendo o
prazo (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/08/cartorio-do-tj-rj-ve-perda-de-prazo-em-recurso-sobre-foro-de-flavio-promotoria-nega-e-pede-
revisao.shtml).
Em julho de 2019, por exemplo, ela compartilhou o vídeo de um canal seguido por apoiadores
do presidente em que Jair Bolsonaro defende as políticas ambientais de seu governo e questiona
dados sobre desmatamento. "Gostei das respostas dele, bem objetivo”.
Também no ano passado, em outubro, a procuradora —que costuma enfeitar suas fotos nas
redes sociais com uma bandeira do Brasil— publicou a notícia de que Bolsonaro pretendia
obrigar presos a trabalhar e perguntou o que os amigos achavam disso.
A procuradora manteve suas postagens mesmo depois de a Folha revelar o parecer em que ela
defendia a concessão de foro especial a Flávio (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/09/ministerio-publico-do-rj-pede-
foro-especial-para-flavio-bolsonaro-no-caso-queiroz.shtml).
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Há um ano, Soraya se manifestou emSua
favor do forovale
assinatura especial
muito.em resposta ao habeas corpus
impetrado
ENTENDA pelos advogados do senador. Na manifestação, a procuradora disse que Flávio teria
cometido supostos crimes "escudado pelo mandato que exercia à época".
Ela também disse que, sendo ele o filho do presidente, havia grande "interesse da nação no
desfecho da causa e em todos os movimentos contrários à boa gestão pública”.
Ao defender a concessão de foro especial ao senador, a procuradora afirmou que não lhe parecia
a melhor postura querer julgar Flávio "de forma unilateral e isolada, quando o mesmo tem uma
função relevante e que a todos interessa".
"Existe uma tendência em extirpar o chamado foro privilegiado, que de privilégio não tem nada.
Trata-se apenas de um respeito à posição ocupada pela pessoa. Assim, é muito mais
aparentemente justo ser julgado por vários do que apenas por um, fica mais democrático e
transparente”, escreveu.
Na manifestação, Soraya disse também que o juiz Itabaiana tem carregado sozinho "um grande
fardo nos ombros" e que "nem Cristo carregou sua cruz sozinho”. Foi Itabaiana quem autorizou
a quebra do sigilo fiscal e bancário de Flávio Bolsonaro (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/02/tribunal-
mantem-quebra-de-sigilo-de-flavio-bolsonaro.shtml) e a prisão de seu ex-assessor Fabrício Queiroz.
Assinado pela advogada Luciana Pires, o pedido que garante foro especial ao senador
questionou a competência da primeira instância para julgar o caso. A advogada argumentou que
Flávio era deputado estadual na época dos fatos (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/12/entenda-o-suposto-
esquema-de-lavagem-de-dinheiro-envolvendo-flavio-bolsonaro.shtml) e que, portanto, teria foro especial.
Na decisão, a desembargadora afirma que “o prazo do recurso começou sua fluência no dia
seguinte, ou seja, 03 de julho, terminando, assim, no dia 17 de julho de 2020. Considerando que
a interposição dos referidos recursos se deu em 20 de julho de 2020, conclui-se por sua
intempestividade”.
O MP-RJ tem cinco dias para recorrer ao STJ (Superior Tribunal de Justiça). No Ministério
Público, o mal-estar não se restringe às dúvidas acerca das intenções de Soraya, mas também ao
fato de promotores terem perdido o prazo.
Na tarde desta quinta-feira (13), em email encaminhado à assessoria do MP-RJ, a Folha pediu
para entrevistar quem tinha dado início à contagem do prazo. Embora o nome de Soraya conste
no sistema de Justiça como responsável pelo recebimento da intimação, informação à qual a
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defesa de Flávio também teve acesso, o MP-RJ não respondeu ao pedido da reportagem.
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Em nota, o Ministério Público afirmou
Suaque a Procuradoria
assinatura de Justiça só havia tomado ciência da
vale muito.
decisão
ENTENDA na sexta-feira (3). Mas que o acesso de Soraya já estava registrado no sistema um dia
antes.
Soraya não foi localizada pela reportagem. Em um desabafo feito a amigos, negou ser apoiadora
de Bolsonaro, dizendo não gostar de política. Disse também que não abriu o sistema pois sua
tese foi acolhida integralmente pela Justiça e o acesso à intimação interessava apenas aos que
pretendiam apresentar o recurso. Soraya encerrou a mensagem dizendo-se cansada de ter
celular grampeado e o computador bugado.
ENDEREÇO DA PÁGINA
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/08/apoiadora-de-bolsonaro-antecipou-contagem-
que-levou-mp-rj-a-perder-prazo-contra-foro-especial-a-flavio.shtml