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PROJECTO DE EXECUÇÃO
Rui da Silva Brito
PEÇAS ESCRITAS
Rui da Silva Brito
MEMÓRIA DESCRITIVA
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Memória Descritiva
Índice
1 Introdução............................................................................................................... 4
2.2 Fundações........................................................................................................ 7
4 Condicionalismos ................................................................................................... 15
5.1 Fundações...................................................................................................... 15
Memória Descritiva
1
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5.7 Fachada......................................................................................................... 17
6 Acções ................................................................................................................. 17
Memória Descritiva
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10 Materiais ............................................................................................................... 29
11 Regulamentação .................................................................................................... 30
12 Conclusões ........................................................................................................... 30
13 Bibliografia ............................................................................................................ 30
Memória Descritiva
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1 Introdução
Peças Escritas - onde se expõem os dados do presente estudo, o método de cálculo e dimensionamento;
Peças Desenhadas - onde se pretende dar toda a informação necessária à correcta execução da estrutura
e do presente projecto.
Em 1775, no dia de todos os Santos, num curto espaço de tempo, um violento terramoto, um maremoto e
um incêndio formaram a maior catástrofe que Portugal, e talvez a Europa, conheceram até hoje, capaz de
destruir uma cidade. O violento sismo que abalou Lisboa, atingindo a intensidade X da escala de Mercalli,
foi difundido por todo mundo.
O sismo destruiu 10% dos edifícios, danificou 60% e poupou os restantes 30%, sendo os edifícios de maior
altura os mais sacrificados. Os escombros resultantes dos edifícios caíram para as ruas causando mais
vítimas e dificultando a prestação de socorros. Uma enorme poeira levantou-se no ar, tornando-o
irrespirável.
As construções que sofreram maiores danos foram as que se situavam em zonas de aterros, aluviões e
areolas, como o edifício da Alfândega, o Palácio da Inquisição ou o Hospital Real de Todos os Santos.
Contrariamente, os edifícios construídos sobre zonas calcárias e basálticas sofreram menores danos
resistindo quase intactos aos abalos, como o Palácio das Necessidades, o Convento dos Capelinhos
Italianos ou o Aqueduto das Águas Livres.
De facto, Lisboa situa-se junto à falha do Vale Inferior do Tejo e do Gargalo do Tejo, encontrando-se
também dentro da área onde o epicentro dos sismos se encontra nas zonas de grande potencialidade
tectónica. As mesmas zonas de aluviões e terrenos menos consolidados em Lisboa são aquelas que, na
ocorrência de um sismo destrutivo, sofrerão intensidades mais elevadas.
Memória Descritiva
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Um ano depois, o Terreiro do Paço, agora chamada Praça do Comércio, estava parcialmente edificado. Até
ao início do século seguinte, a reconstrução da cidade parecia lenta para os que a visitavam. Na verdade,
a obra duraria quase um século.
A Baixa Pombalina representa um conjunto arquitectónico e cultural de elevada importância para Lisboa e
para Portugal, que continua, ainda hoje, pouco estudado.
As alterações sucessivas introduzidas nos edifícios que a compõem, têm conduzido a algumas
modificações consideráveis que, não provocando grandes modificações nos aspectos arquitectónicos
exteriores, podem comprometer o seu comportamento sísmico.
2 Construção Pombalina
Implementou-se um processo construtivo completamente novo, focando diversos aspectos que até então
não tinham sido tratados, como a estabilidade dos edifícios perante às acções sísmicas, a segurança contra
incêndio dos mesmos e a standartização dos elementos construtivos, tendo em vista a economia e rapidez
da construção.
Todos os edifícios Pombalinos eram construídos em bloco, por vezes com a existência de um ou mais
saguões centrais para recolha das águas pluviais. As paredes exteriores eram construídas em alvenaria de
pedra rebocada e ligadas a uma estrutura interior de madeira em carvalho ou azinho, que lhes conferia
travamento. Estas paredes, em média, tinham uma espessura de 0.90 m no R/C, que diminuía com a
elevação do edifício.
Também existiam paredes meeiras perpendiculares às paredes exteriores, com cerca de 0.50 m.
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de espessura, sem qualquer abertura, em alvenaria de pedra rebocada, desde o R/C até saírem acima dos
telhados. Estas tinham não só a finalidade de dividir os edifícios, como também a finalidade de constituir
um elemento corta-fogo.
