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Tríade do modernismo

Sobre o modernismo

Tudo começou quando as principais características da modernidade passaram a ter


um significativo impacto cultural. Na segunda metade do século 19, a Revolução
Industrial já havia provocado uma transformação radical com as fábricas, as máquinas
automatizadas, as ferrovias e a vertiginosa expansão dos centros urbanos. A vida
cotidiana começava a sofrer o impacto dos novos recursos de comunicação, graças às
invenções do telégrafo, do telefone e do rádio. Politicamente, havia o fortalecimento
dos Estados nacionais, a formação de poderosas burocracias governamentais e os
movimentos sociais de massa. O racionalismo e uma cultura secular ganhavam
terreno rapidamente frente à religiosidade e à união Igreja-Estado. Além disso, os
valores relacionados ao individualismo e ao capitalismo se consolidavam, mas
também eram contestados pelas ideias socialistas. Foi nesse agitado ambiente que o
movimento modernista surgiu e manteve-se em evidência.
Uma nova mentalidade emergiu nesse período. Diante de novos conhecimentos,
possibilidades e percepções do mundo, o ser humano teve de encarar uma vida muito
mais complexa e contraditória do que a de seus ancestrais. O efêmero, o gosto pelo
novo e a renovação constante passaram a fazer parte da rotina das pessoas. Para
expressar e responder aos anseios e às angústias dessa nova etapa da modernidade,
a arte respondeu com experimentações radicais principalmente na literatura, nas artes
visuais, na arquitetura, no teatro, na dança e na música.
Entre os modernistas, existiam os que viam a modernidade com um extremado e
acrítico entusiasmo, como os futuristas com sua exaltação da tecnologia, numa época
em que o homem se extasiava com o surgimento do avião, dos transatlânticos e do
automóvel. Existiam também aqueles que se rebelaram contra alguns dos valores
modernos apesar de neles se inspirarem, como os dadaístas, com sua ênfase num
aparente irracionalismo e no niilismo.
A modernidade dos séculos 19 e 20 foi um período de grandes transformações
econômicas, sociais e culturais no Ocidente. Foi a época em que mais rapidamente
avançaram e prevaleceram as ideias otimistas do Iluminismo, de uma sociedade
baseada na razão, na ciência, na busca da verdade, no humanismo, na democracia
liberal, no individualismo e na liberdade. Mas foi também o momento em que o homem
protagonizou o terror e a barbárie das duas grandes guerras mundiais. E a principal
expressão cultural desse momento histórico foi o Modernismo. Com suas vanguardas
e fragmentados movimentos artísticos, desde o Expressionismo nas artes plásticas até
o Concretismo na poesia, o Modernismo refletiu amplamente as contradições e a
vitalidade da modernidade.

Modernismo

período: 1890 a 1968

principais características: experimentalismo, ruptura com os cânones do


academicismo, exacerbação da liberdade individual, exaltação da vida urbana e
da tecnologia

alguns artistas internacionais: Pablo Picasso (artes plásticas), Henry Matisse (artes
plásticas), Mies van der Rohe (arquitetura), Frank Lloyd Wright (arquitetura), James
Joyce (literatura), Marcel Duchamp (artes plásticas), Henri Cartier-Bresson
(fotografia), Arnold Schoenberg (música), Jackson Pollock (artes plásticas), Samuel
Beckett (teatro), Orson Welles (cinema), Isadora Duncan (dança) e Franz Kafka
(literatura)

alguns artistas brasileiros: Tarsila do Amaral (artes plásticas), Di Cavalcanti (artes


plásticas), Mário de Andrade (literatura), Victor Brecheret (escultura), Manuel
Bandeira (poesia), Villa-Lobos (música), Graciliano Ramos (literatura), Érico
Veríssimo (literatura), Oswald de Andrade (literatura e teatro), Vilanova Artigas
(arquitetura) e Flávio de Carvalho (arquitetura, artes plásticas, cenografia)

