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Estimativa anual da evaporação do Lago do Manso em

Chapada dos Guimarães-MT


Resumo
A formação do Lago de Manso, a partir da construção da Usina Hidrelétrica do Manso, em seu multiuso, tem
desenvolvido atividades econômicas, como a geração de energia, o turismo e o controle de vazão do Rio Cuiabá.
Porém, as há consequências socioeconômica e ambiental. Este trabalho teve como objetivo debate hídrico, este
estudo teve como objetivo estimar a evaporação anual do Lago de Manso, por meio do modelo empírico de
Thonrthwite. Visto, a regulação da vazão e a quantidade de que deixa de afluir no Rio Cuiabá, pode interferir no
Pantanal. Para isto, foi utilizados dados de estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia,
disponíveis no site da instituição, bem como, dados de estação pluviométrica da Agência Nacional de Águas,
disponível na plataforma Hidroweb. Os dados formam tabulados e tratados com estatística básica de medidas de
centralização, em Planilhas de cálculos da Microsoft Excel. Por fim, conclui-se que o modelo de subestima a
evaporação, porém o volume de água evaporada pode interferir na dinâmica das cheias do Pantanal.
Palavras-chave: Cuiabá; Thornthwite; Pantanal; Usina hidrelétrica.

1 Introdução

O sucesso agrícola do Estado de Mato Grosso, tem correlação com aspectos naturais e
antrópicos, como: clima, solos, créditos e pacotes tecnológicos (máquinas, equipamentos e
insumos. Por outro lado, investimentos em pesquisas cientificas e a apropriação do
conhecimento técnico-cientifico, pelos produtores rurais, fizeram a diferença. Sendo possível,
na maioria das regiões do Estado, duas safras ou terceira em um ano, quando considerado o
sistema lavoura passagem.
Por outro lado, além da ampliação da desigualdade socioeconômica, credita no ônus da
expansão agrícola no Estado as agressões diretas a fauna e flora dos biomas Cerrado, Mata
Amazônica e o ecossistema do Pantanal (PALMA, 2011). Em síntese, muitas seriam as
análises para delinear o sucesso do agronegócio mato-grossense, entretanto, prevalece o
consenso de que investimento em pesquisas cientificas fizeram a diferença no setor.
Apesar do sucesso, ainda há muitos desafios a serem superados no Estado, como fomentar
estudos meteorológicos e hidrológico. Visto que, este está inserido em três regiões
hidrográficas: Amazonas, Paraguai e Tocantins-Araguaia; e naturalmente tem os seus
potenciais econômicos.
A água é um bem público, como consta a lei 9.433, de 08 de janeiro de 1997 (BRASIL,
1997), que a instituiu da Política Nacional de Recursos Hídricos no Brasil A partir da sua
promulgação, a outorga, a cobrança e a criação de comitês de bacias hidrográficas, são
importantes instrumentos a serem considerados nos debates agrícola e no multiuso da água
pela população mato-grossense. É importante conhecer a dinâmica hídrica, pois é estratégico,
envolve a dignidade e equidade das pessoas ao acesso da água.
Em contribuição a debate hídrico, este estudo teve como objetivo estimar a evaporação
anual do Lago de Manso, por meio do modelo empírico de Thonrthwite (1948), adaptado por
Rosenberry et al. (2007). Em síntese, o Lago ocupa uma área de 427 Km 2, que foi inundada
com a construção da barragem da Usina Hidrelétrica do Manso, entre 1988 e 2000. Uns dos
objetivos da construção da barragem foi controlar a vazão do Rio Manso para evitar enchentes
em Cuiabá -MT (ODI, 2005).
2 Referencial teórico

