Nº 0242.6/2020, QUE ALTERA LEI Nº 14.675/2009 QUE “INSTITUI O CÓDIGO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE E ESTABELECE OUTRAS PROVIDÊNCIAS’ PARA AUTORIZAR EXCEPCIONALMENTE A REMOÇÃO E A UTILIZAÇÃO DE VEGETAÇÃO AFETADA POR FENÔMENOS CLIMÁTICOS NO ESTADO”. REGULARIDADE.
Considerando o pedido de diligência requerido pela ALESC, a
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável foi instada, por meio do Ofício nº 869/CC-DIAL-GEMAT, a examinar e a emitir parecer, nos termos do art. 19 do Decreto nº 2.382/2014, sobre o Projeto de Lei nº 0242.6/2020, de origem parlamentar, que “Altera a Lei Nº 14.675, de 13 de abril de 2009, que ‘Institui o Código Estadual do Meio Ambiente e estabelece outras providências’, para autorizar excepcionalmente a remoção e a utilização de vegetação afetada por fenômenos climáticos no Estado”. Pretende o referido projeto de lei permitir, de forma excepcional, a remoção e a utilização de material lenhoso proveniente de vegetação derrubada por fenômenos climáticos, sem necessidade de prévia licença ambiental oficial. Para tanto, propõe alteração no art. 38 da Lei 14.675/2009, com acréscimo, neste dispositivo, dos parágrafos 2º e 3º. O art. 38 do Código Estadual do Meio Ambiente apresenta, atualmente, a seguinte redação:
Art. 38. A supressão de vegetação, nos casos legalmente admitidos,
será licenciada por meio da expedição de Autorização de Corte de Vegetação - AuC. Parágrafo único. Nos casos em que o pedido de autorização de corte de vegetação estiver vinculado a uma atividade licenciável, a AuC deve ser analisada com a Licença Ambiental Prévia - LAP e expedida conjuntamente com a Licença Ambiental de Instalação - LAI ou Autorização Ambiental - AuA da atividade. Pelo supracitado projeto de lei, o dispositivo passa a vigorar da seguinte forma: Art. 38. ................................................................................................ Parágrafo único....................................................................................
Parágrafo 2º Fica autorizada a remoção e a utilização, sem prévia
licença ambiental oficial, da vegetação danificada por severos fenômenos climáticos ocorridos com repercussão difundida e confirmada por órgãos públicos. Parágrafo 3º A remoção prevista no parágrafo anterior, somente poderá ocorrer quando a vegetação danificada puser em risco a segurança de pessoa ou do seu patrimônio, ou ainda para desobstruir ações cotidianas devendo constar termo com auto declaração do proprietário, contendo descritivo do ocorrido, situação da vegetação e do local no entorno e registro fotográfico, visando possibilitar a posterior fiscalização para efetiva comprovação da necessidade da referida retirada da vegetação avariada.
Verifica-se que o projeto de lei disciplina matéria afeta ao Instituto do
Meio Ambiente (IMA), órgão incumbido da fiscalização e do licenciamento ambiental. A despeito de o exame da constitucionalidade, no âmbito do Sistema de Serviços Jurídicos da Administração Direita e Indireta, ser atribuído à Procuradoria-Geral do Estado, segundo o Decreto nº 724/2007, é oportuno anotar que o projeto de lei ora apreciado pode padecer de vício formal de constitucionalidade. Isso porque a matéria por ele regulada é de iniciativa exclusiva do Chefe do Executivo, nos termos do arts. 51, § 2º, VI, e 71, II e IV, a, da Constituição do Estado de Santa Catarina. ... Em análise técnica acerca da proposta legislativa, a Diretoria de Biodiversidade e Clima, vinculada à Secretaria Executiva do Meio Ambiente (SEMA), a qual integra a estrutura desta Secretaria de Estado, manifestou-se pela inexistência de contrariedade ao projeto de lei. Além disso, destacou-se que o procedimento descrito no § 2º deverá ser regulamentado pelo órgão ambiental competente no Estado. Por sua vez, o Instituto do Meio Ambiente, na Informação Técnica IMA/GELAR nº 84/2020, acostada nos autos do SGPe SCC 11247/2020, vinculados processo-referência, concluiu que já existem instrumentos para gestão da vegetação danificada por eventos naturais. Dessa forma, sugeriu-se nova redação ao projeto de lei para que seja atribuída ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA) a regulamentação da remoção e do aproveitamento de material lenhoso... No mais, salienta-se que o projeto está em desacordo com a Lei Complementar nº 589/2013, na medida em que a numeração do atual parágrafo único deve ser alterada para “§ 1º”, conforme determina o art. 4º, III, da legislação de regência. Por fim, registra-se que não se verifica aumento de despesas do Estado com a aprovação do projeto. Por todo o exposto, opina-se pela regularidade do processo em epígrafe, submetendo este parecer à apreciação do Secretário de Estado.