Modernismo Americano

Muitos historiadores caracterizaram o período entre as duas guerras mundiais como o


“amadurecimento” traumático dos Estados Unidos, apesar do fato de que o
envolvimento direto dos americanos foi relativamente curto (1917-1918) e com muito
menos mortos do que seus aliados e inimigos europeus. Chocados e para sempre
transformados, os soldados americanos retornaram à sua pátria, mas nunca mais
puderam recuperar a inocência. Tampouco os soldados provenientes da zona rural do
país conseguiram voltar facilmente às suas raízes. Depois de conhecer o mundo,
muitos deles agora ansiavam por uma vida moderna e urbana.
No “grande boom” do pós-guerra, os negócios floresciam e os bem-sucedidos
prosperavam além do que podiam imaginar em seus sonhos mais desvairados. Pela
primeira vez, muitos americanos entraram no ensino superior — na década de 1920 as
matrículas universitárias dobraram. A classe média prosperou; os americanos
começaram a desfrutar da renda média nacional mais alta do mundo dessa época.
Os americanos dos chamados “loucos anos 20” se apaixonaram pelos
entretenimentos modernos. A maioria das pessoas ia ao cinema uma vez por semana.
Embora a Lei Seca — proibição nacional da venda de álcool instituída por meio da 18º
Emenda à Constituição do EUA — tenha começado em 1919, bares ilegais,
conhecidos como “speakeasies”, e nightclubs proliferaram, oferecendo jazz, bebidas e
maneiras ousadas de vestir e dançar. Dançar, ir ao cinema, fazer passeios de carro e
ouvir rádio eram manias nacionais. As mulheres americanas, em particular, se
sentiram liberadas. Elas cortaram o cabelo curto (“a la garçonne”), usavam vestidos
curtos estilo “melindrosa” e vibraram com o direito ao voto garantido pela 19a Emenda
à Constituição, aprovada em 1920. Falavam o que pensavam com ousadia e
ocupavam funções públicas na sociedade.
Apesar dessa prosperidade, os jovens ocidentais na “vanguarda” cultural
encontravam-se em um estado de rebelião intelectual, enfurecidos e desiludidos com a
guerra selvagem e com a geração mais velha que responsabilizavam. Ironicamente,
as condições econômicas difíceis do pós-guerra na Europa permitiam que os
americanos endinheirados — como os escritores F. Scott Fitzgerald, Ernest
Hemingway, Gertrude Stein e Ezra Pound — vivessem no exterior confortavelmente
com pouquíssimo dinheiro e absorvessem a desilusão do pós-guerra e também outras
correntes intelectuais europeias, em particular a psicologia freudiana e, em menor
grau, o marxismo.
Diversos romances, em especial O Sol Também se Levanta (1926), de Hemingway, e
Este Lado do Paraíso (1920), de Fitzgerald, evocam a extravagância e a desilusão do
que a escritora americana expatriada Gertrude Stein chamou de “a geração perdida”.
Em “A Terra Desolada” (1922), longo e influente poema de T.S. Eliot, a civilização
ocidental é simbolizada por um deserto desolado necessitando desesperadamente de
chuva (renovação espiritual).

A grande onda cultural do modernismo, que surgiu na Europa e depois se espalhou


para os Estados Unidos nos primeiros anos do século 20, expressava um sentido de
vida moderna pela arte como uma ruptura brusca com o passado. À medida que as
máquinas modernas mudavam o ritmo, a atmosfera e a aparência da vida diária no
início do século 20, muitos artistas e escritores, com graus variados de sucesso,
reinventavam formas artísticas tradicionais e buscavam radicalmente outras novas —
eco estético do que as pessoas haviam passado a chamar de “era da máquina”.

