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PROCESSO : 7.

900-6/2013
: FUNDO MUNICIPAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DOS
INTERESSADO
SERVIDORES DE SANTA TEREZINHA - PREVIST
ASSUNTO : CONTAS ANUAIS DE GESTÃO – EXERCÍCIO 2013
RESPONSÁVEL : VIVALDO LOPES DE OLIVEIRA – Diretor Executivo
CARLOS RAIMUNDO ESTEVES – OAB/MT 7.255
JULIANO ALBERT SCHIMIDT – OAB/MT 16.111
PROCURADORES :
KARINA OLIVEIRA MIRANDA – OAB/MT 8.567-B
ANDRÉ ARAÚJO BARCELOS – OAB/MT 16.778

RAZÕES DA PROPOSTA DE VOTO

Com fundamento na informação técnica trazida aos autos, das 03


irregularidades apontadas no Relatório Técnico Preliminar, foi mantida 1 pela equipe de
auditoria. Passo a analisá-la:

A irregularidade, classificada como LA 03, Previdência Gravíssima, refere-


se ao extrapolamento da alíquota máxima de 2% para a realização de despesas
administrativas, tendo sido apontado pela equipe técnica que o total destas correspondeu
a 3,25%, do valor total da remuneração, proventos e pensões, relativamente ao exercício
anterior.

Em sua defesa, o gestor alegou que os valores da base de cálculo para a


obtenção do total das despesas administrativas não foram apontados de forma correta
pela equipe de auditoria, pois a base de cálculo, segundo a defesa do gestor é R$
4.226.066,70, e que, aplicando a alíquota máxima de 2% da Taxa de Administração, tem-
se o valor total de R$ 84.521,33 para gastos com as despesas administrativas, no
exercício de 2013.

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Quanto ao valor das despesas administrativas apontadas pela equipe de
auditoria, o gestor contesta, alegando que a equipe auditora apontou como despesas
administrativas o valor de R$ 137.500,00. Ressaltou que esse valor refere-se ao
estimado e não ao efetivamente empenhado no exercício de 2013, sendo que o valor total
das despesas administrativas foi de R$ 69.534,92.

Alegou, ainda, que a base de cálculo das despesas administrativas, para o


exercício de 2013, foi composta da seguinte forma:
BASE DE CÁLCULO
Remuneração, proventos e pensões dos segurados vinculados ao RPPS no VALOR R$
exercício anterior (art. 15 da Portaria MPS nº 402/08)
Servidores efetivos da Prefeitura Municipal 3.685.060,65
Totais 13º Salário 279.004,12
Servidores efetivos da Câmara Municipal 125.704,52
Inativos e Pensionistas 136.297,41
(A)Total Base de Cálculo 4.226.066,70
(B)Valor limite para despesas administrativas (2% da base de cálculo – art.
15 da Portaria MPS nº 402/08) 84.521,33
DESPESAS ADMINISTRATIVAS
Material de Consumo 45,50
Equipamentos e Materiais Permanente 502,00
Serviços de Terceiros - PJ 68.987,42
(C)Valor total das despesas administrativas do exercício 69.534,92
(D) Reservas constituídas em exercícios anteriores 0,00
(E) Valor limite total para despesas administrativas (B+D) 84.521,33
(B-C) Saldo de Despesas Administrativas 14.986,41
Situação (regular/irregular) REGULAR
% Aplicado em despesas administrativas (após dedução do excesso coberto
1,64%
pela reserva)

Assim, segundo o gestor, o Instituto cumpriu o limite constitucional de 2%,


fixado na Portaria 402, de 2008, do Ministério da Previdência e Assistência Social,
devendo a irregularidade ser afastada.

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A SECEX, ao analisar a defesa apresentada, concordou que assiste razão
ao defendente quanto ao cálculo das despesas administrativas, uma vez que estes, de
fato, foram baseados em valores orçados e não com base nos valores efetivamente
empenhados.

