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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS


COORDENAÇÃO DE HISTÓRIA

JOCICLEY RODRIGUES DAMASCENO

ANÁLISE HISTÓRICA: a introdução do gado nos campos naturais do Rio


Branco no final do século XVIII

BOA VISTA, RR
2019
JOCICLEY RODRIGUES DAMASCENO

ANÁLISE HISTÓRICA: a introdução do gado nos campos naturais do Rio


Branco no final do século XVIII
Monografia apresentada como pré-requisito
para conclusão do Curso de Graduação em
Licenciatura em História da Universidade
Federal de Roraima.
Orientador: Prof. Me. Orlando Lira Carneiro.

BOA VISTA, RR
2019
Dados Internacionais de Catalogação na publicação (CIP)
Biblioteca Central da Universidade Federal de Roraima
D155a Damasceno, Jocicley Rodrigues.
Análise histórica : à introdução do gado nos campos naturais do rio
Branco no final do século XVIII / Jocicley Rodrigues Damasceno. –
Boa Vista, 2019.
43 f. : il.

Orientador: Prof. Me. Orlando Lira Carneiro.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Federal


de Roraima, Curso de História.

1 - História. 2 - Rio Branco. 3 - Expedições. 4 - Lobo D’Almada.


I - Título. II - Carneiro, Orlando Lira (orientador).

CDU - 930.24:636.2

Ficha Catalográfica elaborada pela:


Bibliotecária/Documentalista: Maria de Fátima Andrade Costa - CRB-11/453-AM
JOCICLEY RODRIGUES DAMASCENO

ANÁLISE HISTÓRICA: a introdução do gado nos campos naturais do Rio


Branco no final do século XVIII

Monografia apresentada à Coordenação de


História como pré-requisito para a
conclusão do Curso de Licenciatura e
Bacharelado em História da Universidade
Federal de Roraima. Defendida em
27/12/2018 e avaliada pela seguinte banca
examinadora:

_____________________________________________________
Prof. Me. Orlando de Lira Carneiro
Orientador

_____________________________________________________
Profª Drª Maria das Graças Santos
Membro

_____________________________________________________
Profª Drª Shirlei Martins dos Santos
Membro
A Deus,
À minha mãe, Clotilde ,
pelo amparo e exemplo diário de
luta e fé na vida.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiro a Deus, por seu amor e sua graça para com todos nós.

Agradeço muito especialmente a minha mãe Clotilde e a minha amada família


que estão sempre presentes na minha vida.

Agradeço ao meu orientador o professor Orlando de Lira Carneiro por seu


carinhoso apoio a mim e a este trabalho.

Agradeço as minhas professoras Maria das Graças Santos e Shirley Martins


dos Santos.

E aos meus amigos Safira e George que muito colaboraram na realização


desse trabalho.

À UFRR e a todo corpo docente, que nos proporcionam um ambiente criativo


e que ampliam nossos horizontes em nossa busca de conhecimentos.
O que as suas mãos tiverem que fazer,
que o façam com toda a sua força, pois na sepultura,
para onde você vai, não há atividade nem planejamento,
não há conhecimento nem sabedoria.
Eclesiastes 9:10
RESUMO

A presente pesquisa está baseada na Nova História e seu instrumento metodológico


será o método histórico de análise de textos, dentro desse campo que se fará uma
análise sobre a introdução de gado no Rio Branco foi um processo, não apenas
voltado para uma questão econômica, mas, que tinha significações direcionadas
para os interesses políticos e administrativos portugueses. As diversas expedições
programadas para se aventurarem no alto rio Amazonas que desencadeou a
propagação das terras portuguesas para o Branco, possibilitou por um contato entre
os luso-brasileiros com os povos nativos que habitavam naquela região, esse
contato possibilitou o avanço e a resistência portuguesa das novas áreas, a tentativa
de povoamento das novas terras conquistadas levaria o governo português através
da pessoa de Lobo D’Almada introduzir a criação de gado na região no final do
século XVIII, sendo um mecanismo de proporcionar a fixação populacional, tanto de
indígenas como não-indígenas.

Palavras-chave: História. Rio Branco. Expedições. Lobo D’Almada.


ABSTRACT

The present research is based on the New History and its methodological instrument
will be the historical method of analysis of texts, within this field that will make an
analysis on the introduction of cattle in Rio Branco was a process, not only turned to
an economic question, but , which had meanings directed to Portuguese political and
administrative interests. The various expeditions planned to venture into the upper
Amazon River, which triggered the spread of Portuguese lands to the White, made
possible a contact between the Portuguese-Brazilians and the native peoples who
lived in that region, which enabled the Portuguese advance and resistance of the
Portuguese. new areas, the attempted settlement of the new conquered lands would
lead the Portuguese government through the person of Lobo D'Almada to introduce
cattle breeding in the region in the late eighteenth century, being a mechanism to
provide the population fixation, whether indigenous or not -indigens.

Keywords: History. White River. Expeditions. Lobo D'Almada.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - MAPA DA EXPANSÃO PORTUGUESA NA REGIÃO


AMAZÔNICA, INÍCIO DO SÉCULO XVI .........................................18

FIGURA 2 - MAPA DA ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL NO SÉCULO XVII ........21

FIGURA 3 - MAPA DA ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL NO SÉCULO XVIII


REALIZADAS COM AS AÇÕES MISSIONÁRIAS ...........................26

FIGURA 4 - MAPA DA LOCALIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS ALDEAMENTOS


NA REGIÃO DO RIO BRANCO EM 1778, SEGUNDO RICARDO
FRANCO DE ALMEIDA SERRA E JOAQUIM J. FERREIRA...........32

FIGURA 5 - MAPA DA MAPA DOS ALDEAMENTOS DO RIO BRANCO ............35


LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – POPULAÇÃO DOS ÍNDIOS ALDEADOS NO


RIO BRANCO (1787) .....................................................................37
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11

2. HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO DO RIO BRANCO ............................................ 13

3. PROCESSO DE INSERÇÃO DO GADO NO RIO BRANCO ............................ 30

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 40

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 41
11

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo analisar a introdução do gado nos


campos do Rio Branco no final do século XVIII. Pra tanto, se fez necessário fazer
um levantamento histórico da colonização da região amazônica, dando ênfase ao
Vale do Rio Branco, considerando, o recorte espacial dessa investigação. Nesse
sentido, Marc Bloch enfatiza que:

A função social do historiador é organizar o passado, pois a história faz ver


que a ignorância desse passado não se limita, somente, a negar a
compreensão desse presente; mas compromete no presente, a própria
ação. (BLOCH, 1997, p. 98)

Ainda com aporte em Bloch, fazendo papel de historiadora, não posso deixar
de mencionar e propagar tal conhecimento, dialogando com o passado de forma a
produzir o conhecimento que venha possibilitar um combate à ignorância. Dessa
maneira, não somente apresento um conhecimento isolado, mas parte da
construção da história do Estado de Roraima, terra que vivo.

Dessa maneira, o campo de pesquisa se baseia na “Nova História”, que


Burke (1992) descreve que essa “Nova História”

é uma história made in France, o país da nouvelle vague e do nouveau


roman, sem mencionar la nouvelle cuisine. Mais exatamente, é a história
associada à chamada École des Annales, agrupada em torno da revista
Annales: économies, societés, civilisations. (BURKE, 1992, p. 9)

A Escola dos Annales inovou com a abertura dos campos do historiadores,


deixando de ser constituída uma história de caráter apenas político ou econômico.
A abertura desse leque possibilitou ao historiador fazer uma abordagem voltada
para um leque de interesses particulares que envolvem o seu campo de pesquisa e
seu objeto. Essas mudanças se deram devido ao processo histórico que o mundo
sofreu, o “campo da história” não é isento de sofrer com as peculiaridades de
dados momentos sociais e político de certo período da história da humanidade.
Dessa maneira, Cardos (1997, p. 21) descrever que, “é evidente que tal mudança
de paradigma não deixou de afetar a história, entendendo neste caso esta última
(um termo polissêmico) como a disciplina histórica”.