T.S. Eliot (1888-1965)

Robert Frost (1874-1963)

F. Scott Fitzgerald (1896-1940)

Ernest Hemingway (1899-1961)

William Faulkner (1897-1962)

Eugene O'Neill (1888-1953)

Modernismo Portugues

Momento Histórico do Modernismo em Portugal

Os primeiro anos do século XX, em Portugal, são marcados pelo entrechoque de


correntes literárias que vinham agitando os espíritos desde algum tempo:
Decadentismo, Simbolismo, Impressionismo e outros, eram denominações da mesma
tendência geral que impunham o domínio da Metafísica e do Mistério no terreno em
que as ciências se julgavam exclusivas e todo-poderosas.
O ideal republicano, engrossado por sucessivas manifestações de instabilidade, vai-se
concretizar em 1910, com a proclamação da República, depois dos sangrentos
acontecimentos de 1908, quando o rei D. Carlos perde a vida nas mãos de um homem
do povo, alucinadamente antimonárquico. E é nessa atmosfera de emaranhadas
forças estéticas, a que se sobrepõe a inquietação trazida pela 1º Grande Guerra, que
um grupo de rapazes, em 1915, funda a revista Orpheu. São eles: Mário de Sá
Carneiro, Fernando Pessoa, Luís de Montalvor, Santa Rita Pintor, Ronald de Carvalho,
Raul Leal. Seu propósito fundamental consistia em agitar consciências através de
atitudes desabusadas que, em concomitância com as derradeiras manifestações
simbolistas, iniciavam um estilo novo moderno ou modernismo.
Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro são os mais famosos participantes da
revista Orpheu, que deu origem à primeira geração do Modernismo português: o
Orfismo ou geração Orpheu, cuja atuação, entre 1915 e 1927, coincidiu com a
vigência da chamada "República Jovem", a Primeira República portuguesa.
Desde 1910, coma queda da Monarquia, o país passa por um dos momentos mais
fecundos e mais conturbados de sua História. Lisboa centraliza a captação das ideias
modernas, numa efervescência intelectual que procura assimilar os movimentos da
vanguarda, provenientes do contexto mais amplo do Modernismo europeu.
Essa primeira experiência de democracia teria, entretanto, vida curta.
Após superar a anarquia administrativa e orçamentária deixada pela Monarquia, o
Partido Democrático, de forte base popular, que dominou o cenário político da Primeira
República, propõe a entrada do país na Primeira Guerra Mundial.
Portugal alia-se às potências que lutavam contra a Alemanha, em defesa de suas
colônias ultramarinas, ameaçadas pela expansão imperialista germânica.
Com o fim da guerra, o agravamento das questões econômicas e sociais era nítido,
tanto quanto a crise política, que se tornara permanente, devido às contínuas
dissidências internas do Partido Democrático e à gradual perda de apoio popular. Essa
crise une os setores militares, a grande burguesia e o clero, colocando um ponto final
no governo parlamentar e desencadeando o Golpe Militar de 1926.
O professor de Finanças da Universidade de Coimbra, Antônio de Oliveira Salazar,
recrutado para desenvolver a nova política, que queria medidas autoritárias, toma por
completo o poder em 1933. Inicia-se assim, em Portugal, o Estado Novo(1933-1974),
que se alinha aos interesses do nazi-facismo italiano e alemão.
Em 1927, a fundação da revista Presença, por Branquinho da Fonseca, José Régio e
João Gaspar Simões, marca o início da segunda geração do Modernismo em Portugal.
Denominada geração Presença, caracteriza-se pelo elitismo, pelo descompromisso
entre atividade artística e as questões político-sociais.
Em 1940, o Neo-Realismo substitui o Presencismo, inaugurando-se uma nova
geração. Esta se coloca contra as posturas da anterior, principalmente pela defesa do
engajamento da literatura, da sua contribuição na conscientização do público leitor
quanto aos problemas socioeconômicos-políticos do país. Ferreira de Castro, Carlos
de Oliveira, Fernando Namora, Alves Redol, José Cardoso Pires e Virgílio Ferreira são
alguns dos principais representantes do Neo-Realismo Português.

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