Toda a estrutura do R/C era construída em pedra. Para além das paredes exteriores existiam abóbadas de
berço, cuidadosamente trabalhadas em cantaria, ou abóbadas de aresta executadas em alvenaria de
tijoleira, mas apoiadas em paredes, arcos ou pilares em cantaria de pedra.
Além deste sistema proporcionar maior rigidez à estrutura na sua base, coexistia a função de elemento
corta-fogo, caso deflagrasse algum incêndio nas lojas. A parte superior das abóbadas era preenchida com
material de enchimento que restava dos escombros do terramoto de 1755, com a finalidade de tornar
regular a sua superfície.
(b)
(a)
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(c)
A – paredes corta-fogo;
C – sistema de estacas;
D – arcos em pedra;
G – as escadas eram sempre colocadas junto dos logradouros para facilitar a sua iluminação;
(b) perspectiva de um piso formado por gaiolas pombalinas; (c) imagem virtual do interior de um edifício.
2.2 Fundações
A Baixa Pombalina está situada sobre um antigo braço do Tejo, sendo o seu terreno de natureza aluvionar,
razão pela qual esta parte da cidade foi mais afectada pelo sismo de 1755.
De acordo com as sondagens geológicas realizados pelos trabalhos do Metropolitano de Lisboa, esses
aluviões são de natureza argilo-arenosa. Possuem intercalações de argila, areias ou saibros, existindo
também calhaus rolados, fragmentos cerâmicos e blocos de alvenaria. O “bed-rock” é formado por camadas
de argilas magras, calcários e areias, com ou sem calhaus rolados. Os entulhos usados nos aterros para
regularizar o esteiro, formam uma camada superficial reduzida, heterogénea. A espessura dos aterros e
aluviões ronda os 30.0 m de profundidade em algumas zonas. O nível freático é elevado e encontra-se a
3.5 m de profundidade. Os alicerces dos edifícios são de alvenaria de pedra e com arcos para conduzir
melhor as cargas a transmitir ao solo. A transmissão ao solo é efectuada através de um sistema de grades
de madeira constituídas por longarinas e travessas circulares, com cerca de 15.0 cm de diâmetro. Estas
são ligadas entre si por intermédio de cavilhas de ferro forjado e apoiadas directamente num conjunto de
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estacas de madeira de pinho, com 15.0 a 18.0 cm de diâmetro, com cerca de 1.5 m de comprimento e
afastadas 40.0 cm entre si, cravadas em verde no solo. A cravação das estacas é feita por intermédio de
um maço ou com um engenho apropriado denominado macaco ou bugio.
(d)
Figura 3- Fundações dos edifícios: (a) fases de execução; (b) corte longitudinal; (c) corte transversal; e (d) pormenor das
ligações entre as paredes e pilares às fundações
Na primeira fase da execução das fundações a plataforma do terreno era compactada com um maço. Na
fase seguinte procedia-se à piquetagem das estacas e sucessiva cravação na vertical das mesmas (3ª
Fase). Em cima do cabeço das estacas eram colocadas as longarinas por intermédio de um entalhe (4ª
Fase), onde, de seguida se dava o apoio das travessas, procedendo-se à respectiva cravação das mesmas
(5ª Fase). Na última fase executava-se um massame que envolvia a grade em madeira, ficando a sua face
superior a cerca de 0.5 m abaixo da soleira de entrada dos edifícios, pronta a receber as paredes de
alvenaria cuidadosamente trabalhadas.
O conjunto de estacas relativamente curtas, proporcionava uma excelente consolidação do solo, uma vez
que estas tinham uma elevada densidade de cravação.
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(a) as paredes mistas, constituídas por paredes de alvenaria de pedra rebocada e uma estrutura de
madeira, denominada gaiola;
(b) as paredes de frontal pombalino, formadas por uma treliça de madeira preenchida com elementos
cerâmicos e rebocadas;
(c) e por último as paredes de tabique, em fasquiado de madeira rebocada e com menor espessura. Este
conjunto de diferentes tipos de parede com a geometria regular em planta e a altura constante para todos
os edifícios dos quarteirões, pretendiam proporcionar ao edificado um sistema anti-sísmico.
As gaiolas, estruturas sólidas situadas na parte recuada das paredes de alvenaria e formadas
essencialmente por um conjunto de prumos e travessas eram assentes em vigas denominadas frechais de
secção 0.14 x 0.10 m2 que ficavam recuadas cerca de 0.05 m em relação ao paramento interior da parede
de alvenaria.