Dentro do viés da Nova História, o presente trabalho utiliza o método


histórico de análise de textos, para que dessa forma possam ser feitos
12

apontamentos dos pontos principais sobre a temática abordada. Segundo Cardoso


e Vainfas (1997)

Apesar de existir, portanto, uma preocupação hermenêutica — por certo


definida em termos que hoje parecem ingênuos — há muito tempo,
também é verdade que a relação tradicional dos historiadores com os
documentos que utilizam continuou sendo o interesse predominante nos
conteúdos, tomando tais documentos como suportes de informação
acerca dos referentes dos textos (isto é, acerca daquilo de que os textos
falam). Uma atitude desta supõe o postulado implícito, na verdade
impossível de sustentar, de que o sentido de um texto é sempre
imediatamente perceptível ao lê-lo. Ou, se formularmos ao contrário a
questão, de que a forma em que o texto se estrutura internamente — sua
dimensão discursiva — não seja pertinente à sua análise e uso em
história. (CARDOSO e VAINFAS, 1997, p. 537)

Com bases nessa linha teoria e metodologia da história que a presente


pesquisa em dados bibliográficos de análise histórica, terá como rédea os textos
dos seguintes autores: Nádia Farage, Jaci Guilherme Vieira, Maria das Graças
Santos Dias, Antonio Loureiro, Artur Cézar Ferreira Reis, dentre outros, basearei a
análise do presente trabalho. A metodologia utilizada são as fontes bibliográficas e
documentais. A estrutura apresentada será cronológica, em dois capítulos, a
seguir.

O primeiro capítulo será realizado o “HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO DO RIO


BRANCO”, apresentado de forma clara e linear os principais pontos que ocorreram
a partir de meados do século XVI, quando remete-se o interesse português pela
região mais adentro do amazonas até meados do século XVII.

O segundo capítulo, será abordado “PROCESSO DE INSERÇÃO DO GADO


NO RIO BRANCO”, fazendo uma abordagem que visa apresentar como foi a
introdução do gado e suas consequências, sendo esse processo uma conjuntura
não muito amigável entre os indígenas e os luso-brasileiros.

Dessa maneira, a buscar compreender esse processo, possibilita entender


um momento de suma importância para a história de Roraima, pois, a introdução
do gado na região do Rio Branco foi um passo de extrema importância para manter
a região como domínio português sobre a região do Vale do Rio Branco.
13

2 HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO DO RIO BRANCO

No Rio Branco, bem como em toda a região Amazônica, no momento em


que os portugueses chegaram, já existia o povoamento de suas áreas por uma
diversidade de etnias indígenas. Essas etnias possuíam uma estrutura social,
política e cultural que fora estabelecida no decorrer de sua história, logo, pode-se
declarar que suas crenças culturais eram consolidadas. Dessa maneira, os
portugueses, ao chegarem ao Rio Branco, tinham como objetivo conquistar e
ocupar. Utilizamos aqui o termo ocupação no sentido apresentado por Vieira e
Filho (2015, p. 118) em que “os não-índios negociaram, se aproximaram, e em
muitos casos, expulsaram os povos autóctones de suas terra, de uma região já
povoada por diversas etnias, além da compulsória, e diversas vezes violenta,
apropriação de sua força de trabalho”. Todavia, Berta Becker (2005) apresenta
que:

Por mais que quisesse a Coroa, não tinha recursos econômicos e


população para povoar e ocupar um território de tal extensão. Portugal
conseguiu manter a Amazônia e expandi-la para além dos limites previstos
no tratado de Tordesilhas, graças a estratégias de controle do território.
Embora os interesses econômicos prevalecessem, não foram bem
sucedidos, e a geopolítica foi mais importante do que a economia no
sentido de garantir a soberania sobre a Amazônia, cuja ocupação se fez,
como se sabe, em surtos ligados a demandas externas seguidos de
grandes períodos de estagnação e de decadência. (BECKER, 2005, p. 71)

Pra se fazer uma melhor compreensão sobre os argumentos portugueses


com a finalidade de posse da região Amazônica, deve-se utilizar o conceito de Uti
Possidetis1, segundo Manuel Correia de Andrade (1989, p. 30) é “o direito de um
dado território cabe aquele que o povoara, ou seja, aquele que conquistara os
primeiros habitantes”.

Dentro desse processo de consolidação da posse pelos portugueses do


território, umas diversidades de conflitos iram se desencadear no decorrer da
história da Amazônia colonial, não apenas conflitos externos, como as disputas
fronteiriças, mas também conflitos internos, sendo todos esses conflitos banhados
por disputas de uma significativa violência, que segundo Vieira e Filho (2005, p.
119) essa violência foi “principalmente voltada aos antigos habitantes da América,

1
Princípio do direito internacional que, em disputas envolvendo soberania territorial, reconhece a
legalidade e a legitimidade do poder estatal que de fato exerce controle político e militar sobre a
região em litígio.
14

que graças ao pensamento etnocentrista e a busca incansável pelo enriquecimento


do não-índio, são massacrados no avanço da conquista colonial desde os primeiros
dias da ocupação europeia”.

De início, o litoral brasileiro recebeu a atenção da coroa portuguesa somente


a partir da metade do século XVI. Desde a chegada dos primeiro português ao que
viria ser o Brasil, não houve um interesse de imediato pelas regiões mais adentro
das matas, a Amazônia esperaria mais de um século para que sua inserção no
mapa português de colonização contasse com sua presença. Dessa maneira, o
que levaria isso ocorrer seriam as ameaças de perda de território, que voltaria a
atenção para a região da bacia do rio Amazonas. Magalhães (2008) faz um análise
e descreve que,

A ocupação da região amazônica é um processo antigo. Quando os


europeus chegaram, no século XVI, a região já era habitada por um
conjunto de sociedades hierarquizadas, os povos indígenas. Para os
portugueses, o problema de seu domínio geopolítico foi destaque. Por ser
um grande território, as políticas de sua ocupação sempre procuraram
combinar as estratégias geopolíticas com a exploração econômica.
(Magalhães, 2008, p. 36)

Nessa discussão, Loureiro (1982, p. 94) aborda que três acontecimentos


marcaram o contato entre os europeus e os índios: 1) o índio da escravização,
efetuada por Pizon2; 2) A resistência ao civilizado, organizada pelos povos do
Nhamundá3 e; 3) A colaboração do indígena com o branco, com a participação de
2.000 na expedição de Ursua4.

2
Fato corrido em 1500, após descobrir o rio Amazonas, Vicente Yanez Pizon visitou as ilhas da foz,
nessa ilha foi bem recebido pelos Uruãs, mesmo sendo bem acolhido Pizon se apoderou de trinta
indígenas com o objetivo de vendê-los como escravos. Tal atitude perdurou por séculos.
3
Em 1542, quando Francisco de Orellana ou Dorella, ao descer o rio Amazonas pela primeira vez e
descobrir seus afluentes, teve que passar pela Foz de Nhamundá, sendo ele atacado por mulheres
guerreiras, as famosas amazonas, conhecidas hoje como parte de um grupo de guerreiras da
cultura Conduru ou Tapajós.
4
No ano de 1558, houve a divulgação da lenda do Paititi, que seria a eminencia de um reservatório
em que o ouro era abundante, essa divulgação foi realizada pelos índios tupinambás, quer eram
próximos a Chachapoyas. O vice-rei do Peru organizou uma expedição a comando de Pedro de
Ursua com a finalidade de procurar o local que exalava ouro. Essa procura se estendeu de
Topesana, no Huallaga em 1560,a expedição era composta por 300 espanhóis e 2.000 índios
aliados, toda via não conseguiram alcançar seus objetivos. Todavia, redundou na primeira tentativa
de divisão nas Américas, isso no ano de 1561, quando Fernando de Guzman foi aclamado rei das
possessões espanholas, contudo, após mil peripécias, o título recebido por Fernando foi repassado
a Lopo de Aguirre, que em um de seus atos, desceu o rio e atacou algumas das Antilhas, com seus
marañones acabando justiçados.
15

Esses acontecimentos, ocorridos principalmente aclamados pelos


espanhóis, possibilitaram um cenário dos primeiros contatos entre europeus e
indígenas, demonstrando um verdadeiro choque entre civilizações, esse conflito se
transferiu para a foz do Amazonas, estabelecendo dessa maneira a luta pela posse
da região, sucedendo posteriormente a vitória os luso-brasileiros.

A presença dos holandeses e ingleses na foz do Amazonas e no Amapá, e


dos franceses, no rio Pará e no Maranhão, foi anterior à dos luso-
brasileiros, que depois predominaram, batendo todos os seus inimigos
europeus e indígenas. (LOUREIRO, 1982, p. 95)

Fica nítido pela descrição de Loureiro que a região amazônica não era
desbravada e muito menos conhecida pelos portugueses. Dessa maneira, Cardoso
(2003 apud VIEIRA e FILHO, 2015) afirma que a região Amazônica no início do
século XVII era bem mais conhecida por holandeses, irlandeses, ingleses e
franceses, ao invés dos portugueses e espanhóis serem os detentores desse
conhecimento, já que as duas nações eram “donos” do Território pelo Tratado de
Tordesilhas. Um dos principais motivos, se não o principal, que levou o interesse
das nações europeias por essas região foi à proximidade da Amazônia do comércio
caribenho.

