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1 Introdução
O sucesso agrícola do Estado de Mato Grosso, tem correlação com aspectos naturais e
antrópicos, como: clima, solos, créditos e pacotes tecnológicos (máquinas, equipamentos e
insumos. Por outro lado, investimentos em pesquisas cientificas e a apropriação do
conhecimento técnico-cientifico, pelos produtores rurais, fizeram a diferença. Sendo possível,
na maioria das regiões do Estado, duas safras ou terceira em um ano, quando considerado o
sistema lavoura passagem.
Por outro lado, além da ampliação da desigualdade socioeconômica, credita no ônus da
expansão agrícola no Estado as agressões diretas a fauna e flora dos biomas Cerrado, Mata
Amazônica e o ecossistema do Pantanal (PALMA, 2011). Em síntese, muitas seriam as
análises para delinear o sucesso do agronegócio mato-grossense, entretanto, prevalece o
consenso de que investimento em pesquisas cientificas fizeram a diferença no setor.
Apesar do sucesso, ainda há muitos desafios a serem superados no Estado, como fomentar
estudos meteorológicos e hidrológico. Visto que, este está inserido em três regiões
hidrográficas: Amazonas, Paraguai e Tocantins-Araguaia; e naturalmente tem os seus
potenciais econômicos.
A água é um bem público, como consta a lei 9.433, de 08 de janeiro de 1997 (BRASIL,
1997), que a instituiu da Política Nacional de Recursos Hídricos no Brasil A partir da sua
promulgação, a outorga, a cobrança e a criação de comitês de bacias hidrográficas, são
importantes instrumentos a serem considerados nos debates agrícola e no multiuso da água
pela população mato-grossense. É importante conhecer a dinâmica hídrica, pois é estratégico,
envolve a dignidade e equidade das pessoas ao acesso da água.
Em contribuição a debate hídrico, este estudo teve como objetivo estimar a evaporação
anual do Lago de Manso, por meio do modelo empírico de Thonrthwite (1948), adaptado por
Rosenberry et al. (2007). Em síntese, o Lago ocupa uma área de 427 Km 2, que foi inundada
com a construção da barragem da Usina Hidrelétrica do Manso, entre 1988 e 2000. Uns dos
objetivos da construção da barragem foi controlar a vazão do Rio Manso para evitar enchentes
em Cuiabá -MT (ODI, 2005).
2 Referencial teórico
O aumento por energia elétrica é uma demanda natural em regiões que estão em
franco desenvolvimento, como ocorre no Estado de Mato Grosso. Ampliação do seu
complexo agroindustrial, para o processamento de parte da sua produção, em usinas de açúcar
ou álcool, frigoríficos, esmagadoras de grãos, granjas, secagem e armazenamentos, outras.
Neste cenário, a hidrelétricas são as principais fontes de energia renovável, adotada não só no
Estado, mas nacionalmente, como principal matriz energética
O uso de trecho de rios com declividade é uma alternativa para a geração de
eletricidade, aproveitando o seu potencial hidráulico, pela construção de barragem e
consequentemente a formação de lago, para controlar a vazão, uma vez que é considerada a
pluviosidade e a cota da queda da água, na produção de energia elétrica. Essa é considerada
renovável. Sendo que a implantação de usina tem consequências socioeconômica e ambientais
ao longo do tempo (BENANM, 2007).
A principio para evitar enchentes em Cuiabá-MT, foi idealizado a construção de uma
barragem no Rio Manso, que evolui para a construção de Usina hidrelétrica do Rio Manso,
iniciada em 1988 e concluída em 2000, que foi projetada para uso múltiplo do seu lago com
destaque a regulação do ciclo de secas e cheias no Rio Cuiabá, evitando possíveis danos
socio econômico. O Rio Cuiabá está a jusante da barragem, é formado pela junção do Rio
Cuiabazinho e do Rio Manso, ambos estão inseridos na Bacia hidrológica do Rio Cuiabá
(ODI, 2005).
Segundo Valentini et al. (2011) citando fala de representante da UHE Manso, os
benefícios da construção da Barragem são: “Monitoramento Climatológico, Sismológico e
Hidrológico; Recuperação das Áreas Degradadas; Conservação da Flora; Manejo e
Conservação da Fauna, em especial projetos de Ictiofauna; Compensação por Perdas
Ambientais; Preservação do Patrimônio Arqueológico; Zoneamento Ambiental;
Comunicação Social; Gestão Ambiental”. Além de ter evitado três enchentes como a que
ocorreu em 1974.