O aumento por energia elétrica é uma demanda natural em regiões que estão em
franco desenvolvimento, como ocorre no Estado de Mato Grosso. Ampliação do seu
complexo agroindustrial, para o processamento de parte da sua produção, em usinas de açúcar
ou álcool, frigoríficos, esmagadoras de grãos, granjas, secagem e armazenamentos, outras.
Neste cenário, a hidrelétricas são as principais fontes de energia renovável, adotada não só no
Estado, mas nacionalmente, como principal matriz energética
O uso de trecho de rios com declividade é uma alternativa para a geração de
eletricidade, aproveitando o seu potencial hidráulico, pela construção de barragem e
consequentemente a formação de lago, para controlar a vazão, uma vez que é considerada a
pluviosidade e a cota da queda da água, na produção de energia elétrica. Essa é considerada
renovável. Sendo que a implantação de usina tem consequências socioeconômica e ambientais
ao longo do tempo (BENANM, 2007).
A principio para evitar enchentes em Cuiabá-MT, foi idealizado a construção de uma
barragem no Rio Manso, que evolui para a construção de Usina hidrelétrica do Rio Manso,
iniciada em 1988 e concluída em 2000, que foi projetada para uso múltiplo do seu lago com
destaque a regulação do ciclo de secas e cheias no Rio Cuiabá, evitando possíveis danos
socio econômico. O Rio Cuiabá está a jusante da barragem, é formado pela junção do Rio
Cuiabazinho e do Rio Manso, ambos estão inseridos na Bacia hidrológica do Rio Cuiabá
(ODI, 2005).
Segundo Valentini et al. (2011) citando fala de representante da UHE Manso, os
benefícios da construção da Barragem são: “Monitoramento Climatológico, Sismológico e
Hidrológico; Recuperação das Áreas Degradadas; Conservação da Flora; Manejo e
Conservação da Fauna, em especial projetos de Ictiofauna; Compensação por Perdas
Ambientais; Preservação do Patrimônio Arqueológico; Zoneamento Ambiental;
Comunicação Social; Gestão Ambiental”. Além de ter evitado três enchentes como a que
ocorreu em 1974.
O multiuso do lago artificial, formado a partir do represamento do rio, também é um
fator que justifica a existência das hidrelétricas. A presença do lago seria o promotor de
desenvolvimento econômicos, sendo fonte de água para abastecimento urbano, para a
implantação de projeto de irrigação, aquicultura e o turismo. No caso do Lago de Manso,
destaca-se a especulação imobiliária e o turismo de lazer e esportivo.
Em contradição, a desenvolvimento econômico, muito são os impactos
socioeconômico e ambiental, apontados como negativos para a bacia hidrográfica, como: a
remoção de comunidades tradicionais do local da área inundada, a perda de espécies da fauna
e a flora da região, mudanças no ecossistemas aquático, afeta a disponibilidade de pescado,
remoção de sedimentos (BERNANN, 2007).
No caso do Lago de Manso, famílias que viviam nas áreas inundadas, foram
removidas para cinco loteamentos, próximo ao Lago. Mas são os ribeirinhos de comunidades
como a de Bom Sucesso, localizada em Várzea Grande-MT, que relatam as principais
mudanças: alteração no ciclo migratório dos peixes, a diminuição do pescado, diminuição da
renda (VALENTINI et al., 2011).
As mudanças no ecossistema aquático, tem relação ao processo migratório dos peixes,
“Piracema”, que são peixes endêmicos do Pantanal, que depende dos rios de planaltos para
reproduzir, esse fenômeno é regido pelo pulso de inundação: Enchente e cheia (outubro a
abril); vazante (abril a maio) e seca (junho a agosto). Assim, alterar a curva de vazão natural
ou artificial afeta a piracema; com consequência desiquilíbrio populacional entre as espécies,
além de afetar o fluxo e defluxo da água no Pantanal (FERRAZ, 2009 Apud VALENTINI et.,
2011).
Outra questão a ser considerada é o aumento da lâmina de evaporação do Lago de
Manso, associada ao controle de vazão pode afetar a dinâmica de sedimentos a jusante da
barragem e afetar o período de cheia do Pantanal, Visto que cerca de 30% da planície está
localizada no Mato Grosso, que recebem aguas de bacia do Rio Cuiabá e Bacia do Alto
Paraguai. Sobre as mudanças do clima da região de lagos de usina hidrelétricas, não há um
consenso, entretanto o aumento temperatura da água e a evaporação, são alteradas (SOUZA,
2000).
São muitas as variáveis meteorológicas a serem considerados em estudos hidrológicos,
que compõem a dinâmica do ciclo hidrológico (precipitação, escoamento superficial,
infiltração e evaporação) em uma área limitada por divisores de águas, denominada bacia
hidrográfica. Uma vez que, que as características morfométrica, são importantes para estimar
a ocorrência de fenômenos de natureza hídrica (PEREIRA, 2007).
O relevo, além de influenciar diretamente o escoamento superficial e a infiltração da água,
em função da atitude, também influencia a evaporação, a precipitação e a temperatura do ar.
Por definição, evaporação é um processo físico, em que um liquido passa para o estado
gasoso, no contexto bacia, é a água da superfície terrestre e dos vegetais que evapora para a
atmosfera, fenômeno denominado evapotranspiração (PEREIRA, 2007)
Em 1948, Tornthwite foi o precursor do termo evapotranspiração e propôs uma equação
para estimar o fenômeno físico, considerando a temperatura média do ar, por meio de um
índice de calor e o comprimento de onda do dia para o mês em análise. A intenção dele, era
responder a questão da sazonalidade da água no solo e definir diferenças regionais do clima
(SEDIYAMA, 1996; CARVALHO, 2011).
Atualmente, existem vários modelos que estimam a evaporação (evapotranspiração) com
múltiplas variáveis da atmosfera, além da temperatura e o fotoperíodo proposto por
Tornthwite. A evaporação é um importante fenômeno que interfere no balanço hídrico e calor,
por isso, é importante estudos da evaporação em reservatórios para o adequado gerenciamento
e manejos de recursos.
Segundo Sedyama (1996), as contribuições mais relevantes a estimativa da evaporação foi
de Penman (1948 e 1963); que em sua equação considerou as variáveis atmosféricas: energia
radiante, temperatura, umidade e velocidade do vento. A equação de Penman e suas
adaptações são referências nos estudos de manejo e projetos de irrigação. Além de se
recomendada pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) a
Penam-FAO (CARVALHO, 2011).