O desenvolvimento dos portugueses na região Amazônica está associado


com a criação do Forte do Presépio de Santa Maria de Belém em 12 de janeiro
1616, que é o marco histórico da presença portuguesa nessa região, que passou a
partir desse momento a compor o primeiro núcleo urbano lusitano, que
posteriormente tornar-se-ia a cidade de Santa Marai de Belém. Com a construção
do núcleo urbano e fixação portuguesa, não mais se limitaria a criação de feitorias
e missões, passaria a ser estabelecida uma verdadeira defesa de território,
expulsando os invasores.

No ano de 1617, dar-se início a uma rebelião do povo Tupinambá5, tal


revolta tinha como líder o índio Amaro, que lutava contra o tratamento que os
indígenas vinham sofrendo. Segundo Loureiro (1982) a revolta teve seu início na
região de Cumã, cuja mesma foi combatida por Matias de Albuquerque e Manuel
Pires Ferreira, tendo o apoio de 200 índios aliados contra os rebeldes. A revolta se

5
Etnia indígena que ajudou a construção do Presépio de Santa Maria de Belém Presépio de Santa
Maria de Belém.
16

alastra para a região de Belém, ocorrendo dessa maneira à destruição das aldeias
de Cuju, Mortiguara, Iguapé e Guamá. Mesmo com a derrota em alguns conflitos,
os tupinambás não se deram por vencidos e no ano de 1618, no dia 7 de janeiro,
liderados por Guaimiaba, atacaram Belém, todavia, devido à morte de seu líder,
que fora acertado por um tiro, a conquista de Belém foi diluída.

Com aporte em Loureiro (1982) este conflito gerou consequência, pois o ano
de 1619 foi marcado, o capitão-mor do Pará, Jerônimo Fragoso de Albuquerque
acometeu um ataque às aldeias tupinambás, o objetivo desse ataque foi escravizar
os indígenas com a pretensão de coloca-los para trabalhar nas lavouras, pesca,
construções e auxílios nas guerras. No mesmo ano, ocorreu o extermínio dos
tupinambás, realizado por 80 soldados e 400 índios tabajaras, potiguaras e caetás
que foram recrutados no nordeste, esse extermínio foi liderado por Bento Maciel
Parente. Com a vontade de empenho na missão de extermínio dos tupinambás,
Bento Maciel Parente durante três anos arrasou as aldeias de Cumã, Tapuitapera,
do Caeté e do Pará, matando uma quantidade de milhares de índios, com isso, os
tupinambás se espalharam, uns ficaram sob o domínio português e outra parte
emigrou para o amazonas acima. Nessa análise convém destacar ainda que:

Derrotados os franceses, subjugados os tupinambás e consolidada a


conquista até o Tocantins, restava os holandeses e ingleses e seus
aliados nhegaíbas do canal do Norte e de Gurupá, a serem dominados.
Graça aos trabalhos missionários dos capuchos de Santo Antônio, que
apaziguaram os tupinambás e aldearam os índios do Tocantins, os lusos-
portugueses passaram a ter um numeroso grupo de aliados, sem os quais
teria sido impossível a conquista da foz do Amazonas, geopoliticamente
necessária, para barrar o acesso às minas peruanas, desprotegidas por
este lado do continente. (LOUREIRO, 1982, p. 96-97).
A luta contra os seus inimigos restantes teve seu início no ano de 1623. Em
1626 foi tomado o forte de Mariocai dos holandeses, estabelecendo o forte de
Santo Antônio de Gurupá.

Os holandeses, a serviço da Companhia das Índias Ocidentais, em 1626,


haviam montado, na altura de Gurupá, entre os índios Tocuju, seus
aliados, uma casa forte. Outra posição estava no Xingu, a feitoria de
Mondiutuba. Uma terceira, nas cercanias de Macapá. Também eles, no
entanto, sentiam o vigor da reação luso-brasileira, desestimulante dos
projetos que agasalhavam quanto ao extremo-norte do Brasil. (REIS,
1982, p. 28)

Quanto aos ingleses, o confronto foi por etapas, sendo realizada a


construção de cada um de seus fortes, cada ataque remetia construção de um
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novo forte, avançando as suas fronteiras, os combates eram revestidos pela união
pelo lado português, sendo composto o exercito por portugueses e indígenas que
eram milhares. Torrego (1628) foi arrasado em 1629, North (1629) foi destituído em
1631 e Camau (1628) foi ocupado em 1631, pois:

Nestas guerrilhas destacaram-se Maciel Parente, Pedro Teixeira, Pedro da


Costa Favela, Pedro Baião de Abreu, Feliciano Coelho de Carvalho, Aires
Chichorro, Francisco Azevedo, Frei Antônio de Merciana e milhares de
Índios tupinambás, de Belém, e cametás, do Tocantins. (LOUREIRO,
1982, p. 97)

A conquista da foz do Amazonas pelos luso-brasileiros foi estabelecida de


forma bastante estratégicas, bem mais programadas que por seus inimigos. Esse
sucesso pode ser estabelecido pelo fato de terem uma diretriz político-religiosa que
se sobrepôs a matriz econômica portuguesa da época, que era a única matriz que
seus oponentes tinham. Dessa maneira, Loureiro (1982) vai apresentar alguns
pontos que configuram esse fator:

a) Conquista e proteção da foz do Amazonas, para impedir o acesso às


minas do Peru, fato explicado pela União Ibérica então vigente;
b) A conquista posterior do vale;
c) A obtenção de fortes alianças com os indígenas que mostrassem sinais
de amizade, a fim de facilitar a posterior ocupação territorial. Estas
alianças eram mantidas com lealdade, para evitar a perda de aliados
necessários, face ao pequeno número de europeus;
d) A destruição dos indígenas inimigos, sem piedade;
e) A construção de linhas de fortes protetores, como as mais antigas,
representada por Gurupá, Macapá e Belém;
f) A implantação da religião católica entre os indígenas. A unidade
religiosa dos luso-brasileiros evitou o malogro da colonização francesa,
dividida pelas lutas internas entre católicos e huguenotes;
g) A ação religiosa, auxiliando os conquistadores, aculturando as
populações indígenas, tornando-as aliadas dos portugueses e
fornecedora de grandes contingentes empregados na luta;
h) Finalmente, outro fator decisivo, foi a presença de uma força
mercenária experimentada de índios no Nordeste e de comandantes
veteranos, adaptados ao meio ambiente, que vinham lutando contra
indígenas e estrangeiros, há mais de 30 anos, desde o início da
conquista do Nordeste, cujos objetivos maiores eram a glória pessoal,
a expansão da fé e o aumento territorial do Império Português, ao
passo que seus opositores eram comerciantes, objetivando a
implantação de colônias, com finalidades meramente econômicas.
(LOUREIRO, 1982, p. 97)

Dessa maneira, podemos verificar através do mapa abaixo como ficou a


fronteira delimitada no início século XVII.
18

FIGURA 1 - MAPA DA EXPANSÃO PORTUGUESA NA REGIÃO AMAZÔNICA


INÍCIO DO SÉCULO XVI

Fonte: LOUREIRO,1982, p. 99.

Loureiro (1982, p. 100) aponta que, “após a conquista da foz do Amazonas,


estabeleceram-se na região os interesses necessários ao seu domínio,
representados pela Coroa Portuguesa, pelos colonizadores e pala Igreja”. Na
formação social da Amazônia, a população branca esteve sempre como minoria
étnica, e mesmo crescendo no decorrer dos anos, essa população necessitava de
“braços para agricultura de subsistência e de exportação, bem como do
conhecimento do indígena para a caça, a pesca e coleta de drogas do sertão,
precisando de leis favoráveis ao escravismo, sem as quais jamais teria conseguido
os seus objetivos”.

A Igreja e o Estado eram aliados no que concernia à expansão e à ocupação


do território, todavia, existia o conflito permanente em ambos no respeito ao
domínio temporal sobre os índios, pois, dessa maneira constituía um empecilho
contra a escravatura. A Igreja usufruía d trabalho indígena, mas tinha aversão ao
escravismo brutal, o cativeiro brando por temor religioso.