O multiuso do lago artificial, formado a partir do represamento do rio, também é um
fator que justifica a existência das hidrelétricas. A presença do lago seria o promotor de
desenvolvimento econômicos, sendo fonte de água para abastecimento urbano, para a
implantação de projeto de irrigação, aquicultura e o turismo. No caso do Lago de Manso,
destaca-se a especulação imobiliária e o turismo de lazer e esportivo.
Em contradição, a desenvolvimento econômico, muito são os impactos
socioeconômico e ambiental, apontados como negativos para a bacia hidrográfica, como: a
remoção de comunidades tradicionais do local da área inundada, a perda de espécies da fauna
e a flora da região, mudanças no ecossistemas aquático, afeta a disponibilidade de pescado,
remoção de sedimentos (BERNANN, 2007).
No caso do Lago de Manso, famílias que viviam nas áreas inundadas, foram
removidas para cinco loteamentos, próximo ao Lago. Mas são os ribeirinhos de comunidades
como a de Bom Sucesso, localizada em Várzea Grande-MT, que relatam as principais
mudanças: alteração no ciclo migratório dos peixes, a diminuição do pescado, diminuição da
renda (VALENTINI et al., 2011).
As mudanças no ecossistema aquático, tem relação ao processo migratório dos peixes,
“Piracema”, que são peixes endêmicos do Pantanal, que depende dos rios de planaltos para
reproduzir, esse fenômeno é regido pelo pulso de inundação: Enchente e cheia (outubro a
abril); vazante (abril a maio) e seca (junho a agosto). Assim, alterar a curva de vazão natural
ou artificial afeta a piracema; com consequência desiquilíbrio populacional entre as espécies,
além de afetar o fluxo e defluxo da água no Pantanal (FERRAZ, 2009 Apud VALENTINI et.,
2011).
Outra questão a ser considerada é o aumento da lâmina de evaporação do Lago de
Manso, associada ao controle de vazão pode afetar a dinâmica de sedimentos a jusante da
barragem e afetar o período de cheia do Pantanal, Visto que cerca de 30% da planície está
localizada no Mato Grosso, que recebem aguas de bacia do Rio Cuiabá e Bacia do Alto
Paraguai. Sobre as mudanças do clima da região de lagos de usina hidrelétricas, não há um
consenso, entretanto o aumento temperatura da água e a evaporação, são alteradas (SOUZA,
2000).
São muitas as variáveis meteorológicas a serem considerados em estudos hidrológicos,
que compõem a dinâmica do ciclo hidrológico (precipitação, escoamento superficial,
infiltração e evaporação) em uma área limitada por divisores de águas, denominada bacia
hidrográfica. Uma vez que, que as características morfométrica, são importantes para estimar
a ocorrência de fenômenos de natureza hídrica (PEREIRA, 2007).
O relevo, além de influenciar diretamente o escoamento superficial e a infiltração da água,
em função da atitude, também influencia a evaporação, a precipitação e a temperatura do ar.
Por definição, evaporação é um processo físico, em que um liquido passa para o estado
gasoso, no contexto bacia, é a água da superfície terrestre e dos vegetais que evapora para a
atmosfera, fenômeno denominado evapotranspiração (PEREIRA, 2007)
Em 1948, Tornthwite foi o precursor do termo evapotranspiração e propôs uma equação
para estimar o fenômeno físico, considerando a temperatura média do ar, por meio de um
índice de calor e o comprimento de onda do dia para o mês em análise. A intenção dele, era
responder a questão da sazonalidade da água no solo e definir diferenças regionais do clima
(SEDIYAMA, 1996; CARVALHO, 2011).
Atualmente, existem vários modelos que estimam a evaporação (evapotranspiração) com
múltiplas variáveis da atmosfera, além da temperatura e o fotoperíodo proposto por
Tornthwite. A evaporação é um importante fenômeno que interfere no balanço hídrico e calor,
por isso, é importante estudos da evaporação em reservatórios para o adequado gerenciamento
e manejos de recursos.