3 Metodologia

O Lago de Manso, está localizado na Bacia hidrográfica do Rio Manso, entre os


municípios de Chapada dos Guimarães-MT e Nova Brasilândia-MT. Ocupa uma área de 427
km2 em cota máxima, que foi inundada entre os meses de novembro de 1999 a fevereiro de
2000, após o fechamento das comportas Usina Hidrelétrica de Manso, Figura-1 (WERNER, et
al., 2003).
A Bacia hidrográfica do Rio Manso, está situada na mesorregião centro sul do Estado
de Mato Grosso (COSTA, et al., 2012, p.32); entre as coordenadas geográficas 14°32’00” e
15º40’00”S e 56°15’00” e 54°35’00”W. E possui área aproximada é de 11.000 km2.
Figura 1 – Localização do Lago de Manso
Estado de Mato Grosso, Brasil.

Fonte: Valério (2009)

Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é Aw, a temperatura anual


média varia entorno de 21ºC a 26ºC, com duas estações bem definidas, chuvosa no verão e
seca no inverno. As precipitações médias anuais variam entre 750mm a 1.800mm (FILHO et
al., 2006). Em relação a geomorfologia, a bacia está inserida em três unidades: Planalto
Central (cotas de 500 a 600 m), representada pela Chapada dos Guimarães; Província Serrana
(cotas entre 250m a 700m) e Baixada Cuiabana (cotas médias entorno de 250m) (ANDRADE
et al., 2008).
A vegetação característica da bacia é o cerrado, mata tropical de transição
(subcaducifólia ou mata semidecídua) e mata de galeria (CHILETTO, 2005; ICMBIO 2009).
O relevo plano/praticamente plano corresponde a 69,20% da área da Bacia. E os cambissolos
(38,47%) e os Neossolos quartzarêncos (33,84%) são as classes de solos predominante na
região (XAVIER, et al., 2009).
Em relação as características morfométrica, Andrade et el. (2008) estima que a bacia
possui: perímetro de 532,66 km, comprimento do eixo da bacia de 227km, comprimento do
rio principal, 250,59 km, fator de forma (kc) 0,48, coeficiente de compacidade (kf) 1,43,
declividade média do rio principal 1,15 m/km, densidade de drenagem 1,15 km, ordem da
bacia 6 e tempo de concentração de 52,20 horas.
As principais atividades econômicas desenvolvidas na bacia são: geração de energia
elétrica (Usina hidrelétrica do Manso), produções agrícolas (hortifrutigranjeiro, cultivos de
grãos, bovinocultura corte e leite); especulação imobiliária entorno do Lago e o turismo.
Destaque a última, pelos pontos turísticos do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães e
do Lago.
Para estimar a evaporação do Reservatório do Manso, foram utilizados dados de
temperatura do ar, da série temporal de 2006 a 2019, de estações meteorológicas automáticas
e convencionais da rede do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, Tabela-1,
disponíveis no site https://bdmep.inmet.gov.br/ .