O papel da Igreja durante esse período funcionou como um organismo que


atuou na pacificação dos indígenas, possibilitando dessa maneira a entrada do
19

branco e ao mesmo tempo convertia os indígenas ao cristianismo, com isso


criaram as missões, que eram protegidas dos ataques escravistas da época. Fica
nítido no decorrer das décadas do século XVII que a religião por meio das ordens
religiosas começa a caminhar pelo caminho da escravidão, mesmo que de forma
disfarçada, possibilitando assim se tornarem grandes proprietários, explorando
dessa maneira os missionados (índios). O poderio temporal da Igreja se tornou tão
grande que, além de terem o domínio sobre os indígenas, também obtiveram a
possibilidade de dividir o território da Amazônia entre as missões. Nesse contexto
Loureiro (1982) aponta que:

As ordens facilitaram a degradação da cultura indígena com a criação das


missões, a introdução de vestimentas europeias, a abolição dos métodos
de casamentos, a adoção das leis europeias, a destruição dos chefes e da
vida comunal, a eliminação das tradições guerreiras, a substituição dos
cantos e a conversão ao cristianismo, prepararam o aculturamento
(LOUREIRO, 1982, p. 101).

O fator que interessava a Coroa Portuguesa era o domínio político da região


e a expansão de seu território em direção às terras de Castela, com isso ocorreria
à ultrapassagem do meridiano de Tordesilhas. Essa possibilidade se tornou viável
graças ao temporário período conhecido como União Ibérica que se estendeu até
1640. É justamente nessa época que começa a surgir conflitos relacionados a
fronteiras, principalmente no Solimões, região que era ocupada por jesuítas.

O Governo Português, segundo Loureiro (1982) buscou promover durante o


século XVII uma diversidade de providências que formas indispensáveis para
consolidar seu poderio,

a formação de expedições exploradoras ao interior, visando o seu


conhecimento geográfico; a organização político-administrativa das
conquistas; a criação de capitanias protetoras; a construção de fortes; a
introdução de colonos; as comunicações marítimas e a emissão de leis,
ora facilitando, ora dificultando a escravidão do indígena. (LOUREIRO,
1982, p. 101)

Podemos perceber que o índio é o centro das atenções no período colonial,


principalmente na passagem do século XVI para o XVII. Essa atenção é dada tanto
da pela Igreja como do Estado, devido, como diz Farage (1991, p. 23), “a utilização
da mão-de-obra indígena e suas aplicações para a economia amazônica no bojo
da empresa colonial portuguesa”. Dessa forma, ambos os lados que lutavam para
obterem o controle da mão-de-obra indígena, ainda que houvesse a existência de
20

tribos aliadas, a incapacidade dos indígenas em ser resistente a escravidão,


determinou a execução dos nativos mais rebeldes e absorção daqueles
considerados mais dóceis ou que se adaptava melhor ao novo modelo de vida.

Loureiro (1982) faz um apontamento quanto à presença de nativos e negros


no século XVII no Brasil:

Os primitivos habitantes do país representavam, junto com os negros, por


serem mais numerosos, a base étnica da Amazônia atual, pois o seu
extermínio puro e simples, como se propala, não justificaria os números
atuais da população brasileira, sabendo-se que a quantidade de
emigrantes portugueses entrados em nossa região e no resto do Brasil, na
época colonial, sempre foi reduzida, face às limitações demográficas de
Portugal. (LOUREIRO, 1982, p. 102)

O conflito interno pela posse da mão-de-obra indígena custou muito para o


Estado, sendo parcialmente resolvido com a introdução da mão-de-obra de
escravos negros, fato que se propagou devido à “inadaptabilidade” dos indígenas
nos tipos de trabalhos realizados pelos portugueses no século XVII na colônia.

Desse modo, a fundação de Belém foi o fator que possibilitou que os


portugueses tivessem o efetivo controle da navegação nas áreas fluviais que
ligavam o rio-mar ao oceano Atlântico. Esse acontecimento foi o fator mais
importante para a conquista e posse da região. Neto (2001) salienta que:

A partir de Belém, os portugueses deram início a uma série de expedições


militares pela Região Amazônica, viando a expulsão dos ingleses e
holandeses, sob o aval da Coroa espanhola que, através do Ato 04 de
novembro de 1621, concedia aos luso-brasileiros o direito à conquista da
Amazônia, sendo autorizados a ultrapassarem os limites do Meridiano de
Tordesilhas. (NETO, 2001, p. 20)

Dessa forma, podemos enumerar os principais atos portugueses para a


consolidação da conquista da região Amazônica segundo Loureiro (1982):

a) A criação do Estado do maranhão (1621), instalado cinco anos após,


face a necessidade da expulsão dos holandeses da Bahia. Era uma
entidade autônoma, diretamente ligada à Lisboa, que sob diversas
denominações perdurou até a nossa independência, quando foi
incorporado ao Brasil. Sua capital flutuou entre São Luís e Belém,
conforme as nuances políticas da época. Denominou-se Estado do
Maranhão e Grão Pará, de 1654 a 1751. Facilitou a administração e a
defesa da região. Tinha um governador geral, com a patente de capitão
general, um ouvidor e um provedor. Perdeu o Ceará para o Estado do
Brasil, em 1656, mas avançou a fronteira até o Javari.
b) A Criação de diversas capitanias com o objetivo de colonizar e proteger
determinadas áreas. Algumas eram particulares, outras reais, estando
vinculadas à capitania do Maranhão ou à do Pará. Perduraram até o
21

advento da era Pombal, quando as últimas capitanias particulares


foram incorporadas ao domínio real. (LOUREIRO, 1982, p. 101-104)

O mapa a seguir demonstra a organização territorial da região Amazônica no


século XVII, demonstrando como estavam estabelecidas as vilas e as províncias.

FIGURA 2 - MAPA DA ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL NO SÉCULO XVII

Fonte: Loureiro, 1982, p. 103.

Ainda existiam as Capitanias Hereditárias subordinadas ao Pará estavam:


Cametá (1624), Cabo Norte (1634), Vigia (1645), Xingu (1681) e Marajó ou Ilha
Grande de Joanes (1665) e a capitania real de Gurupá (1633). Essas capitanias
eram verdadeiras instituições anacrônicas, devido a Coroa conceder aos seus
donatários direitos que não eram mais utilizados, tais como os direitos feudais
absolutos.

Vale ressaltar que segundo Magalhães (2009) durante as duas primeiras


décadas do século XVII, a colonização do Maranhão e Grão-Pará foi feita a
tentativa de implantação do sistema de Plantation, semelhantemente das demais
capitanias do Brasil, todavia alguns fatores impossibilitaram a participação da
produção dessa região de participar do mercado exportado.
22

A região amazônica não apresentava uma atividade econômica rentável,


possuía uma população branca pequena composta em grande parte por
funcionários da colônia. A agricultura localizava-se mais efetivamente no
Maranhão e nas áreas mais próximas do delta do Amazonas, e a atividade
extrativista desenvolvida do Grão-Pará exigia uma menor quantidade de
capital, cujos produtos alcançavam bons preços no mercado, o que
contribuiu de forma contundente ara a agricultura não se expandir.
(MAGALHÃES, 2009, p. 14)

Contudo, com fortalecimento de Belém Gurupá e São Luís, os luso-


brasileiros tiveram a oportunidade de realizar as expedições de exploração, que se
deram para dentro da Amazônia, com uma série de objetivos, dentre eles podemos
destacar: o reconhecimento dos rios recém-descobertos, o estabelecimento de
alianças com indígenas não hostis, a procura de escravos vermelhos entre as
nações inimigas. (LOUREIRO, 1982)

Três expedições que se destinaram para reconhecer a região de aliados tem


destaque, a entrada ao Tapajós (1626), realizada sob a liderança de Pedro
Teixeira, que comandou 26 soldados, sendo essa a primeira incursão luso-
brasileira Amazonas acima. Essa expedição estabeleceu uma ligação amigável
com os tapajós, sendo esse grupo indígena o maior da região. Esse contato
possibilitou o domínio luso-brasileiro na região do baixo Amazonas bem como
garantiu o um número de soldados prontos para guerra que viriam. A segunda
expedição foi à entrada de Pedro Costa Favela no ano de 1627 ao rio Picajá. A
terceira expedição de reconhecimento foi realizada por Pedro Teixeira que fez o
reconhecimento do rio Amazonas no ano de 1637, saindo de São Luís indo até o
Peru.

Segundo Reis (1989), a presença mais efetiva dos portugueses na região


amazônica se deu a partir da expedição de Pedro Teixeira (1637-1639), que teve
seu ponto inicial em Belém com destino a Quito e voltando novamente a Belém.
Essa expedição veio a mando de Jacome Raimundo de Noronha, que era o
governador do Estado do Maranhão e Grão-Pará.

