Capitulo 7
LUTERO NA ENCRUZILHADA
ENTRE O VELHO E 0 NOVO!
A Reforma teve origem na aco do monge agostiniano Martim
Lutero (1483-1546). A marcante importincia de Lutero em seu. tempo
€ sua relevancia ainda hoje sio por demais evidentes para que se possa
ignoralo. Contudo, mais improprio para Lutero do que simples-~
mente celebra-lo*. Pois “quem sou eu?”, pergunta-se Lutero em 1522,
chegando a classificar-se “pobre € fedorento saco de vermes”, e seu
nome como “desprovido de qualquer valor”, de modo que ninguém
deveria chamar-se de “luterano”. Em todo caso, “eu nao fui crucificado
por ninguém”™*.
Uma das pinturas de Lucas Cranach, 0 Velho, num retabulo
sobre o altar da Igreja da Cidade (Stadtkirche) de Wittenberg, € expres-
siva. Ao lado direito divisa-se Lutero no alto do pulpito, pregando a co-
munidade reunida, que pode ser vista no lado oposto da pintura. Na
parte central, em nitida preeminéncia, encontra-se o Jesus crucificado.
E nele que se concentra toda a atencgao. A comunidade o fita; para ele
Lutero aponta*. Quer dizer, Lutero considera-se menor ainda do que
Joao Batista, o qual, por sua vez, se classificou como indigno de desatar
as sandalias do mestre Jesus. Toda a sua dignidade Lutero
paradoxalmente, em ser um Seen de Deus, elles que s¢
mente em apontar para o unico e suficiente Salvador. Desse
digno servo foi um arauto intransigente. Apontou
_ como expressio do inexcedivel amor de Deus 4
a fe incondicional, apta a sanar as conscién