Segundo Sedyama (1996), as contribuições mais relevantes a estimativa da evaporação foi
de Penman (1948 e 1963); que em sua equação considerou as variáveis atmosféricas: energia
radiante, temperatura, umidade e velocidade do vento. A equação de Penman e suas
adaptações são referências nos estudos de manejo e projetos de irrigação. Além de se
recomendada pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) a
Penam-FAO (CARVALHO, 2011).
3 Metodologia
A distância até 180 km do Lago e a consistência nos dados, foram critérios utilizados para a
escolha das estações.
Tabela 1 – Características das estações meteorológicas.
Código Nome Latitude Longitude Altitude Tipo
A901 Cuiabá -15.559295 -56.062951 241,56 m Automática
A912 Campo -15.531431 -55.135649 748.27 m Automática
83361 Cuiabá -15.61999999 -56.10888888 157.7 m Convencional
83358 Poxoréo -15.82749999 -54.39555555 374.35 m Convencional
83309 Diamantino -14.40611111 -56.4469444444 274,02 m Convenciona
Fonte: INMET (2020).
[
El = 1,6
10 Ta
(I ) 10
][ ]
d
(1)
12 1,514
Ta
I =∑ i ,i=
n=1
( ) 5
(2)
Onde: Ta = temperatura média do ar mensal, (ºC); d = número de dias do mês; EL= evaporação no lago,
(mm/mês); I = índice de calor anual; i=corresponde ao mês do ano.
4 Resultados e Discussões
Meses
200 157.1
150 120.8 103.7
100
36.8 30.6
50 3.5 13.3 5.5
0
iro iro ço il aio o ho to o o o o
ne re ar br u nh ul os br u br br br
a v e M A M J J g tem u t em em
J A
Fe Se O ov D
ez
N
Mês
350296.8
Evaporação/precipitação (mm) 285.9 287.7
300
250
187.6
200 149.7 143.4 157.1
134.3 125.5
150120.7 121.2 124.0 120.8
120.0
96.9 113.7 103.7
86.7 82.0
100
36.8 30.6
50 3.5 13.3 5.5
0
Mês
Fonte: ANA (2020).
Assim, observa que os valores médios mensais de evaporação, que entre os meses
abril a meados de outubro, são positivos em relação ao volume precipitado. Visto que neste
período, a diferença 119,1mm em setembro. Em outros meses essa relação é invertida e o
volume precipitado passa a ser positivo. A diferença anual é positiva em 83,6mm.
A partir da estimativa da média da evaporação, estimou que a vazão média que deixa
de afluir no rio Cuiabá é de 19,20m 3/s, consequentemente deixa de entrar no Pantanal,
afetando a dinâmica hídrica desse ecossistema, que envolve transporte de sedimentos,
eutrofização e outros. Após o represamento do Rio Manso, alterações em sua vazão a jusante,
alterou o ambiente aquático, tornando-se desfavorável a muitos cardumes. O represamento e o
controle da vazão do Rio Cuiabá, afeta a regulação das cheias do Pantanal, afetando o fluxo e
o defluxo das águas (LIMA, 2001; ODI 2005; LUZ, 2017)
5 Conclusão
Agradecimentos
FILHO, B.C. et al. Aptidão Agrícola das terras dos reassentamentos rurais da Usina
Hidrelétrica de Manso, Município de Chapada dos Guimarães, MT. 102. ISSN 1678-0892.
1.ed. EMBRAPA- Solos. Rio de Janeiro-RJ. 2006. 56 p.
LIMA, E.B.N.R. Modelagem Integrada para a Gestão na Qualidade da Água na Bacia do Rio
Cuiabá.2001. Tese (Doutorado)-COPPE/UFRJ, COPPE, Rio de Janeiro, 2001.
LUZ, L.D. Hidrodinâmica da Confluência dos Rios Cuiabá e Paraguai, Pantanal Mato-
grossense. ISSN 2236-2878 Revista do Departamento de Geografia, Volume Especial –Eixo
1(2017) 1-101
ODI, N. L. G. Estudos dos fluxos superficiais de vapor d’água na área da represa do Rio
Manso/MT: Modelagem e simulações.102f. Dissertação (Mestrado em Física e Meio
Ambiente) – Universidade Federal do Estado de Mato Grosso, Cuiabá. 2005.
SOUZA, A. P. et al. et al. Balanço hídrico climatológico no Estado de Mato Grosso. Nativa
(Pesquisas Agrárias e Ambientais), Sinop, MT, v. 01, n.1, p.34-43, out./dez. 2016.