A expedição realizada por Pedro Teixeira foi a primeira a subir o curso das
águas do Amazonas, sua partida se deu do Maranhão a 25 de julho de 1637, e
teve uma passagem por Belém do Pará no dia 28 de outubro de 1637, local que
partiu para o seu destino. A expedição contou um número de duas mil pessoas,
dos quais eram compostos por 70 soldados, 1200 flecheiros e remadores
23

indígenas, e os demais eram mulheres e escravos, esse quantitativo de pessoas


embarcou em quarenta e cinco canoas. No dia 2 de janeiro de 1639, Teixeira
redigiu na cidade de Quito uma relação da sua jornada ao Amazonas acima.
(PAPAVERO, 2002)

A volta de Pedro Teixeira alcançou Belém em 12 de dezembro de 1939, e os


custos foram irrisórios. Sua ida até Quito por via fluvial durou 12 meses e seu
retorno apenas 10 meses. De modo geral, o tempo que Teixeira levou para finalizar
sua expedição foi de do2 anos e 2 meses. Reis (1906) faz alguns apontamentos
sobre a expedição de Teixeira, afirmando que:

abriu caminho para as comunicações com Quito, provando-as exequíveis,


tornando melhor conhecido o trecho entre os Andes e o Atlântico, ensinou
aos sertanistas de Belém e São Luís a avançada, mais tarde prova para o
domínio que exerceram.
Olhada sobre o ponto de vista geográfico, a expedição contribuiu
fartamente para a reforma das nações em voga. Encarada politicamente,
valeu como o primeiro passo para o alargamento do Brasil português na
posse fincada à boca do Aguarico. (REIS, 1906, p. 62)

Com efeito, ocorreram também expedições que procurava metais preciosos,


dais quais se destacam: a expedição realizada no ano de 1649, que tinha como
objetivo a busca do rio do Ouro ou do lago Dourado, sendo realizada por
Bartolomeu Barreiros de Ataíde; outra expedição foi realizada por André Pinheiro
no ano de 1688, que encontrou nos rios Urubu e Uatumã ouro e prata.

Não devemos olvidar a participação religiosa na exploração e no


expansionismo realizado na região Amazônica, pois o interesse religioso pelas
novas terras foi manifesto desde os primeiros dias da colonização na Amazônia, os
seus interesses de início estavam voltados para a defesa do índio e o ensino do
cristianismo, em contra partida também buscava alterar a sua cultura e facilitar a
penetração do “branco” através da fragilidade da cultura dos nativos. (LOUREIRO,
1982)

As ordens que merecem destaque são: os Capuchos de Santo Antônio de


Lisboa, criada em Portugal em 1568, foi à primeira ordem a se instalar no Pará no
na de 1671; Capuchos de São José ou da Piedade de origem portuguesa, fundada
em 1500 e chegaram à Amazônia em 1693; Capuchos da Conceição da Beira e
Minho entraram na região Amazônica no ano de 1706; Ordem de Nossa Senhora
24

das Mercês, é de origem espanhola, teve sua entrada no Amazônia a partir de


1640, ocorreu a expulsão dessa ordem no ano de 1641, devido a Restauração,
todavia regressaram no ano de 1646; Ordem do Carmo, apareceu nos tempos das
Cruzadas em Portugal sendo a data de sua estabelecimento de 1581, sendo a
chegada em Belém em 1624; Companhia de Jesus, fundada em 1637 no Xingu;
Companhia de Jesus (ramificação espanhola) estabeleceu-se no Solimões em
1686.

As ordens religiosas, no final do século XVII começaram a fazer parte do


campo econômico, demonstrando interesses em manter uma participação mais
ativa nesse campo, esse fato possibilitou que as ordens ganhassem prestígios e
grandes riquezas, mas, em contrapartida, causou a inveja por parte de muitos. A
primeira Ordem a fazer, a trilhar esse caminho foi a dos mercedários, tendo a
fundação de sua primeira fazendo no ano de 1680 na ilha de Santana, na foz do
Arari. Loureiro (1982) aponta que:

Dentro de pouco tempo, os religiosos em geral eram donos da maior parte


das fazendas estabelecidas em Marajó, utilizando o serviço dos índios, no
pastoreio de suas manadas. Os mesmos índios eram empregados,
semigratuitamente, no trabalho da obtenção das drogas dos sertões
(cravo, cacau, canela, baunilha, etc.), na produção de sal (Salinas) e nas
plantações de cana, para a produção de cachaça e açúcar. (LOUREIRO,
1982, p. 108)

O crescimento do poder das ordens religiosas foi de tal tamanho, que


conseguiram um poder além do temporal sobre os nativos, fato que possibilitou a
divisão do território entre as Ordens. Exemplo desse poderio está na Carta Régia
de 19 de março de 1693 entrega a ordem Jesuíta o rio Negro, o Solimões até o Içá,
e a margem direita do Amazonas; aos capuchos da Piedade entregou o Gurupá e a
margem esquerda do Amazonas, do Trombetas ao Urubu e aos capuchos de Santo
Antônio o Cabo Norte, o Jari e o Paru. Quanto à ordem dos carmelitas e dos
mercedários, que ficaram sem posses na carta régia de 1693, protestaram e
conseguiram receber através da carta régia de 29 de novembro de 1694, obtiveram
o rio Negro e o Solimões, e também o rio Urubu. (LOUREIRO, 1982)

Um fator decisivo para a região amazônica, apresentado por Vieira e Filho


(2015), foi a atrativo para a presença branca e exploração da região, todavia, as
tentativas de instalar o sistema de Plantation foi frustrada, e sempre voltava-se
25

para a abundante força de trabalho disponível e para a grande quantidade de


produtos naturais que eram oferecidos pela floresta e comercializados pelos
habitantes. Magalhães (1998) aponta que:

Foi nesse contexto da extração das “drogas do sertão” que a Amazônia


colonial encontrou sua base econômica. A mão-de-obra utilizada no vale
amazônico era a indígena. A disputa ao acesso e controle desses índios
marcou a história política de toda região amazônica. Vários conflitos entre
colonos e missionários foram inevitáveis pela disputa da mão de obra
indígena. Diversas formas de recrutamento forma utilizadas para obter
essa força de trabalho, tais como: 1-Resgate – Os resgates eram uma
troca de objetos por índios, mas só podiam ser resgatados índios de
corda, isto é prisioneiros de uma tribo; 2- Guerra Justa – Eram promovidas
pelas tropas de guerra e consistiam na invasão armada dos territórios
indígenas com objetivo de capturar o maior número de índios, incluindo
mulheres e crianças. Pela lei, podiam ser realizados contra índios que
atacassem os portugueses ou impedissem difusão do santo evangelho. Os
índios assim aprisionados eram conduzidos ao mercado de escravos,
onde eram vendidos aos colonos, à Coroa Portuguesa e aos próprios
missionários. 3-Índios de Repartição – chamados também de índios
“livres” em oposição aos escravos, eram todos aqueles que acreditavam
ser “descidos” sem oferecer resistência armada, desciam de suas aldeias
de origem para os aldeamentos das missões, situados nas proximidades
dos núcleos coloniais. (MAGALHÃES, 1998, p. 35-36)

Neto (2001) ao abordar o assunto econômico da conquista portuguesa do


vale amazônico em correlação com o que apontou Magalhães (1998), descreve
que:

Levando em consideração o caráter geopolítico, religioso e econômico da


conquista e colonização portuguesa no vale amazônico, fica claro que a
mesma baseava-se no tripé: comércio-aldeamentos-fortalezas. Cabia
justamente aos dois últimos elementos a garantia das condições
necessárias ao funcionamento do sistema colonial português na região,
assentado em práticas mercantilistas que possuíam na exploração e
venda das drogas do sertão e sua principal base econômica, sendo esta
importante atividade produtiva realizada essencialmente pela mão-de-obra
indígena destribalizada e aldeada sob a direção e cuidados das ordens
religiosas. (NETO, 2001, p. 23)

Loureiro (1982) ao aborda o assunto de escravidão indígena no final do


século XVII afirma que:

A escravidão indígena despovoou extensas áreas da Amazônia Ocidental,


como o baixo rio Negro, até hoje desabitada, pela falta de base étnica
indígena, exterminada ou transplantada para a foz do Amazonas,
Maranhão, e mesmo, Minas Gerais. Belém e Marajó, graças ao
deslocamento de nações internas e introdução do elemento negro,
tornaram-se as zonas mais populosas da região, nos dias atuais.
(LOULEIRO, 1982, p. 115)

Dessa maneira, fica bastante nítida a construção histórica da ocupação


Amazônica, apesar das mais elaboradas formas de manusear estratégias contra a
26

invasão de seu território, os luso-brasileiros, a vontade de conquista da Amazônia


foi motivada por interesses econômicos, segundo Reis (1982), as drogas do sertão
eram as buscas principais, pois, o homem do século XVII e XVIII era motivado pela
cobiça mercantil. Caio Prado Junior (1963) demonstra esse interesse:

Encontraram os colonos na floresta amazônica um grande número de


gêneros naturais aproveitáveis e utilizáveis no comércio: o cravo, a canela,
a castanha, a salsaparrilha e sobretudo o cacau. Sem contar a madeira e
produtos abundantes do reino animal: destes últimos, são em particular a
tartaruga, bem como os seus ovos, como manacuru (peixe-boi) que
servirão em escala comercial. Sem estas fontes de riqueza, teria sido
impossível ocupar o grande vale. Os colonos não o teriam procurado, os
missionários não encontrariam base material de subsistência para manter
seu trabalho de catequese dos indígenas. (PRADO JUNIOR, 1963, p. 211)

Não se pode negar que o século XVIII se tornou o período de expansão e


reorganização do território do Brasil, pois ocorre a extensão do território do
Maranhão e do Grão-Pará, estendendo-se do Piauí até o rio Negro. E também é
nesse século que também acontecerá à penetração luso-brasileira pelo Amapá,
Madeira, Negro, Rio Branco, Solimões, Japurá e Iça.