Os frontais tinham uma construção análoga às gaiolas, mas com algumas alterações no que respeita ao
modo de execução das ligações e na introdução das escoras no contraventamento dos prumos e
travessanhos.
Os frontais eram dispostos segundo direcções ortogonais fazendo, juntamente com as paredes de tabique,
a divisão dos compartimentos interiores. Além disso, conferiam um travamento vertical que, conjuntamente
com o travamento horizontal originado pelo vigamento de madeira dos pisos, proporcionam à estrutura uma
maior rigidez. As triangulações de madeira nas paredes em frontal pombalino são em forma de cruz de S.to
André e baseiam-se no princípio empírico da impossibilidade de deformar um triângulo.
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Os espaços vazios dos frontais eram preenchidos com uma argamassa constituída por cal, pequenas
pedras e elementos cerâmicos provenientes dos escombros. Por último as paredes eram rebocadas e
estucadas em ambas as faces.
Pensa-se que a introdução das paredes em frontal pombalino conferia aos edifícios a capacidade resistente
necessária para dissiparem a energia transmitida pelas acções sísmicas, sem que sofressem estragos
consideráveis na totalidade da sua estrutura.
A partir do r/c existiam três tipos de paredes: as de alvenaria de pedra rebocada; as de frontal pombalino,
também designadas por gaiolas, formadas por uma treliça de madeira preenchida com elementos
cerâmicos e rebocada; e por último as paredes de tabique.
A introdução das paredes em frontal pombalino pretendia conferir aos edifícios a capacidade resistente
necessária para dissiparem toda a energia transmitida pelas acções horizontais, sem que sofressem
estragos consideráveis na totalidade da sua estrutura.
A invenção deste sistema de paredes resistentes não está historicamente comprovada, mas atribui-se a
sua origem ao colaborador directo de Manuel da Maia, o engenheiro e arquitecto militar Carlos Mardel,
França (1987). Mardel mandou construir, no Terreiro do Paço, um estrado de madeira onde ergueu um
edifício com o novo sistema construtivo, à escala real. De seguida ordenou que um destacamento militar
marchasse descontroladamente em cima do estrado com a finalidade de simular a aceleração sísmica
transmitida às estruturas, para verificar e comprovar, aos olhos de todos, a viabilidade do sistema.
As dimensões dos elementos de madeira utilizados na construção pombalina estão apresentadas na Tabela
seguinte.
As gaiolas são dispostas segundo direcções ortogonais fazendo, juntamente com as paredes de tabique, a
divisão dos compartimentos interiores. Além disso, conferem um travamento vertical que, conjuntamente
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com o respectivo travamento horizontal das estruturas de madeira dos pisos, proporcionam à estrutura
maior rigidez. A ligação das estruturas de madeira dos pisos às paredes-mestras, era realizada por
intermédio de elementos metálicos.
As triangulações de madeira nas paredes em frontal pombalino são em forma de cruz de S.to André, que
posteriormente seriam preenchidas com uma argamassa constituída por cal, pequenas pedras e elementos
cerâmicos provenientes dos escombros. Por último as paredes eram rebocadas e estucadas em ambas as
faces.
Os edifícios eram construídos num sistema de grupos de trabalho rotativo, conforme o tipo de
especialidade. O primeiro grupo era formado pelos cabouqueiros, encarregues de executar a abertura dos
caboucos, bem como a cravação das estacas, das longarinas e travessas das fundações. Seguia-se a vez
dos pedreiros para executarem o massame da base, a construção dos alicerces e de todas as paredes de
alvenaria e cantaria de pedra do primeiro piso. Chegava a vez dos carpinteiros, chefiados pelos mestres
da casa Risco, que eram especialistas em estruturas de navios, procederem à execução da superestrutura
de madeira correspondente a cada andar, em alternância com o grupo dos pedreiros, que executava as
paredes de alvenaria.
A construção original dos edifícios pombalinos era de excelente qualidade para a época, do ponto de vista
estrutural, arquitectónico e de salubridade pública, mostrando ser uma obra da vanguarda da engenharia.