Assim, verificando o Sistema APLIC, a SECEX apontou os novos valores a


seguir:
BASE DE CÁLCULO
Remuneração, proventos e pensões dos segurados vinculados ao RPPS no VALOR R$
exercício anterior (art. 15 da Portaria MPS nº 402/08)
Servidores efetivos da Prefeitura Municipal 2.982.991,86
Total 13º Salário 71.848,99
Servidores efetivos da Câmara Municipal 78.834,17
Total 13º Salário 5.542,75
Inativos e Pensionistas 167.327,23
(A)Total Base de Cálculo 3.306.545,00
(B)Valor limite para despesas administrativas (2% da base de cálculo – art.
66.130,90
15 da Portaria MPS nº 402/08)
DESPESAS ADMINISTRATIVAS
Diárias 45,50
Cálculo atuarial 68.987,42
Equipamentos e materiais permanentes 502,00
Total das despesas Administrativas 69.534,92
% Aplicado em despesas administrativas (após dedução do excesso coberto
2,10%
pela reserva)

Por fim, com a apresentação do novo cálculo, entendeu que o valor das
despesas administrativa superaram o valor estipulado na legislação, uma vez que atingiu
2,10% da receita base. Assim, manteve a irregularidade.

O Ministério Público de Contas concordou com os valores apontados pela


SECEX, em seu relatório técnico de defesa, ressaltando, porém que o valor apontado de
R$ 78.834,17, segundo consulta realizada via Sistema APLIC, pelo Ministério Público de

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Contas é de R$ 64.728,23.

Ressaltou, ainda, que mesmo com a divergência, houve descumprimento do


limite legal e lembrou que este Tribunal possui entendimento pacífico quanto ao limite de
2% para taxa administrativa, podendo os Regimes Próprios de Previdência, constituírem
reservas com as sobras do custeio dessas despesas do exercício anterior.

Citou a Resolução de Consulta 32/2010 deste Tribunal de Contas a seguir


transcrita:

Ementa: FUNDO MUNICIPAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DE


COMODORO. CONSULTA. PREVIDÊNCIA. RPPS. DESPESA
ADMINISTRATIVA. PORTARIA MPS Nº 183/2006. SOBRAS DO
CUSTEIO DAS DESPESAS DO EXERCÍCIO. POSSIBILIDADE DE
CONSTITUIÇÃO DE RESERVA PARA O EXERCÍCIO SEGUINTE,
OBSERVADAS AS CONDIÇÕES.
1) É possível e legal a utilização das sobras do custeio das despesas
administrativas ocorridas a partir da vigência da Portaria MPS nº 183/2006,
para constituição de reserva a ser utilizada em exercícios futuros que a lei
determine expressamente a sua constituição e que a taxa de
administração não seja superior a 2%. 2) Não haverá irregularidade
quando a taxa do exercício exceder a 2%, desde que o excesso se refira à
reserva constituída a partir da vigência da Portaria MPS nº 183/2006; e, 3)
a contabilização da reserva deve-se proceder da seguinte forma: Debita -
Despesas contingenciadas (RPL) e Credita - Reservas para contingências
(PL).

Observou que, no caso em análise, não houve a constituição de reserva e


que caso tenha havido, o gestor não demonstrou em sua defesa. Assim, concordou com a
equipe técnica de que não houve observância ao limite legal. Desse modo, entendeu que
a irregularidade deve ser mantida, com aplicação de multa e determinação legal para que
o atual gestor cumpra o limite de 2%, estabelecido pelo artigo 15 da Portaria Ministerial
402/2008 e artigo 6º, inciso VIII, da Lei Federal 9.717/1998, com a finalidade de que o
RPPS mantenha o seu equilíbrio financeiro e atuarial.

Analisando os autos, verifico que os valores apontados pela SECEX para

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compor a base de cálculo do limite com despesas administrativas, em seu relatório
técnico de defesa, foram os valores líquidos e não os valores brutos das remunerações,
proventos e pensões, da folha de pagamento da Prefeitura Municipal e da Câmara
Municipal de Santa Terezinha, resultando no total de R$ 3.306.545,00.