FIGURA 3 - MAPA DA ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL NO SÉCULO XVIII


REALIZADAS COM AS AÇÕES MISSIONÁRIAS

Fonte: LOUREIRO, 1982, p. 124.


27

Loureiro (1982) ao falar dos Tratados de Limites menciona que:

A Amazônia era terra de ninguém até 13 de janeiro de 1750, quando foi


assinado o Tratado e Madri, que estabelecia, pela primeira vez, os limites
oficiais entre as colônias portuguesas e espanholas na região. Em troca
das Filipinas, da Colônia do Sacramento e da margem esquerda do
Solimões, acima do Japurá, Portugal recebia as Missões e o território
ocupado além do meridiano de Tordesilhas. (LOUREIRO, 1982, p. 125)

No tratado assinado em 1750 (Tratado de Madri) a preocupação maior dos


luso-brasileiros foi à ocupação da maior quantidade possível do território, como
analisa Farage (1991, p. 41) “Tratava-se, nesse momento, de povoar ‘todas as
terras possíveis’, conforme afirmava o parágrafo 27 das Instruções Régias
passadas em 1751 ao governador Mendonça Furtado”.

Inicia-se nesse momento o processo que desencadearia a ocupação do vale


do rio Branco pelos portugueses. Nesse sentido, Santilli (1994) apresenta que:

A ocupação colonial portuguesa do vale do rio Branco teve seu início na


década de 70 do século XVIII. Foi uma ocupação marcadamente
estratégico-militar: nessa região limítrofe às possessões espanholas e
holandesas nas Guianas, os portugueses procuraram impedir possíveis
tentativas de invasão a seus domínios no vale amazônico, construindo em
1775, o Forte São Joaquim, na confluência dos rios Uraricoera e Tacutu,
formadores do Branco, e via de acesso às bacias dos rios Orinoco e
Essequibo. (SANTILLI, 1994, p. 17)

Durante a existência do Forte São Joaquim, o forte teve como incumbência


de relatar os fatos administrativos da região para Coroa portuguesa e
posteriormente para o Império brasileiro. A primeira tarefa a ser realizada foi à
tentativa de construir aldeamentos indígenas. No entorno do Forte foram criados os
primeiros núcleos não-indígenas da região, sendo que no ano de 1777 surgem os
primeiros aldeamentos indígenas.

Segundo Vieira (2007) o número de indivíduos que foram contados no


primeiro momento de aldeamento na região do Vale do Rio Branco chegou a ser de
1019, esse número de indígenas aldeados que em sua maioria era do sexo
masculino, foi um demonstrativo do interesse da Coroa portuguesa em garantir a
ocupação do território pelo sistema de aldeamento. Por mais que a Coroa tivesse
interesse em povoar a região, tornava-se difícil, fato que se concretizou no ano de
1781, ano em que caiu a primeira tentativa de aldeamento, esse sistema foi
destruído pela insurreição dos indígenas contra os soldados que os administravam.
28

Vieira e Filho (2015) mostram a importância dos indígenas nesse processo


de ocupação:

Evidenciando a importância dos indígenas na ocupação do território para


serem utilizados como “muralhas dos sertões”, e a falta de recursos para
investir em uma estratégia que contasse com o deslocamento de não-
indígenas para região, a Coroa inicia uma segunda tentativa de
aldeamento, com a criação de quatro aldeamentos, a partir de 1784, em
lugar dos que foram abandonados pelos indígenas. (VIEIRA e FILHO,
2015, p. 129)

Essa segunda tentativa de formar um aldeamento também fracassou, sendo


que atingiu de modo contrário as intenções portuguesas, ao invés de superar em
número o quantitativo de habitantes do primeiro aldeamento.

No ano de 1790 ocorre novamente um ciclo de revoltas nos aldeamento do


Rio Branco, o fato que leva a esse acontecimento, segundo Farage (2001) foram
as crescentes arruína das condições da vida dos seus aldeados, não havia
soluções para os problemas dos mesmos, a fome que se alastrava e somente era
remediada com a distribuição de farinha que era trazida do rio Negro.

Como descreve Vieira e Filho (2015) falando sobre as consequências do


segundo ciclo de revoltas ocorridas na tentativa de povoamento por meio de
aldeamento:

Apesar dos problemas enfrentados com esse último ciclo de revoltas os


portugueses não desistiram de seu projeto de ocupação do vale do Branco
com a população indígena, sendo a partir desse momento recomendo ao
comandante do Forte que os aldeados fossem tratados com mais
brandura. A única, e bastante significativa, mudança que ocorria na
ocasião era a de que a partir desse período os aldeamentos no Branco
seriam administrados por civis, e casados, sendo os militares recolhidos à
guarnição militar, deixando claro que o resultado do levante havia deixado
dúvidas sobre a atuação dos militares no projeto de ocupação portuguesa
no rio Branco por meio de aldeamento. (VIEIRA e FILHO, 2015, p. 130)

Dessa forma, é justamente no final do século XVIII, uma vez mais que o
aldeamento havia fracassado que o novo projeto referente à ocupação do território
será definitivamente adotado, demonstrando dessa maneira que Portugal
realmente tinha interesse em manter as terras sobre seu domínio. Com isso, a falta
de uma atividade econômica de caráter mercantil que possibilitasse a vinda de não-
indígenas para região, fez com que fosse introduzido a cultura pecuária com a
criação das chamadas “fazendas Reais” e a introdução do gado, essas mudanças
29

tinham como objetivo intensificar a presença por parte do Estado português na


região do alto Rio Branco.
30

3 PROCESSO DE INSERÇÃO DO GADO NO RIO BRANCO

No capítulo anterior podemos perceber que o grande problema apresentado


na questão relacionada à ocupação do território do alto Rio Branco é antigo, desde
as primeiras explorações portuguesas na área da Amazônia.

Barbosa (1993) ao apresentar sobre a viagem de Pedro Teixeira faz um


apontamento dos relatos apresentados por Cristobal de Acuña que tem um
significado muito importante para entender esse processo de ocupação:

Cristobal de Acuña, narrador da viagem de Pedro Teixeira pelo rio


Amazonas (1637-39), dá a entender como um acidente o primeiro
encontro das populações nativas e “civilizadas” nesta região (mesmo não
mencionado o rio Branco). A exploração pelo rio Negro e seus afluentes
não era prevista na rota original da expedição. Entretanto, devido ao
desejo dos tripulantes em obter algo de valor no retorno da viagem a
Quito, foi requisitado a Pedro Teixeira que se fizesse a entrada por este rio
para realizar o “descimento” de indígenas locais. Isto possibilitou a venda
dos índios como escravos na seda da antiga Capitania do Grão Pará e
Maranhão. (BARBOSA, 1993, p. 124-125)

Fica evidente através do relato que, a ocupação não era algo de imediato ou
até mesmo de interesse inicial. Todavia, a partir do final do Século XVII ocorre um
aumento significativo de atividades nessa região, quer seja por meio de militares,
religiosos ou civis, mas, o efetivo domínio dessa região se deu a partir da segunda
metade do século XVIII. O grande conflito que ocorreu no início da década de
1770, onde envolveu os espanhóis foi o ponto de partida para a abrangência do
território. O conflito possibilitou a construção de um forte que teria como principal
objetivo a proteção de maneira militarizada contra qualquer tipo de invasão de
outras nações europeias.

Esse processo de fortificação da região é apresentado por Vieira (2014, p.