Focando agora apenas as características estruturais e distintas de qualquer outra estrutura, as estruturas
pombalinas sofreram, com o decorrer dos anos, inúmeras transformações que, provavelmente, resultaram
na diminuição da sua rigidez inicial, com efeitos negativos na sua capacidade de dissipar a energia
transmitida pelos sismos. A remoção de partes dos edifícios, o consequente aumento de carga em serviço
e a introdução de novos materiais como o aço e o betão armado, veio transformar completamente os
sistemas estruturais iniciais, com possíveis efeitos negativos. Pensa-se que 80% dos edifícios da Baixa têm
ainda uma parte significativa da sua estrutura original, que permaneceu intacta até aos nossos dias, Cóias
e Silva (1999). Contudo, o levantamento exaustivo do quarteirão em estudo, permitirá comprovar que esta
estimativa é localmente, e numa amostra demasiado pequena, excessivamente optimista.
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- Pavimentos em madeira;
- Paredes interiores (Frontais pombalinos) substituídas por alvenaria ou por tabiques de madeira;
- Pavimentos em madeira;
- Maior nº de pisos;
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3 Metodologia de Intervenção
- Levantamento/Geométrico/Arquitectónico;
- Reconhecimento Geológico/Geotécnico;
- Reconhecimento Construtivo.
O Diagnóstico a realizar prende-se com a conclusão final relativamente aos levantamentos realizados. É
necessário concluir acerca do estado de degradação dos diferentes elementos, das ligações entre eles e
da avaliação dos volumes a substituir/ recuperar em caso de se optar por não demolir o miolo acima do
rés-do-chão e reconstruir com soluções compatíveis com as pré-existentes, pela maioria das peças estar
em bom estado. Pretende-se intervir o mínimo possível nos sistemas estruturais existentes, sendo
pertinente a sua recuperação e seguir a sua linha de funcionamento e resistência estrutural.
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No que diz respeito ao projecto de estabilidade destacam-se os principais aspectos a serem levados em
conta:
- Estrutura metálica na caixa de elevador e no interior (resistência perante acções verticais e horizontais);
- Preservação de Pré-Existências;
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4 Condicionalismos
O presente estudo foi elaborado com base na definição geométrica e implantação do edifício, ambos
fornecidos pela arquitectura, tendo em conta os espaços, terrenos, edifícios e ruas envolventes.
5 Solução Estrutural
Se durante a fase de obra se encontrarem condições diferentes das assumidas em projecto, as soluções a
adoptar só deverão ser levadas a cabo após aprovação do projectista e da fiscalização.
5.1 Fundações
O estado actual das fundações é desconhecido. Deverá ser previsto o reforço das fundações existentes
bem como a realização de novas fundações para os novos elementos estruturais devidamente
dimensionadas e a descarregar em estratos com resistência de fundação efectiva, após estudo geológico.
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As paredes de Frontal Pombalino deverão ser mantidas, no entanto, deverá ser acautelada a sua
resistência mediante medidas de reforço e aliviando as suas solicitações (perante acções verticais e
sísmicas) através da inclusão de novos elementos estruturais resistentes, conferindo redundância ao
sistema estrutural.
5.3 Escada
A escada deverá ser mantida, no entanto, deverá também ser acautelada a sua resistência mediante
medidas de reforço tais como uma lâmina de betão e elementos de madeira.
Prevê-se a introdução de elementos verticais de reforço das paredes de frontal pombalino e pilares
metálicos que permitam ao edifício ter suficiente capacidade resistente perante acções verticais e
horizontais.
5.5 Pavimentos
5.6 Cobertura
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substituir e reforçar, sugerimos a substituição da mesma em geral através de novos elementos metálicos e
de madeira.
5.7 Fachada
As fachadas deverão ser mantidas, existindo reforço com lâmina de betão armado pela sua face interior.
6 Acções
6.1 Permanentes
Os elementos estruturais são formados por betão armado e aço e os respectivos pesos próprios calcularam-
se considerando, o peso volúmico específico do betão de 25 kN/m3 e do aço de 78,5 kN/m3,
automaticamente pelo programa de cálculo.
6.2 Variáveis
6.2.1 Sobrecargas
A quantificação de acções tem por base a regulamentação portuguesa de estruturas, nomeadamente o que
se encontra patente no Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes (RSA).