A distância até 180 km do Lago e a consistência nos dados, foram critérios utilizados para a
escolha das estações.
Tabela 1 – Características das estações meteorológicas.
Código Nome Latitude Longitude Altitude Tipo
A901 Cuiabá -15.559295 -56.062951 241,56 m Automática
A912 Campo -15.531431 -55.135649 748.27 m Automática
83361 Cuiabá -15.61999999 -56.10888888 157.7 m Convencional
83358 Poxoréo -15.82749999 -54.39555555 374.35 m Convencional
83309 Diamantino -14.40611111 -56.4469444444 274,02 m Convenciona
Fonte: INMET (2020).

Após o download, os dados sobre foram tabulados em planilhas do Microsoft, onde


calculou-se, as médias mensais e anuais da temperatura do ar, aplicando conceitos estatísticos
de medidas de centralização. Em sequência, estimou-se a evaporação do Lago Manso em
mm/mês, utilizando a equação do modelo de Thornthwite (1948), adaptada por Rosemberry et
al. (2007) pelas equações 1 e 2.
−7 3 −5 2 −2
6,75.10 I −7,71.10 I +1,79.10 I+0,49

[
El = 1,6
10 Ta
(I ) 10
][ ]
d
(1)

12 1,514
Ta
I =∑ i ,i=
n=1
( ) 5
(2)

Onde: Ta = temperatura média do ar mensal, (ºC); d = número de dias do mês; EL= evaporação no lago,
(mm/mês); I = índice de calor anual; i=corresponde ao mês do ano.

Para endossar as discussões entorno dos valores estimados de evaporação no Lago do


Manso, foi utilizado dados consistidos da série temporal de 2001 a 2011, da estação
pluviométrica 0155010, UHE Manso Rio Quilombo, da rede hidrométrica da ANA. O dados
estão disponíveis em (http://www.snirh.gov.br/hidroweb/serieshistoricas). Outras estações na
região apresentam dados inconsistente, por isso, não foram inseridas na série. Os dados foram
tratados em planilhas do Excel,

4 Resultados e Discussões

A descontinuidade nos dados climatológicos limitou o estudo a série temporal aos


anos de 2006 a 2019. A série foi a base, para efetuar as médias de temperatura do ar ( oC) e
para estimar a evaporação no Lago de Manso. A tabela 2, apresenta as médias mensais e anual
da temperatura do ar (oC), índices de calor (I) e evaporação no lago (EL) em mm/mês.

Tabela 2 – Médias de Temperaturas do ar (oC), conforme série 2006 a 2019.