Lembro que as despesas administrativas do Regime Próprio de Previdência


Social – RPPS, deverão ser custeadas por "Taxa de Administração" específica, prevista
na Lei Federal 9.717/98, em seu artigo 6º, inciso VIII. Lembro, ainda que a Portaria 402 do
MPS, em seu artigo 15, fixou em dois pontos percentuais o valor máximo de despesas
administrativas realizadas pelo Fundo Previdenciário, conforme a seguir transcritos.

Art. 6º Fica facultada à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos


Municípios, a constituição de fundos integrados de bens, direitos e ativos,
com finalidade previdenciária, desde que observados os critérios de que
trata o artigo 1º e, adicionalmente, os seguintes preceitos:
VIII - estabelecimento de limites para a taxa de administração, conforme
parâmetros gerais;

Portaria MPS 402, de 10 de dezembro 2008


Art. 15. Para cobertura das despesas do RPPS, poderá ser estabelecida,
em lei, Taxa de Administração de até dois pontos percentuais do valor
total das remunerações, proventos e pensões dos segurados vinculados
ao RPPS, relativo ao exercício financeiro anterior, observando-se que:

A meu ver, entendo que o valor para composição da base de cálculo deve
ser o total da remuneração do servidor efetivo pertencente ao Regime Próprio de
Previdência, incluindo o subsídio base, os adicionais e as gratificações, mesmo que essas
não sejam base de cálculo para o recolhimento da previdência social, conforme
entendimento deste Tribunal de Contas, através da Resolução de Consulta 65/2010.

Resolução de Consulta nº 65/2010 (DOE 18/10/2010). Previdência.


RPPS. Despesas administrativas. Base de cálculo. Valor total das
remunerações, proventos e pensões dos segurados vinculados ao
RPPS.
1) A base de cálculo da taxa de administração do RPPS corresponde ao
valor total das remunerações, proventos e pensões dos segurados do
RPPS, relativo ao exercício financeiro anterior, não havendo qualquer

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vinculação com a base de cálculo das contribuições previdenciárias.
2) A totalidade das parcelas remuneratórias que compõem a folha de
pagamento dos segurados ativos e inativos vinculados ao RPPS integra a
base de cálculo da taxa de administração, independentemente de compor
ou não a base de cálculo da contribuição previdenciária.

Diante do exposto, na minha interpretação, segundo o artigo 15 da Portaria


402/2008 do MPS, compõe a base de cálculo, “o valor total das remunerações, proventos
e pensões dos segurados vinculados ao RPPS, relativo ao exercício financeiro anterior”,
não estabelecendo que devem ser utilizados os valores líquidos. Assim, entendo que tais
valores devem ser utilizados pelo seu valor bruto.

Verificando o Sistema APLIC, constato que os valores que compõem a base


de cálculo da Taxa Administrativa são os seguintes, conforme os quadros a serguir:

Valores da Folha de Pagamento


Prefeitura Municipal de Santa Terezinha – Exercício 2012
Valor de Gratificações +
Mês/Ano Valor Base R$ Valor Bruto R$
13º Salário R$
Janeiro/2012 182.895,28 109.440,32 292.335,60
Fevereiro/2012 269.919,80 0,00 269.919,80
Março/2012 266.912,17 0,00 266.912,17
Abril/2012 260.470,02 0,00 260.470,02
Maio/2012 305.744,99 0,00 305.744,99
Junho/2012 297.495,07 0,00 297.495,07
Julho/2012 303.025,88 0,00 303.025,88
Agosto/2012 281.271,93 0,00 281.271,93
Setembro/2012 292.751,64 0,00 292.751,64
Outubro/2012 244.646,04 57.811,22 302.457,26
Novembro/2012 250.758,12 53.652,17 304.410,29
Dezembro/2012 271.135,22 71.848,99 342.948,21
TOTAL 3.227.026,16 292.752,70 3.519.778,86