Os valores adoptados encontram-se resumidos na seguinte tabela:
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6.2.2 Sismo
O tipo de análise adoptada para a determinação dos efeitos da acção do sismo foi uma análise dinâmica,
através do programa de cálculo automático. Para efeitos de quantificação da acção do sismo é necessário
determinar a zona sísmica em que o edifício se localiza. Neste caso, considerou-se, uma equivalência à
zona sísmica A do território português, e sendo assim o coeficiente de sismicidade (α) é 1.0. Quanto à
natureza do terreno em que o edifício está implantado este foi classificado como solo do tipo II. A acção
sísmica foi caracterizada com base nos espectros de resposta regulamentares. O coeficiente de
comportamento adoptado foi = 1.0.
7 Combinações de Acções
• Combinação Rara
o 1,0 G + 0 Q
• Combinação Frequente
o 1,0 G + 1 Q
• Combinação Quase-Permanente
o 1,0 G + 2 Q
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8 Análise estrutural
8.1 Elementos Estruturais
Os esforços nos elementos da superestrutura foram determinados através de uma análise tridimensional
da estrutura, utilizando um programa de cálculo automático e considerando quer o comportamento elástico
linear dos materiais, quer a linearidade geométrica. A análise dos restantes elementos foi efectuado
utilizando modelos elásticos ou plásticos e garantindo sempre o equilíbrio estático entre as acções e os
esforços resistentes.
Após a determinação dos esforços, foi efectuado o dimensionamento das diversas peças e as verificações
aos estados limites de acordo com a Regulamentação Portuguesa em vigor e os Eurocódigos.
Os elementos metálicos da estrutura foram verificados ao Estado Limite Último de resistência à compressão
(tendo em conta a possibilidade de encurvadura), tracção, corte e flexão e à combinação destes esforços.
Foram considerados os coeficientes minorativos das propriedades da madeira, de acordo com a tabela
apresentada em seguida:
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t , o , d f t , 0, d
c , o , d f c , 0, d
Por outro lado deve também verificar-se se não existe risco de encurvadura.
Flexão
m, y , d m, z , d
km + 1
f m, y , d f m, z , d
m , y ,d
+ k m m , z ,d 1
f m , y ,d f m , z ,d
▪ m,y,d e m,z,d: valores de cálculo das tensões correspondentes aos esforços actuantes em flexão
em torno dos eixos principais;
▪ fm,y,d e fm,z,d: valores de cálculo das tensões correspondentes aos esforços resistentes;
▪ k m = 0,7
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Deverá também verificar-se se não existe risco de encurvadura. Os eixos adoptados para a flexão são os
seguintes:
Corte
d fv,d
Quando uma peça está sujeita a flexão composta com tracção paralela ao fio deverá ser satisfeita a
seguinte condição:
t ,o, d m, y , d m, z , d
+ + km 1
f t , 0, d f m, y , d f m, z , d
t , o, d m, y , d m, z , d
+ km + 1
f t , 0, d f m, y , d f m, z , d
2
c , 0, d m, y , d
+ + km m, z , d 1
f f m, y , d f m, z , d
c , 0, d
2
c ,0, d
+ km m, y , d + m, z , d 1
f f m, y , d f m, z , d
c ,0, d
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Encurvadura
A esbelteza para ambos os planos de encurvadura é determinada através das expressões seguintes:
Lv, y Lv , z
y = z =
iy iz
2 E0,05 2 E0,05
c ,crit, y c,crit, z
2y 2z
f c ,0, k f c ,0,k
rel, y rel, z
c , crit, y c ,crit, z
Admite-se que a interacção entre momentos e esforço axial de compressão é linear. As condições de
segurança a respeitar são apresentadas em seguida:
1
kcy =
k y + k y2 − 2rel, y
1
kcz =
k z + k z2 − 2rel, z
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(
k y = 0,5 1 + c (rel, y − 0,5) + 2rel, y )
(
k z = 0,5 1 + c (rel, z − 0,5) + 2rel, z )
Cálculo do Momento crítico elástico Vigas
rel, m = f m, k / m, crit
▪ m,crit: tensão crítica de flexão calculada de acordo com a teoria da estabilidade elástica utilizando
o quantilho de 5% para as constantes de rigidez.