Meses
An
Fev Out
o Jan. Mar Abr Mai Jun Jul. Ago Set. Nov. Dez Ano
. .
25º 23,
25,7 25,7 25,9 25,6 24,0 22,9 25,2 27,4 27,0 26,5 26,0 25º
3
* Indice de calor (I) = 140,92; **Constante de calor (a) = 3,37
Fonte: INMET (2020).
Como consta na Tabela 2, os valores calculados para índice de calor (I) e a constante
de calor (a) foram 140,92 e 3,37. Estimar a evapotranspiração, a temperatura do ar é uma
variável essencial na equação Tornthwite (1948), como o índice de calor e o fotoperíodo local
(TOMAZ, 2008). Sobre a variável, nota-se na Tabela 2, que a temperatura média anual foi de
25,4ºC, com variação entre 22,9ºC a 27,4ºC, sendo que, a menor corresponde a julho e a
maior a setembro.
No inverno e período de seca ocorrem as menores médias mensais de temperatura do
ar. Porém, no início do período chuvoso observou a maior média e no verão as médias tem a
estabilizar. Os valores médios da temperatura do ar, são coerentes aos divulgados por Souza
et al. (2016), para as mesmas estações meteorológicas convencionais, mencionadas neste
estudo. Sendo a temperatura do ar média anual 25,3ºC; variando entre 22,6ºC a 26ºC, sendo a
menor média mensal registrada em julho e a maior em outubro.
Chiletto (2005), no período de setembro de 2003 a agosto de 2004, no lado leste do
Lago de Manso, também registrou valores médios de temperatura do ar similares a série
temporal do estudo. Sendo a média anual 26ºC, variando as médias mensais entre 23,4ºC em
julho a 27ºC em setembro. Para Odi (2005), as médias mensais da temperatura do ar na
região, variam entre 22,7ºC em julho e 27,5ºC em outubro, sendo a média anual próxima aos
26ºC.
O Gráfico 01, apresenta a estimativa mensal de evaporação do Lago de Manso, obtido
pelo modelo de Thorntwaite (1948) adaptado Rosenberrry et al.(2007) (VIEIRA et al., 2016).

Gráfico 1 – Estimativa da evaporação mensal no Lago de Manso (mm)

Estimativa de evaporação do Lago de Manso


149.7 143.4
160.0 134.3
140.0 120.7 121.2 124.0 120.0 125.5
113.7
120.0 96.9
Evaporação (mm)

100.0 86.7 82.0


80.0
60.0
40.0
20.0
0.0
iro iro arço il aio ho ho osto o ro ro ro
ne re br un ul br ub emb emb
a v e M A M J J g tem u t
J A ov ez
Fe Se O
N D

Meses

Fonte: INMET (2020).

Nota-se, que os valores estimados para evaporação no Lago de Manso variam no


decorrer do ano, de 82mm em julho a 149,7mm em setembro. Também, percebe-se que a
partir do mês de maio os valores estimados começam a se declinar até julho, por causa do
inverno e o estabelecimento do período de seca. Com o início da primavera e o aumento das
precipitações, em setembro, ocorre o ápice do valor estimado para a evaporação, visto que os
valores estimados se estabilizam entorno de 120mm/mês no verão. E por fim, a estimativa da
evaporação do Lago de Manso foi de 1418,2mm/ano.
Entre os multiusos dos lagos formados pela construção de usinas hidrelétricas, consta
o abastecimento de centros urbanos e a irrigação. A considerar a estimativa diária de
evaporação do Lago e o consumo médio de água per capita em Cuiabá-MT de 161,33 l/dia, a
abasteceria a capital durante 16,63 dias.
As estimativas médias mensais e anual da evaporação do Lago, não foi confrontada
com outras de modelos que tenham o mesmo propósito. Entretanto, é conhecido as limitações
do modelo empírico Thornthwaite (1948), que subestima a evapotranspiração, mesmo que a
equação tenha sofrido adaptações. Fato, que também foi observado por Vieira (2015), ao
estimar a evaporação nos reservatórios de Três Marias-MG e Sobradinho-BA, o modelo de
Thornthwaite (1948) apresentou valores subestimados quando comparado ao modelo de
Penman” (VIEIRA, 2015).
Estimam que a precipitação média anual da região é de 1670 mm (SOUZA et al.,
2016); com variação de 7500 mm a 1800 mm anuais, próxima ao Lago (FILHO et al., 2006).
Assim, ao considerar a diferença entre precipitação média anual, que contribui em toda área
da bacia de 11.000 km2, e a estimativa de evaporação média anual no Lago, sem considerar
outras variáveis meteorológicas envolvidas na dinâmica do ciclo hidrológico, como a
infiltração, estima-se que o balanço hídrico do Lago do Manso seria de 251,8 mm por ano.
Ressaltando que a precipitação média anual irá contribuir para toda a bacia hidrografia
da Rio Manso e entorno. Ao limitar essa análise a série 2001 a 2011, de estação pluviométrica
0155010 localizada no loteamento Quilombo, gráfico 2.