30) como uma necessidade, pois, “o próprio Rio Branco era uma fronteira frágil,
pois já se sabia como sair para o Caribe, ou chegar até ele, através dos rios
Negros e Caciquiare; esse último comunica o Negro com o Orinoco”. Nesse
contexto, Barbosa (1993) afirma que iniciou-se a construção do Forte de São
Joaquim.

A fortificação foi iniciada em 1775 pelo Capitão Engenheiro Philippe Sturm,


um alemão contratada pela coroa portuguesa. A obra foi batizada de Forte
São Joaquim do Rio Branco e instalada no ponto mais estratégico desta
31

região: entre os rios Brancos e Tacutú, na foz do último pela margem


esquerda. (BARBOSA, 1993, p. 125)

O objetivo do Forte como foi apresentado anteriormente, marcado pelo


interesse de proteção da região, Vieira (2014) aponta que o interesse em evitar o
partilhamento das riquezas da região Amazônica com as demais nações que se
aventuravam ao redor daquele território, foi outro motivo da ocupação.

É no desdobrar desses fatos que surge a possibilidade, mesmo que de


forma tímida, mas que foi politicamente necessária, para a ação colonizadora da
região do Rio Branco. As instalações militares fizeram parte do plano estratégico,
mesmo com a ocorrência de conflitos entre aldeados e militares, foram essenciais
para a fixação de núcleos populacionais. A função principal desses núcleos
populacionais no amago tinha como principal papel a habitação, com a finalidade
junto com a força pública instalada, proteger a região que fazia parte da Colônia
brasileira. (BARBOSA, 1993) Nesse contexto,

No rio Branco, em torno do Forte São Joaquim, se constituiu o primeiro


núcleo habitacional não indígena e, ao seu redor foram levantados os
primeiros aldeamentos. A informação que temos a respeito desses
aldeamentos e suas respectivas localizações são: Nossa Senhora do
Carmo, Santa Isabel, Santo Antônio e Santa Bárbara no próprio Rio
Branco; São Felipe, no Tacutu; Santa Senhora da Conceição, no
Uraricuera. (VIEIRA, 2014, p. 33)

O Mapa a seguir demonstra a distribuição dos principais povoamentos nos


pontos de entrada e saída na região do Rio Branco.
32

FIGURA 4 - MAPA DA LOCALIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS ALDEAMENTOS


NA REGIÃO DO RIO BRANCO EM 1778, SEGUNDO RICARDO FRANCO DE
ALMEIDA SERRA E JOAQUIM J. FERREIRA

Fonte: BARBOSA, 1993, p. 127.

Vale reafirmar que no final da década de 1777 os aldeamentos que se


localizavam na região do Rio Branco se encontravam estabelecidos e com um
progresso relativo. Os povos dessa época já receberem um nome diferente de
aldeamentos, passando a ser chamados de “diretórios de índios”, que foi uma das
medidas tomadas como ação político-colonizadora por Marquês de Pombal.
Segundo Santos (2003, p. 61) no governo de Marquês de Pombal (1750-1777). É
que maiores atenção se voltaram para Amazônia e medidas mais efetivas vão ser
tomadas para desenvolvê-la, no sentido de mercantilista, e protegê-la de invasões.
33

Nesse sentido Farage (1991) vai apontar que o projeto do Marquês de Pombal
incluiu, entre as diversas medidas, a expulsão das ordens religiosas, a instituição
da Companhia de Comércio do Maranhão e Grão-Pará, e a proibição de
escravização indígena.

E novo modelo administrativo possibilitou, de acordo com Barbosa (1993):

Além de estabelecer definitivamente o controle português na região, estes


povoamentos tinham como objetivo aumentar as trocas comerciais com o
resto da então fundada Capitania de São José do Rio Negro (1755). A
região do rio Branco exportava produtos oriundos do extrativismo como
cacau, salsaparrilha, urucum, pescado salgado, óleo de copaíba, tartaruga
e a manteiga de seus ovos, todos com largo espectro de aceitação nesta
época. (BARBOSA, 1993, p. 26)

O grande problema da região do Rio Branco foi à legalidade das posses do


território, que obteve solução no ano de 1777, nessa data foi assinado o Tratado de
Santo Ildefonso, dessa forma, somente ficaria faltando à criação de condições para
que a população se consolidar de maneira espontânea nos núcleos criados.

As vastas áreas do Rio Branco eram notórias e deveriam ser bem vistas,
antes de tudo a extensão de seus campos, que possibilita a propagação de uma
quantidade de gado que chegaria a milhares de cabeça, isso sendo possibilitado
pela boa qualidade do pasto que a região fornece. (SAMPAIO, 1777)

Não existe uma data precisa sobre a introdução do gado na região do Rio
Branco, os registros são controversos. Barbosa (1993) vai apontar que

Algumas bibliografias citam ter sido o Coronel Manoel da Gama Lôbo


D’Almada em 1786-87 em uma expedição ao rio branco. Os espanhóis
também são citados quando de sua invasão ao início da década de 1770.
Outra possibilidade seria a de que realmente foi Lôbo D’Almada o
introdutor deste rebanho, entretanto, por volta de 1790, trazido da Vila de
Ega, hoje Tefé no Estado do Amazonas. O que se sabe ao certo é que, no
6
documento descrito de sua expedição (D’Almada 1787-681) , Lôbo
D’Almada já citava estes animais como forma de incentivar a colonização
no rio Branco por conta do governo real. Isso dá margem a especulações
de que este tipo de rebanho ainda viria a ser estabelecido. (BARBOSA,
1993, p. 128-129)

6
Outro meio de colonizar o rio Branco seria não só permitir em toda a liberdade, e mesmo promover
que os soldados casassem com índias deste território. Mas excital-los para isso com o donativo de
algumas vaccas, e algumas egoas que se lhe dessem por conta da fazendo real: e que esta data se
distribuísse se realmentemente a qualquer outro homem casado, que ali se fosse estabelecer: se
todo assim se houvesse da praticar, coloniar o rio Branco, em forma que se podesse confiar na
existência das suas povoações seria mais fácil do que parece. (D’ALMADA, 1787, p. 681)
34

O principal fato não é quem ou quando se realizou a introdução do gado na


região, o que de certo é a atitude que já rodeava os interesses portugueses há
certo tempo. Com a inserção de núcleos populacionais e a criação de gado nos
campos da região do Alto Rio Branco viria a ser um verdadeiro estimulo e até
mesmo propiciar de fato que aquela região viria ser o maior povoamento do da
região do Amazonas.

A ação portuguesa em relação a esses processos que acabaram ocorrendo


no final do século XVIII rente à região do Rio Branco, foi fundar as chamadas
Fazendas Nacionais.

O próprio comando do Forte São Joaquim, à época capitão Nicolau Sá


Sarmento, fundou a fazenda São Marcos, na região próxima à fortaleza,
enquanto a fazenda São José foi fundada pelo capitão José Antonio
Évora, morador e dono de muitas posses no rio Negro, e a fazenda São
Bento fundada pelo próprio Lobo D’Almada, já como fazenda “real”,
tornando-se essas fazendas os primeiros núcleos de introdução da
pecuária no Branco. (VIEIRA e FILHO, 2015, p. 130).

As Fazendas Nacionais, que de acordo com Magalhães (1989, p. 52) “das


três fazendas históricas a de São Marcos é a única que existe até hoje. Ela
pertence ao governo da união e encontra-se sob a administração da FUNAI, sendo
habitada pelos indígenas”. Tais Fazendas possibilitaram a divisão das terras em
três grandes áreas. Dessa maneira, Barbosa (1993) vai descrever que:

As lideranças portuguesas tentavam, com este ato, trocar de estratégia


quanto à colonização do rio Branco. Estimulando a permanência do
branco e tentar “civilizar” uma quantidade significativa de índios talvez
fosse o processo mais indicado de fixação espontânea nos núcleos
populacionais e nas fazendas recém-criadas. (BARBOSA, 1993, p. 129)

Ao contrário do que era esperado, os núcleos não obtiveram um sucesso


esperado pelo poder central, pois na prática não houve equiparação entre o plano
com a prática, os indígenas não se fixavam ou efetivavam sua permanência nos
núcleos populacionais e muito menos nas fazendas recém criadas. O que pode ser
apontado como ponto é a permanência de uma não solução a uma questão básica
e essencial para o desenvolvimento da região do Branco que eram como
proporcionar o estímulo à população indígena que havia agora sido semiaculturada
a se estabelecerem de forma livre e espontânea nas fazendas reais, sendo que
essa população não eram donos do rebanho que lá estavam sendo inseridos.
35

FIGURA 5 - MAPA DA MAPA DOS ALDEAMENTOS DO RIO BRANCO

Fonte: FARAGE, 1991, p. 58.