O valor de m,crit pode ser obtido, para uma viga com secção transversal rectangular sujeita a um momento
flector constante, pela seguinte expressão:
m,crit = 0.78E0,05b2/lefh
m , d kcrit f m , d
Kcrit: coeficiente que tem em conta a redução de resistência devida à encurvadura. O valor de Kcrit pode ser
determinado do seguinte modo:
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A deformação de uma estrutura, resultante dos efeitos das acções e da variação do teor de água deve
manter-se dentro de limites apropriados, atendendo à possibilidade de aquela deformação provocar danos
em materiais de revestimento, tectos, divisórias e acabamentos, e às exigências funcionais e de aspecto.
unet = u1 + u2 − u0
▪ kdef: factor que depende da Classe de Serviço, de forma a ter em conta o aumento da deformação
ao longo do tempo em consequência do efeito combinado da fluência e do teor de água;
Classe de
kdef Condições ambientais Exemplo
Serviço
T ≈ 20ºC
0,60 1 HR > 65% em poucas Estruturas interiores em geral
semanas por ano
T ≈ 20ºC
0,80 2 HR > 85% em poucas Estruturas exteriores cobertas
semanas por ano
Estruturas em ambientes muito
2,00 3 HR > HRClasse 2
húmidos (exteriores e interiores)
uinst: deformação instantânea para o elemento estrutural com um módulo de elasticidade, E, igual a
Emean / (1 + Kdef );
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Os elementos metálicos da estrutura foram verificados ao Estado Limite Último de resistência à compressão
(tendo em conta a possibilidade de encurvadura), tracção, corte e flexão e à combinação destes esforços.
Foi igualmente verificada a segurança em relação ao Estado Limite Último de estabilidade global,
encurvadura dos elementos dentro e fora do plano.
A secção transversal é classificada de acordo com a classe menos favorável dos seus elementos de aço
comprimidos. Esta classificação é feita tendo em consideração as tabelas 5.2 do EC3-1.1.
Esforço Normal
A fy
N Rd =
M 0
Esforço Transverso
Av f y
VRd =
3 M0
Quando Vsd < 0.5 Vpl,Rd, então não é necessário considerar a interacção M-V.
Flexão
W pl , y f y
M Rd =
M 0
Tendo em conta a esbelteza do elemento e o tipo de aço utilizado é possível determinar a esbelteza
adimensional () e o respectivo coeficiente de redução (). O esforço de compressão resistente é obtido
por:
A fy
N Rd = .
M 0
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A verificação ao Estado Limite Último de Encurvadura por Bambeamento é tido em conta na verificação
automática do programa de cálculo automático segundo o EC3.
𝑓𝑦
𝑀𝑏,𝑅𝑑 = 𝛽𝑤 ∙ 𝜒𝐿𝑇 ∙ 𝑊𝑝𝑙,𝑥 ∙ ⁄𝛾
𝑀1
βw = Wel,x / Wpl,x
𝜒𝐿𝑇 = 𝑓(𝜆𝐿𝑇 )
1
𝜒𝐿𝑇 = 2
(𝜙𝐿𝑇 + (𝜙𝐿𝑇 − 𝜆2𝐿𝑇 ))0.5
0.5
𝛽𝑤 ∙ 𝑊𝑝𝑙,𝑥 ∙ 𝑓𝑦
𝜆𝐿𝑇 = ( )
𝑀𝑐𝑟
0.5
𝜋 2 𝐸𝐼𝑦 𝑘 2 𝐼𝑤 (𝑘𝐿)2 𝐺𝐼𝑡
𝑀𝑐𝑟 = 𝐶1 [( ) + 2 ]
(𝑘𝐿)2 𝑘𝑤 𝐼𝑦 𝜋 𝐸𝐼𝑦
It – Inércia de torção
K – factor relacionado com a rotação no plano das extremidades da barra
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𝐸
𝐺=
(2 ∙ (1 + 𝜈))
Ligações Aparafusadas
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0.9𝑓𝑢𝑏 𝐴𝑠
𝐹𝑡,𝑅𝑑 =
𝛾𝑀𝑏
Resistência da Ligação
A equação que verifica a resistência quando a ligação está sujeita quer a momentos que a esforços de
corte é a seguinte:
𝐹𝑉,𝑆𝑑 𝐹𝑡,𝑆𝑑
+ ≤ 1.0
𝐹𝑉,𝑅𝑑 1.4𝐹𝑡,𝑅𝑑
Para a verificação dos Estados Limite de Deformação consideram-se as deformações quer para acções
estáticas quer para acções dinâmicas e procede-se à comparação com os limites regulamentados no EC3-
1.1-4.2.