Gráfico 2 – Média mensal de precipitação (mm), na estação pluviométrica


Quilombo - série temporal 2001 a 2011

Média mensal de precipitação


350 296.8 285.9 287.7
300
250
187.6
Precipitação (mm)

200 157.1
150 120.8 103.7
100
36.8 30.6
50 3.5 13.3 5.5
0
iro iro ço il aio o ho to o o o o
ne re ar br u nh ul os br u br br br
a v e M A M J J g tem u t em em
J A
Fe Se O ov D
ez
N

Mês

Fonte: INMET (2020).

Percebe-se as que as maiores médias de precipitações ocorreram no verão (dezembro:


287,7mm; janeiro: 296,8mm e fevereiro:285,9mm). Por outro lado, foi no inverno registrado
as menores médias mensais (junho: 3,5mm, agosto: 13,3mm e setembro: 5,5mm). Ainda no
gráfico 2, nota-se a diminuição drástica da média de precipitação no período de seca, entre
maio e abril. Sendo a média anual de precipitação 1501,8mm/ano.
O gráfico 03, ilustra a relação entre as médias mensais de precipitação e a média
estimada de evaporação do Lago de Manso, considerando a proximidade da estação Quilombo
com o Lago,

Gráfico 2 – Média mensal de precipitação (mm), na estação pluviométrica


Quilombo - série temporal 2001 a 2011
Diferença entre médias de precipitação mensal e estimativa média de
evaporação no Lago de Manso.

350296.8
Evaporação/precipitação (mm) 285.9 287.7
300
250
187.6
200 149.7 143.4 157.1
134.3 125.5
150120.7 121.2 124.0 120.8
120.0
96.9 113.7 103.7
86.7 82.0
100
36.8 30.6
50 3.5 13.3 5.5
0

Mês
Fonte: ANA (2020).

Assim, observa que os valores médios mensais de evaporação, que entre os meses
abril a meados de outubro, são positivos em relação ao volume precipitado. Visto que neste
período, a diferença 119,1mm em setembro. Em outros meses essa relação é invertida e o
volume precipitado passa a ser positivo. A diferença anual é positiva em 83,6mm.
A partir da estimativa da média da evaporação, estimou que a vazão média que deixa
de afluir no rio Cuiabá é de 19,20m 3/s, consequentemente deixa de entrar no Pantanal,
afetando a dinâmica hídrica desse ecossistema, que envolve transporte de sedimentos,
eutrofização e outros. Após o represamento do Rio Manso, alterações em sua vazão a jusante,
alterou o ambiente aquático, tornando-se desfavorável a muitos cardumes. O represamento e o
controle da vazão do Rio Cuiabá, afeta a regulação das cheias do Pantanal, afetando o fluxo e
o defluxo das águas (LIMA, 2001; ODI 2005; LUZ, 2017)

5 Conclusão

Considerando o objetivo deste estudo em estimar evaporação anual do Lago de Manso,


conclui-se:
a) Na região, considerando a série temporal de 2003-2019, a média da temperatura do
anual foi de 25,4ºC por ano, com variação na média mensal entre 22,9ºC a 27,4ºC, a
menor ocorreu no mês de julho e a maior no mês de setembro.
b) A evaporação estimada no Lago de Manso é118,2mm por ano, com variação mensal
entre 86mm a 149mm, que corresponde ao mês de julho e o mês de setembro.
c) Conceitualmente, o modelo de Tornthwite (1948) subestimam a evaporação. Para
maior precisão recomenda-se o emprego de outros modelos, que consideram mais
variáveis meteorológicos, uma que sejam acessíveis. Entretanto a vazão que de afluir
no Rio Cuiabá, poder influenciar a dinâmica de cheia no Pantanal.

Agradecimentos

PROFAGUA, ANA, CAPES, UNEMAT


Referências

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