Dessa maneira, as Fazendas Reais não eram o local de atração para os


indígenas, mas, um centro de concentração para exploração da mão de obra
indígena. Esse mecanismo apenas favoreceria a coroa portuguesa que tinha seus
36

interesses firmados nesse processo, pois, estabelecia posse portuguesa aquela


região.

Esses acontecimentos possibilitaram o surgimento de tensões entre os


brancos e índios, deflagrando uma diversidade de revoltas e desavenças. Podemos
aqui mencionar a rebelião ocorrida no ano de 1781, na qual envolvia os índios
Sapará e militares, essa rebelião teve consequências graves, a citar, determinou
quase toda a destruição dos povoados ali presente. Essa revolta foi vista apenas
como um marco para a eclosão das outras. Os atos levaram a um evento no ano
de 1798, as margens do Rio Branco, que ficou conhecido como “Praia de
Sangue”7.

No ano de 1787, foi solicitado por Lôbo D’Almada à Pereira Caldas, que
fosse emitido uma remessa de cabeças de gados para fazer a povoação daquela
região com a finalidade de povoar os seus campos, esse pedido foi realizado
mediante a carta de 18 de maio de 1787 sendo levada por Nicolau de Sá
Sarmento. Reis (1982) faz o seguinte apontamento:

O plantel de Roraima foi então formado então formado com animais do Rio
Negro e gado espanhol deixado por Requeña, em Tefé, fundando Lobo
D’Almada a fazenda de São Marcos. Outras fazendas foram a de São
José, estabelecida pelo criador José Antônio Freire de Évora, de Barcelos
e a de São bento, Governo. Em 1806, o Rio Branco já possuía 2126 bois e
68 cavalos nas fazendas reais. (REIS, 1892, p. 140)

Fernandes (2015), também demonstra o interesse de Lobo D’Almada pela


região:

Podemos perceber mais detalhes sobre essas tentativas por ocasião da


viagem de Lobo d’Almada a região, em 1787, e como a situação
continuava crítica. D’Almada fez parte de uma série de funcionários
portugueses destacados para fazer o reconhecimento da região com o
intuito de verificar suas potencialidades econômicas e, principalmente,
estabelecer os limites com as nações fronteiriças. No tocante aos
indígenas, Lobo d’Almada recorre ao que era ponto pacífico até então, a
necessidade de aldeá-los e torná-los vassalos do rei, para que, assim, se
configurasse a presença portuguesa. (FERNANDES, 2015, p. 5)

Segundo Filho (2012) no ano de 1787, existia 931 indígenas aldeados, e em


meados de 1786, apontava 907 moradores indígenas nos aldeamentos. Esses

7
Os confrontos que se seguiram resultaram em mais violência ao longo de 1790. Foi nessa
conjuntura que as margens do rio Branco se tornaram cenários de diversas batalhas entre índios e
as tropas portuguesas, inclusive com a mais famosa de todas, que ficou conhecida como “Revolta
da Praia do Sangue” (OLIVEIRA, 2003, p. 81).
37

dados demonstram um crescimento quase que irrisório. Dessa maneira, o gráfico a


seguir demonstrará como estava dividida a população indígena no aldeamento do
Rio Branco no ano de 1787.

TABELA 1 – POPULAÇÃO DOS ÍNDIOS ALDEADOS NO RIO BRANCO (1787)

Fonte: FARAGE, 1991.

Quando se trabalha a questão do desenvolvimento econômico por parte das


fazendas existente no Brasil, Magalhães (1989) demonstra pontos interessantes
que possibilitam entender os efeitos da criação de gado no Rio Branco,

No final do século XVIII, havia quatro capitanias que vão do Ceará a


Pernambuco, incluindo Alagoas, havia apenas 2.366 fazendas. O Ceará
foi em princípio grande fornecedora de carne seca.

A segunda zona pecuária colonial foi Minas Gerais é, geográfica e


historicamente um prolongamento da Bahia. Foi povoada pelas fazendas
de gado que subiram no século XVIII. [...] Nos campos do sul, o gado fora
introduzido e proliferado em grande abundância, serviu para o
abastecimento de São Paulo e Rio de Janeiro. [...] No alto Amazonas
formam-se centros criatórios, aproveitando os campos do Rio Branco onde
Lobo D’Almada organizou fazendas reais e introduziu gados. Sendo um
exemplo seguido por particulares. (MAGALHÃES, 1989, p. 21-22)
38

Mesmo com o pequeno sucesso que aparentemente as Fazendas Reais


tiveram, não houve possibilidade de manter os povoamentos, os fatores sociais de
conflitos existentes fixaram um dilema que não seria solucionado no século XVIII,
marca principal desse período de ocupação promovido por Lôbo D’Almada foi o
completo desestimulo por parte da população indígena em permanecer nos
núcleos formados. Outros fatores apontados são a fome causada pela constante
perca das roças, as diversas doenças trazidas pelas civilizações europeias e os
maus tratos sofridos pelos indígenas mediante a imposição dos brancos, esses
fatores causavam o desinteresses por parte dos indígenas em permanecer nos
núcleos populacionais. Essa forma de política idealizada durante o governo de
Marquês de Pombal foi considerada como regime de escravidão dentro dos
povoamentos, demonstrando o autoritarismo empregado pelo governo português
na política colonizadora. (BARBOSA, 1993)

Em uma visão mais ampla sobre esse período, Magalhães (2008) vai
pontuar que:

Em tese, predominou o interesse de Portugal em estender o domínio de


suas fronteiras, resultando na conquista definitiva da região, marcando
uma intervenção do Estado, evidenciando a nítida estratégia geopolítica
de Portugal. Não obstante, a Amazônia continuou com base econômica
apoiada no extrativismo das drogas do sertão, apesar do período
pombalino ter marcado o início do ciclo agrícola. (MAGALHÃES, 2008, p.
43)

Mesmo com essas situações que deflagração o declínio dos aldeamentos no


Rio Branco, os portugueses continuavam com a certeza da necessidade dos
indígenas, sendo eles os instrumentos iniciais para a concretização da posse
daquelas terras. O fato dessa necessidade era o número reduzido de habitantes
brancos na metrópole, sendo impossível o estimulo as aventuras dos mesmos,
assim como o deslocamento de civis para as áreas mais distantes. Dentro dessa
visão Farage (1991) vai aborda que:

A experiência dos aldeamentos no Branco não se repetiria: ao fim do


século, somava-se às condições locais que examinamos o declínio do
sistema de aldeamento seculares instituído pelo diretório pombalino, que a
Carta Régia de 8 de maio de 1798 viria abolir. Do que fora essa
experiência adentraria apenas o século XIX o temor do contato dos índios
com os vizinhos, agora ingleses, a borrar a fronteira. (FARAGE, 1991, p.
168)
39

Dessa forma, a virada do século XVIII para o XIX, teria como um mapa das
fronteiras portuguesas na região do alto Rio Branco desenhada da seguinte
maneira, os vizinhos europeus eram os espanhóis no Orinoco e os ingleses no
Essequibo, sendo que tais posições geopolíticas se consolidariam no século XIX, já
as povoações que fizeram parte das tentativas de instalação por parte dos
portugueses foram quase que totalmente extintas devida as rebeliões indígenas.

Com o exposto, pode-se afirmar que o processo de inserção do gado na


região do Rio Branco foi um processo que motivado pelo interesse, tanto político
como econômico, que teve seu desenrolar através de movimentos estratégicos
promovido pela Coroa portuguesa, que visava motivar, com a introdução do gado
nessa região, o povoamento, não apenas por indígenas, mas, por luso-
portugueses.
40

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A introdução do gado no Rio Branco não foi apenas uma preocupação do


Estado português com as questões econômicas, e sim por interesses políticos e
fronteiriços. Dessa maneira, a presença portuguesa esteve voltada para formação
de aldeamentos que em primeiro momento era formado basicamente por indígenas
e posteriormente por uma tentativa de povoar com os não-índios.

Esse movimento de povoamento foi intensificado no final do século XVIII,


movimentado por Lobo D’Almada, que buscou através da introdução do gado na
região do Rio Branco, em uma tentativa de povoar e movimentar o interesse
econômico na região.

De longe a tentativa de povoamento por parte da Coroa portuguesa obteve


êxito, os conflitos existentes entre indígenas e luso-brasileiros impossibilitaram a
concretização do povoamento da região. Todavia, a inserção do gado foi um ponto
positivo, pois no decorrer do XIX e XX ocorre o desenvolvimento da região e
aprimoramento da atividade pecuária, principalmente da criação bovina.
41

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