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Considerou-se a seguinte combinação de acções para efeitos da verificação dos Estados Limites de
Serviço: SRara = 1.0 (Cargas Permanentes) + 1.0 (SC). O valor da deformação elástica máxima admitida é
amax<L/250.
9 Processos Construtivos
Desde o inicio da Obra deverá ser realizada uma preparação de obra assim como o devido cruzamento e
estudo dos diferentes projectos das várias especialidades, de modo a se analisar e compatibilizar todo o
conjunto projectado.
Em especial, o projecto de estruturas deverá ser sempre acompanhado do projecto de arquitectura de modo
a se garantir que em todos os aspectos ambos estão a ser respeitados, dada a complexidade da obra.
Todas as cotas e peças deverão ser confirmadas no projecto de Arquitectura, e são da responsabilidade
do Empreiteiro. Deverá ser tomado especial cuidado na garantia do aspecto estético pretendido pela
arquitectura, devendo ser tido em consideração todos os materiais, meios e trabalhos inerentes à realização
de cada tarefa e também o caderno de encargos.
10 Materiais
• Regularização de Fundações: Betão C12/15 para uma classe de exposição ambiental X0 segundo
a NP EN 206-1: 2007;
• Laje de pavimento térreo: Betão C16/20 para uma classe de exposição ambiental XC2 segundo a
NP EN 206-1: 2007;
• Elementos em contacto com o terreno: Betão C25/30 para uma classe de exposição ambiental
XC2 segundo a NP EN 206-1: 2007;
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11 Regulamentação
- Eurocódigos.
12 Conclusões
A parte da Baixa Pombalina da Cidade de Lisboa, por ser constituída por solos sedimentares argilo-
arenosos e por se situar junto à falha do Vale Inferior do Tejo, é área de elevado risco sísmico, devendo
ser tomadas as medidas necessárias para atenuar os possíveis danos e prejuízos que um sismo pode
provocar no edificado Pombalino. As sucessivas intervenções na compartimentação dos edifícios e a
introdução de materiais com novas características mecânicas, completamente diferentes dos elementos
originais, vieram certamente enfraquecer os sistemas estruturais dos edifícios, diminuindo a sua
capacidade de resistência a acções, quer verticais, quer horizontais.
Em todo o omisso se cumpriu com a Regulamentação Portuguesa em vigor, tendo-se tomado, ainda, em
consideração o exposto nos Eurocódigos.
13 Bibliografia
O Engenheiro Civil,
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Rui da Silva Brito
CÁLCULOS JUSTIFICATIVOS
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Cálculos Justificativos
Índice
1 Acções ................................................................................................................................. 32
3 Deformações ......................................................................................................................... 35
6 Fundações ............................................................................................................................ 55
Cálculos Justificativos 31
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1 Acções
1.2 Cobertura
Cálculos Justificativos 32
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2 Modelo de Cálculo
Cálculos Justificativos 33
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Modo 1: f1 = 1.15 Hz
Modo 2: f2 = 1.37Hz
Modo 3: f3 = 2.09Hz
Cálculos Justificativos 34
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3 Deformações
Cálculos Justificativos 35
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3.2 Piso 7
Cálculos Justificativos 36
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3.3 Cobertura
Cálculos Justificativos 37
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Alçado Frontal:
Cálculos Justificativos 38
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Alçado posterior:
Cálculos Justificativos 39
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5 Estrutura Metálica
Cálculos Justificativos 40
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Cálculos Justificativos 41
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Cálculos Justificativos 42
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Cálculos Justificativos 43
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Cálculos Justificativos 44
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Cálculos Justificativos 45
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Cálculos Justificativos 46
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Cálculos Justificativos 47
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Cálculos Justificativos 48
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Cálculos Justificativos 49
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Cálculos Justificativos 50
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Cálculos Justificativos 51
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Cálculos Justificativos 52
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Cálculos Justificativos 53
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Verifica.
Cálculos Justificativos 54
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6 Fundações
F1 F2 F3 M1 M2 M3
Elemento Combinação
KN KN KN KN-m KN-m KN-m
752 Rara_SC 6.544 -31.834 684.455 2.5593 3.9434 -0.5618
752 6-sismo1X_raro Max 42.227 93.041 776.409 7.1876 31.2308 12.4848
Cálculos Justificativos 55
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Verifica.
Cálculos Justificativos 56
Rui da Silva Brito
PEÇAS DESENHADAS