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Valores da Folha de Pagamento
Câmara Municipal de Santa Terezinha – Exercício 2012
Valor de Gratificações +
Mês/Ano Valor Base R$ Valor Bruto
13º Salário
Janeiro/2012 6.008,54 587,16 6.595,70
Fevereiro/2012 6.008,54 587,16 6.595,70
Março/2012 6.008,54 587,16 6.595,70
Abril/2012 6.395,13 1.975,45 8.370,58
Maio/2012 6.001,20 662,36 6.663,56
Junho/2012 5.097,20 4.922,05 10.019,25
Julho/2012 2.148,00 5.888,74 8.036,74
Agosto/2012 6.001,20 1.818,32 7.819,52
Setembro/2012 6.623,20 724,56 7.347,76
Outubro/2012 6.623,20 1.439,86 8.063,06
Novembro/2012 6.623,20 1.559,49 8.182,00
Dezembro/2012 3.955,60 11.709,69 15.665,29
TOTAL 67.493,55 32.462,00 99.955,55

Valores para base de cálculo da taxa administrativa


BASE DE CÁLCULO VALOR R$
Remuneração, proventos e pensões dos segurados vinculados ao RPPS no exercício anterior -
2012 (art. 15 da Portaria MPS nº 402/08)
Servidores efetivos da Prefeitura Municipal 3.519.778,86
Servidores efetivos da Câmara Municipal 99.955,55
Inativos 84.966,09
Pensionistas 51.331,32
Total Base de Cálculo 3.756.031,82
Valor limite para despesas administrativas (2% da base de cálculo – art. 15 da
75.120,63
Portaria MPS nº 402/08)
DESPESAS ADMINISTRATIVAS EXECÍCIO - 2013
Materiais de processamento de dados 45,50
Serviços Bancários 1.370,30
Aplicações Diretas 502,00

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Outros serviços de terceiros – Pessoa Jurídica 67.617,12
Valor total das despesas administrativas do exercício 69.534,92
Saldo de despesas administrativas no exercício 5.585,71
Situação REGULAR
% Aplicado em despesas administrativas 1,85%

Portanto, discordo da equipe técnica e do parecer ministerial, quanto à


extrapolação do limite legal de 2%, com despesas administrativa do Instituto de
Previdência, pois, verifico que as despesas administrativas, no exercício de 2013,
corresponderam a 1,85%, conforme demonstrado. Assim, entendo pelo afastamento da
irregularidade.

Por fim, na análise geral das presentes contas, verifico que não
permaneceram irregularidades. Assim, considerando, finalmente, que a gestão do
FUNDO MUNICIPAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DOS SERVIDORES DE SANTA
TEREZINHA - PREVIST, demonstrou satisfatória aplicação dos recursos recebidos,
entendo que as contas, ora examinadas, estão aptas à aprovação por parte desta
Segunda Câmara, conforme o disposto no art. 192, do Regimento Interno do TCE/MT.

Esses são os fundamentos que embasaram esta proposta de voto.

PROPOSTA DE VOTO

Diante dos fundamentos expostos, não acolho o Parecer 3.002/2014, da


autoria do Excelentíssimo Procurador de Contas, Dr. Alisson Carvalho de Alencar, e
PROPONHO O VOTO no sentido de JULGAR REGULARES, as Contas Anuais de
Gestão do Fundo Municipal de Previdência Social dos Servidores de Santa

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Terezinha - PREVIST, referentes ao exercício de 2013, sob a responsabilidade do Sr.
Vivaldo Lopes de Oliveira, com fundamento no art. 20, da Lei Complementar Estadual
269/07, Lei Orgânica do TCE/MT, e art. 192, parágrafo único, do Regimento Interno do
TCE/MT, dando-lhe quitação plena.

É a proposta de voto que submeto à deliberação desta Segunda Câmara.

Cuiabá, 22 de agosto de 2014.

(assinatura digital)
Jaqueline Jacobsen Marques
Conselheira Substituta
Relatora

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